O Vício de Amor romance Capítulo 21

Natália veio ao hospital, viu que Anderson estava sentado no corredor fora da ala, com suas mãos nos joelhos e suas costas ligeiramente arqueadas. Parecia estar pensando em algo.

Anderson nem sequer a viu quando ela chegou perto dele.

- O que você está pensando?

Anderson olhou para cima e viu que era Natália. Ele recobrou sua atenção e deu uma olhada na ala.

- Sua mãe está um pouco de mau humor.

Natália já estava preparada para isso.

- Bem, volte e descanse, eu cuido dela.

Anderson passou os olhos por sua barriga.

- Você também precisa descansar.

- Não se preocupe, sei cuidar de mim mesma - Natália deu a ele um sorriso relaxante.

Anderson ficou em silêncio por um momento e gesticulou com a cabeça.

- Me ligue se precisar de alguma coisa.

Anderson levantou-se e foi para fora. Natália percebeu, ao olhar para suas costas, que não sabia de nada sobre ele, mesmo que o conhecesse há muito tempo, não sabia de sua família ou parentes, não sabia de quase nada.

Era óbvio agora que ele estava pensativo e preocupado com algo.

Naquele momento, Anderson parou e virou-se para olhar para Natália.

- Essas mulheres me contaram uma coisa, alguém pagou para elas dizerem os insultos e jogarem tinta na porta.

Natália acenou com a cabeça.

- Bem, Anderson, se você tem algo em mente, também pode falar comigo. - Natália olhou para ele.

Anderson riu um pouco:

- Estou bem.

Natália não continuou perguntando, pois todos tinham coisas que não queriam dizer aos outros.

Depois que Anderson saiu, ela não entrou logo na ala, mas ficou imaginando quem tinha subornado esses vizinhos?

Larissa? Fátima?

Mas não sabiam que ela estava grávida.

Então...

Bam!

De repente, o barulho de algo se quebrando ecoou pela ala, Natália abriu a porta num instante, em choque. Viu o copo de vidro quebrado nos pés de Fernanda, se abaixou para pegar os cacos de vidro espalhados pelo chão.

- Mãe, está precisando de água? Tente se sentar enquanto eu limpo isso aqui e sirvo...

Antes que ela pudesse terminar de falar, Fernanda agarrou seu pulso e disse, quase delirando:

-Nati.

Natália olhou para sua mãe e perguntou:

- Algum problema?

Fernanda também parecia arrasada, apertando a mão de Natália cada vez mais forte.

- O bebê, não o tenha, tudo bem?

O insulto no condomínio era apenas um começo. O que as pessoas pensarão delas quando a criança nascer sem um pai, e se for uma criança loira de olhos azuis?

Natália sabia que Fernanda fora estimulada, mas não esperava que ela voltasse nesse assunto.

- Mãe...

Fernanda soltou a mão dela, repetia as palavras como se sua alma estivesse fora do corpo:

- Você não quer, eu sei que você não quer.

Ela sentou-se na cama do hospital e curvou-se como se estivesse enfeitiçada:

- Nicolas morreu, morreu.

Natália ficou assustada sem acreditar no que via. O que há de errado com ela?

Correu para chamar o médico, que sedou Fernanda para que cooperasse e não se machucasse.

- A primeira análise aponta que a paciente pode estar sofrendo de uma doença mental. - O médico fez a análise após o exame.

Natália perdeu o equilíbrio, apoiando suas mãos no armário atrás dela até que pudesse se equilibrar.

- Como isso aconteceu?

- Sua mãe já havia sofrido um trauma assim antes, na verdade, não se desenvolveu a partir de um único estímulo, mas de suprimir a tristeza por muito tempo até explodir.

Os lábios de Natália se retorciam, sua mãe não tinha sorrido desde que ela foi enviada para o exterior por Santiago, já devia estar traumatizada naquela época. Então seu irmão nasceu e sofreu de autismo, mais tarde ele morreu e ela estava grávida, uma coisa ou outra foi demais para ela.

Este estímulo foi o que desencadeou todo esse episódio.

Ela tinha atingido o limite de sua tolerância, perdeu completamente o controle assim que houve a última gota.

- Tem algum jeito de tratá-la? – Natália gaguejou, tentava de alguma forma suportar tudo isso.

O médico suspirou:

- Doenças mentais não são fáceis de tratar. Conhece o Dr. Anderson, né? Ele é um psicólogo, eu acho que ele deve ser capaz de ajudá-la.

Natália lembrou de como Anderson havia agido antes, ele já tinha percebido algo?

Mas não sabia como contar a ela?

- Eu sugiro que sua mãe seja transferida para a psiquiatria.

Natália concordou com a cabeça.

Assim que o doutor saiu, Natália sentou-se no chão enquanto encarava o rosto de Fernanda, o qual ela havia arranhado ela mesma, seu coração doía tanto que mal conseguia respirar.

As lembranças de sua loucura e autoflagelação vieram à mente.

Fernanda foi transferida naquele mesmo dia para o departamento psiquiátrico porque pessoas mentalmente doentes, podem se ferir e outros inconscientemente. Devido à sua instabilidade, as visitas eram limitadas mesmo que fossem de familiares.

Seria tratada completamente isolada do mundo lá de fora.

Do hospital, Natália embalou os pertences de Fernanda e entregou a locação do apartamento.

A caução não foi devolvida pelo proprietário por causa de destruição na casa.

As contas médicas de Fernanda foram pagas por Anderson.

Parecia que ela devia cada vez mais a Anderson.

Enquanto estava perdida em seus pensamentos, o carro parou em frente à mansão, ela agarrou sua bolsa, pagou e saiu.

Em frente à casa, ela devaneou por um momento, não esperando que ela iria morar neste lugar por algum tempo.

Um carro se aproximou enquanto ela se movia para entrar. Ela não tinha vivido aqui por muito tempo, mas reconheceu o carro de Jorge, então parou de pé ali.

Jorge saiu do carro e olhou para Natália, que estava parada de pé, sua voz era levemente fria.

- Onde você esteve?

Ele foi para o hospital e ouviu que ela tinha recebido alta. O que ela andou fazendo no restante do dia?

Natália não explicou, ela já estava cansada por causa da Fernanda.

Disse, quase sussurrando:

- Algo a fazer.

Jorge não estava satisfeito com a resposta. Que atitude é essa?

Ele avançou-se.

Em transe, Natália viu o rosto furioso dele e várias sombras de pessoas. Sua visão foi perdendo o foco e logo perdeu a consciência, via somente o escuro.

Jorge se moveu rapidamente e a apanhou no momento em que estava prestes a cair no chão.

Sua cintura era fina, como se quase não estivesse grávida. Seu corpo era macio, pensou na inexplicável familiaridade de estar tão perto dela.

Esse sentimento sutil incomodou Jorge.

Indefinível.

Por que ele se sentiu tão familiar já que não se conheciam há muito tempo?

Antes que ele pudesse pensar direito nisso, duas pessoas apareceram na porta, uma era Lucas e a outra era Ester.

Vendo Jorge abraçando Natália, ambos estavam atordoados.

Especialmente Ester, se ela não estivesse na frente de Jorge, ela saltaria de raiva.

Ela está ficando louca por dentro!

- Jorge, ela...

Jorge carregou Natália e entrou, enquanto Lucas olhou para Ester que estava ali em pé.

- O Presidente Marchetti casou-se com a Sra. Natália e, mesmo que ele não a ame, eles são um casal nominal. Ele não pode vê-la desmaiar no chão e simplesmente a deixar, não é?

Ester esbravejou:

- Como ela pode desmaiar do nada, não é claro que está seduzindo ele?

Antes que Lucas entendesse o que ela quis dizer, Ester acrescentou:

- Não é estranho que ela não esteja doente e desmaiou direitinho?

Até que aquilo fazia sentido.

Lucas confiava um pouco mais em Ester do que em Natália, afinal, eles se conheciam há mais tempo e são colegas de trabalho.

Embora Natália também tenha sido considerada uma mulher infeliz, ela sempre teve parentes, ao contrário de Ester que era sozinha e tinha seguido Jorge por tantos anos, era claro que ele preferiria Ester.

Jorge, que tinha levado Natália para a casa, colocou-a na cama e quando estava prestes a subir, sua gola foi agarrada de repente por Natália.

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