O Vício de Amor romance Capítulo 20

Natália parou e se virou, viu Jorge largar Ester e caminhar em direção a ela com passos fortes e firmes.

Seus lábios mostravam uma frieza que escondia os dentes afiados e impiedosos.

- Peça desculpas à Ester!

Natália não se moveu, se mostrava bem teimosa ao ignorar o olhar ameaçador dele.

- Não vou pedir desculpas a ela! - Mesmo que ela estivesse com medo dele nesse momento.

Ela não tinha culpa, era Ester que estava tentando começar uma briga.

Ela apenas tentou se defender, reagindo instintivamente!

Por que ela deveria se desculpar?

O olhar de Jorge estava fixo em seu rosto teimoso. Sua testa ficou marcada por rugas, ele nunca tinha perdido o tempo de olhar para ela de perto, nem mesmo no momento em que ele perdeu a cabeça e a beijou.

Ela era um bocado magra, com um rosto pequeno, delicado e puro, do tamanho da palma da mão. Seu olhar tinha um brilho como o de uma estrela ao olhar para ele, apesar de sua teimosia e determinação.

Os quatro olhos se encontraram, nenhum deles estava disposto a se desviar.

- Você a empurrou e vai pedir desculpas! - Seu tom ainda estava frio, mas era menos assertivo.

Parecia ficar chocado por sua expressão.

- Jorge, eu estou bem de verdade. Foi um descuido meu, não foi culpa da Sra. Natália. - Ester correu e interrompeu o confronto entre os dois.

Ela pegou-o pelo braço.

- Jorge.

Ela balançou a cabeça, uma fina camada de água embaçava seus olhos, mas sem cair em lágrimas.

- Jorge, eu me desequilibrei e acabei caindo, talvez o salto dos sapatos que eu usava era muito alto. Realmente não tem nada a ver com Sra. Natália.

Ela defendeu Natália desesperadamente.

Jorge olhou para os saltos em seus pés, que eram altos mesmo, mas ele claramente viu que Natália a empurrou.

Mas que droga estava acontecendo aqui?

- Jorge, talvez eu tenha torcido meu pé, está doendo. - O rosto bonito de Ester se contorceu.

Era diferente de sua habitual sobriedade, com alguns toques fofos.

Jorge prendeu seu cabelo bagunçado atrás de sua orelha. Esta mulher tinha seguido-o silenciosamente, sem pedir nada em troca. Quando ele esteve envenenado e precisou de uma mulher, ela se ofereceu sem hesitação.

Mesmo quando ele fez sexo com ela, ela não pediu um status e permaneceu quieta ao seu lado.

Foi também naquele momento em que Jorge queria lhe dar um status.

Ele não a amava, ele não amava nenhuma mulher, não acreditava no amor.

O pai casou-se com outra mulher apenas um mês após a morte da mãe.

Como pode haver amor neste mundo?

Absurdo e ridículo!

- É ou não é uma bobinha?

Ester estava aconchegada em seus braços.

- Farei tudo o que quiser enquanto puder segui-lo, não me sinto boba, só me sinto feliz.

Natália não pensou em olhar para eles, se virou e foi em direção ao portão.

Ester viu Natália sair, abrindo um leve sorriso.

Natália não deveria ter tempo para ficar na mansão com Jorge agora.

Sua expressão, apesar de achar que estava velada, fora capturada pelo olhar de Jorge.

Mas ele não disse nem perguntou nada, mas entrou na casa.

Ester o seguiu rapidamente.

- Jorge.

Jorge virou para trás a olhou de relance, prestando mais atenção no salto alto, e disse significativamente:

- Cuidado com esses sapatos altos demais. Não servem de nada se fazem você cair.

Quando ele terminou, foi até o escritório e enfrente da porta, parou e disse:

- Estou ocupado hoje, então você vai voltar agora.

Antes que Ester pudesse reagir, a porta do escritório havia se fechado.

Ela estava ali, olhando para os saltos. Será que ele estava preocupado com ela?

Mas parecia querer dizer outra coisa.

Ester foi até lá e queria bater na porta, então Joana parou na frente dela.

- O Sr. Jorge não te mandou para voltar?

Joana não gostava dela e Ester sempre soube disso.

Ela tentava muito agradá-la, mas nunca deu certo.

Joana não era uma empregada comum, mas alguém que cuidava de Jorge desde que era criança.

Ela sempre se mostrou digna perante Jorge.

- Joana, eu só vi que ele parecia estar de mau humor e queria passar mais tempo com ele...

- Sra. Natália que vai ficar com ele. A Sra. Ester deveria vir com menos frequência daqui para frente. Caso contrário as pessoas a chamariam de amante ou algo do tipo, o que seria ruim para a sua reputação.

Joana já não gostava de Ester antes de Jorge se casar com Natália, mas desde que Jorge casou com Natália, Ester frequentou e tomou a iniciativa de se aproximar de Jorge como uma amante.

Ninguém gosta das malditas amantes!

E as pessoas da idade de Joana odiavam ainda mais.

- Jorge gosta de mim, ele não quer se casar com alguém da Família Ribeiro. Você cuidou dele a vida toda, não quer que ele seja feliz? - Ester segurou um grito desesperado.

Ela é apenas uma empregada se aproveitando de sua idade, que saco!

- Sei que a Sra. Terezinha sempre teve suas razões para organizar este casamento. O Sr. Jorge já está casado, a Sra. Ester quer interferir em seu casamento e ser uma amante que todos odeiam, que destrói o casamento de outras pessoas?

As palavras de Joana eram cruéis, mas mesmo assim não faltava compostura, ela inclinou-se para Ester e fez um gesto.

- Sra. Ester, por favor.

As mãos de Ester tremiam de raiva ao lado de seu corpo, mas ela não podia perder a pose.

Só restava partir agora.

Assim que Ester deixou a casa, Joana imediatamente fechou a porta.

Seu corpo ficou rígido, virou-se devagar para ver a porta fechada, o que fez seu rosto mudar para a expressão mais raivosa e feroz que tinha.

Jorge ficou na frente da janela, olhando para a expressão de Ester que nunca havia visto antes.

Seus olhos estreitaram-se um pouco.

- Sr. Jorge, a Sra. Natália voltará para o almoço? - Joana não gostou que ela não tinha voltado na noite passada e passou pouco tempo na casa hoje.

Ela se casou com Jorge, como esposa dele, ela sempre teve que fazer bem seu papel.

Além de que não é bom ficar fora a noite toda recém casada.

Jorge pensou que ela foi ao hospital mais cedo e negou com a cabeça:

- Ela não está se sentindo bem, o almoço...

Jorge também não sabia se ela estaria de volta ao meio-dia.

Só agora ele percebeu que nem sequer tinha o número dela.

Joana suspirou. O que há de errado com as pessoas hoje em dia?

Casais não agem como casais.

São casados mas não dormem juntos, um não sabe onde o outro está, são mesmo um casal?

- Não sei por que sua mãe quis este casamento. - Joana deu um suspiro longo.

Desde a morte de Sra. Terezinha, Jorge havia se mudado e raramente voltava.

Ela achava que a Sra. Terezinha deveria ter seus motivos para arranjar esse casamento, que agora estava feito.

Não esperava que...

O rosto de Jorge demonstrou preocupação.

- Vou procurá-la.

Joana ouviu, mas não respondeu.

Ficou ainda mais surpresa, eram mais estranhos do que um casal.

Jorge pegou o casaco que estava pendurado na parte de trás do sofá, vestiu e pegou as chaves do carro para sair.

De carro, no caminho para o hospital, Jorge teve uma ideia e ligou para Lucas.

- Resolva o contrato para o lote na Baía Rosa e me envia.

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