Lugar para você romance Capítulo 3

“Claro! Eu vou para qualquer lugar com você, mamãe!” O garotinho sorriu, seus olhos grandes parecendo ônix brilhantes enquanto se curvavam em luas crescentes.

Alana não pôde deixar de pensar em como a criança era bonita. Toda vez que ela olhava para o rostinho dele, sentia uma onda de conforto e gratidão, como se estivesse constantemente maravilhada com como ela conseguiu dar à luz um bebê tão adorável.

“Bem, então é melhor fazermos as malas agora. Partimos para o aeroporto amanhã à tarde.”

“Beleza!” O pequeno deu um aceno firme com a cabeça, e então correu para seu quarto para arrumar suas coisas para a viagem.

Alana soltou um suspiro. Ela estava morando no exterior desde que seu pai a expulsara de casa há cinco anos. Não era como se ela não quisesse ir para casa, mas ela não tinha mais um lugar lá.

Ela não entrou em contato com o pai nem mesmo depois de dar à luz ao filho no exterior, e agora que estava voltando para sua terra natal por conta do trabalho e da carreira, decidiu ver o velho. Afinal, ele ainda era seu pai.

Três dias depois, já era noite no aeroporto internacional quando Alana empurrava o carrinho de bagagem. Seu filho estava sentado em cima da mala grande no carrinho e olhava à sua volta maravilhado. Tudo sobre a terra natal de Alana parecia despertar seu interesse, e havia um brilho curioso em seus olhos brilhantes.

Nesse momento, Alana tinha acabado de sair do saguão de desembarque quando dois homens de terno se aproximaram dela, cumprimentando-a educadamente: “Senhorita Tavares, fomos enviados aqui pela Velha Senhora Presgrave, que providenciou uma carona para você logo na entrada. Por favor...”

Ela piscou para eles e disse com muita cortesia: “Agradeço a gentileza dos Presgrave, mas não preciso de carona, obrigada.”

“Senhorita Tavares, a Senhora realmente deseja vê-la”, disse o homem de meia-idade respeitosamente.

Alana sabia que a Velha Senhora Presgrave tinha boas intenções, mas ela realmente não tinha planos de aceitar a gentileza da mulher. “Por favor, diga à Velha Senhora Presgrave que era o dever da minha mãe salvar os outros e que não há necessidade de retribuir o feito dela, pelo menos não para mim.” Com isso, ela passou pelos dois homens, empurrando o carrinho em direção à saída.

Um dos homens pegou o telefone e informou respeitosamente: “Jovem Senhor Enzo, a senhorita Tavares recusou nossa oferta de buscá-la.”

Naquele momento, três carros BMW pretos reluzentes com vidros escuros, que impediam qualquer esforço de espiar dentro deles, estavam estacionados na entrada do aeroporto. Havia um homem sentado no banco de trás do carro do meio que mantinha o olhar fixo nas portas do aeroporto até que viu uma jovem empurrando seu carrinho por eles quando ele deixou seu telefone de lado.

A mulher usava uma blusa branca e calça jeans lisa. Seu cabelo estava preso na nuca, revelando um rosto delicado e bonito. Sua pele era de alabastro e seu comportamento um tanto relaxado enquanto ela manobrava o carrinho. Sem dúvida, sua presença no meio da multidão era deslumbrante.

Nesse momento, o olhar de Enzo foi capturado por algo, ou melhor, alguém: o garotinho que saltou do carrinho da mulher. Ele parecia ter cerca de quatro ou cinco anos de idade e usava um suéter cinza com calças de corrida, o cabelo grosso e macio caindo sobre a testa. Ele podia ser jovem, mas suas feições eram finamente esculpidas, tornando-o ainda mais adorável.

Nesse momento, Alana agachou-se e ajudou o pequeno a endireitar as roupas; não havia como confundir o olhar gentil e indulgente nos olhos dela.

Quem é o garoto? Alana é casada? Se for assim, não precisarei me casar com ela só para satisfazer os desejos da minha avó. Com isso em mente, Enzo observou enquanto o táxi em que Alana e seu suposto filho entraram se afastava. Não muito depois disso, sua frota também partiu.

Eles mal haviam saído do aeroporto quando o telefone tocou. Ele olhou para o identificador de chamadas e cumprimentou: “Ei, Heloísa.”

“Enzo, quando você vem me ver? Estou com saudades.” A voz tímida de Heloísa choramingou do outro lado da linha.

“Ando um pouco ocupado ultimamente, mas vejo você assim que estiver livre.” Ele respondeu, o grave em sua voz era proeminente.

“Promete?” Perguntou Heloísa de modo insinuante.

“Sim” ele respondeu com uma paciência forçada.

Enquanto isso, na Residência Presgrave, uma senhora de cabelos prateados estava sentada no sofá tomando seu chá enquanto ouvia as últimas descobertas de seus subordinados. Ela olhou em estado de choque enquanto exclamava: “O quê? Alana tem um filho? Ela é casada?”

“De acordo com nossa investigação, o pai da criança nunca apareceu, então, presumimos que ela teve o filho fora do casamento.”

“Ah, pobrezinha. Ser mãe solteira em uma idade tão jovem...” Rita Presgrave, também conhecida como Velha Senhora Presgrave, suspirou. A culpa a invadiu ao pensar na corajosa policial que havia morrido depois de ser atingida com dezoito punhaladas fatais desferidas pelo bandido que ameaçou ferir Enzo tantos anos atrás.

Ela estava com os pensamentos nisso quando uma figura elegante e imponente entrou na sala de estar. Era Enzo, ele havia voltado do aeroporto. “Venha aqui, Enzo”, disse Rita enquanto fazia um gesto para que o neto chegasse mais perto.

Enzo prontamente se sentou ao lado dela e começou a dizer: “Vovó, Alana continua recusando nossa oferta, então talvez eu...”

“Acabei de descobrir que a Srta. Tavares é uma mãe solteira que teve um filho fora do casamento. Você deve cuidar da pobre mãe e do filho dela, Enzo. É seu dever.”

Enzo ficou boquiaberto com a senhora, atordoado com o que ela estava insinuando. Ele pensou que ela desistiria do assunto, mas, pelo visto, ela estava ainda mais determinada a ir até o fim.

“Vovó, não preciso me casar com ela. Podemos encontrar outro modo de pagar os feitos honrosos de sua mãe e compensá-la”, contrapôs calmamente, na esperança de que a avó visse sentido em suas palavras.

Porém, quando Rita ouviu isso, ela lançou a ele um olhar frígido e disse: “Não, isso não será o suficiente. Você deve se casar com Alana, protegê-la e cuidar dela pelo resto de sua vida.”

Enzo franziu o cenho. Ele não achava que um casamento sem amor pudesse resultar em nada de bom, mas não podia pensar em rejeitar a proposta de sua avó porque ela estava decidida a retribuir o sacrifício que a mãe de Alana havia feito anos atrás.

“Você não pode nem imaginar quantas facadas a policial Amélia Camacho levou apenas para proteger você. A quantidade de sangue... A natureza horrível do crime...” Os olhos de Rita estavam tristes quando ela disse isso. Então, ela olhou para cima e lançou um olhar duro para o neto, salientando: “Cuidar da filha dela é o mínimo que você pode fazer. Você nunca conseguirá retribuir a ação altruísta da policial, mesmo que cuide de Alana por toda a eternidade.”

Enzo assentiu calmamente. “Tudo bem, eu me caso com ela, então.”

Mas havia outra mulher que ele não conseguia esquecer, a quem ele precisava compensar também. Dito isso, ele não tinha planos de contar a Rita sobre esse assunto ainda e sabia que, mesmo que contasse, isso não a dissuadiria de forçá-lo a se casar com Alana.

“Alana tem um filho” ele disse.

O tiro saiu pela culatra porque Rita parecia encantada com a notícia. “Isso mesmo! É um garotinho, com provavelmente três ou quatro anos. Não posso acreditar que algum canalha simplesmente os deixou assim. Ouça-me, Enzo, não se atreva a esnobar aquela criança, entendeu?”

Enzo mal podia acreditar nisso. Ele encarou a avó, perplexo, enquanto pensava: Isso é algum tipo de promoção pague um, leve dois?

O Ateliê de Joias Bourgeois era um estabelecimento antigo e bem conhecido que havia sido comprado pela superiora de Alana. Para fazer a marca crescer, Alana (a designer chefe do Queen's Rose QR Diamond Global) foi transferida de volta para sua terra natal para trabalhar na diversificação da loja.

Por meio de arranjos feitos pela Bourgeois, Alana foi alojada em um apartamento. Ela decorou e arrumou sua nova morada enquanto o filho dormia e, em duas horas, o apartamento se transformou em um ninho aconchegante perfeito para a dupla mãe e filho.

Ela estava exausta, mas não tinha vontade de dormir enquanto observava o adorável perfil adormecido de seu filho.

O que tinha acontecido nesta cidade cinco anos atrás ainda a assombrava e fazia seu estômago revirar. A traição de sua melhor amiga, a maldade de sua meia-irmã e o ultimato de seu pai, que resultou em sua expulsão, eram como cortes profundos demais para cicatrizar.

Era um milagre ela ter sobrevivido aos últimos cinco anos. Ela teve que equilibrar a criação de seu filho como mãe solteira e os cursos de design e, durante os últimos desses cinco anos, ela lentamente subiu na carreira e se tornou designer-chefe. Ela trabalhou mais do que qualquer outra pessoa, e os céus devem ter concedido a ela a sorte que precisava para chegar onde estava hoje.

Agora, ela tinha suas economias, seu filho e um trabalho que lhe permitia ter liberdade.

Ela pegou o telefone e olhou para o número de seu pai. Houve vários momentos em que ela pensou em ligar para ele, mas algo a fazia hesitar. Já se passaram cinco anos. Será que ele ainda está com raiva de mim?

Então, ela suspirou. Deixa pra lá.

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