Filha da Lua romance Capítulo 11

Acordo com frio, meus olhos não conseguem parar abertos por causa da luminosidade , me sento e percebo que voltei para meu corpo. Assim que meus olhos se acostumam com a luz do dia vejo que ainda estou na beira do lago e estou... NUA!

— Ai merda… Como vou pra casa nesse estado? Deveriam ter me avisado!

— É fácil, se transforme e assim poderá ir para casa sem que ninguém te veja nesse estado. – fala Maya me assustando.

Havia me esquecido que minha transformação trouxe um espírito de lobo para dentro do meu corpo.

— Maya, não é fácil se transformar assim. – digo me levantando e olhando em volta. Avisto a uma certa distância uma pilha de ossos. – O que é aquilo?

— Bem, foi meu jantar. Eu estava faminta e assim que você adormeceu apareceu um cervo. Agora só é um monte de ossos. – fala como se fosse normal comer um animal tão grande, só de pensar dá náuseas .

— Mas como? Eu não me lembro de nada!

—  Eu fiquei no controle e pude me alimentar...

— Da próxima não deixe vestígios do que você aprontou, e peça para usar meu corpo.

— Olha quem fala, você estava usando meu corpo e nem pediu permissão, eu só peguei o que na verdade é meu.

A ignoro e começo a caminhar tentando achar o caminho de casa, agora como está de dia tomo cuidado para não me machucar. Ouço passarinhos cantando felizes por mais um dia, animais pastam longe daqui e outros caçam.

Com meu novo sentido, chego rápido aos fundos de casa. Mas e se o Gastón estiver em casa? É melhor eu olhar na garagem para ver se o carro dele está lá. Ando pé ante pé até a garagem e para minha surpresa ele não está.

— Que alívio... – digo respirando calmamente.

Abro a porta e corro escada acima como um raio e chego ao meu quarto.

Tomo um banho bem relaxante e visto um vestido azul claro, por incrível que pareça eu não estou com fome, talvez por causa do cervo inteiro que jantei.

Os dias passaram tão rápido e tanta coisa aconteceu que só agora lembro que eu estava com uma costela quebrada, mas depois de ontem acho que já cicatrizou. Aliás, eu não sinto mais dor a muito tempo.

2 semanas depois

As semanas passam rápido, voltei a escola um dia depois da minha transformação. Stefanny às vezes vinha e conversava comigo mas era mais eu e a Anna. Em casa eu não vejo Gastón desde aquele dia na floresta, cada dia que passa me preocupo mais com meu pai. Edgar disse ontem que encontraram a casa que ele está sendo mantido. Estão planejando entrar e resgatá-lo. Claro que eu queria ir junto, mas Edgar não deixou. Só tenho que esperar e rezar para que meu pai esteja bem.

Aqui estou eu deitada no sofá sem nada para fazer, porém algo me diz que isso está prestes a mudar. Estou sentindo, tenho um pressentimento que algo está a acontecer, mas o que…?

A campainha toca e vou ver quem é, quando abro a porta dou de cara com um garoto loiro, ele me parece o Edgar.

— Em que posso ajudar? – digo encarando o mesmo.

— Mandaram te avisar que acabaram de trazer seu pai… – nem espero o rapaz terminar e saio correndo.

Ele deve estar na casa do Edgar. Corro sem parar para descansar e como já fazem dois meses que estou aqui, o caminho já decorei.

Chego e bato na porta de Edgar, que a abre. Encaro o mesmo com os olhos carregados de esperanças pedindo que realmente seja verdade e que meu pai já esteja seguro.

— Meu pai… – falo para ele suplicando com os olhos.

— Entre, ele está no escritório.

Corro pelo corredor e paro antes de entrar. Abro a porta com cuidado e medo de ver o que haviam feito com ele, observo a sala onde estive com Gastón a algum tempo atrás e vejo meu pai parado de costas para mim.

— Papai? – falo dando a chance dele se virar e eu me jogar em seus braços.

— Estela… – diz ao me abraçar fortemente.

— Fiquei com tanto medo de te perder também! – digo aos prantos.

— Eu estou aqui, minha pequena… E você foi muito forte em aceitar a história de sermos lobisomens e de se transformar também.

— Eu… Eu meio que sempre soube que era diferente de alguma maneira.

— Soube da cor da sua loba. Eu vou dar um jeito, eles não vão te levar.

— Como pode estar assim? Seus machucados… – digo me afastando e só agora percebo que seu rosto está machucado só com alguns arranhões.

— Uma das maravilhas de ser lobo é poder se curar dos machucados bem rápido.

— Papai eu acho que o melhor seria eu me encontrar com meu companheiro… E afinal, quem é Lukeche?

--- Lukeche é um vampiro muito poderoso...

— E o que ele quer comigo? – tenho até medo da resposta.

— Não sei, de alguma forma ele descobriu que você era a protegida da lua… A filha tão almejada da lua e com isso ele queria ter uma ninhada com você. Assim os vampiros que iriam nascer seriam mais velozes e poderosos... Foi sua gente que matou sua mãe.

— O que? – ele matou a mamãe por minha causa? – porque ele é tão parecido com você?

– Ele é seu tio, Estela. Mas outra hora eu te conto, agora temos algo mais importante a tratar.

— O quê é? – digo nervosa.

— Como você disse, você tem que ir encontrar seu companheiro e juntos vocês terão o poder da lua a seu favor. Filha, eu não queria te deixar ir...

— Papai tudo bem, eu entendo! – na verdade eu estou morrendo de medo.

— Eu sei filha… – diz pegando o celular e digitando algo e desliga o mesmo – acabei de mandar avisar que você chegará essa semana lá na Vila. Sei que tratarão você muito bem.

— Espero que sim...

— Juntos conseguiremos acabar com Lukeche e seus seguidores . Quatro lobos foram encontrados mortos na beirada da floresta hoje de manhã enquanto vínhamos para cá. Em seus corpos não foi encontrado sangue algum.

— Ele matou...

— Estela, temos que encontrar o Max… Assim acabaremos com esses sanguessugas. – fala Maya.

— Mas quem é Max? – digo em pensamentos assim só ela me ouve.

— Nosso companheiro, o nome do humano eu não sei, mas o lobo é Max!

— Estela? – fala meu pai me fazendo prestar atenção no mesmo.

— Nós vamos papai… – digo tentando afastar o medo que me consome.

— Nós? – pergunta ele me encarando.

— Eu e Maya… Minha loba. – falo sem jeito, ainda não acostumei com essa ideia.

— Claro, a loba… Então, eu vou ver quando você vai partir. Essa semana vai ser corrido.

— Espero que dê tudo certo.

Fomos para casa, como o lobo se recupera rápido ele não tem mais nem cicatrizes de que foi espancado.

Hoje o dia está meio nublado e promete chuva. Acordei cedo e tomei um bom café da manhã com meu pai. Ontem ele estava cansado, dormiu a tarde toda e eu apenas me tranquei em meu quarto com meus pensamentos.

Gastón apareceu, disse que está namorando com uma garota que eu não conheço. Disse que ela é sua companheira mas não senti firmeza, disse que a mesma se chama Sahra. Stefanny deve estar sofrendo, ela parece o amar muito.

Meu pai disse que eu vou já quarta-feira para a alcateia dos lobos do Oeste, isso significa que tenho mais dois dias contando com hoje. Minhas aulas acabaram, estou de férias. Amanhã está para cair a primeira neve, não vejo a hora!

Tomo um banho e visto uma calça de moletom e uma blusa de frio, meu pai já me avisou que para onde vou estará tudo coberto de neve, então minhas malas aumentaram. Coloquei roupa de calor e de frio, sei lá o tempo é meio doido e vai que eu demore lá.

Passo o dia abraçada com meu pai assistindo filmes um atrás do outro, comemos brigadeiro de panela e sorrimos muitos lembrando de vários momentos que não vão voltar jamais.

Um dia depois

Chegou o dia, ontem já chorei bastante enquanto me despedia da Anna e de algumas meninas que começaram a falar comigo. Estou com medo, eu não conheço ninguém aonde  vou… Ontem apareceram mais lobos mortos… Eu vou mais por isso, pois um dos lobos era um garotinho de nove anos, ele teve a transformação adiantada e eu não sei o motivo, mas agora ele já se foi. Morreu por mãos sujas, eu ainda pego quem fez isso!

Pego minhas malas e desço para o primeiro andar, lembro quando fiz essas malas para vir morar com meu pai e agora lá vou eu novamente, só que agora eu tenho segredos onde pensei nunca ter e por mais que só tenha se passado dois meses eu mudei, amadureci pelo menos um pouco.

Olho para essa casa linda onde não tenho muitas lembranças mas foi onde me senti finalmente em casa.

— Pronta? – pergunta papai me tirando dos pensamentos.

— Posso desistir? – falo fazendo a cara mais triste que consigo.

— Infelizmente não… – fala me abraçando – mas pense bem, você vai conhecer seu companheiro e vai conhecer um lado dos nossos inimigos que não conhecemos. – fala rindo.

— Quanto tempo tenho que ficar lá?

— Na verdade não sei minha filha, quem dirá isso é o Alfa de lá e o tempo. Depende como tudo vai correr, não posso interferir.

— Humm… – resmungo, na real eu não quero ir mas quero matar o desgraçado que matou a minha mãe e o menininho. Eu vou acha-lo custe o que custar.

Gastón chega na hora, esqueci que ele é quem vai me levar até a barreira onde reparte a nossa alcatéia dos outros e lá estará alguém à minha espera. Estou com medo mas confiante!

Gastón coloca minhas coisas no porta mala e eu me viro para me despedir de papai.

— Vou sentir sua falta. – digo entre lágrimas.

— Eu também, minha pequena. – fala me abraçando mais forte, assim que me solta continua – Não deixe que judiem de você, seja sempre você mesma.

— Obrigado papai… – lhe dou um beijo e entro no Jipe que Gastón arrumou para me levar.

O carro começa a andar e vejo meu pai ir desaparecendo aos poucos, a viagem não é tão longa e eu e Gastón não nos pronunciamos, vamos apenas em silêncio curtindo a pequena viagem. Às vezes pego o mesmo me olhando mas desvia o olhar.

Avisto uma enorme ponte e em cima dela se encontra um carro preto, com quatro pessoas em pé encostados no mesmo. Sinto meu estômago pegar fogo, minhas mãos soam, tento parecer calma mas estou super nervosa.

Gastón para o carro a uma certa distância dos outros, descemos e ele pega minhas coisas, duas enormes malas fora minha mochila onde está minhas coisas pessoais, notebook e várias coisas desse porte.

Gastón me encara e se aproxima.

— Sentiremos sua falta. – diz me abraçando.

Sei que esses dias nós não nos falamos muito, mas vou sentir muito sua falta, como a de todos por lá.

— eu também, Gastón! – deixo algumas lágrimas sem querer rolar. – cuide do meu pai por mim. – falo ao nos afastarmos.

— Pode deixar, e você se cuida, qualquer coisa é só me ligar. – fala rodeando o carro.

— Eu sei … – falo mais para mim mesma.

Ele dá a volta e se vai, me abandonando para trás. Vejo seu carro sumir na curva e só agora percebo que estou chorando, me recomponho, pego minhas malas e sigo para os quatro indivíduos que estão à minha espera.

É Estela, sua jornada está apenas começando, aqui é apenas o início. Espero poder estar viva no final… Espero poder realmente me entender e me reconhecer, saber quem realmente sou nessa história!

Não posso olhar para trás, vou olhar para frente e cada tombo que eu levar levantarei mais forte mais segura de mim mesma. Não vou chorar pois estão torcendo por mim e sei que com força fé e determinação vou ganhar essa luta...

"Boa sorte para mim e que a sorte esteja do meu lado junto com a determinação.”

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