O Vício de Amor romance Capítulo 159

Sem dar voltas, Fernanda disse diretamente o que estava em sua mente:

- Não sei como é a sua relação com a Nati. Mas na minha opinião, se vocês não acabarem juntos, espero que as crianças fiquem comigo e com Nati.

Fernanda pensava muito a longo prazo.

Se Natália pudesse formar uma família com Jorge, seria perfeito. Se fosse o contrário, ela esperava que Jorge não disputasse a custódia das crianças com elas.

Se fosse assim, ela e Natália não conseguiriam vencê-lo.

Por isso, ela precisava deixar a situação bem clara primeiro.

- Ainda não estamos divorciados oficialmente. - Ele não estava explicando, mas atingiu esse efeito. - Nos termos da lei, ainda somos casados. Eu gosto de sua filha, não porque ela me deu os filhos, mas sim porque gosto dela por quem ela é.

Fernanda ficou aliviada. Era o melhor que ela podia esperar.

Só que ela não sabia como responder à franqueza dele.

- Vou a Atalaia a trabalho e ela irá comigo. Não vamos voltar nestes dias. Vamos deixar Teteu e Mari aos seus cuidados e da Joana. Para garantir a segurança de todos, mandei o pessoal guardar a mansão. Caso saiam de casa, leve-os com você - avisou Jorge.

Como Natália ainda não havia sido encontrada, ele tinha medo de que Fernanda ficasse preocupada e as duas crianças passassem a procurar a mãe.

Em vista disso, ele falou com Fernanda que Natália iria viajar a trabalho com ele.

- Está bem, eu vou cuidar deles.

Após a conversa, Fernanda ficou esclarecida e mais aliviada.

- Mari...

- Está no meu quarto. - Fernanda respondeu logo, como se ela soubesse o que ele ia perguntar. - Ontem, ela acordou no meio da noite e queria procurar Nati. Fiquei sem jeito e a levei para o meu quarto. Me custou muito para acalmá-la e fazê-la dormir. Ela deve estar ainda dormindo neste momento.

Antes de Fernanda concluir as suas frases, ela ouviu uma voz bem suave:

- Mamãe. Papai.

Ela usava um pijama com desenhos de patinho amarelo. A sua pele era branca e macia e o seu cabelo estava desarrumado, salientando o seu rosto branquinho. Ela se atirou para Jorge, chamando ele, com doçura:

- Papai...

Jorge pegou ela no seu colo.

A menina enrolou o pescoço de Jorge com seus braços e o beijava ele sem parar, como se quisesse compensar o que havia faltado ontem, pois Matheus não tinha permitido que ela se aproximasse do seu pai.

- Tenho saudades de você.

Na verdade, ela tinha medo de que o pai ficasse com raiva e quisesse abandoná-la.

Na sua voz, a sua intenção de agradar o pai estava óbvia.

Jorge afastou o cabelo da frente da testa dela, revelando o rosto inteiro. A sua testa era grande, os seus olhos eram brilhantes. O rosto era fofinho. Que menina linda!

Ele tocava na bochecha dela de forma bem leve com o polegar:

- Me mostra o quanto tem saudades de mim?

Mariana virou os olhos para pensar e colocou as mãos no peito:

- Tanto que meu coração não cabe e quase explode. A mamãe não voltou com você?

Não tinha visto Natália, Mariana passou a olhar para os lados.

O pescoço de Jorge ficou rígido, mas ele continuou com um ar calmo:

- Sua mãe está ocupada, por isso não voltou...

No momento, o celular no bolso de Jorge tocou.

Ele tirou o celular e viu que era uma chamada de Vanderlei. Em vez de atender a chamada de imediato, ele deitou Mariana e acariciou o cabelo dela:

- Papai vai atender essa chamada.

Mariana era muito boa menina e Fernanda veio e disse:

- Vou levar Mariana para se lavar e se vestir.

- Está bem. - Jorge acenou que sim com a cabeça.

Depois de ver Fernanda levar Mariana para o quarto, Jorge andou até a janela francesa para atender a chamada.

A chamada foi atendida:

- Ela foi encontrada.

Parecia que uma corrente elétrica atingia seu coração, estimulando cada célula de seu corpo.

Vanderlei disse que ela já havia sido encontrada?

Os seus olhos ficaram mais escuros. Ele se achava calmo, mas a sua voz o traiu:

- Onde ela está agora?

- No subúrbio. Vou te enviar o endereço.

Mal desligou a chamada, Jorge recebeu a mensagem da localização, enviada por Vanderlei.

Ele abriu a localização, enquanto andava. No momento, Mariana colocou a cabeça para fora do quarto:

- Papai, vai sair?

Jorge parou os passos e olhou para ela, virando a cabeça:

- Sim. O papai está saindo.

- Quando vai voltar?

- Vou voltar assim que terminar os negócios.

Jorge não prometeu uma hora específica para ela, uma vez que no momento ele não sabia nada sobre a situação. Era melhor não decepcioná-la.

- Então, vai com a mamãe? - Mariana lançou outra pergunta.

- Sim. - A voz parecia sair do seu peito, era grave, mas extremamente firme.

Mariana sorriu com a boca aberta, mostrando os dentinhos brancos. Os seus olhos eram curvados que nem as luas claras:

- Então, fico esperando a volta do papai e da mamãe.

Jorge ficou em silêncio durante dois segundos e disse:

- Tá.

Ele andou até ela e se agachou na sua frente. Olhando a cara dela, ele acariciou os seus cabelos com um olhar indulgente.

Mariana inclinou a cabeça, piscando os olhos:

- Está me olhando porque sou bonita?

Ele disse, com voz rouca:

- Minha filhinha é muito bonita.

- Sou mais parecida com a mamãe ou com o papai? - Mariana pegou o braço dele, falando qualquer coisa que fosse, só para ele ficar mais tempo com ela.

Olhando com atenção, Mariana tinha o formato do rosto, o nariz e a boca de Jorge e os olhos de Natália.

Sobretudo quando ela sorria, os seus olhos e sobrancelhas eram curvados.

- Você é parecida com a mamãe, e comigo também.

- Chega. - Fernanda sabia o que a menina estava pensando e a pegou:

- Seu pai tem negócios para resolver. Vem comigo trocar de roupa.

O sorriso da menina desapareceu de repente. Ela fez um beicinho:

- Quero apenas ficar mais tempo com o papai.

- Está falando como se ele não voltasse. - Fernanda a acalmou.

Jorge olhou para dentro de casa, antes de sair e entrar no carro. Ele ligou o Bluetooth de seu celular para colocar a localização no GPS do carro.

Logo, ele colocou o carro em movimento.

E dirigiu rumo ao destino.

O céu estava ficando cada vez mais claro. Quando ele chegou ao seu destino, o sol acabava de nascer. As nuvens no leste estavam tão vermelhas como se estivessem ardendo. A neblina matinal se espalhou e todos os seres vivos pareciam voltar à vida.

Chegando perto do seu destino, ele viu uma van queimada, estacionada em uma área abandonada no subúrbio, com as fitas de segurança ao redor.

Sem saber o porquê, quanto mais ele se aproximava, mais pânico sentia.

Será que Aline a havia machucado? Será que ela ficou ferida?

Ele não sabia de nada.

Os seus passos, que costumavam ser calmos, ficaram perturbados. Vanderlei veio por baixo das fitas de segurança, as quais levantou:

- Chegou aí.

- Onde está ela?

- No meu carro. - Vanderlei caminhou em direção ao seu carro e abriu a porta. No banco traseiro, deitava-se uma figura fina. O seu cabelo estava bagunçado e havia poeira no seu rosto. Por onde alcançou a visão, nenhum ferimento foi visto, o que deixou Jorge aliviado.

- Felizmente, ela está bem. - Vanderlei sentiu-se feliz por isso. - Ela deve estar cansada e adormeceu neste momento.

Ele fechou a porta do carro, como se tivesse medo de acordar a mulher adormecida no carro:

- Dirija o meu carro. Daqui a pouco, eu levo o seu.

Vanderlei entregou a chave do carro a ele.

Jorge não a aceitou, mas perguntou:

- Como está a situação agora?

- Quando a gente encontrou este lugar, a van estava queimando. Ela torceu o pé e caiu, não muito longe da van. Ela estava acordada e disse que alguém tentou queimá-la. Ela foi amarrada dentro do veículo. Depois conseguiu escapar e...

As mãos de Jorge fecharam-se em punho, de repente. Ele disse num tom baixo:

- Não havia ninguém aqui naquele momento?

- Não. A pessoa deve ter saído depois de botar fogo. Mandei a equipe de busca para ver se conseguimos encontrar alguém aqui perto. - Vanderlei estava ciente, aquela pessoa saiu, quem sabe quando, e era impossível encontrá-la. - Ainda bem que Natália estava bem agora. E tinha também Aline à mão. Enfim, não aconteceu nada de grave.

Jorge franziu a testa. Parecia ter alguma dúvida na sua mente.

- Vamos levá-la ao hospital primeiro para checar o ferimento no pé dela? - Vanderlei voltou a entregar a chave do carro para ele. - Já agora ela disse que estava tudo bem, por isso não chamei a ambulância.

Desta vez, Jorge aceitou a chave. Abriu a porta do carro e entrou, levando Natália ao hospital para exames.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Vício de Amor