O Vício de Amor romance Capítulo 4

Era uma pergunta, porém num tom irresistível.

Natália acenou com a cabeça. Ele parecia querer conversar com ela.

Ela também.

Santiago deu um aviso à Natália:

- Tenha modos.

Não é de bom grado ofender a pessoa com quem vai se casar. A frieza de Jorge insatisfeito com Natália não incomodava, já que a ascensão na família Marchetti seria excelente para a família Ribeiro, além de ajudar o negócio na empresa.

Santiago não quis que Natália arruinasse o casamento.

Natália fingiu não o ver e seguiu atrás Lucas.

Ela sabia bem o que Santiago estava pensando. Quanta confiança ele tinha de que ela iria ajudá-lo depois de se casar com o herdeiro de família Marchetti?

Ser pai dela seria mesmo o suficiente?

Será que ele a via como filha? Ele tinha noção do que foram estes últimos oito anos?

Natália se perdera em seus pensamentos quando sua cabeça acertou uma "parede", ao olhar para cima, se deparou com aquela face impecável olhando para ela.

Ela conseguia se levantar, sem problemas.

Mas isso comprovou aquilo que tinha em mente.

Os cabelos de Natália se arrepiaram, olhou bem em seus olhos, e disse com calma:

- O Sr. finge ser deficiente, não é?

Apertando ligeiramente os olhos, o desgosto no olhar de Jorge, ao ser exposto desta forma, era evidente. Disse em um tom não baixo nem alto, mas poderoso o suficiente:

- O que você vê em mim? Quer se casar para levar o meu dinheiro?

Natália sentia calafrios passando pelos seus ossos, acompanhando o olhar frígido dele. Um aperto no coração fez-a sufocar por dentro, mas parecia bem calma.

- Fomos arranjados quando eu ainda tinha dois anos de idade. Eu por acaso entendia alguma coisa de dinheiro ou sobre ser uma esposa rica? Eu obriguei as mães a arranjarem este casamento?

Ela relaxou um pouco o seu tom, calculou o que ia dizer:

- Quando eu tinha dois anos, o Sr. Jorge já tinha dez anos, ou seja, oito anos mais velho do que eu, a diferença te lembra que a idade chegou?

Ah! Jorge riu. Esta mulher não apenas fala bem, mas também é bem desaforada!

Ela não perdeu a oportunidade!

Mas ele seria mesmo tão velho?

Um cheiro de pólvora no ar.

Os quatro olhos se encarando, soltando faíscas, recuar demonstraria uma fraqueza agora.

As mãos de Natália que pendiam ao corpo fecharam nos punhos firmes. Se casaria com a família Marchetti apenas pela promessa de Santiago de devolver o dote de sua mãe.

Ela decidiu abaixar a guarda a fim de não criar um inimigo logo agora.

- Sr. Jorge, eu sei que você não quer se casar comigo, na verdade, tenho uma proposta.

Ela pegou uma emoção em um repente ao olhar novamente para Jorge, foi breve mas ela capturou.

- Sr. Jorge, vamos fazer um acordo. - Natália expôs o que pensava, de fato não queria se casar com a ele, apenas queria voltar do exterior e levar de volta o que pertencia a ela e sua mãe.

Jorge riu com desdém. Que ideia seria essa de acordo? Que ridículo!

Natália estava tão tensa que conseguia sentir o suor frio em suas costas. Jorge era muito alto, ela tinha que olhar para cima para o encarar.

- Eu sei que o Sr. finge ser deficiente para que a família Ribeiro se arrependa deste casamento. Eu concordei pois tenho minhas dificuldades.

Isso deixou Jorge intrigado.

- O que você quer? Todo acordo tem seus termos e condições.

- Um mês, um mês de casamento, e então eu vou pedir o divórcio. - Um mês era o bastante. Ela pediria o divórcio assim que ela conseguisse o dote de sua mãe.

Jorge não gostou:

- Então esse era o acordo que gostaria de propor?

- Sim, devemos honrar o casamento já que este é o acordo das duas mães, nenhum de nós pode quebrar o combinado pois é o nosso respeito por elas. Mas depois do casamento, já que não combinamos, é razoável que devemos nos separar. Assim não estaríamos quebrando o combinado. E o Sr. também não precisa casar-se com alguém que não goste para passar o resto de sua vida com ela. É para o seu próprio bem.

Após dizer tudo o que pensava, Natália se acalmou:

- Acho que o Sr. Jorge deve ter alguém de quem goste para tentar, como for possível, fazer a família Ribeiro quebrar o contrato, certo?

Jorge se irritou num instante, seu rosto agora quente de raiva, admitiu:

- Eu não havia percebido que você é inteligente.

Ele quis casar-se com Ester, cuja ingenuidade o comoveu.

Jorge fitou aquele rosto que fingia calma.

- E você, para que servirá este mês de casamento?

Estava claro que ela tinha outras intenções.

O aperto no coração, mais uma vez, sufocava Natália. Ela não podia dizer que era para o dote de sua mãe, certo?

Porém, ele não acreditaria se ela não desse uma explicação convincente.

- Minha mãe realmente se importa com esse noivado. Não quero desapontá-la, pois sua saúde está vulnerável. - Seu olhar desviava para os lados porque ela havia mentido e sua mãe não queria que ela se envolvesse com a família Marchetti.

O tom de voz de Jorge causava medo, intimidava por parecer que conseguia ler sua mente:

- Verdade?

Seu olhar era tão agudo que a deixou embaraçosa e desamparada. Quando ela não sabia mais o que dizer, o celular tocou.

Jorge pegou o telefone em seu bolso, mas pareceu relaxar ao ver quem ligava para ele, virou as costas para atender à ligação, mas retornou por lembrou algo, e disse:

- Já que é somente um mês, não há motivo para realizar cerimônia.

Natália não tinhas escolhas menos de concordância.

- Tudo bem.

No dia 12 de agosto, Lucas veio buscar Natália.

Não havia festa ou cerimônia alguma, somente a certidão.

Natália não titubeou pois sabia muito bem que isso era resultado do acordo que fizeram.

Se não fosse o casamento arranjado, jamais teriam se conhecido.

Logo o carro parou em frente à mansão.

O sol raiava, a gigantesca casa de pedra era esplêndida.

- Entre, por favor. - Disse Lucas, com um gesto.

Nada simpático nem arrogante. Ele sabia que o casamento entre seu mestre e essa mulher era uma mera formalidade para cumprir o acordo.

Não a tratava como a senhora verdadeira da família Marchetti.

Embora fosse uma casa grande, somente havia uma criada. Lucas não a apresentou a ninguém e logo saiu.

Natália se sentia desconfortável.

- Esta é a residência do Sr. Jorge. Chamo-me Joana, cuido de tudo da vida dele. - Joana a levou para o quarto, disse:

- Se precisar de alguma coisa, basta me chamar.

Um mês não era muito tempo. Natália trouxe suas próprias coisas, mesmo pensando que não precisaria de nada, disse:

- Está bem.

Joana abriu a porta do quarto e virou com a intenção de dizer algo, mas no final suspirou:

- Sr. Jorge não voltará mais hoje, é o aniversário da Sra. Ester.

No primeiro dia oficialmente casados, embora não haja de fato casamento algum, pelo menos, era sua esposa nominal. Contudo, ele saiu com outra mulher. Joana sentiu pena de Natália, que acabara de chegar, sendo tratada desta forma. A vida dela diante seria mais miserável?

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Vício de Amor