Ela estava diante do computador, que junto com a tela do outro lado, ligou automaticamente.
Cecília abriu um ícone de desktop com uma cabeça de águia, e logo surgiu uma caixa de senha. Ela digitou rapidamente seis números, e um arquivo tridimensional com imagens saltou na tela.
Cecília varreu o texto com um olhar rápido e falou sem muita emoção, “Há duas semanas, a família de Souza fotografou uma peça de bronze com cabeça de homem e corpo de pássaro em Londres, na Inglaterra. No caminho de volta, o avião caiu na Fronteira Exterior da Mongólia, e agora o paradeiro do bronze é desconhecido. A família de Souza nos contratou para encontrar a peça. Eles estão oferecendo um milhão e duzentos mil reais!”
Após ler, Cecília perguntou, “Aceitamos?”
Da tela branca emanou uma voz infantil distorcida, “Aceito. Estou por perto e já tenho uma pista.”
Cecília acenou com a cabeça, a luz do computador iluminando seu rosto com um brilho frio, “Vou te enviar a foto do bronze e os arquivos das pessoas relacionadas.”
“Pássaro,” Cecília instruiu, “ajude a Águia.”
“Entendido!” A voz do Pássaro era calma e grave.
Os três discutiram mais alguns detalhes e, aproximadamente onze da noite, Cecília saiu do escritório.
Na manhã de sábado, quando Cecília chegou à residencia da família de Navarra, para sua surpresa, a Nona não tinha saído.
Sabendo de sua chegada, a Nona a puxou para dentro de seu quarto.
“Vicente melhorou muito nas provas deste mês. Meu segundo tio está muito contente contigo, Cecília. Muito obrigada! Você resolveu um grande problema para a nossa família!” Nona disse com emoção.
Cecília sorriu levemente, “Estou recebendo o salário de vocês, é minha obrigação, não há de quê!”
A Nona, que já estava vestida para sair, começou a experimentar diferentes colares no pescoço pedindo a opinião de Cecília sobre qual ficava-lhe melhor.
Eram todos de marcas renomadas, e alguns eram até edições limitadas.
“Olha este aqui!” Nona abriu cuidadosamente a caixa para Cecília ver, sua voz revelando alegria, “Ignacio acabou de me dar, é bonito, não é?”
Cecília olhou para o colar dentro da caixa de veludo e não disse nada. O pingente em forma de folha era da GK.
O design era dela.
A folha apresentava sete veias, adornadas com diamantes coloridos es tons variados, incrustados com uma técnica especial sobre o ouro. Quando o sol brilhava, a luz dos diamantes cintilava, e as veias pareciam ondas de água, extremamente elegantes.
O colar de Nona tinha oito veias, e as pedras eram diamantes de Moçambique mais baratos.
Vendo que Cecília não comentava nada, Nona colocou o colar no pescoço, seu sorriso ainda puro e radiante, “Eu sei que é falso. Os pais do Ignacio são gente simples, ele não tem dinheiro para comprar um GK verdadeiro.”
Cecília replicou, “Se não pode comprar, não precisa, e também não há necessidade de comprar uma falsificação.”
“Nunca contei a ele sobre a situação da minha família. Nosso relacionamento é muito puro. Ele só queria me fazer feliz,” Nona explicou.
Cecília não concordou, “Ele é um estudante, é normal não ter dinheiro para luxos. Mas ele comprou uma falsificação, o que significa que ele acha que você é materialista ou que você é ingênua, fácil de ser enganada.”
Nona balançou a cabeça imediatamente, “Não é bem assim. Eu o conheço, ele não faria isso de propósito. Talvez ele mesmo tenha sido enganado, ou talvez ele nem saiba o que é GK, afinal, ele nunca liga para essas coisas.”
Cecília viu que Nona defendia muito Ignacio e, como não conhecia bem o rapaz, preferiu não continuar o assunto.
Nona ainda colocou o colar, sem se importar, e sorriu brilhantemente e inocentemente, “Vou indo. Vicente fica por sua conta. Depois eu te levo para jantar e agradeço direito!”
“Se cuida,” disse Cecília.
Nona fez um gesto para tranquilizar-lhr e então saiu como um passarinho feliz.
“O amor deixa as pessoas cegas!”
Do nada, uma voz zombeteira soou atrás dela. Cecília virou-se e viu Vicente parado diante de uma cerca de madeira, com uma expressão de desprezo no rosto.
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