Contrato de Amor(Completo) romance Capítulo 17

Jared passou pelo saguão não se surpreendendo com os olhares surpresos que lançavam para ele. Ele mesmo não estava se reconhecendo, seu olho esquerdo estava um pouco roxo, no canto dos seus lábios tinha uma ferida e lhe doía ao sorrir. Entrou no elevador tentando esconder o rosto das pessoas que estavam entrando. Ao passar pela sua secretaria, segurou-se para não rir do rosto de pânico dela.

–Senhor Hunt, quem fez essa barbaridade com o senhor? Foi assalto?

–Não, fique tranqüila ainda estou vivo. Esses machucados não são nada. Algum recado?

–Sim – falou dando alguns papeis com anotações – a sua mãe esta lhe esperando há mais de uma hora.

–Certo – ao entrar lembrou-se que ela estava na casa de Alexis, tentou ir embora sem ela perceber, mas percebeu ser tarde demais quando ela o chamou – Oi mãe, veio cedo.

–O que foi aquilo ontem? E porque brigou com o noivo de sua amiga?

–Não foi nada.

–Você deu em cima de Alexis – falou com desgosto – alem de tarado e cafajeste, você perdeu seus escrúpulos de vez filho?

–Eu não fiz nada disso – falou irritado – ela é como uma... Irmã.

–Então o que aconteceu?

–Isso não lhe diz respeito mãe – falou sério – é um assunto meu e de Jessica.

–Hum então... Ele deu em cima de Jessica?

–Não insista.

–Está bem, já vi que não falará nada. – aproximou-se e olhou os machucados dele – há tempos eu não via você assim, desde a sétima serie se não me engano – falou sorrindo.

–A senhora, não tem nada pra fazer não? Tem que ficar vindo aqui todo dia?

–Não seja ranzinza – falou pegando a sua bolsa – vou indo embora, mas cuide-se e nada de brigar na rua.

–Eu mereço. – resmungou ao ver a sua mãe sair.

A empresa Hunt e associados possuía um eficiente sistema de fofocas e o assunto mais comentado do dia era o presidente da empresa, Jared Hunt. Ele tinha chegado cheio de hematomas. Algo que nunca haviam visto em anos de serviço. Ninguém atrevia-se a perguntar o que tinha acontecido, mas especulações começaram a ser formadas ao verem Jessica chegando em um carro desconhecido.

–Obrigada pela carona Albert – Jessica disse ao sair do carro dele. Assim que estava saindo de casa pela manha, deparou-se com Albert parado em frente a sua porta esperando por ela. Ele lhe ofereceu uma carona e ela não teve como recusar – mas não precisava me trazer.

–Foi um prazer e também o único modo que encontrei em passar um tempo com você. Sempre que te ligo você esta ocupada.

–Me desculpe... Ando um pouco ocupada.

–Eu imagino – falou aproximando-se perigosamente dela.

–Vou indo, obrigada de novo pela carona – Jessica agradeceu, saindo do carro rapidamente. Ao sair do elevador percebeu que a olhavam de forma estranha, fingiu não perceber, mas ao passar por umas secretarias deu-se conta do motivo.

–Você viu como o senhor Hunt chegou? Parece que ele se envolveu em uma briga.

–Será que tem relação com o desconhecido que trouxe a namorada dele para o escritório?

–Pode ser, aquela dali nunca me enganou.

–Não seria melhor vocês perguntarem para mim? – Jessica interrompeu a conversa delas – se estão tão curiosas porque não perguntam em vez de ficar fazendo especulações?

–Não é nada disso Jessica.

–Vocês deveriam estar trabalhando – Jessica disse, saindo em direção a sua sala. – eu deveria pedir mais para Jared, fingir ser a namorada dela é muito desgastante e quando terminar vou estar cheia de inimigas – disse rindo ao sentar-se em sua mesa.

O dia transcorreu de forma tranqüila para Jessica, entretanto Jared encontrava-se irritado em sua sala, estava cansado de escutar perguntas de como ele tinha se machucado e quem havia batido nele. Saiu para almoçar irritado e ao sair do elevador no saguão esbarrou-se com Jessica. Ela ficou parada olhando para o rosto dele.

–Perdeu algo, senhora? – perguntou a encarando – ou está me achando irresistível?

–Só estava vendo o estrago que Fernando fez – disse sorrindo – mas para um fedelho, ate que você brigou bem.

–Espero que o rosto dele esteja pior que o meu.

–Isso eu não sei, porque eu não o vi, mas o seu não me parece estar tão ruim – falou aproximando-se dele, segurando o rosto dele com as mãos – não parece que vai ficar cicatriz.

Jared ficou parado sentindo a respiração dela, segurou as mãos dela tirando-as de seu rosto e estava aproximando-se lentamente quando escutou risos atrás dele, ao olhar percebeu que ele estava prestes a beijar Jessica no meio do saguão.

–Eu vou almoçar – disse com voz rouca – depois nos falamos – saiu sem olhar para Jessica direito.

–Hã? – Jessica ficou parada sem entender o que tinha acontecido com ele.

As horas passaram rapidamente e logo Jessica estava chegando em sua casa parou ao ver o carro de Jared estacionado ao portão. Andou ate o carro e bateu na janela do motorista o assustando.

–O que foi? – Jared perguntou ao sair do carro.

–Eu é que pergunto, o que faz aqui?

–Eu vim conversar com você.

–Diga.

–Eu não sei bem como começar...

–Jessica? – Albert a chamou, aproximou-se do casal com curiosidade – quem é ele?

–Albert? O que faz aqui? – perguntou surpresa ao vê-lo – depois nos falamos Jared. – sorriu afastando-se de Jared e puxando Albert para dentro de sua casa – o que aconteceu?

–Eu quero conversar com você.

–Está bem – falou olhando para fora – vamos logo – o puxou para fora ao ver que Jared já tinha ido embora – nós vamos para um café aqui perto.

Albert seguiu Jessica calado durante o caminho percorrido, ao entrar no café, eles escolheram a mesa mais afastada.

–Pronto, pode falar Albert – Jessica disse um pouco incerta.

–Eu sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas... Eu realmente gosto de você, quero dizer, a sua companhia é incrível.

–Obrigada.

–Jessica, eu queria saber se você quer namorar comigo.

–Hã? – Jessica ficou surpresa com a proposta de Albert, mas assim que ia abrir a boca para responder alguém fez isso por ela.

–Então é isso que você veio fazer aqui? – Jared falou sério – Ela está meio que comprometida no momento – disse para Albert – vamos – pegou o braço dela e a arrastou para fora do café sob os protestos dela – fique quieta.

–Me largue Jared – Jessica dizia alto atraindo a atenção de algumas pessoas – qual o seu problema?

–Você tem um contrato a zelar.

–Eu sei, mas isso não inclui perseguição. Você esta exagerando.

–Eu? Exagerando? – riu de forma irônica – e você esta sendo fiel aos termos?

–Estou.

–E isso hoje foi o que? Um milagre do acaso? Vocês me pareceram bem íntimos.

–Eu só saí uma vez com ele – tentou se explicar – não tenho culpa que ele gostou de minha companhia.

–E daí? Isso é motivo para sair com ele de novo?

–Qual o seu problema? Quando esse contrato, ridículo, acabar eu ficarei sozinha, e eu quero me casar, encontrar alguém que me ame. Apenas me deixe fazer isso. E ele pode ser a pessoa que eu procuro.

–Há loucos para tudo. – olhou para ela sem demonstrar emoção - Ele por acaso já te viu beber?

–Não.

–Se quer casar é melhor largar a bebida – falou a largando próximo ao carro – entre.

–Eu não vou entrar em seu carro.

–Então vai a pé para casa?

–Vou – disse dando as costas para ele e caminhando.

Jared não disse nada, respirou fundo e andou atrás dela em silencio. Ao vê-la entrar em casa voltou o caminho que tinha feito, entrou em seu carro e finalmente foi para casa. Entrando em casa frustrado.

–Qual o problema com ela? Só sabe falar em casar, ela não pensa em nada de útil não? – falava sozinho em casa enquanto pensava em Jessica.

Jessica chegou em casa irritada. Assim que viu a sua mãe, gritou enfurecida.

–Não quero saber de encontros arranjados até segunda ordem.

Logo depois bateu a porta do quarto e ficou lá sozinha, gritando.

–O que aconteceu com ela? – a mãe dela perguntou a Christine.

–Não faço idéia – respondeu sentada na sala – mas faço idéia do que poderia ter acontecido.

–E o que foi?

–Ah, ela deve estar apenas com TPM – Christine disse sorrindo ao pensar no verdadeiro motivo, afinal ele não deixava de ser um TPM: Teimoso, Perseguidor e Mandão. Pensou sorrindo. Logo depois que a sua mãe saiu, Christine bateu na porta do quarto de Jessica e ao ver que não estava trancada, entrou – Oi Jess, o que houve? – perguntou ao ver a irmã deitada na cama.

–Jared, ele nasceu e me fez assinar aquele contrato.

–O que houve de fato? – perguntou sentando-se na cama – pode contar comigo, posso ser a caçula, mas ainda sou sua irmã.

–Eu sei, mesmo que você apronte das suas ainda é minha irmã – falou sorrindo – bem... Eu estava com Jared aqui em frente e então Albert apareceu, como eu não queria que ele entendesse errado, me despedi de Jared e levei Albert para conversar em um café, chegando lá, ele me pediu em namoro, mas antes que eu respondesse algo Jared apareceu do nada, e falou que eu não poderia aceitar nenhum compromisso com por que eu já estava comprometida. E depois me puxou para fora do café sem me deixar explicar a situação. Desse jeito nunca vou achar alguém para me casar antes dos 35 anos.

–Será que não foi ciúmes?

–Ciúmes? Isso eu tenho certeza que não foi.

–Bem, pelo menos para mim aparenta ser – disse dando de ombros – se não for isso, ele tem sérios problemas.

–Eu já disse que ele era louco, mas você que não acreditou em mim.

–Verdade – Christine concordou sorrindo – eu vou tentar arrumar o dinheiro para você ir viver a sua vida, Jess.

–Não precisa Chris.

–Preciso sim, eu te coloquei nisso então eu vou te tirar – falou decidida.

–Só não faça loucuras.

–Ok. – prometeu sorridente.

Jessica acordou disposta por lembrar-se que a sua folga seria no dia seguinte. Levantou-se com animo e foi trabalhar com o objetivo de fugir de Jared. O seu plano fracassara logo quando chegou a primeira pessoa com quem se esbarrou foi Jared. Entraram no elevador em silencio e assim continuou ate os seus respectivos destinos. Jessica saiu um pouco frustrada, ela não esperava que ele fosse ignorá-la como tinha feito. Ao entrar em sua sala encontrou um buque de copo de leite com azaléias. Pegou o cartão e não pode evitar o sorriso.

Desculpe-me, Por ontem, mas não fique em encontros. Temos um contrato. Não se esqueça.

A flor copo de leite é para simbolizar a nossa paz.

J. L. Hunt

– Da para eu te perdoar dessa vez – falou sozinha ao cheirar as flores.

Jared estava estudando um importante com seus assessores quando o seu celular tocou no meio da reunião. Pediu desculpas e olhou a mensagem discretamente.

Obrigada pelas flores e eu aceito as suas desculpas. Mas fico imaginando se tudo o que fizer de errado me mandar flores, poderei abrir uma floricultura e sair desse emprego. Até mais, fedelho. E não me esquecerei do nosso contrato.

De: Senhora

Jared sorriu ao ler a mensagem, desligou o celular e voltou a sua atenção para a reunião que estava acontecendo.

–Podem continuar – disse sério.

–Como estava dizendo antes de ser interrompido como consta na Declaração Universal do Direito dos Homens no art. 2º. Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente. Por isso declaro que o melhor modo de defender essa questão é apelar para o bom senso e as circunstâncias – o advogado continuava falando sem perceber que a atenção de Jared havia sido tirada no momento em que leu a mensagem de Jessica. No decorrer da reunião o pensamente de Jared foi envolvido por imagens dela e por tentativas fracassadas de concentração.

A reunião foi pausada para o almoço e Jared viu-se tentado a chamar Jessica para ir com ele, mas preferiu ir sozinho e pensar sobre o que estava acontecendo com ele.

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