O Vício de Amor romance Capítulo 179

- Sra. Nina! Sra. Nina!

Natália escutou alguém a chamando, quase ainda inconsciente. Ela abriu os olhos lentamente e viu Josiane ao lado da cama. Ao perceber que ela abriu os olhos, sorriu:

- A Sra. acordou?

Natália mexeu o corpo, levantou-se e esfregou os olhos, perguntando, já com menos sono:

- Que horas são?

- Meio-dia. Você dormiu a manhã inteira, quer comer algo?

Josiane não se atrevia a descuidar da pessoa que o Sr. Luiz havia mandado tratar bem.

- Pode me dar um copo de água?

Ela não estava com fome, só estava sentindo sede, porque acabara de acordar.

- Está bem.

Josiane saiu.

Natália viu que ela havia saído do quarto, levantou o edredom e desceu da cama. O pé machucado estava envolto de gaze, o tornozelo continuava inchado, ela apertou de leve e sentiu a dor. Ela franziu a testa e pensou, precisaria de alguns dias até melhorar.

Ela tentou levantar, apoiando-se no outro pé.

- Você quer ficar aleijada?

Uma voz masculina grave soou na porta.

Natália levantou a cabeça e viu o homem que estava na cadeira de rodas.

Ele entrou no quarto:

- Você machucou o periósteo, se continuar usando força sobre ele não vai melhorar nem em dez, quinze dias. E se piorar, pode ficar igual a mim.

Ele falou mais alto de propósito a última frase, tirando sarro de si mesmo:

- Ficar sentado na cadeira de rodas não é uma coisa feliz.

Natália sentou na cama,

- Eu estava só tentando.

- Sra. Nina, sua água.

Josiane entrou com o copo.

Natália pegou o copo e agradeceu:

- Obrigada.

- A Senhora é convidada do Sr. Luiz, é óbvio que tenho que tratá-la bem.

Josiane sorriu, olhando ao mesmo tempo para Luiz.

Ela não se atreveu a fixar o olhar por muito tempo.

Natália fingiu que não viu, tomou um pouco d’água, aliviou um pouco a sua sede.

- A Sra. deve estar com fome.

Josiane colocou uma mesa de apoio sobre o edredom.

- Sr. Luiz solicitou que eu trouxesse a comida para o quarto, já que seu pé está machucado e a senhora não consegue andar.

Natália olhou para Luiz e disse:

- Obrigada.

Luiz levantou a sobrancelha,

- De nada. O nosso encontro foi destino. Fique tranquila para ficar aqui até melhorar. Depois levarei você para casa. Ah, você é de onde?

- Belo Mato.

Respondeu Natália.

Ficou um pouco surpresa, não a deixou fazer uma ligação, mas agora queria levá-la para casa?

O que ele estaria querendo de verdade?

- Belo Mato?

Luiz murmurou e seu olhar pousou de novo na pulseira que estava no pulso da Natália, como se estivesse pensando em algo, algo que o levou para longe.

- Sr. Luiz, o que foi?

Luiz balançou a cabeça e riu,

- Nada, apenas lembrei-me de algumas coisas.

Ele fixou o olhar no rosto da Natália,

- Eu pareço velho?

Natália ficou muda.

Ficou pasma com a pergunta.

O que quer dizer?

- Eu só tenho 26 anos e você me chama de senhor. Pensei que já tivesse mais de 30.

Ele falou de novo, antes que Natália pudesse responder.

- Pode me chamar de Luiz.

Natália ficou muda de novo.

Não seria muito apropriado chamá-lo pelo nome.

- Qual o problema? Eu salvei a sua vida e nem pelo nome você não quer me chamar?

Ele falou em um tom sério, mas no seu olhar não demonstrava querer culpá-la.

- Eu não vou deixar você me chamar de Sr. Luiz. Você quer me chamar de “Oi”, “Fulano”?

Natália riu com suas palavras.

- Me chame uma vez.

Luiz riu.

A expressão do canto dos olhos demonstrava a sua expectativa.

Natália pensou, ele havia salvado a vida dela, em gratidão, poderia atender o seu pedido e chamá-lo pelo nome. Tentou:

- Luiz.

Falou com muita dificuldade.

- Agradável de ouvir.

Ele abriu o sorriso.

Natália pensou: “agradável onde?”

Não o retrucou, porque ele havia salvado sua vida.

Ao trazer a comida, Josiane escutou os risos de Luiz e olhou para a Natália, pensando, o Sr. Luiz a trata de maneira especial e agora está rindo tão feliz por causa dessa mulher, quem será ela?

Qual a relação dela com o Sr. Luiz?

Ela colocou a comida sobre mesa.

- Não sei o que você gosta de comer. Fale-me do que gosta que eu mando fazerem para você - falou Luiz.

Natália não queria perturbá-lo muito, não queria ficar em dívida com ele, os favores têm que ser retribuídos depois. Além disso, ela comia de tudo, não tinha nenhuma comida que ela não gostasse.

- Eu como de tudo.

Natália sorriu.

Nitidamente, ela estava tentando manter distância dele, mas Luiz não ficou bravo e disse:

- Está bem. Qualquer necessidade é só me dizer.

- Ok.

Depois da refeição, Natália deitou-se na cama, olhando para fora da janela, pensando consigo mesma, como haveria de fazer para entrar em contato com Matheus?

Por que Luiz não quis emprestar o telefone para ela?

Qual o seu objetivo?

- Este quarto aqui.

A voz de Josiane soou no outro lado da porta. Em seguida, ela entrou com funcionários, carregando um aquário.

- Coloque aqui - disse Josiane, apontando para a frente da cama.

Depois que os funcionários foram embora, Natália perguntou:

- Para que isto?

- Sr. Luiz disse que você não pode descer da cama, com certeza é muito chato ficar no quarto, então, mandou essas coisinhas raras para você passar o tempo.

Falou Josiane, ao lado da cama, com um pouco de inveja:

- Sr. Luiz é muito gentil com a senhora.

Ela nunca vira Luiz tratar alguém tão bem, e ainda era uma mulher.

Natália olhou para os peixes, eram três, de cores brilhantes e formato peculiar. Ela não tinha visto nem no mundo aquático, de fato eram espécies raras, só olhando já sabia que deviam custar muito caro.

Ela não ficou feliz. Ela não fez nada para merecer isso. A gentileza dele a deixava um pouco desconfortável.

- A Sra. não está feliz?

Josiane viu que a expressão de Natália não era de felicidade. Nem sorriu.

- Estou.

Natália forçou um sorriso.

- A Sra. já conhecia o Sr. Luiz?

Josiane expôs sua dúvida.

Ela já era antiga da casa, e nunca tinha ouvido falar dela e nem a vira. Não fazia muito sentido ele tratar ela tão bem se a havia conhecido recentemente.

Natália balançou a cabeça, perguntou:

- Por que a pergunta?

- Porque o Sr. Luiz é muito gentil com a senhora. Se não te conhecia, por que continua te tratando tão bem, depois de salvar a senhora?

Natália tinha a mesma dúvida.

Ela mexeu na cauda do peixe e o peixe rapidamente fugiu.

Natália também estava curiosa em relação a Luiz, mas não demonstrava isso no rosto, falou em tom tranquilo:

- Você não disse que o Sr. Luiz é um homem bom? Ele apenas está fazendo a sua boa ação até o final.

Josiane continuava achando que havia outros motivos além do bom coração do Sr. Luiz.

- Então me diz, qual o motivo?

Natália levantou seu olhar, devagar.

Josiane ficou sem palavras.

- Deixa para lá.

Josiane não ficou muito feliz sem ter obtido resposta e saiu.

Natália secou a mão com um lenço e desceu da cama. Apoiando-se na mesa ao lado da cama, deslocou-se aos poucos até a porta, usando o pé que não estava machucado.

A casa era enorme. Ela estava hospedada no térreo, como Luiz andava na cadeira de rodas, provavelmente, não morava no andar de cima. A sala grande e vazia não tinha ninguém, não se encontrava Josiane também.

Natália viu, em cima da mesa lateral do sofá, um telefone.

Os olhos dela brilharam, esta era a oportunidade de entrar em contato com o mundo afora. Ela se certificou de que não tinha ninguém ao redor, foi em direção ao telefone, se apoiando na parede.

Ela chegou na sala, uma mão se apoiou no sofá e a outra foi pegar o telefone.

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