Sob os olhos do lobo(Completo) romance Capítulo 9

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O sol entrava no quarto fazendo com que a claridade acordasse Marianna. Esfregou seus olhos encarando o teto. Abraçou-se ao travesseiro tentando encontrar forças para levantar.

Lembranças da noite anterior vem à tona fazendo Marianna piscar os olhos várias vezes.

Cria coragem levantando-se e seguindo diretamente para o banheiro.

Após arrumar-se, desce para fazer sua refeição. Encontra apenas Vinícius revirando uma caixa que está sob a mesa.

_Bom dia, Vinícius._Ela aproxima-se do irmão._Essa é a caixa de correspondências?

_Bom dia, Anna. Sim, é a tal caixa. E parece que tem uma carta pra você.

Ele estende a carta na direção da garota esperando que ela pegue-a. Meio sem entender, segura o envelope em suas mãos procurando o remetente.

_Alguém quis agradecer melhor o jantar de ontem, suponho.

Vinicius diz indo embora com a caixa em suas mãos. Marianna lê o nome de Guilherme na carta tremendo levemente. Mas o que será que ele quer com essa carta?

Desejou queimar a carta ou corta-la em vários pedaços, mas algo a fez abri-la. Rasgou o envelope que cobria a parte principal da carta e começou a lê-la.

Querida Marianna, escrevo essa carta me corroendo de culpa por tê-la feito assistir aquela cena deplorável na frente de sua casa, na noite em que fomos apresentados. Sei que lhe fiz chorar e isso não é nada honroso. Passei parte da minha vida arrancando sorrisos das mulheres mas as lágrimas que por minha culpa brotaram dos seus olhos me fizeram sentir-me um lixo. Prometo que aquela cena e nenhuma outra daquele tipo se repetirá em sua frente. Perdoe-me, por favor.

Com carinho e carregado de culpa, Guilherme Santiago.

Marianna aperta a carta em suas mãos totalmente inexpressiva. Pelo que entendeu, aquele tipo de cena não irá repetir-se em sua frente mas sim por trás, às escondidas. Marianna não esperava amor, romance ou nada desse tipo. Mas esperava fidelidade. Não queria ser motivo de chacota nem ser a piada da vez.

Irada, jogou a carta no primeiro cesto de lixo que viu.

Sentou-se à mesa e deu início ao seu café da manhã. Tentou, tentou muito esquecer os olhos azuis de Guilherme mas eles a perseguiam em sua mente.

Marianna ficou sabendo por Dolores que seu pai foi resolver coisas sobre a aliança entre as alcatéias. Coisas do interesse de Marianna também, ressalta ela.

Depois do café, resolveu ler um pouco para distrair-se. Na metade do livro, uma cena de amor. A garota se viu rejeitando a literatura evitando pensamentos indesejáveis.

Na sala, Cícera espanava os móveis cantarolando uma canção muito querida por Marianna.

E quando o sol se pôr ligeiro

Corra, corra, seja o primeiro

Sente à mesa e peça o jantar

Faça bico se a mãe não quiser dar?

Marianna cantarolou junto com Cícera afastando os móveis para ajuda-la. Cícera, mesmo ressaltando que não era preciso, deixou Marianna ajuda-la. Afinal, amava ouvi-la cantar.

Coma, coma, seja apressado

Saia da mesa quando estiver terminado

Limpe a boca e escove os dentes

Grite, cante, fique contente?

Marianna valsava na sala com o espanador nas mãos imitando um microfone. Aquela canção ela ouvia de sua mãe sempre antes de dormir. Era uma canção criada pela sua avó, uma relíquia guardada por ela. O fim dela era sua parte predileta.

E quando for a hora de dormir

Agradeça por estar aqui

Quem dera se todos tivessem essa sorte

Infelizmente a vida nos prepara pra morte?

Marianna parou de valsar deixando uma lágrima sentida cair de seus olhos. O espanador fugiu de suas mãos no momento em que pôs elas no coração.

Cícera, preocupada, sentou Marianna no sofá indo buscar um copo d'agua.

Ela sentiu falta de sua mãe, sempre sentia. Marianna perdeu sua mãe no momento em que ela mais a queria por perto. No tempo, ela tinha apenas 7 anos.

Sofreu muito, de todos ela é a que ainda mais sofre.

Depois de beber um pouco de água, correu para o jardim. Queria ficar perto da única coisa que a fazia sentir-se acolhida por sua falecida mãe, as rosas.

xXx

Guilherme abriu os olhos espreguiçando-se, sonolento. Encarou o teto lembrando da noite anterior. Levantou-se rapidamente indo fazer suas higienes matinais.

Depois de pronto, desceu torcendo pra não encontrar seu pai em casa.

_Bom dia, Sr. Guilherme._Milan, que estava lustrando os móveis, o cumprimenta sorridente.

Guilherme deu um sorriso de mau gosto e continuou seguindo para a sala de jantar. Encontrou sua mãe e seu irmão, suspirou aliviado. Odiaria que seu pai comentasse sobre a carta à mesa.

_Bom dia, família._Disse sentando-se._O que temos de bom hoje? Espero que tenha suco de laranja.

_Depois do seu péssimo humor de ontem, achei que iria encher a cara e só aparecer aqui no dia do noivado._Pedro alfineta._Bom dia, maninho. Seu suco de laranja está logo aí.

Guilherme encarou Pedro de olhos semi cerrados. O engraçado disso tudo é que Guilherme ao chegar ontem naquele estado, não pensou em nada a não ser se desculpar com Marianna e dormir. Em outras ocasiões, teria saído e enchido a cara como o próprio irmão falou.

_Pare com isso, Pedro._Reclamou Madalena._Bom dia, Guilherme. Você precisa providenciar seu traje para o noivado de domingo, filho. Eu e o Pedro iremos hoje mesmo na costureira, vamos?

_Vão na frente._Ele dá um gole farto do seu suco favorito._Se der, aparecerei lá. Mas ainda tem muito tempo.

Madalena não insistiu. Concluiu seu café e arrastou o filho mais novo para o centro do vilarejo.

Guilherme voltou a pensar no nariz vermelho de Marianna e na sua expressão facial ao vê-lo com Brittany. Praguejou baixinho concluindo às pressas seu café.

Em sua mente, ele já sabia o que precisava pra esquecer Marianna. Em sua forma lupina, correu por entre as árvores indo em direção a casa de Brittany. Ultimamente ela tem sido seu melhor passatempo, sua melhor distração.

*&*

Será que sempre vai rolar uns climinhas entre Mari e Gui?

Já quero?

Mas será que vai ser tão fácil assim?

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