O Vício de Amor romance Capítulo 136

O interesse se mistura com o afeto nas famílias ricas e poderosas, ao invés de temer o impacto na reputação de sua filha, ele temia como isso afetaria a reputação da Família Werner.

- Vamos dar uma chance para Aline mudar, levando em consideração a amizade entre as duas famílias e o tempo que ela esteve com você, afinal de contas...

O que Osvaldo não disse era que ele havia acabado com Aline.

O fato de Jorge ser tão implacável, levando a situação a esse ponto, fez o sangue de Osvaldo ferver, queria estrangular ele, mas não poderia.

Não é que ele não poderia, mas não tinha força o suficiente.

Se queimaria brincando com fogo. Ele só podia culpar seus filhos por deixar ele preocupado.

Nessa idade, ele ainda tinha que fingir ser deplorável em frente aos seus pequenos, não tinha mais nenhum respeito.

O semblante de Jorge era inexpressivo, sem um pingo de volatilidade. Ponderava, de olhos fechados:

- Não quero ouvir mais nada de você daqui para frente.

- Do que está falando?

- Tenho algum grau de proximidade com a sua filha?

Osvaldo se surpreendeu, concordou ao dizer:

- Nunca mais vou mencionar isso, não se preocupe. Eu sou uma pessoa sensata, meus filhos que são uma decepção, não é culpa minha.

Toc-toc...

Nesse momento, alguém bateu na porta do salão e Lucas entrou, se aproximou de Jorge e disse:

- Marcelo e Divino estão aqui.

Sem olhar para Osvaldo, Jorge instruiu Lucas:

- Entregue o vídeo original a ele.

Com isso, ele se levantou e saiu do salão.

Osvaldo estava satisfeito que isso havia sido resolvido.

Fazia tempo que não comia ou dormia bem, estava exausto tanto física quanto mentalmente, mas agora sentia que havia largado um grande peso de seus ombros.

- Espere um minuto. - Osvaldo não parecia grosso ou bravo como antes, apenas demonstrou seu descontentamento com o assunto:

- Nossas famílias não têm problemas, a culpa é da Aline mas você foi longe demais. Quem vai garantir que isso tudo dê certo já que tudo é tão incerto?

Jorge se virou lentamente e lançou um olhar frio e aborrecido, capaz de fazer qualquer um se arrepiar.

Ha ha.

Ele riu de leve:

- Veremos.

Continuou saindo do salão após dizer isso.

O clima parecia tranquilo enquanto Lucas colocava o vídeo original na mesa e disse, olhando para Osvaldo:

- Presidente Werner, as coisas mudam, a gente nunca sabe o que vai acontecer amanhã e qual a mão do nosso oponente.

Osvaldo franziu a testa:

- O que você quer dizer?

Lucas sorriu:

- Eu só acho que as palavras do Presidente Werner foram um pouco fortes demais.

- Eu falei algo errado? - Osvaldo fez uma pergunta retórica.

Não era Jorge quem foi agressivo primeiro?

- Não. - Lucas não continuou, somente fez um gesto para que se retirassem:

- Vou acompanhar o Presidente Werner até lá fora.

Osvaldo se levantou, parecia muito sério.

Lucas apenas fingiu não o ver com raiva, mas pensava que a queda da Família Werner não era por acaso, seus dois filhos não tinham talento para os negócios e ele mesmo não era lá essas coisas.

No gabinete do presidente, Marcelo estava calmamente sentado na mesa de Jorge, girava o globo sobre a mesa, mas pareceu entediado após alguns instantes, chamou Lucas:

- O que o Jorge tá fazendo? Ele foi ao banheiro e caiu na fossa? Está demorando tanto...

A porta do escritório se abriu antes que pudesse terminar sua frase.

Ele falou tão alto que Jorge deve ter ouvido o que ele disse.

Ele deu um pulo da mesa e riu com vergonha:

- Eu não disse nada, não ouviu nada de estranho não, não foi?

Jorge o ignorou:

- Não tem vergonha na cara?

Marcelo tocou o lado direito de seu rosto bonito:

- O rostinho ainda está aqui.

Divino ficou ali de pé sem dizer nada, apenas pensando que Marcelo havia feito ele mudar de ideia sobre advogados.

Ele nunca havia visto um advogado tão engraçado.

Marcelo ficou sério e mudou de assunto:

- Tenho a defesa escrita sobre o caso do acidente de carro, quando posso entregá-la?

Os olhos de Divino se arregalaram ao ouvir Jorge.

Era algo que ele sempre quis fazer, mas agora ele poderia finalmente exigir justiça pela morte de seu irmão e àqueles que o haviam prejudicado.

Ele estava um pouco feliz.

Jorge disse, ao se sentar em sua cadeira:

- Sem pressa.

Poderia muito bem guardar isso pois, julgando pela raiva de Osvaldo, ele poderia usar isso contra ele algum dia.

O que?

- Por que não ter pressa, já se passaram seis anos, quanto mais a gente demora, mais difícil o caso se torna, além de que ela queria machucar a Sra. Natália naquela época. - Divino estava com pressa e ele pediu para não ter pressa, o que ele queria dizer?

Se arrependeu de ajudá-lo?

Marcelo era amigo de Jorge e o conhecia bem, quando disse que não era necessário pressa era porque isso não iria acontecer.

Ele tocou Divino e disse:

- Que irritação, acha que alguém te deixaria irritado com algumas palavras no tribunal? Isso não seria bom para você.

Divino esticou o pescoço e bufou:

- Eu sei, eu sei, é que...

- Só não quero esperar. - Marcelo pôs para fora o que estava pensando e disse, tocando no ombro dele:

- Jorge não volta atrás no que diz, se disse para não ter pressa é porque agora não é a hora de revelar isso, já esperou seis anos, então pode esperar mais um pouco, não é mesmo?

Divino não soube o que dizer, admitiu que Marcelo estava certo.

Advogados são sempre convincentes.

- Mas é que...

- Não confia em mim? - Marcelo interrompeu.

- Não. - Divino baixou a cabeça, apático.

- Tudo bem, volte e eu te aviso quando entregar o caso.

Ele não conseguiria sozinho então tinha que confiar neles.

A iniciativa estava nas mãos de outros, o que ele poderia fazer?

Teria que esperar, mesmo sem querer.

Divino teve que se retirar.

Quando foram embora, Marcelo "piscou" para Jorge do outro lado da mesa e disse:

- Como eu me saí, amigão?

Jorge nem olhou para ele e arremessou uma pasta pela mesa:

- Parece que gostou, agora vá ver sua avó.

- Não tem como ter uma conversa agradável com você? - Marcelo explodiu, irritado com a menção da palavra avó.

Ele tinha mais ou menos a mesma idade que Jorge e ainda não havia se casado. Seus pais morreram cedo e foi criado por sua avó, ela também queria que ele se casasse cedo e tivesse filhos, mas ele só queria diversão.

Ele perdeu sua paixão por relacionamentos.

- Vai ter que fazer valer a última vez que me deixou plantado lá. - Marcelo disse, ao pegar seu celular:

- Vou ligar para o Van, vou achar um lugar e vamos tomar alguma coisa, faz tempo que a gente não sai juntos.

Discou o número após isso.

- E aí? O Jorge tá livre hoje, vamos sair?

Vanderlei estava ocupado, mas ele não era de Belo Mato. Ele se formou na faculdade e ficou em Belo Mato. Foi bem difícil se estabelecer e fazer carreira na cidade.

- Acontece que eu não tenho nada para fazer hoje, me diga onde vão que eu encontro vocês lá.

Marcelo olhou para a hora:

- Vamos comer primeiro, na “Mansão Soberba”, a vista e a comida são ótimos.

- Faça a reserva.

As saídas deles eram sempre com Marcelo organizando e Jorge pagando por tudo.

Claro, pois Jorge era o mais rico.

Era noite, Vanderlei dirigiu até o Grupo Maré e procurou por Marcelo e Jorge.

Foram em três carros para a Mansão Soberba.

Jorge estacionou o carro e viu outro carro estacionando ao lado dele, era o carro que havia emprestado para Natália.

- Ei, Jorge, não é este o seu carro? Por que está aqui?

Marcelo também reconheceu o carro imediatamente.

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