O Vício de Amor romance Capítulo 9

- Como você quer que eu responda isso? – Natália não sabia como continuar a conversa com Ester.

Deveria dizer:

- “Lamento, não deveria ter ficado noiva de Jorge e separado vocês”?

Isto seria pura hipocrisia.

E o casamento havia sido decidido pelas duas mães. O que ela deveria fazer?

Jorge olhou bem para ela, deu um passo à frente, assumiu uma postura opressiva. Natália acabou recuando.

- Eu não provoquei você, provoquei?

Ester agarrou seu braço e consolou-o:

- Jorge, não fique zangado, é minha culpa. Eu não deveria ter falado isso. Ela acabou de chegar, eu que não deveria ter vindo. Descansem logo, estou indo embora.

- Não é você quem deve se retirar. - Jorge a puxou pelas escadas pelo pulso.

Ester se alegrou muito. Embora Jorge tenha tornado claro que gostava dela, ele nunca tinha feito nada a respeito.

Hoje, as ações de Jorge a deixaram feliz.

Afinal de contas, ela só conseguiria o amor dele se houvesse de fato um relacionamento verdadeiro.

Natália não olhou para eles, somente ficou em silêncio.

Ester virou a tempo de ver as costas de Natália quando entrou no quarto, magra e esbelta, logo percebeu que parecia com as costas da garota com quem Jorge teve sexo.

Naquela noite, ela deixou de lado os ciúmes que sentia e mandou trazer uma virgem a Jorge, o máximo que poderia fazer, e não queria saber quem estava na cama com Jorge.

Vira de relance enquanto a garota saía.

Não admirava que parecia mesmo já ter visto Natália.

O sentimento de familiaridade não veio do nada.

Pensar que a mulher daquela noite poderia ter sido Natália fez com que Ester entrasse em pânico.

Ela não deveria deixar Natália ficar com Jorge.

Nem mesmo deixar ela chegar perto de Jorge, para que ele não descobrisse a verdade.

Afinal, era a mulher com quem ele teve contatos íntimos.

Entrando no quarto, Ester deixou o pudor de lado e abraçou a cintura forte de Jorge, repousou sua cabeça em seus braços e disse:

- Jorge, me faça sua mulher, mais uma vez.

Percebendo que ela havia tomado a iniciativa de beijá-lo, Jorge congelou. Perante a selvagem de Ester, ele não tinha a vontade que um homem deveria ter.

Menos aquela noite, ele não queria nada com ela!

Quando os lábios de Ester estavam prestes a tocar os seus, ele virou a cabeça e desviou do beijo de Ester.

- Está tarde, vá logo dormir. - Jorge afrouxou a gola da camisa, um pouco aborrecido.

Ele não tinha certeza do que o incomodava, mas se achou abnormal já que havia recusado o desejo dela.

Ester apertou as mãos, sentindo-se machucada.

- Jorge, se não gosta de mim...

- Não diga isso. – Jorge baixou a voz, abraçou os ombros dela. - Descanse aqui hoje à noite.

Como uma mulher, Ester entendeu muito bem o que significava se ele não ter se excitado com ela.

Ela deitou-se na cama obedientemente, mas lágrimas se formavam em seus olhos, agora vermelhos e inchados, sem cair.

Era o olhar de tristeza e resistência.

Jorge ficou comovido. Naquela noite, não importava quanto o sexo era feroz, ela também estava dessa forma, segurou os choros e gritos.

O coração amoleceu. Colocou um cobertor sobre ela e sentou-se na borda da cama.

- Não espere que eu escolha alguém diferente, eu… com certeza quero você.

Ester concordou com a cabeça. Ela estava com ele há muito tempo e entendia bem sobre seu temperamento. Mesmo que não houvesse amor, forçado por um acordo, ele com certeza teria que cuidar dela.

Jorge tirou seu casaco e saiu do quarto, desceu e jogou o casaco no sofá, no qual se deitou em seguida. Colocou suas pernas na mesa de centro, reclinou a cabeça no sofá, parecia cansado.

Amanheceu.

Após Natália tomar um banho, se vestir e sair do quarto, viu Jorge sentado na mesa de jantar lendo o jornal de finanças, e Ester parecia conhecê-lo bem pois fez para ele um copo de café escuro, forte e quente.

A Joana já tinha preparado o café da manhã e Natália fingia não estar ali, sentou-se no final da mesa, longe de todos, tomando seu leite.

Joana serviu a omelete, olhando para Natália humilde, aparentava estar chateada. Ela que era a esposa, por que havia dado espaço à amante?

Joana tomou coragem e disse:

- Senhora, você deve sentar-se perto do Sr. Jorge.

O quê?

Natália olhou para a mesa.

Jorge deixou o jornal de lado também.

Todos olharam uns para os outros e Natália tremeu por dentro quando pensou no olhar gélido deste homem na noite passada.

A mãe de Jorge morreu quando ele ainda era bem novo e era Joana quem cuidava dele.

Ele tinha muito respeito por ela.

Então Joana falou sem muito receio.

Cada um tinha o que precisava com este casamento. Natália sentiu que ela não deveria perturbar sua vida privada, terminou seu leite e disse sorrindo:

- Já terminei. Fiquem à vontade.

Após a noite passada, Natália percebeu que Jorge se importava muito com Ester, então era melhor para ela ser sensata.

Andou rápido como se bichos ferozes a seguiam.

Jorge olhou para Natália, que saía depressa, com um olhar desconfiado.

Ester observou a situação e sussurrou:

- Talvez ela não esteja muito confortável comigo estando aqui, daqui para frente...

Jorge serviu um copo de leite para ela.

- Ela sairá em um mês.

Ester se decepcionou pois pensava que um mês era tempo demais.

Natália retornou ao seu quarto, abriu seu telefone e recebeu uma resposta para a mensagem que havia deixado no site de empregos.

Esperou até que Jorge e Ester saíssem e então também saiu da mansão e pegou um táxi para a entrevista.

Grupo Maré, um edifício imponente de proporções majestosas!

Natália ficou em frente ao prédio e respirou fundo antes de entrar.

Ela não tinha terminado a faculdade e não era fácil encontrar um bom emprego, então ela queria se candidatar e tentar a sorte neste trabalho.

Havia pessoas em pé na sala de entrevista. Todas em trajes formais segurando seus currículos em suas mãos, aparentemente bem preparadas para esta entrevista, enquanto Natália estava usando uma camisa branca e jeans, um pouco deslocada.

Não parecia que ele estava ali para uma entrevista.

Ela ignorou os olhares tortos e ficou quieta, aguardando ser chamada.

Quase uma hora se passou antes que chamassem Natália.

Trabalhos como lavar louças e entregar jornais não podiam ser considerados experiência de trabalho. Não tinha boa escolaridade então não levou um currículo.

O entrevistador estranhou sua falta de preparo e questionou:

- Como você aprendeu Atalaico?

Esta não foi uma língua comum.

Há muito tempo que esta vaga estava aberta.

Natália lembrou do passado, de punhos cerrados.

- Como vivia lá, precisei aprender esta língua para melhor me comunicar com os habitantes locais, aprendi o idioma, o vocabulário...

Essa voz...

Ester passava pela área de entrevista com um currículo em mãos quando ela olhou em direção à voz familiar, viu Natália. Seu coração ficou pendurado num instante.

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