Permaneça, Querida romance Capítulo 1

Era madrugada, e tanto o silêncio mortal quanto o frio reinavam na prisão feminina de Harrow.

Kelsey se aninhou na cama, mas sua coberta era tão fina, que não a protegia do frio. Ela não resistiu esticar a mão para tocar o joelho dolorido. A dor e coceira em suas juntas a impediam de dormir a noite toda.

Três anos haviam passado. Ela achava que havia se acostumado a esse tipo de amargura, mas não era tão forte quanto imaginava.

A doença acumulada ao longo dos anos tornava aquele inverno ainda mais insuportável. Kelsey nem sabia se aguentaria até o dia de ser solta da prisão.

Depois de ser forçada a assumir a culpa três anos atrás, ela fora severamente condenada a dez anos de punição. Agora, ainda faltavam sete anos.

Por causa da dor, Kelsey se remexeu. O movimento acordara as pessoas ao lado dela. Uma mulher se levantou com raiva e agarrou o cabelo de Kelsey.

Kelsey olhou para o rosto feroz da mulher, mas seu rosto não demonstrava emoção alguma. Ela já havia se acostumado a apanhar.

No entanto, seu silêncio não fez com que aquela mulher sentisse pena dela. Ela estava prestes a lhe dar uma forte bofetada. Kelsey nem mesmo teve forças para escapar, então ela só poderia deixá-la bater nela. Assim que ela tivesse o suficiente, ela iria parar.

De olhos fechados, ela esperava pela dor. Porém, de súbito, ouviu passos vindos do lado de fora. "Kelsey, saia!"

Kelsey abriu os olhos. A mulher a empurrou. "Sorte sua."

Kelsey vestiu lentamente suas únicas roupas apresentáveis e saiu atrás do guarda. "O que aconteceu?"

"Cale a boca. Não pergunte o que não te interessa!"

O guarda não disse muito, mas algemou Kelsey e cobriu sua cabeça e seu rosto.

A escuridão trouxe consigo o desconhecido e o medo. O coração de Kelsey afundou devagar.

Depois de caminhar um pouco, ela foi levada para um carro. "Para onde você está me levando?"

Kelsey ficou apavorada ao extremo quando ouviu o motor ligar.

Ser levada embora sem que ninguém notasse lhe deu a impressão de que estava prestes a ser morta silenciosamente.

"Você saberá quando chegar."

Uma voz velha, mas firme e poderosa chegou em seus ouvidos, fazendo o coração de Kelsey bater mais rápido...

Sua intuição lhe dizia que aquela viagem mudaria sua vida.

Depois de ficar sem se mexer por um longo tempo, ela sentiu o carro parar. Kelsey saiu do carro, foi agarrada por um homem e caminhou por um longo tempo antes de parar.

Alguém removeu bruscamente a cobertura de sua cabeça. E seus olhos, que haviam estado imersos na escuridão por tanto tempo, ficaram ofuscados por causa da luz repentina.

Kelsey esperou um momento para que seus olhos se ajustassem à luz, e então ela percebeu que um homem velho estava parado não muito longe dali. Seu rosto não trazia expressão alguma, mas ele tinha uma espécie de aura que ninguém ousava subestimar.

Aquela fora a pessoa que a tirara da prisão. A pessoa que ela não poderia ofender.

Kelsey olhou para ele e abaixou a cabeça, encarando os próprios pés. Ela estava com muito medo de que essa pessoa de repente ficasse com raiva e fizesse algo contra ela. Ela não tinha forças para resistir.

"Bem, tenho algo a lhe pedir. Se você concordar, posso anular sua sentença e fazer com que você seja solta com antecedência."

Antes que o senhor terminasse de falar, Kelsey o interrompeu impacientemente, "Eu concordo."

"Não tem medo de que eu te machuque?" ele ficou surpreso com a força de vontade dela.

Kelsey negou com a cabeça. "Não importa o que seja, não será pior do que agora. Além do mais, se alguém como você realmente quisesse me matar, precisaria mesmo pedir minha permissão?"

Aquele homem poderia tirá-la da prisão e também fazê-la desaparecer da face da Terra, mas ela não queria morrer.

O velho assentiu. "Mesmo assim, é melhor você saber os detalhes antes de tomar uma decisão."

Em seguida, ele abriu a porta e entrou na sala. Assim que Kelsey o seguiu, ela viu um homem deitado na cama.

Era um homem muito bonito. Embora estivesse usando uma roupa de hospital e seus olhos estivessem fechados, ele ainda tinha feições delicadas e aristocráticas. Seus traços faciais, que o faziam parecer uma escultura, mostravam, sob a fraca luz da penumbra, um contorno irresistível para as mulheres.

Kelsey conseguia imaginar o quão notável aquele homem costumava ser. E era óbvio que uma pessoa como aquela não tinha nada a ver com alguém como ela. Ela não conseguiu esconder sua confusão.

"Esse é meu neto, Healy, que está em coma há três anos. Ele é a vítima do seu atropelamento."

O rosto de Kelsey ficou pálido de repente, e ela não pôde evitar cerrar os punhos. Suas unhas longas se cravaram em suas palmas e perfuraram sua pele, mas ela não percebeu nada, concentrada no o homem à sua frente.

Era ele mesmo!

Kelsey sabia que ele também era uma vítima, mas, ao pensar que era por causa desse homem que ela fora presa e deliberadamente torturada, era difícil manter a calma.

Raiva, mágoa e choque se entrelaçaram em sua mente. Mas ela só podia aguentar aquilo e fingir estar calma.

Vendo suas mãos trêmulas, o senhor pensou que ela era culpada. Ele disse: "Bem, agora que Healy está inconsciente, ele precisa de uma mulher para se casar com ele e cuidar dele. Por algum motivo, você é a candidata.O que me diz?"

Kelsey ficou em silêncio por um momento. "Casamento? Casar-me com um homem como Healy?"

Mesmo que ela não tivesse ido para a prisão, era nada mais do que um desejo inalcançável conseguir se casar com alguém de uma família rica como os Louis, com a origem familiar que ela tinha.

Ela sabia que os Louis tinham que estar tramando algo...

No entanto, ela não estava em posição de recusar.

Ela só tinha duas escolhas. Uma era se casar com o morto-vivo que estava diante dela, e a outra era voltar para a prisão e viver uma vida que não poderia ser vista até que saísse a ordem de execução.

"Eu concordo." disse Kelsey.

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