O Vício de Amor romance Capítulo 68

Dito isso, Natália se virou e estava prestes a sair.

- Como se chama seu filho? - Quando andou até a porta do quarto, ela ouviu o homem falar num tom provocador.

- Matheus, Mariana?

Quando ele chegou a Atalaia, já recebeu de Lucas as informações detalhadas sobre a vida de Natália nos últimos anos.

Para sua surpresa, esta mulher havia dado à luz a gêmeos bivitelinos.

E eram ambos muito bonitos.

Natália parou e se virou para olhar para ele, com os punhos bem cerrados. Quando encontrou Lucas, ela já sabia que este estava investigando sobre a vida dela.

Não esperava que Lucas enviasse as informações assim tão rápido.

- Se precisar que eu volte e trate do divórcio com você, pode dizer isso de modo explícito. Terei o prazer de o fazer e não vou atrapalhar sua felicidade. No entanto, você está me ameaçando assim, não acha que é demais? - disse Natália enquanto tremia por causa da raiva imparável.

Jorge permaneceu imóvel, deitado na cama com olhos fechados, seu braço apoiando na testa.

Não disse nem uma única palavra.

Parecia exausto.

Natália ficou parada na porta e não ousou sair. Quem sabe se este homem faria algo louco para prejudicar seus filhos.

Afinal, ele sabia tudo sobre sua vida agora.

- Estou com sede.

Depois de algum tempo, Jorge disse isso lentamente, ainda com os olhos fechados.

Natália deu uma olhada para ele e ficou muito zangada, pensando que deveria deixar este homem morrer de sede.

Jorge rolou na cama e virou as costas para Natália. Abriu lentamente os olhos que estavam bem fechados, e com uma cara exausta, disse:

- Você quer que eu morra de sede, quer matar seu próprio marido?

Natália estava guardando muita raiva no seu peito.

Então se virou para servir água, a trouxe ao quarto e entregou ao homem.

- Aqui está.

- Me ajude. - Jorge se virou para olhar para a mulher de pé ao lado da cama, segurando sua raiva.

Por estar zangada, o rosto dela estava vermelho, e com essas bochechas levemente inchadas, ela parecia um hamster zangado, que era bastante adorável.

Jorge não podia deixar de dar uma risada leve, o que soava, contudo, muito provocadora aos ouvidos de Natália.

- Jorge, você vai para o inferno! - Natália atirou o copo nele, assim a água morna dentro agitou e derramou de repente, molhando-o. A água não foi um grande problema, o pior era que o copo caiu mesmo no seu peito ferido.

No momento em que o copo o atingiu, ele gemeu baixinho por causa da dor.

Da camisa molhada pela água se via vagamente o vermelho abaixo.

Natália congelou por um momento. Ele não devia ser assim tão fraco que não aguentava a dor de ser atingido por um copo de água. No entanto, parecia que estava sofrendo muito há pouco.

- Não finja. - Natália se forçou a manter a calma.

Jorge estava deitado com os membros estendidos, sem mexer nem dizer nada.

Natália desviou lentamente o olhar e reparou o vermelho na camisa branca dele. A mulher não deixou de franzir a testa, de onde vem esse vermelho no seu peito?

Ela se inclinou e tentou perceber o que era a mancha vermelha.

De perto, e com sua camisa molhada por água, Natália podia ver claramente a gaze enrolada em torno de seu peito.

- Você... Como você se machucou? - perguntou Natália, um pouco preocupada.

Jorge abriu os olhos e fixou o olhar nas luzes de cristal que brilhavam no teto.

Esfregava a roupa de cama com os dedos.

Simplesmente não queria ficar devendo muito a Aline.

Afinal de contas, foi ele quem a tinha desapontado.

Ela podia ter mil pontos fracos, mas pelo menos tinha um ponto bom.

Afinal, já o acompanhava há tantos anos.

Tinha pelo menos um pouco de afeto.

Esse afeto não tinha nada a ver com relações amorosas, mas sim moralidade e responsabilidade.

Tal como diziam as palavras de questionamento de Aline.

Com o dinheiro se pode comprar todos esses anos de juventude?

Tremiam ligeiramente suas pestanas longas e grossas enquanto ele fixou o olhar nela com certa seriedade, perguntou:

- Você acreditaria em mim se eu digo que foi por você?

Natália apertou os lábios, parecia que ele tinha um olhar sincero.

No entanto, pensando bem, achou que não pode ser. Como ele poderia levar as coisas a sério com ela?

Gostar de uma mulher que já é mãe de dois filhos?

Ela tinha visto mal, com certeza.

Além disso, o que ela tinha a ver com o ferimento dele?

E mais, Jorge já estava prestes a ficar noivo de Aline. Ele acha que ela é uma tola?

Ao ver a expressão de óbvia descrença dela, ele soltou um riso leve.

Talvez estivesse rindo de si mesmo, que ele também não sabia explicar bem seus sentimentos indizíveis por ela.

Natália se curvou para pegar o copo de água, e sem saber se era porque sentia culpa por ter atingido o homem com o copo, perguntou num tom suave:

- Vou te levar a um hospital.

- Não quero ir.

Jorge recusou de forma determinada.

Natália não tinha escolha:

- E o seu ferimento?

- Me ajude a tirar esta roupa molhada. - Era muito desconfortável usá-la.

Natália pensou por um momento, e depois se inclinou para desabotoar a camisa dele.

- Posso te ajudar, mas depois de acertar tudo, tem que me deixar ir para casa.

Ela costumava dormir com os dois filhos e se preocupava que estes não pudessem dormir bem sem a companhia dela.

No momento em que se inclinou, um fio de cabelo caiu, e sua ponta raspou o rosto dele algumas vezes, lhe fazendo cócegas. Essa sensação era como uma corrente elétrica viva, que percorria até a sua parte mais sensível. Então ele disse com voz rouca:

- Vamos ver como você se comporta.

Os cantos dos lábios de Natália se entrelaçaram ligeiramente:

- Não lhe devo nada.

A respiração do homem enquanto falava soprava pelo cabelo dela, como se estivesse provocando:

- Eu teria me machucado duas vezes se você não tivesse me atingido? Você devia estar me agradecendo por não a acusar de agressão.

Natália ficou sem palavras.

Enquanto desabotoando sua camisa, Natália usou a mão para cutucar de propósito a ferida do homem.

Jorge não deixou de gemer pela dor. Como esta mulher poderia ser assim tão cruel?

Já estava ferido, ela não poderia ter mais cuidado?

Ele soltou um suspiro:

- Já sei a razão pela qual você nunca teve um homem por perto durante todos esses anos, nenhum homem suportaria uma mulher tão rude como você.

- Levante o braço - disse Natália enquanto puxava sua camisa, olhou para ele e riu. - Há muitos homens atrás de mim.

- Há mesmo?

- Claro... Ah!

Antes que ela pudesse terminar suas palavras, foi virada para baixo e agarrada por Jorge, cuja camisa molhada se pendurava em seu corpo de forma solta, fazendo o homem parecer um tanto ridículo, mas o seu olhar sombrio não se podia esconder.

- Então me diga, de que homens se trata?

Natália inclinou a cabeça para o lado, tentando evitar olhar para o corpo nu do homem.

- Me solte primeiro.

Jorge agarrou sua cara para que esta olhasse para ele diretamente nos olhos, e disse palavra por palavra:

- Você já é uma mulher casada.

- Só falta um processo documental! - Natália queria tanto gritar com ele, pois este homem já tinha uma noiva mas continuava falando essas palavras com sua ex-esposa.

Ele estreitou os olhos enquanto se inclinava, até que seus lábios se aproximavam dos dela, e disse de modo ambíguo:

- Não se esqueça, sem finalizar o processo, você ainda é a minha mulher. Então me diga...

Os seus dedos atravessaram a bochecha dela, e depois se pressionaram sobre os lábios da mulher.

- Como devemos passar esta noite tão esperada após os anos de separação?

Os olhos de Natália se alargaram e suas mãos se apertaram enquanto ela segurava a respiração.

- Já alguma vez ouviu falar o ditado? - As pontas dos dedos dele pressionaram seus lábios cor-de-rosa.

Ele não usou muita força, pelo que Natália não sentiu dores, mas muito insulto.

- Que ditado? - Natália levantou lentamente sua perna, pronta para se defender a qualquer momento.

Jorge percebeu o movimento dela. Ele soube o que ela estava fazendo com isso mas não a parou. Em vez disso, se apoiou na testa dela.

- Nunca ouviu falar de que a separação curta é ainda melhor que a lua de mel? Já estamos separados há seis anos...

Mal podia terminar suas palavras, Natália começou a resistir, mas Jorge, que já tinha previsto a reação dela, a agarrou primeiro. Ela queria lhe dar um pontapé nas pernas.

Havia um leve sorriso de triunfo na cara dele.

- Mal consegue esperar?

Natália ficou tão furiosa que seu rosto ficou vermelho. Este homem é um malandro verdadeiro!

Como é que podia ser assim tão desavergonhado!

Natália realmente ficou com raiva, então fixou o olhar nele. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas tentou abri-los com força para que as lágrimas não caíssem.

Jorge congelou por um momento...

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