EM BUSCA DO AMOR PERDIDO romance Capítulo 17

Não acredito!! Deus ouviu as minhas orações??

Então estamos voltando embora, sim eu estou com o meu amor voltando para casa...

Ele aceitou voltar comigo, está disposto a me conhecer e dar uma chance a nós dois. Se é possível amar uma pessoa ainda mais, essa sou eu amando o meu marido, tudo nele ficou mais perfeito, o corpo então nossa, é um Deus grego, parece que andou malhando por anos sem parar, acho que foi a maneira que encontrou para aliviar o stress e frustração por não sentir atração por nenhuma vagaranha. A minha sorte que ele não teve ninguém, porque agora ele só terá eu em sua vida, assim como ele sempre quis que fosse.

Ainda não estamos na mesma vibe que o outro, mas se depender de mim, é só uma questão de tempo. Ontem quando eu o vi, a minha vontade era de pular em seu colo e o beijar muito, mas como eu sabia que seria confuso pra ele, aguardei até conseguir o momento ideal, e que momento viu?

Acho que pensei que jamais eu o teria ali dentro do nosso closet tão carnal, sexy, e selvagem, mas foi exatamente isso que tivemos, foi lindo, insano e a quantidade de vezes que eu gozei em apenas uma transa foi inacreditável. Ele me conhecia de uma forma inexplicável, sem nem perceber ele sabia exatamente o que eu gostava e como eu já havia dito a ele. Eu gosto de carinho fora da cama, só que na hora do sexo, eu sou selvagem, gosto de ser ousada, gostamos de coisas inusitadas, como por exemplo, sexo perigoso, onde corremos o risco de ser pegos em flagrante. Sexo em público, Claro que não é bem em público, apenas dá a sensação de ser... Como por exemplo: antes do acidente nós dois fomos ao cinema, escolhemos um filme adulto e nos sentamos nas últimas cadeiras do fundo, e lá nós transamos bem gostoso, eu sentada no colo dele... E posso afirmar que mais casais fizeram isso também, só que não conseguimos ver, assim como ninguém nos viu. E se viu não sabe quem somos, pois sempre que estamos fazendo algo assim tão promíscuo, nós usamos disfarces, como perucas, bonés, óculos e máscaras. Ficamos irreconhecíveis.

Afinal não podíamos sujar a nossa imagem.

Mas não quero falar de passado, quero pensar no agora, e nesse momento estamos deitados na cama ao lado do nosso bebê assistindo o desenho favorito dele, Masha e o Urso. Já almoçamos e voltamos ao quarto, hoje está calor mas tem um vento forte e não é nada agradável estar lá na proa. Também não quero que o nosso bebê fique com dor de ouvido.

Estou deitada de um lado, o Lucca no meio e o James do outro. Ele está fazendo carinho no nosso filho, e é tão perfeito, parece que ele nunca saiu daqui, porque ele sabe que pertence a nós.

O desenho termina e quando vejo, o meu bebê está dormindo, eu nem tinha percebido porque estava concentrada olhando meu esposo. Ele é lindo demais, eu deixei os cabelos que antes era comprido, na altura que ele usava, a barba também, não tirei tudo, só deixei ela bonita e bem feita, os cabelos dele é bem liso, na cor loiro escuro, ele usava ele amarrado na maioria das vezes ele me disse, mas ontem quando o vi estava solto e nossa ele estava tão lindo, só que não mais do que agora. Assim desse jeito, consigo ver bem o rosto lindo dele. Estou tão feliz que o meu sorriso é maior que o do coringa...

Estou olhando ele, e acho percebeu, porque ele estava fazendo carinho no bebê e levantou os olhos na minha direção e disse:

__ Gosta do que vê? - ele ri com o canto da boca e o deixa ainda mais lindo.

__ Muito, é a visão mais perfeita do mundo!! – digo a verdade.

__ Que exagero. Sei que estou bonito, mas não é pra tanto. – ele fala baixinho pra não acordar o Lucca.

__ Eu sei o que estou falando amor, confia em mim, você é um espetáculo! Mas me diz está muito nervoso?

__ Pra quê?

__ Pra essa nova etapa na sua vida?

__ Era pra eu estar? – pergunta rindo.

__ Não sei, mas você está? – pergunto novamente.

__ Não, eu estou bem. E você?

__ Ansiosa, e feliz.

__ Porque ansiosa?

__ Não sei, só estou assim. – respondo e também não sei a resposta da minha ansiedade, talvez por não saber ao certo o nosso futuro juntos. Mas não vou falar isso a ele. Não quero pressiona-lo mais do que já estou fazendo... E então mudo de assunto.

__ Lembra dos exames que seria bom você fazer, para descobrir o motivo da sua amnésia? – pergunto ele me olha novamente.

__ Sim, e você acha que seria possível saber?

__ Não tenho certeza James, mas podemos saber a gravidade da situação com a ressonância magnética, vamos pelo menos tentar achar o problema.

__ Por mim tudo bem, pode fazer os exames necessários. – ele diz e isso me deixa contente. Mas não fazemos isso com o navio em movimento, então quando atracarmos em uma próxima ilha, irei fazer isso pessoalmente.

__ Amor, agora não vamos fazer, porque só usamos os equipamentos com o navio parado, por questão de segurança okay?

__Tudo bem, eu não tenho pressa disso. Mas me diz o que você costumava fazer aqui?

__ Quando estávamos viajando, eu costumava ficar com o restante da tripulação e médicos, porque eu me sentia sozinha demais aqui sem você, e tinha medo de entrar em uma depressão, então eu só entrava aqui para dormir e tomar banho, fora isso estava sempre lá fora. Porquê?

__ Por nada, eu não quero atrapalhar a sua rotina, não gosto muito de estar no meio de pessoas, mas não me importo de ficar com eles por você. – ele diz e acho tão fofo. Então respondo:

__ Eu prefiro ficar aqui com vocês, só nós três. Eu amo isso, e não sinto vontade de estar em nenhum outro lugar, mas se estiver entediado, nós podemos fazer o que você quiser. É só me dizer.

__ Eu gosto de estar aqui com vocês também. Inclusive estou bem cansado da noite anterior porque a senhora não me deixou dormir. Foi difícil apagar seu fogo, e agora estou com sono, o que acha de se juntar a mim num soninho de beleza? – ele pergunta e até parece que leu os meus pensamentos.

__ Eu acho uma ideia maravilhosa, mas posso ir deitar do seu lado? – peço manhosa.

__ Claro que sim, eu prefiro que fiquei aqui, porque tenho medo de machucar o Lucca, ainda não sei dormir com um bebê no meio. – ele se levanta e vem pra trás de mim, pego o meu bebê com cuidado e coloco ele bem para o cantinho. A cama é encostada na parede porque eu tinha o hábito de dormir com ele aqui. Então me ajeitei e o James se ajeitou e se encaixou em mim, de conchinha, me abraçou e cafungou no meu pescoço, e disse:

__ Me acostumei bem fácil com esse seu cheiro gostoso. Seu corpo assim dentro do meu, e só de te encostar eu fico excitado. Uau nunca senti isso antes. – ele beija a minha nuca me deixando arrepiada.

__ Parece que sempre foi assim né? – falo com a voz rouca de desejo. Ele continua beijando o meu pescoço e me viro pra ele, para beijar a boca gostosa que só ele tem.

__ Sim, parece que nunca tivemos esse contratempo. – ele me beija gostoso, uma dança maravilhosa de língua, ele acaricia meu corpo todo, eu estou com um vestido curto porque eu estava com calor quando cheguei de volta ao navio, e pra ele eu dei uma roupa mais leve. Estávamos já, muito excitados e gemendo na boca um do outro. Quando ele me virou de costas e disse no meu ouvido:

__ Não faz barulho pra não acordar o nosso filho, então só sente, agora eu vou foder você bem gostoso tá bom? - ele diz e nem protesto, só aproveito a sensação de ser fodida de costinhas, uma das minhas posições preferidas. Ele coloca a minha calcinha para o lado e verifica se já estou pronta, e claro que estou toda babada né? Porque só de ouvir a voz dele, já fico assim, sempre foi desse jeito antes e agora não seria diferente. Ele tem um poder sobre o meu corpo, como se só existisse ele pra mim.

Ele me penetra com carinho, fazendo eu me acostumar com o seu tamanho avantajado, a dor que me causa é uma mistura perfeita de prazer e dor. Eu amo!

Ele começa a acelerar e o tesão que estou é tanto, que mordo a minha mão, para não gemer. Ele beija a minha nuca e as minhas costas que estão a mostra, chupa a minha orelha e lambe o meu pescoço, ele tem uma mão na minha intimidade, e outra no biquinho do meu seio.

O orgasmo está se formando dentro de mim, e não consigo mais segurar, e então estava quase, quando ele disse:

__ Ainda não! – ele parou o que estava fazendo, e falou ainda:

__ Gostosa demais, mas não goza ainda tá bom, eu quero mais...

__ Ta bom, amor.

Ele entra com força e que delícia. Ficou mais tempo entrando e saindo, às vezes devagarinho e às vezes forte e rápido, quando eu estava quase gozando, ele parava e batia na minha bunda.

Estava gostoso demais, e mesmo sem poder gozar, o prazer era intenso.

Ele me penetra de novo e de novo, quando ele pede:

__ Goza pra mim amor... – e eu me desmanchei com essa simples palavra, eu gozei tanto, e foi tão incrível, enquanto eu gozava ele continuava entrando e saindo fazendo aumentar o meu orgasmo, quando o sinto se derramar dentro de mim, forte e quente... chamando o meu nome ele diz:

__ Ah Giulia, que delícia! Eu não me cansaria disso jamais. – fala ainda dentro de mim e eu estou acabada. Ele literalmente me deixou de pernas bambas, coração acelerado e o sorriso imenso. Estou muito realizada.

__ Eu também não me cansaria, te amo James.

__ Ah Giulia... – ele me abraça apertado e não precisa dizer nada, eu sei que ainda é cedo pra sentir algo por mim, mas estou tão feliz que preciso dizer a ele o tempo todo o quanto eu o amo. Não me importo de dizer, afinal não pude falar por quinze meses, e isso foi muito tempo.

__ Tudo bem, vamos dormir? Essa foi pra encerrar a tarde com chave de ouro!!

__ Verdade. – ele ajeita a bermuda que estava e eu coloco a calcinha no lugar novamente, nem vou me limpar agora, por que as minhas pernas estão viradas em gelatina, não tenho forças pra nada no momento, então só me aconcheguei ao meu amor e abraçadinhos dormimos...

Acordei com um barulho na porta, e meio desnorteada fui até lá do jeito que estava.

Era a Ariana, me avisando que estão me chamando no saguão. O que será que aconteceu?

Voltei ao quarto e tomei um banho rápido porque estava cheirando a sexo. Coloquei uma lingerie rosa e vestido mais comprido do que eu estava antes, prendi os cabelos em um coque meio bagunçado, coloquei um tênis branco e sai, nem avisei ao James, porque ele estava tão lindo dormindo. Realmente parecia bem cansado, tanto que nem acordou com o barulho que fiz, ele e o filho tem o sono bem pesado.

Saí do quarto e desci até o primeiro andar onde é o saguão, estava uma confusão gigante, não sei o que aconteceu, mas não era coisa boa.

Cheguei numa enfermeira e perguntei:

__ O que houve por aqui? – ela me olha e parece aliviada ao me ver. Então responde:

__ Esse senhor acordou do coma, e está acusando que nós o sequestramos, já avisamos que ele estava em coma e que estava se recuperando de uma lesão no cérebro, mas ele disse que era mentira nossa, inclusive não deixa ninguém se aproximar dela nem mesmo para colocarmos calmante em seu soro.

__ Tudo bem, eu vou falar com ele. – digo já saindo de perto dela e ela me puxa pelo cotovelo e diz:

__ Não é uma boa ideia senhora, ele machucou a doutora Lauren, e o Steve, e disse que se mais alguém se aproximar ele vai machucar pra valer. – acenei e ela me soltou, eu que fiz a cirurgia e sou neurocirurgiã, sei que ele está confuso e com medo. Me aproximei do quarto dele e o ouvi dizer:

__ Não chega perto, eu vou me furar com essa tesoura. – vi em suas mãos uma tesoura cirúrgica Mayo, provavelmente ele pegou de algum enfermeiro que veio até aqui para retirar os pontos da cabeça. Já faz mais de três meses que este paciente estava em coma.... Estou realmente feliz que ele acordou, mas não gosto dessa ração dele. Antes de entrar eu coloquei um jaleco por cima do meu vestido e segui até o quarto... Então cautelosamente eu chego mais perto e paro na porta e digo:

__ Oi senhor Pablo, sou eu a doutora Miller, eu que fiz a cirurgia no senhor, lembra de mim? – ele me olha e com certeza não se lembra porque o olhar dele é distante e com medo, mas continuo falando: __ Estou diferente agora, porque eu estava no meu intervalo e tirei os aparatos de médica, mas ainda sou eu, não reconhece a minha voz? – ele continua me olhando e mesmo não acreditando muito diz:

__ Você é a doutora Miller? – ele sorri e diz: __ Não sabia que uma mulher tão bonita pudesse consertar o meu cérebro. – ele é um homem muito bonito, está na casa dos trinta e sete anos mais ou menos e tinha um tumor no cérebro, era um meningioma benigno, mas o tamanho do tumor já estava dificultando a sua rotina, ele já não conseguia fazer coisas simples, e então tivemos que retirar ele através de uma excisão e radiocirurgia estereotaxica. Foi complicada e até quase perdemos ele, mas deu tudo certo, mas teve complicações, e teve que ficar em coma induzido, para desinchar o cérebro e conseguir acordar sem sequelas graves. Mas ao retirar os remédios que o deixavam dormir, ele não acordou, e ficamos preocupados, mas fazendo exames periódicos e analisando de perto as mudanças do cérebro. Nada foi detectado ao longo do tempo, mas o cérebro não queria deixar ele acordar ainda, e agora ele está bem confuso, mas parece que se lembrou de mim.

__ Obrigada pelo elogio, mas sim sou eu a doutora, posso entrar? – peço gentilmente e ele autoriza, mas continua me olhando espiado, e eu digo: __ Estou aqui apenas para saber o que você está sentindo agora? – me aproximo mais de sua cama e não demonstro medo por ele ter uma tesoura nas mãos.

__ Eu não sei doutora, eu estou confuso e com medo, por favor pode me ajudar? – ele pede e me aproximo mais quando ele me alcança a tesoura e diz: __ Não quero machucar a senhora, por favor pegue, eu não confio em mim mesmo com isso, mas me diz como está seu bebezinho, ele já deve estar enorme né? Me lembro dele, a senhora trouxe ele para eu conhecer antes da cirurgia.

__ Ah sim, ele está bem grandão, nesse exato momento está dormindo lá em cima com o papai dele. – peguei a tesoura da mão dele rápido e dei para a enfermeira que me acompanhou, ela saiu e levou pra fora, não podemos correr o risco de ter pacientes armados. Vejo que ele mudou a sua expressão de sério e sorriu dizendo:

__ A senhora encontrou ele? – pergunta surpreso.

__ Ah sim, encontrei, lembra que eu te disse que eu jamais desistiria?

__ Eu lembro, e estou feliz por vocês, de verdade eu torcia para que encontrasse o seu marido, porque seu olhar era muito triste antes, diferente de agora, está brilhante. – ele afirma o que eu já sabia, meus olhos sem o James era sem vida.

__ Eu agradeço por torcer por nós. Mas eu quero saber de você. Como se sente? – mudei de assunto e cheguei mais perto dele, para fazer uma autoavaliação de seu estado.

__ Como eu disse antes, eu não sei, é estranho acordar assim num lugar diferente e chacoalhando, eu estava enjoado e com medo de ter sido sequestrado, porque eu não conhecia ninguém aqui dentro.

__ Ah eu entendo, mas e agora que me viu, está melhor?

__ Sim, estou bem melhor, mas me diz porque está tudo assim se mexendo?

__ Ah sim, porque estamos em auto mar, nós não paramos, e continuamos o nosso trajeto, e nessa última ilha que fomos é que encontrei o meu esposo, mas assim que estiver melhor o senhor será levado até a sua cidade de helicóptero.

__ Ufa que bom, eu não quero ficar muito tempo aqui dentro o meu estômago não está nada bem com esse movimento todo.

__ Entendo senhor Pablo, mas ainda precisa ficar em observação por mais alguns dias, queremos acompanhar de perto a sua recuperação, porque já deve saber que ficou mais de três meses em coma né? – ele me olha surpreso e diz:

__ Sério? Eu não sabia não, eu dormi por tanto tempo? Como isso é possível?

__ Não sabemos o porquê senhor Pablo, só sabemos que o seu tumor está todo ressecado e seu cérebro desinchou bem, e parece que não tem sequelas, o senhor consegue ver bem quantos dedos eu tenho aqui? – faço os números dois e depois três e ele diz.

__ Sim eu vejo, dois e três, - afastei mais a minha mão, e abri e fechei os números mais rápido e ele respondeu:

__ cinco e sete. – repeti várias vezes e ele acertou todas, e cada vez eu fazia mais longe dele, depois fiz mais perguntas, sobre o passado, presente, o dia, o ano, a família dele e a esposa. Então ele disse com os olhos tristes.

__ Ela me trocou quando soube que eu tinha um tumor no cérebro, porque ela disse que não queria um inválido. – chocada foi pouco como eu fiquei então para sair desse assunto eu disse:

__ Quem perde é ela senhor Pablo, o senhor ainda é jovem e pode achar alguém que lhe ame de verdade, porque quando achar ela, com certeza ela vai ficar contigo na doença também. Em vez de abandonar você, ela vai estar aqui ao seu lado.

__ É acho que ela não me amava mesmo, mas eu amava ela, sempre fiz tudo por ela doutora, porque as pessoas são assim?

__ Não sei dizer senhor Pablo, mas não desista de ser feliz com alguém que mereça o seu amor, e certifique-se que está sendo amado da mesma forma, não aceite menos que merece, afinal não podemos doar de nós e não receber nada em troca, não seria saudável. Tá bom?

__ Obrigada pelos conselhos, mas me diz como foi a recepção do seu marido? – ele toca na ferida, eu sei que eu disse agora que não poderia receber menos do que merece, mas meu marido é outros quinhentos, ele me ama eu sinto isso, só que ele ainda não sabe, pode ter se esquecido de mim, mas seu coração lembra. E vou esperar até se lembrar, mas se isso não acontecer, vou tentar reconquistar ele, pois eu não vou aceitar perder ele de jeito nenhum. Sou insistente e teimosa e não vim até aqui, para desistir agora. Mas vejo que fiquei muito quieta e ele está aguardando a minha resposta...

__ Ele ficou feliz, e descobriu que tinha um lindo bebê, estamos tão bem senhor Pablo, agora vamos ser mais felizes que antes. – minto pra ele, porque falei ao James para não contar a ninguém sobre o seu estado, afinal não quero que ele perca a sua credibilidade, não que ele vai voltar a operar ou ser neurocirurgião novamente, mas ninguém precisa saber né?

__ Que bom, a senhora merece ser feliz, e vejo que o ama muito, isso é o que desejo um dia pra mim, alguém que vai me buscar em qualquer lugar do mundo se for preciso. – ele sorri e eu também, ele já está mais calmo e agora as enfermeiras trouxeram para ele o café da tarde.

__ Eu vou deixar você tomar a sua refeição e vou ver como está meu bebê tá bom? Mas prometo que amanhã trago ele se você quiser vê-lo. E ainda lhe apresento o meu esposo.

__ Ah sim, eu quero conhecer esse homem sortudo. E seu bebê também, ele era bem pequeninho, mas já deve ter o quê? Seis meses? – ele pergunta.

__ Sim, quase sete. Está bem esperto. – digo sorrindo.

__ Tá bom então doutora Miller, obrigado por ter vindo até mim, e vou esperar vocês amanhã. Agora vou comer e pedir para assistir algo na televisão, acho que pode né?

__ Pode sim, mas nada de coisas de terror e nem violentas, porque não podemos ter o seu coração acelerado aqui, a recuperação inclui isso ok?

__ Ok, não gosto desse tipo de programa mesmo, sou um homem romântico doutora. – ele sorri de lado e eu me despeço...

Tudo ocorreu muito bem, ele está ótimo, e era somente medo o que ele sentiu mesmo, mas mesmo assim deixei um segurança na porta dele, não posso deixar ele machucar mais ninguém. Pedi para a enfermeira que cuida dele não ir sozinha ao seu quarto e quando estiver na hora de dormir, é bom colocar um calmante no soro, porque vai ser bom pra ele relaxar já que fica enjoado com o balanço do navio. Eu avisei a ele sobre isso e o mesmo autorizou.

Subi para a minha suíte e meu telefone estava tocando, atendi antes de entrar na porta do quarto.

__ Doutora Miller? – a voz do meu pai chama profissional.

__ Sim papai sou eu, como o senhor está? – pergunto.

__ Estou bem, e você filha?

__ Bem também, graças a Deus, mas a mamãe já lhe contou a novidade? – pergunto sobre o James e ele responde:

__ Sim filha, ela disse. Desculpa não ligar ontem, mas é que cheguei hoje do Japão, eu estava fazendo mais parcerias para o nosso projeto e não tive tempo. Mas estou muito feliz por você meu amor, os seus irmãos também, e agora já pode voltar para casa né querida?

__ Ah papai, eu vou voltar assim que terminar as ilhas do Mediterrâneo ok? Só falta mais onze.

__ Tudo bem, estamos morrendo de saudades de vocês, e o meu netinho, estou doido para pegar aquele gordinho no colo de novo.

__ Eu sei, vem nos visitar novamente, o James não vai lembrar de vocês, mas eu adoraria que ele conhecesse novamente os meus pais.

__ Ah eu sinto muito por isso filha, como você está com tudo isso. – uma lágrima escorre dos meus olhos e respondo:

__ Eu estou feliz que ele está vivo pai, e agora está onde deve estar, ao meu lado e do Lucca, mas sou paciente o senhor sabe disso. Se precisar esperar a eternidade pra ele se lembrar de mim eu esperarei.

__ Oh filha, fico feliz e triste ao mesmo tempo, gosto muito do James, e eu torcia que o encontrasse, e agora vou orar agradecendo a Deus por ter feito a minha menina sorrir de novo. Mas não chore tá bom? Logo ele vai recuperar a memória, e se isso não acontecer, façam memórias novas. Afinal o amor é pra sempre e o futuro é mais importante que o passado tá bom? – ele diz eu precisava mesmo ouvir isso.

__ Obrigada papai, seus conselhos são os melhores sempre. E o senhor tem razão o futuro é bem melhor.

__ Tá bom minha princesa, quando der faz chamada de vídeo, quero ver meu netinho e conversar com o seu marido. Dar boas vindas a ele.

__ Tá bom, eu amo vocês, dá um beijo na mamãe e nos meus irmãos. Tchau.

__ Beijos filha. Amo você.

Ele desligou e as minhas lágrimas já secaram, porque o meu pai tem razão, o futuro é muito mais importante, e é isso que vou fazer de agora em diante, vou fazer meu marido se apaixonar por mim, e não se lembrar apenas. Ele vai me amar uma segunda vez, e vamos ser felizes.

Entro no nosso quarto e ele está brincando com o nosso filho... Ele não percebeu que abri a porta e fiquei observando eles. Até que o Lucca me vê e diz:

__ Mãmã... – ah que lindo, foi a primeira vez que associou esse nome a minha pessoa. O James olhou pra trás e sorriu também.

__ Oi, - ele diz e eu respondo.

__ Oi amor, acordaram há tempo? – chego pertinho do meu bebê e dou os braços pro meu amorzinho, ele vem e o encho de beijinhos.

__ Não, acordamos agora pouco, percebi que tinha saído e não fiz alarde, porque não queria que o mocinho aí acordasse chorando. – ele aponta para o meu banguelinha que só sabe rir e pegar o meu brinco.

__ Ata, eu fui ver um paciente que acordou do coma depois de quase quatro meses.

__ Uau, que bacana, e como ele está?

__ Ah teve uma confusão no início, mas está mais calmo, ele achou que tinha sido sequestrado e agora que me viu, lembrou que eu havia feito a cirurgia nele e está melhor.

__ Ah sim, que bom que deu tudo certo. – ele diz levantando e fala:

__ Posso tomar um banho? Estou suado e cheirando a sexo. – pergunta e fala a última palavra mais baixo, para o Lucca não escutar.

__ Claro que pode, e não precisa me pedir, aqui é tudo seu também, esqueceu? Mas queria perguntar se você quer a companhia, nossa? – mostro eu o Lucca com os dedos e ele sorri e diz:

__ Adoraria, mas será que cabe nós três?

__ Ah sim, a jacuzzi é enorme, caberemos direitinho. – digo sorrindo e nem ligando se conjuguei o verbo direito. Dou um selinho demorado em meu marido e ele segura a minha cintura e diz ao pé do meu ouvido:

__ Está cheirosa, tomou banho antes de ir?

__ Sim, eu tinha um cheiro de sexo também, e não seria nada legal ir daquele jeito ver os meus pacientes. – digo e ele sorri e larga a minha cintura, pega o Lucca do meu colo e diz:

__ Eu não sei preparar um banho naquele negócio, você pode me ensinar? – ele pede então vamos em direção ao banheiro.

Mostro a ele onde fica os sais de banho, e ensino como deve fazer pra preparar um banho adequado, porque como o nosso bebê vai entrar também, a temperatura precisa ser mais fria do que quente, e os sais precisa ser hipoalergênico, eu inclusive comprei esses para o Lucca, porque eu gosto de ele tome banho aqui comigo, às vezes.

Depois de tudo okay, entramos na banheira e a bagunça está formada. Levamos os brinquedos do meu bebê e ele ficou fazendo barulho e jogando em nós, foi muito divertido e meu James está tão relaxado e parece feliz, ele tem um brilho nos olhos, que eu ainda não tinha visto desde o momento que o vi na ilha.

Não falamos sobre nada, só brincamos e tomamos banho demorado. Saímos quando estávamos bem enrugados. E a água quase fria.

Vesti primeiro o meu bebê e o James se arrumou sozinho, eu estava de roupão ainda quando ele sai de dentro do closet. E eu quase tive um treco... Como esse homem consegue ficar ainda mais lindo? Uau. Eu estou babando. É sério!

Ele vestiu um terno de três peças, azul marinho uma camisa social branca, está mais apertado do que costumava ser, mas ficou ainda mais perfeito, marcando todo o corpo másculo dele, ele não colocou um sapato social e sim um tênis branco, então imagina, o quão sexy ele ficou, imaginou? Pois é então multiplica por mil, uau, esse meu marido é um homem muito gostoso! Eu vi ele colocando o relógio e a aliança e o colar e nem por um momento eu desviei o olhar dele. Quando ele sorriu e perguntou:

__ Perdeu algo aqui senhora? – me recompondo eu limpo a garganta que parece seca e respondo:

__ Ah sim, então, onde você vai assim tão lindo? – pergunto.

__ Eu vou jantar com os meus pais, lembra que fomos convidados? E agora mocinha linda e pelada já é quase nove horas, não vai se arrumar? – ele diz olhando o relógio no pulso e uau eu havia esquecido do jantar... Mais que depressa larguei o meu nenê no colo do pai e fui em direção ao closet começar a me vestir, e ainda bem que sou rápida, porque senão iríamos nos atrasar.

Coloquei uma lingerie preta com um espartilho muito sexy e uma meia com cinta liga, depois irei surpreender meu esposo, darei a ele um final de noite muito quente.

Coloquei meu vestido preto, ele é bem justo em cima deixando meus seios bem empinados, mas não mostra muita coisa, e abaixo do quadril ele é soltinho, todo de renda e é comprido até os pés, mas é leve e lindo. O meu corpete por baixo é vermelho, e deu um contraste muito sexy. Coloquei um salto alto nude com a sola vermelha. É um scarpin Christian Louboutin, é muito confortável e particularmente amo scarpin.

Peguei a minha clutch e coloquei meu celular, terminei de me maquiar e coloquei a minha aliança o meu colar inseparável, borrifei meu perfume preferido, e estou pronta. Quando sai do closet o James assoviou e disse:

__ Uau, que linda! Essa esposa é Gostosa demais. Olha filho a sua mãe parece uma rainha... – ele diz e o Lucca me olha e sorri, sim meu bebê gosta de ver a mamãe feliz porque é assim que estou me sentindo nesse momento! Amo ser elogiada e vindo do meu marido é uma honra.

__ Obrigada meu amor, então estamos atrasados?

__ Nenhum pouco, só demorou quinze minutos, como conseguiu?

__ Ah é só um vestido, e não gosto de me maquiar muito então só uso lápis de olho e delineador, um batom bem básico e estou pronta.

__ Não vou mentir, mas gostei de não ter que esperar muito, acho que esse é um defeito meu, odeio esperar.

__ É eu sei, essa sou eu também, acho que você não era assim antes, mas aprendeu comigo essas manias chatas, desculpe. – realmente ele era bem paciente quando me conheceu, mas depois que ficamos juntos ele entrou no meu ritmo e o por mais que não se lembra, as manias adquiridas comigo não saíram com a amnésia.

__ Não se desculpe, eu gosto de ser assim, e pelo visto você também não deixa ninguém esperando né?

__ Não, imagina! Se não gosto de esperar também não gosto de deixar esperando, então vamos? Não quero demorar muito pra chegar na proa.

__ Vamos dona apressada, mas me diz, levar ele no carrinho ou no colo?

__ No carrinho, assim não amassamos a nossa roupa e ele fica mais confortável ali.

__ Tudo bem. – ele diz e coloca nosso bebê sorridente dentro do carrinho, prende ele no cinto e destrava as rodinhas para irmos. Entramos no elevador e coloco o andar acima, no quinto andar é que é a proa do navio e a área de lazer.

Chegamos lá em cima, e ainda era oito e quarenta e cinco, os meus sogros ainda não chegaram, mas os funcionários já estão organizando tudo, deixando o local bem bonito e aconchegante.

Tiraram a mesa quadrada que tinha aqui, e colocaram uma redonda, de quatro cadeiras e a cadeirinha do Lucca. Ficou mais íntimo.

Eu e o James fomos bem perto das grades do navio para ver o mar, e ele veio atrás de mim, e me abraçou, tem um vento gelado aqui em cima, acho que onde estamos passando é algum lugar que o inverno está bem intenso. Dá para sentir a temperatura da água do mar apenas no vento, ainda bem que eu trouxe um casaquinho para o meu bebê.

Saímos da beirada, porque está muito frio, e então voltamos e sentamos nas poltronas ao lado, aguardando meus sogros. O silêncio é confortável, porque só ouvimos as risadas e brincadeiras do nosso filho.

Ficamos mais alguns minutos esperando a logo eles chegam já rindo entre eles e falando:

__ Ah oi meus amores, estão nos esperando há bastante tempo? – pergunta para nós e eu respondo:

__ Não sogra, chegamos faz uns cinco minutos apenas.

__ Que bom então, posso te dar um abraço filho? – ela pede com carinho e o James autorizou...

Ela abraçou ele e se conteve em não ficar muito tempo, mesmo querendo estar nos braços do filho por quem ela chorou dia e noite e ainda ficou sem dormir, mas ela parece que está realmente feliz por só ter ele. Sem pressioná-lo, a se lembrar dela.

Meu sogro faz o mesmo e o abraça apertado o filho, mas ele ao contrário da esposa, ele chorou no ombro do James, o Victor só tem pose de durão, porque no fundo eu sempre soube que ele é uma manteiga derretida.

O James o consola como pode e diz:

__ Eu estou aqui agora, não precisa mais chorar.

__ É verdade, sou tão grato a Deus e a minha nora tão querida, se não fosse por ela, hoje acharíamos que realmente tínhamos perdido você filho. – ele me abraça também e me agradece, a minha sogra tirou a pose de séria e começou a chorar baixinho, e o James como um bom filho que ele sempre foi, abraçou ela apertado e a consolou. Estão os três abraçados e mesmo o James não se lembrando, ele gosta dos pais que recebeu. Afinal quem não iria querer pais tão maravilhosos como eles?

Mas o Lucca não gostou de não ser mais o centro das atenções e começou a chorar, quebrando a bolha que eles estavam...

__ Ohh meu amor, vem com a vovó vem? Não precisa ficar triste e nem com ciúmes, temos amor para todos. – ela diz pegando ele do carrinho e ele se acalma no mesmo instante, porque ele é apaixonado naqueles avós dele.

__ É nosso pequeno príncipe, o vovô e a vovó, tem muito amor no coração, como você está anjinho? – eles falam com ele e agora ele está calminho, só rindo e reclamando em bebenês.

Logo eles me cumprimentam e sentamos nas cadeiras e aguardamos eles servirem o jantar.

A minha sogra pediu para a minha cozinheira fazer o que mais gostamos, ela já sabia o gosto do filho, e mesmo ele esquecendo de tudo, duvido que não iria aprovar o que a mãe escolheu.

Tudo estava muito saboroso, tinha de tudo um pouco, comida brasileira, japonesa, americana, mediterrânea, mexicana e alguns pratos que não sei a origem, mas eram muitos saborosos. Se vai dar um revertério em todos? Pode ser que sim, mas provamos tudo mesmo assim.

Às nossas conversas eram boas, estávamos sorrindo à toa. Quer dizer eu estava, tanto que o sorriso não cabia no rosto, o James estava se divertindo, mas não estava tão à vontade. Sim eu o conheço e sei quando ele é apenas educado. E mesmo perdendo a memória, seu jeitinho não mudou. De vez em quando ele me olhava para ficar mais tranquilo, parece que confia em mim. Gosto muito disso.

Depois de jantar a minha sogra e sogro falaram sobre seus feitos na cidade ontem, eles disseram que as pessoas estavam realmente gratas, e que eles deixaram algumas pessoas cuidando de tudo, e esse alguém são os próprios moradores, ela informou do que iria acontecer a partir de agora, e ficaram animados, mas que ela precisava da ajuda deles caso alguém quisesse parar todo o progresso da cidade. Eles deram a sua palavra que eles estarão de olho em tudo, e se algo ruim acontecesse informariam imediatamente.

O James ficou feliz em saber disso, afinal se ele soubesse quem era há muito tempo, ele com certeza saberia voltar sozinho.

Terminamos a nossa noite dançando na proa, só nós cinco, pedidos ao DJ para colocar uma música boa e dançante, e começamos a nos mexer e dançar em família.

Foi divertido, a minha sogra e meu sogro pareciam mais felizes, Claro eu sei o motivo, e estou feliz por eles e por mim...

Nosso bebê dormiu com a bagunça e não acordou até que decidimos encerrar a noite, já passava das duas da manhã... Rimos muito, conversamos, bebemos, “eu só drink sem álcool” mas mesmo assim estava maravilhoso.

Não tínhamos hora para levantar de manhã, então não nos preocupamos em dormir cedo.

Depois de entrar em nosso quarto, fui direto ao banheiro, tirei a roupa e entrei no chuveiro, odeio dormir suada, estava tão entretida me esfregando que não percebi quando o James entrou e me abraçou por trás.

__ Posso me juntar a você? – ele pergunta encostando a sua pele quente em mim.

Gemendo com a sensação de ter ele tão perto e excitada só de ouvir a sua voz rouca em meu ouvido, respondo:

__ Sempre pode. Inclusive eu iria lhe chamar porque preciso que esfregue as minhas costas. – falo rindo e recebo um tapa na bunda. Não foi forte, mas foi muito gostoso. Me mexi encostando em seu membro duro e ele disse:

__ Não provoca Giulia, ou eu vou te foder aqui e agora. – diz com sua voz sedutora.

__ E o que está esperando? – pergunto já pingando de tesão. E ele nem espera mais, só entra em mim e começa um vai e vem frenético, forte, duro, selvagem, mas delicioso!! Do jeito que eu amo.

Depois de uns trinta minutos fazendo todas as posições possíveis em um banheiro, nós estávamos exaustos e terminamos o nosso sexo maravilhoso com beijos românticos e apaixonados. Pelo menos o meu era apaixonado!

Esse novo James, eu não consigo ler. Ele é sério, caladão, contido e até mesmo um pouco desconfiado.

Sinto que ele quer falar algo, mas não diz e isso me deixa agoniada.

Não quero perguntar o que se passa na cabeça dele, porque tenho medo da resposta, sou cagona eu sei, mas não posso me dar o luxo de perdê-lo de novo.

Saímos do banho enrolados em nossos roupões, entrei no closet e coloquei um babydoll, ele colocou uma boxer, uma bermuda e camiseta branca de algodão. Mas ele não foi se deitar, simplesmente disse:

__ Eu vou dar uma volta pelo navio tá bom? Pode dormir. – ele só saí e não espera eu responder. Será que ele está arrependido de ter vindo? Ou será que eu ultrapassei a linha? Ou ele se arrependeu de ter algo íntimo comigo? Bem isso acho que não, porque foi ele que veio atrás de mim. Mas agora nesse momento estou me sentindo triste. Não queria terminar a minha noite sozinha, mas pelo visto é o que vai acontecer.

Mas tudo bem então, peguei o meu bebê que estava em um sono pesado no carrinho, troquei o pijama e a fralda e ele acordou, deitei ele comigo na minha cama e dei de mamar, mas quando dormiu novamente o coloquei no bercinho, porque ele já está acostumado a dormir lá.

Escovei meus dentes, prendi meus cabelos num rabo de cavalo, tirei a maquiagem com demaquilante e coloquei uma loção que rejuvenesce enquanto durmo, é bem cheiroso, borrifei um pouco de perfume na minha nuca, ajeitei meus travesseiros e me deitei meio sentada, peguei o meu celular e abri no Kindle onde tem os meus e-books, sou viciada em ler, estou cansada, mas vou esperar um pouco por ele. Comecei a leitura onde eu parei da última vez, é um livro de superação, o casal não deu certo, mas se amavam, só que seguiram caminhos diferentes, eles acharam as suas almas gêmeas, são amigos e mesmo com filhos, puderam ser felizes com outras pessoas.

Na minha perspectiva, acredito que eu não saberia viver mais sem o James, esse um ano e meio que passou, foi dolorido demais, eu não estava vivendo e sim apenas sobrevivendo, por causa do meu bebê, a única alegria da minha vida se não tiver o meu marido.

Mas eu irei precisar aprender a viver sem ele eu acho, dói meu coração só de pensar em seguir caminhos diferentes, e não estou pronta pra abrir mão da minha felicidade, só que eu sou humana, e por mais que eu o ame tanto, jamais obrigaria a ficar comigo se não sente o mesmo, eu também quero ser amada, eu mereço isso, por mais que não se lembre de mim, eu mereço, eu não desisti dele antes, mas se for preciso, pra ver ele feliz, eu desistiria dele agora, eu esperaria ele se encontrar, porque eu não faço a mínima ideia o que ele está pensando, ou passando em sua cabeça, quais seus planos, se estou inclusa, se vou sofrer? Sim, e muito. Mas não vou ficar em um relacionamento sem reciprocidade, não vou me torturar, ou ficar apenas porque eu amo. Sei que mereço mais do que isso. Porque antes de amar ele, eu me amo.

Sou paciente como eu já disse, mas não sou masoquista. Talvez darei uns três meses para ele decidir o que quer, e se eu perceber que não é comigo que ele quer ficar, eu vou me retirar da equação.

Sei que não saberia o que fazer, não estou pensando nisso agora, mas eu daria um jeito. Sempre dou, sou uma sobrevivente, aprenderei a viver um dia de cada vez, e se ele não for o meu para sempre, eu encontrarei quem queira viver isso comigo!

Agora ele está vivo, não irei mais sofrer por essa perda sem volta. Porque eu acredito muito que se for pra ser meu, ele volta, mesmo que nos separemos.

Fiquei mais de uma hora lendo e nada do James retornar para o quarto, larguei meu celular e resolvi dormir um pouco, porque senão nada adianta colocar loção no rosto. O mínimo é dormir oito horas.

Comecei a rolar de um lado para o outro.

Demorei, mas consegui dormir.

Quando acordei, já era dia, olhei pela janela do meu quarto e o sol já estava a pino. Olhei as horas na cabeceira e constatei que já passara do meio dia. Uau eu apaguei.

Olhei ao meu lado e a cama estava exatamente como na madrugada, vazia, intocada. Será o que o James não dormiu aqui? Olhei no berço e meu bebê não estava... Se me preocupo? Sim. Mesmo sendo o pai, deveria ter me avisado que iria levar o Lucca.

Levantei, e me arrumei, escovei meus cabelos e deixei soltos, escovei os dentes, me maquiei, coloquei uma roupa básica, uma calça jeans branca, uma camiseta amarela soltinha, tênis preto, peguei o meu celular, olhei as mensagens e tinha uma do novo número do James.

“Bom dia, não se preocupe, o Lucca está comigo, saímos para tomar café e deixar você descansar.”

Fiquei menos preocupada, mas mesmo assim saí do meu quarto, e fui andando pela suíte até a cozinha. O cheiro do almoço estava divino e meu estômago roncou alto. Parecia que tinha feijão.

Eu amo feijão com arroz.

Chegando na cozinha, o James estava dando papinha pro nosso bebê. Os dois estavam tão lindos. Se deram tão bem já de cara. Uma sintonia que apenas pai e filho tem.

Nem perceberam a minha entrada, então não quis atrapalhar ele no trabalho de alimentar o filho, fui em outra direção, peguei um prato e me servi da comida que estava no fogão, sentei na bancada e comecei a comer...

Tinha arroz, feijão vermelho, carne picadinha frita em tirinhas com cebola cortada em rodelas, batata dorê, salada de repolho, tomate, pepino em conserva e beterraba cozida. Peguei suco de uva na geladeira.

Comi sozinha em silêncio, pensando em tudo que está acontecendo comigo, estou feliz e triste.

Feliz que meu marido está vivo, mas triste porque ele não é mais meu como antes.

Comi tudo, e nem tinha percebido que enquanto eu pensava uma lágrima solitária caiu.

Quando olhei em volta, não tinha ninguém. Só eu e meus pensamentos. Acho que nunca me senti tão sozinha, mesmo estando acompanhada.

Coloquei meu prato na lava louça, fechei as panelas e saí da suíte. Eu precisava de ar, porque parecia que eu iria sufocar.

Queria ficar sozinha, colocar meus pensamentos em ordem. Eu precisava ver meu bebê para ficar feliz, mas não queria encarar o James agora. Caminhei até a proa, e fiquei olhando o mar!

Não sei quanto tempo fiquei assim, mas saí do meu transe, quando o James me chamou.

__ Oi Giulia? Você está bem? – olhei pra ele, e o Lucca não estava com ele e perguntei sem responder a sua pergunta:

__ Cadê meu filho? – ele responde:

__ Com os avós. Eles estão em um passeio pelo navio. Mas você não me respondeu:

__ O quê? – me fiz de sonsa...

__ Está tudo bem com você?

__ Está sim e contigo? – pergunto.

__ Acho que estou bem, não sei ainda. Porquê?

__ Por nada. – voltei a olhar o mar e pergunto:

__ Se arrepende?

__ Do quê?

__ Da decisão de vir comigo?

__ Não, e você? – olhei pra ele, e ele estava me olhando, então respondo imediatamente:

__ Nunca me arrependeria de estar com você, sabe disso...

__ É você já disse, mas porque veio pra cá sozinha? Nem vi você lá na cozinha, eu estava esperando você para almoçar comigo. Fui te procurar no quarto e não achei, então dei o Lucca para os meus pais e vim a sua procura, te liguei também, e estou me perguntando o que houve com você? – comecei a chorar novamente e ele me abraçou, e diz:

__ O que houve, Giulia? Está me deixando preocupado. Fui eu? Eu fiz algo que te magoou?

__ Não James, não é você, me desculpe estou emotiva hoje... Não sei porque estou assim, - minto pra ele, porque eu não posso cobrar nada dele, ele não tem culpa de eu estar dessa forma, o meu coração está doendo, porque estou sentindo falta do meu antigo James, e por causa do livro que li onde eles aprenderam a viver um sem o outro, e eu não quero isso, eu quero aquele James que me dava carinho sem eu pedir, sabia o que estava pensando, dormia de conchinha comigo, sabia me ler tão bem, trazia café da manhã na cama quase todos os dias pra mim, me paparicando em todas as oportunidades que tinha, eu sei que ele não se lembra, mas eu me lembro, e sinto falta.

Abracei ele de volta e respondi:

__ Desculpe não almoçar com você, mas eu vi você alimentando o nosso filho e achei que já havia almoçado. E não quis atrapalhar o seu momento com ele. Eu realmente não sabia que estava me esperando, desculpe eu não vi o celular porque está lá no quarto.

__ Tudo bem, mas você quer me fazer companhia? – ele pergunta me olhando.

__ Claro, - saímos lado a lado e chegamos em nossa suíte.

Nenhum momento ele me toca, e eu sinto falta de contato físico, mas não ultrapasso a linha, não vou ficar mendigando atenção ou carinho.

Eu sei que eu disse que preciso conquistar ele, preciso é verdade... Mas hoje não, meu coração dói. E só preciso desabafar com ele, pra ele entender o meu jeito carente, só que como eu já disse, eu tenho medo de afastar ele de mim.

Sentamos na bancada e ele se serviu de tudo um pouco. Ele comeu em silêncio e quando terminou eu pergunto:

__ Quer sobremesa?

__ Pode ser...

Levanto e pego na geladeira a travessa com mousse de limão. Servi pra ele e pra mim uma quantidade generosa em uma taça.

E comemos em silêncio.

Não olhei pra ele, comi olhando pra minha taça apenas.

__ Giulia? – ele me chama...

__ Sim? – respondo sem olhar ainda.

__ Olha pra mim por favor!! – ele pede eu faço.

__ Sim? – respondo olhando pra ele.

__ Eu fiz algo que te magoou? – ele pergunta e eu respondo francamente.

__ Não, James você não fez, só estou emotiva, acho que estou de TPM, não se preocupa. – não posso externar os meus pensamentos pra ele, porque realmente ele não tem culpa de eu estar assim. São os meus sentimentos. E foi apenas ontem que ele voltou, não posso demostrar a minha chateação e fazer cobranças assim com pouco tempo de seu retorno, ou ele vai desistir de tentar me amar...

__ Tudo bem, mas se eu fiz alguma coisa, por favor me perdoa? – ele pede sorrindo e me perdi em seus lindos olhos azuis e em seus dentes brancos. O sorriso mais lindo do mundo. E isso me lembra o meu bebê, então eu respondo:

__ Sim claro, mas eu preciso do meu bebê, estou com saudades dele. – me levanto da bancada e ele faz o mesmo. Ajudo a guardar as coisas e ele coloca a louça que usou na máquina de lavar, limpamos tudo e saímos em direção aos meus sogros. Durante o dia eles gostam de estar com as pessoas do navio. Então descemos para o terceiro andar porque é onde eles ficam quando não estão trabalhando.

Só tem alguns médicos de plantão, porque tem alguns pacientes ainda em recuperação ou em coma.

Chegamos no lugar que queríamos e estavam todos na volta do meu filho, fazendo ele rir e brincando.

Todos aqui dentro são legais, sem exceção, me ajudaram muito desde o início de tudo, sou grata a eles por me apoiarem e não deixar eu desistir de procurar o meu marido. Cada um ajudou do jeito que podia, mesmo não sabendo no íntimo o que eu estava fazendo porque nunca entrei em detalhes sobre a minha busca, eles desconfiaram, é claro, até porque era muito coincidência eu fazer um cruzeiro pela costa do Mediterrâneo justamente perto de onde meu marido havia desaparecido, então era só ligar os pontos.

__ Boa tarde pessoal, tudo bem por aqui? – digo chegando na bagunça.

__ Boa tarde Giulia, estamos bem sim, esse pequenino veio nos visitar né Lucca? – a doutora Melinda diz sorrindo com o meu bebê no colo, ela é a nossa cardiologista aqui no navio e é muito competente e simpática, mas o meu bebê ao me ver dá os braços pra vir comigo. Ela me entrega ele porque já sabe que se eu não pegar, ele abre o berreiro.

Peguei ele e já me sinto melhor, apenas de ter ele nos meus braços. Estou tão triste hoje que só o meu bebê que sempre esteve pra me acalmar.

Cheirei o pescocinho do meu pequeno e ele ri.

Ficamos ali com eles, eu não queria entrar na minha suíte e ficar sozinha com o James. Não sei porque estou assim, mas desde quando ele saiu ontem do quarto e não retornou pra dormir ao meu lado, estou me sentindo desta forma. Mas não posso cobrar nada, porque ele prometeu tentar ter um relacionamento comigo, e não vou ficar arranjando brigas desnecessárias, pois em vez de se apaixonar por mim, ele irá se afastar. E não sei o que fazer. Não sei como lidar com o meu marido.

Todos conversam conosco, e é bem legal estar aqui com eles. Assim não fico pensando tantas bobagens.

A minha amiga Min-Ji não veio junto porque ela foi promovida a chefe dos internos da cardiologia no hospital, e a carreira dela era mais importante do que a nossa amizade nesse momento, brincadeira, mas jamais cobraria dela algo tão grande só por egoísmo, afinal a vida dela não é em volta da minha, e eu torço por ela, e ela me liga quase todos os dias, mas eu sinto a falta dela aqui, porque agora não tenho com quem falar sobre o que estou sentindo. Não vou me queixar para a minha sogra, porque ela é a mãe dele, e jamais vai concordar com o meu drama. E ela também está sofrendo por não ser lembrada pelo filho, não seria justo ir lá descarregar as minhas chateações nela.

Poderia ir na psicóloga que atende aqui dentro, mas não quero parecer fraca agora que já tenho ele comigo. Afinal eu não consultei antes quando ele estava desaparecido, não teria o porque agora né? Claro que um conselho profissional seria o certo, mas no momento não quero ninguém se metendo em minha vida, nem me dando conselhos baseados em estudos. Quero apenas viver esse meu dilema sem ninguém saber. Só eu e Deus.

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