O Vício de Amor romance Capítulo 191

O tempo parou.

Natália estava de pé, vascilando. Parecia que já ia cair no chão.

Jorge olhou nos olhos desesperados dela e disse, de modo sério:

- Era eu naquela noite.

Surpreendida pelas palavras de Jorge, ela ficou atordoada, como se tivesse sido atingida por um raio.

Ela ficou parada como uma árvore.

- O que, o que está dizendo? - De repente, ela cobriu seu rosto, chorando e rindo:

- Como isso é possível? Como pode ter sido você?

Ela não acreditou e ficava andando, para frente e para trás, ao redor da cama. Como isso seria possível?

Sua perna bateu na cama, de modo acidental, e ela caiu no chão. Ela mexeu no cabelo com muito esforço:

- Naquela altura, Anderson já havia feito pesquisas sobre isso. Ele... ele disse que era um nativo. Como poderia ter sido você?

Jorge agarrou a mão dela, que estava a arranhando e machucando. Ele levantou o queixo dela, forçando-a a olhar para ele:

- O que você disse? Já pesquisou?

Ainda havia lágrimas nos olhos dela.

Nervosa, ela olhou para ele e não conseguiu pronunciar nem uma palavra, como se tivesse gelo na boca. Sua mão se livrou de Jorge. Seus dedos tocaram no rosto dele, passaram pelo pescoço e colarinho, indo direto para seu ombro:

- Uma vez eu descobri marcas de mordida no seu ombro... Eu estava suspeitando disso. Por essa razão, mandei Anderson pesquisar. Ele me disse que... era um nativo naquela noite.

Ela acalmou-se, devagar, e pensou consigo mesma: será que sua suspeita seria verdadeira? Anderson estaria mentindo?

Anderson sempre esteve ao lado dela, cuidando dela e a ajudando. Ele também dizia que Teteu e Mari eram coitados, porque não tinham pai.

Porém, ele sabia da verdade e estava escondendo dela?

- Ele mentiu para mim?

A mão dela estava gelada. Jorge botou sua mão em cima dela, usando sua palma quente.

Naquele momento, nenhuma palavra podia expressar o que ele queria dizer. Todos os pensamentos dele culminaram em um beijo. Com muito amor, ele beijou a boca de Natália.

Natália achou tudo isso irreal, como se fosse um sonho.

Parecia bolhas que explodiriam ao tocar-se nelas.

Mas ele estava tão perto, tão quente e verdadeiro.

- Você já descobriu a verdade em sua pesquisa?

Ela não sabia se isso era uma mentira que ele criou para acalmá-la.

Jorge pegou a mão dela e a colocou em sua palma, mexendo-a suavemente:

- Não precisa pesquisar. Sei que é você.

Só no momento em que ele descobriu a verdade, ele sabia o por quê de ela ser tão familiar para ele.

Tudo isso tinha uma razão.

Natália tirou a mão dela. Jorge não gostou dessa sensação de não ter sua mão na palma dele e olhou para Natália.

Ela falou:

- Eu não quero que haja algum erro nisso.

Ela estava muito calma. Isso era muito importante, porque estava relacionado ao pai de seus filhos.

Jorge afagou o canto de seus olhos. Ela havia emagrecido. Sua pele também estava fria. Podia imaginar que ela tivesse sofrido muito.

- Como você acha que eu descobri a verdade? - Jorge sentou-se na beira da cama e a abraçou, afagando o ombro dela. Ele disse para ela sobre o teste de paternidade que Angelo tinha feito, escondendo deles.

Por isso, Matheus e Mariana eram absolutamente seus filhos.

Devagar, Natália fechou os olhos.

Ela ainda sentia como se estivesse sonhando.

- Me belisque.

Jorge baixou os olhos e descobriu a cicatriz na testa dela. Era difícil descobrir, porque a cicatriz não era muito clara e era coberta com a tampa da fundação. De modo gentil, ele tocou a marca. Ele acariciou a cicatriz, de modo muito leve e suave, com tremor incontrolável.

Seus olhos ficaram vermelhos pela dor no coração que sentia, porque não tinha descoberto a tempo o desaparecimento e não tinha lhe protegido.

Seu coração estava doendo por ela. E doía bastante. Ela nunca tinha visto um olhar tão emocionante, profundo e cheio de amor no seu rosto. Ele tinha a tratado bem, mas sempre de modo reservado. Porém, neste momento, ela percebeu a porta do coração dele, que estava fechada antes, começando a se abrir.

- Por que você está aqui? - Jorge perguntou.

A mensagen que ele tinha recebido de Dona Sandra foi que Anderson iria levá-la para Serra.

Por que apareceu aqui e se envolveu com Luiz Lemann?

O que tinha acontecido?

E pelo que ela havia passado?

Ela não conseguia deixar de tremer quando pensou nos dias em que sua liberdade era restringida por Anderson. Depois de ficar tão próxima da morte, ela ainda estava com muito medo no momento.

A palma grande e quente de Jorge acariciou suas costas magras, diminuindo o nervosismo dela.

Depois de um tempão, Natália conseguia falar sobre sua experiência, de maneira calma:

- Anderson me trouxe pra cá. Eu fugi dele e fui salva por Luiz.

Ela não mencionou nada sobre os perigos que tinha enfrentado.

Jorge sabia que ela estava escondendo algo, considerando o lugar horrível onde ela estava presa, sozinha. Ele agarrou a cintura magra dela e deitou-se na cama. Sem usar a colcha, o corpo dele ficava próximo ao dela. Ele estava usando seu próprio calor para aquecê-la.

Com o passar do tempo, Jorge adormeceu, com ela em seus braços.

Natália olhou para Jorge, que estava dormindo. Foi só então que ela notou que tinha olheiras no rosto dele. Parecia que ele não tinha dormido bem.

Sem perceber, sua mão tocou na pele dele. Mal quando sua mão tocou em Jorge, foi por ele agarrada. Com olhos fechados, ele colocou a mão dela em seus lábios e a beijou:

- Durma comigo por um tempo.

Durante a ausência dela, ele não tinha dormido bem sequer uma vez. Agora, com o corpo macio dela nos seus braços, ele sentia muita paz.

-Tá.

Natália também fechou os olhos.

Durante este período, Natália também não tinha descansado bem. Neste momento tranquilo, ela sentia sono.

Natália não sabia quando havia adormecido. Só que em seu sonho, sempre tinha alguém a beijando, de vez em quando, incluindo seu pescoço, cabelo, suas bochechas, a ponta de seu nariz e seus lábios...

Eles ficaram no quarto por um dia todo. Com a guarda de Vanderlei, ninguém veio incomodá-los.

Ao acordar, Natália encontrou olhos profundos, que olhavam para ela fixamente.

Ela ficou imediatamente sóbria.

De modo gentil, Jorge acariciou o cabelo, que estava cobrindo a testa dela, e perguntou:

- Está acordada? Está com fome?

Na verdade, Natália sentia fome. Ela acenou com a cabeça.

- Vamos para outro quarto, Teteu e Mari ficarão felizes ao ver você...

- O quê? - antes de Jorge terminar suas palavras, ela o interrompeu:

- Teteu e Mari também vieram?

- Sim...

- Por que você não disse isso antes? - Ela olhou para Jorge, descontente. Fazia tempo que ela não os via. Ela sentia muita falta deles.

Querendo ver seus filhos em breve, ela se levantou depressa da cama. Ela não notou que o laço de seu vestido estava apertado por Jorge. No processo de se levantar, o laço caiu do vestido. Ao sentir frieza no corpo, ela soltou um grito de surpresa. De imediato, ela colocou suas mãos em cima do peito. Ela se virou apenas para descobrir que o laço de seu vestido estava apertado.

Os olhos de Jorge ficaram nela.

Na troca de olhares, ambos ficaram gelados.

Natália sentia calor no rosto:

- Levante-se.

Jorge não obedeceu para se levantar. Ele olhou no vestido e depois no seu abdômen plano, que não tinha gordura extra. Sua pele era branca e rosa. Abaixo de seu umbigo, haviam estrias de gestação que não eram claras, apresentando uma cor branca...

O pomo-de-adão dele moveu-se, de modo involuntário.

Natália sentia que seu rosto estava queimando. Com vergonha, ela empurrou Jorge. Ele pegou o pulso dela e puxou-a em sua direção. Perdendo o equilíbrio, ela caiu na cama. Jorge também caiu junto com ela.

Ficando debaixo dele, ela nem estava usando uma roupa que conseguisse cobrir bem seu corpo.

O homem acima dela estava bem-vestido. Só tinha alguns vincos na sua roupa. Seu corpo robusto estava acima do dela. O tesão era muito óbvio nos olhos dele, quase transbordando. Mas ele estava esforçando-se para controlá-lo:

- O nosso casamento é legítimo.

Logicamente, isso era verdade. Sem comprovante de divórcio, legalmente, eles ainda eram, de fato, um casal.

Seus olhos eram como fogo, tornando a garganta dela seca:

- Você, você disse que iria pedir minha permissão.

Os dedos dele afagaram a palma dela:

- Mas eu não queria esperar.

Ele abaixou a cabeça até beijá-la suavemente no canto de seus olhos. Sua voz era rouca e baixa:

- Quero você. - Seu rosto encostou no colo dela:

- Quero muito você.

Natália virou sua cabeça:

- Me dê algum tempo.

Ela ainda não estava pronta.

Jorge virou o rosto dela e beijou-a nos lábios:

- Quanto tempo?

Natália olhou para a luz no teto:

- Quando eu era jovem, também esperava ter um namoro incrível. Mas na realidade, nunca me apaixonei por alguém. Não sei o que é namoro...

Olhando para ele, ela disse:

- Espere eu me apaixonar por você.

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