O Vício de Amor romance Capítulo 146

Era a primeira vez que Jorge a via usando um vestido formal. A seda rosa brilhante marcava sua cintura fina e deslizava sobre suas curvas lindas e sexys, descendo reta até os tornozelos. Os cabelos estavam presos de forma casual. O conjunto exalava intensa feminilidade.

Ao se virar, notou o homem de pé ao lado do carro, encarando-a de forma rude.

Estava a ponto de cumprimentá-lo, quando Jorge entrou sem falar com ela.

Natália imaginou que sua reação se devia ao fato de ter visto o carro de Sonia.

Marcelo havia ligado para Jorge, assim que Sonia havia entrado na sala de reuniões com Natália.

Jorge foi imediatamente para lá, temendo que Sonia pudesse criar problemas ou constrangimentos para ela. Mas, ficou surpreso ao encontrá-las sorrindo de forma amigável.

Estava curioso. Não tinha muito tempo que Natália havia voltado. Como elas tinham feito contato?

E parecia que tinham um bom relacionamento.

Vendo Jorge entrar, Marcelo se dirigiu de imediato para ele.

- Ela acabou de sair.

- Eu vi. - Jorge comprimiu os lábios.

Marcelo encolheu os ombros.

- Elas entraram para conversar, mas não conseguimos ouvir nada. Não tenho ideia sobre o que falaram, mas tenho certeza de que não foi a primeira vez que se encontraram.

Porque não pareciam estranhas.

- Você levou ela à sua casa antes? Elas se conhecem? - Marcelo não acreditava que, com seu temperamento, Jorge fosse aceitar Natália naquela época.

Ninguém podia influenciá-lo, exceto por seu casamento naquele tempo, que ele não pode recusar, pois havia sido arranjado por sua falecida mãe.

- Não - disse friamente.

Marcelo calou-se. Alguma coisa parecia suspeita. Como Natália havia entrado em contato com Sonia?

Ele estava a ponto de dizer mais alguma coisa quando Vanderlei puxou-o para trás e sussurrou:

- Você não pode ver que ele não está de bom humor?

Marcelo comprimiu seus lábios.

Natália não viu Jorge quando retornou para o salão e foi puxada pela Sra. Grace, que queria apresentá-la a uma amiga. Teve que fazer um esforço enorme para se concentrar.

- Eu vou ter que incomodar você com minhas futuras compras! - A mulher, que parecia estar na casa dos cinquenta, era rica e graciosa. Estava um pouquinho acima do peso e usava um vertido preto com um xale de tule que lhe dava um certo ar de realeza.

Somente pessoas muito ricas podiam se dar ao luxo de usar peças da Design LEO.

Sendo a capital de Santa Cruz, Belo Mato era um lugar com muitos talentos escondidos e com uma enorme quantidade de ricos.

- Obrigada por sua confiança - respondeu Natália com um sorriso.

- Eu tinha que viajar para fora para comprar peças da Design LEO, mas agora não preciso mais. Isso é ótimo!

Voltando-se para a Sra. Grace, disse num tom de reclamação:

- Você deveria ter aberto uma filial em Santa Cruz há muito tempo!

Ela parecia curiosa com o fato de a Sra. Grace haver aberto a uma filial repentinamente e o primeiro país ser Santa Cruz.

- O que a fez pensar em abrir a filial e justamente em Santa Cruz?

A Sra. Grace parecia embaraçada, pois a menção remetia a um incidente ocorrido muitos anos atrás, sobre o qual ela não gostaria de falar. Natalia se apressou em aliviá-la.

- Fui eu que pedia à Sra. Grace para abrir a filial. Sou de Santa Cruz e é natural que a loja seja aberta aqui.

- Ah, foi por isso! - Não era tão importante assim e a senhora ficou satisfeita com a explicação de Natália.

- Haverá um desfile mais tarde e são os modelos especiais para a abertura. Eles são absolutamente exclusivos e você poderá adquiri-los, caso goste - A Sra. Grace voltou a conversar com ela.

Nesse momento, uma outra pessoa entrou. Era Marlene, com Aline ao seu lado. Ela parecia um pouco desanimada, por causa de um acidente após o outro em casa, mas tinha que vir, porque era muito amiga da Sra. Grace.

Ao seu lado, Aline parecia majestosa em um vestido preto justo, que deixava suas costas alvas à mostra. Os dois lados do vestido eram abertos até a bunda. As suas costas brancas expostas davam uma nota muito sedutora.

Ele deveria saber que Natália estaria ali e era evidente que havia caprichado no vestuário.

Desta vez ela não foi imprudente, correndo ao ver Natália, mas se manteve quieta ao lado de Marlene.

Eram todas mulheres ricas que trocavam amabilidades entre si. Estavam costumadas a se encontrar em eventos aos quais compareciam acompanhadas de seus maridos.

Conheceu a Sra. Grace por causa das roupas também.

Como esposas de CEOs de grandes empresas, precisavam estar sempre muito bem-vestidas. Por isso, tinham grande interesse nas novidades e nos serviços de customização oferecidos.

Não havia riscos de usar a mesma roupa.

Podiam até mesmo encomendar um traje para combinar com o terno de seus maridos.

Apesar dos acontecimentos de casa que tinha a ver com Natália, na loja de LEO, Marlene não iria deixar o descontentamento transparecer em seu rosto e cumprimentou-a com um sorriso.

Natália não a conhecia bem, apenas através de Anderson.

Retribuiu o sorriso sem dizer nada.

Em um canto, Fátima segurava um esfregão e olhava duro para Natália. Sua filha estava sumida, e ela havia sofrido na prisão, enquanto Natália levava os louros.

Neste momento, um homem cruzou a porta. Não era muito vigoroso e vestia um terno que não lhe caia muito bem, pois suas costas eram curvas.

Vendo o homem entrar, Fátima abriu a boca para chamá-lo, mas mudou de ideia ao pensar em sua crueldade.

- Nati! - disse ele vindo na direção de Natália.

O rosto de Natália ficou carregado. O que ele está fazendo ali?

- Hoje é a inauguração de sua loja. Eu tenho que vir.

- Não será necessário. Por favor, vá embora! - Natália recusou sua gentileza.

Ela não guardava mágoas do passado, mas pedir que perdoasse já seria demais.

Santiago não se afastou nem recuou por causa das palavras de Natália. Ele havia passado por um acidente seis anos antes e viu o coração das pessoas claramente.

Em um momento crítico, a filha que ele segurou em suas mãos fugiu com todo o seu dinheiro, deixando uma confusão para trás.

- Nati, eu queria te agradecer.

Natália franziu a testa.

- Me agradecer por quê?

- Há seis anos, a empresa estava em crise e, sem a ajuda do Jorge, eu não estaria mais aqui.

O quê?

Jorge o havia ajudado com o que havia acontecido seis anos atrás?

- Eu também perguntei por que ele estava me ajudando, e ele disse que era por sua causa.

Natália estava ainda mais confusa. Por que Jorge faria isso?

Ela parecia se lembrar de uma mulher grávida que estava a ponto de pular e que ela tentou acalmar, dizendo que lhe daria dinheiro.

Jorge achava que ela não queria que Santiago tivesse problemas?

Ela apenas não queria que aquela mulher corresse perigo, porque também estava grávida naquele momento, e não queria que sofresse um acidente.

Então o dinheiro veio de Jorge. Ele pediu o divórcio e ela foi embora de Santa Cruz, se isolando de tudo, e sem saber como tudo se resolveu.

- Eu acho que ele gosta muito de você, ou ele não teria me ajudado.

Por causa disso, Santiago se trancou em casa o dia todo, sem comida ou bebida. Estava desanimado e desapontado consigo mesmo. Se o seu relacionamento com Natália não fosse tão ruim, a família Ribeiro estaria muito melhor agora.

Na última vez em que viu Fernanda com suas duas crianças, por acaso, ele decidiu segui-la e ganhar o perdão de Natália.

Como Natália havia dados duas adoráveis crianças a Jorge, ele pensou que este seria gentil com ela, certo?

Sendo o pai de Natália, ele também podia gozar a fortuna.

Se Natália não tivesse nada, Santiago não devia pedir o perdão dela com atitude tão humilde.

A natureza humana é difícil de ser modificada.

Natalia não esperava que Jorge ainda fosse cuidar de Santiago depois de sua partida.

Por que ele fez isso? Teria sido realmente por causa dela?

- Eu não vou atrapalhar. Vou achar um lugar tranquilo para me sentar. Há muita gente aqui, está bastante animado.

Temendo que Natália o mandasse embora, ele recuou primeiro e buscou um lugar discreto para ficar.

Natália o ignorou. Ele poderia ficar o tempo que quisesse.

Mas não seria tão fácil conseguir o seu perdão.

O mal que ele causou a ela e a Fernanda era como uma cicatriz que não podia ser apagada. E aquela cicatriz ainda doía toda vez que pensava nela.

Fátima estava furiosa e tinha o rosto distorcido pelo ódio, com as lembranças das torturas sofridas na prisão. Seus olhos estavam esbugalhados e pareciam prestes a saltar das órbitas, de uma forma assustadora.

Ela nunca tinha visto Santiago se curvar dessa maneira para lisonjear alguém, como estava fazendo agora.

E justamente para a Natália!

Ela não podia aceitar a mudança e sua própria queda. Tudo mudou só porque Natália voltou para Santa Cruz.

Vá para o inferno! Vá para o inferno!

Ela largou o esfregão e foi na direção de Natália. Ao chegar perto dela, tirou uma faca que havia escondido no bolso.

- Natália, você vai para o inferno!

- Cuidado!

Natália virou-se e viu Fátima. Seu rosto estava distorcido pelo ódio, como um demônio, e na mão, ela trazia uma faca brilhante, pronta para ser enterrada em seu coração…

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