Vanessa romance Capítulo 14

Vanessa de Paula

Miguel sai do banheiro me deixando atordoada, golpeada, me sinto sufocada, fragilizada como um cristal.

Quando fiquei bêbada não medi as consequências e fiquei indefesa,

me senti desprotegida, do mesmo modo que me sentia quando quando era só uma menininha que usava tranças,

Aquela garotinha que tinha pavor do olhar sujo que seu tio lhe dava sobre seu corpo infantil e sem curvas.

Aquela garotinha que nunca foi protegida nem cuidada por ninguém.

Eu não suportaria ser violentada, isso com certeza seria o punhal que me mataria de vez, me arrebentaria sem conserto.

Me recomponho e faço um esforço para demonstrar que estou bem e não uma torre de cartas pronta a desmoronar com qualquer sopro.

Quando saio do banheiro já vestida com minha armadura encontro o Miguel a arrumar suas roupas numa mala, com sua expressão carrancuda de sempre.

__ Sr Prado!

O chamo mas ele não me olha e continua arrumando suas coisas como se eu não estivesse ali.

__ Miguel!

O chamo novamente e minha voz sai com mais emoção do que gostaria, talvez meu disfarce já não esteja funcionando tão bem, talvez minha armadura esteja com uma rachadura...

__ desculpa!

Ele paralisa no lugar mas não me olha,

__ desculpe por ter te acusado de algo que não fez, só queria pedir desculpas!

Me aproximo e seguro seu braço, sinto toda sua dureza, toda sua tensão,

__ e obrigada por ter cuidado de mim!

Miseravelmente minha voz embarga, mas não me deixo abater e já dou a volta por cima abafando minha dor, colocando meu sorriso de sempre,

__ agora vou indo arrumar minha mala, é isso aí, até mais!

Quando em viro para sair Miguel segura meu braço me virando de volta!

__ Vanessa...

Ele me olha e por poucos segundos parece que tudo está ali visível aos seus olhos, como se ele fosse capaz de ler minha alma, Como se fosse capaz de sentir minha dor.

__ eu posso te ajudar...

Ajudar?

Ninguém nunca me ajudou de verdade, apenas quando queria algo meu em troca.

Dou uma risada alta e escandalosa até esterica,

__ eu não preciso de ajuda! Eu não preciso de nada!

Sempre foi eu e eu na vida, sempre será assim numa caminhada solitária.

__ Vanessa eu...

__ chega disso, eu logo fico pronta então poderemos ir!

Saio do quarto praticamente correndo, a conversa estava indo para um caminho perigoso, um caminho apenas percorrido por mim.

Entro no quarto com tudo acelerado, aperto os olhos e tento esquecer o avalanche de dor que quer me atingir, mas contra isso eu já estou bem medicada.

__ você não pode mais me fazer mal!

Faço um esforço para não chorar, prometi a mim mesmo que nunca mais choraria por isso, meus olhos queimam pois os mantenho bem aberto sem piscar evitando derramar as lágrimas que se formaram.

Já recuperada tomo meu banho e faço minha mala em tempo recorde, quando ouço a alguém bater a porta.

__ serviço de quarto!

Serviço de quarto?

Eu não pedi nada!

Abro a porta e uma moça fardada entra empurrando um carrinho.

__ moça eu não pedi nada!

__ o senhor da suíte presidencial mandou trazer seu café da manhã.

Senhor Rei da selva agindo novamente.

A funcionária arruma tudo na mesa que tem no quarto e se retira me dando bom dia.

Penso em não comer mais seria burrice desperdiçar um café da manhã de riquinho cheio de frescuras, sendo que amanhã eu vou estar em casa comendo meu pão com manteiga, então vou aproveitar e me fartar, como um bom pobre como de tudo um pouco, mordo uma coisa depois outra e não fica nada na mesa sem uma mordida minha,

__ ahh me acostumaria fácil fácil com essa vida!

Falo dando uns tapinhas na minha barriga, minha sorte é que posso comer um boi e não engordo!

Quando me dou por satisfeita saio do quarto empurrando minha mala.

Vejo o senhor Prado na recepção deve está encerrando a conta.

O jatinho decola nos levando de volta, Miguel permanece calado a viagem toda e também não faço questão de conversar!

Ele me deixa em frente ao meu apartamento.

__ amanhã é sexta-feira você não precisa ir trabalhar, retorne na segunda feira.

__ ahh claro, obrigada pela carona e pela viagem de passeio!

Porque óbvio que essa viajem não foi a trabalho!

Saio do seu carro e não olho para trás.

No meu apartamento jogo a mala em qualquer canto e me deito no sofá esticando as pernas,

__ de volta a realidade Vanessa!

Falo me lembrando que tenho que arrumar minhas coisas de volta pois a mala não ia se desfazer sozinha.

__ acabou o dia de rico.

Me levanto e vou arrumar minhas roupas de volta ao guarda roupas antes do banho.

Pego o biquíni de marca que comprei e vai me custar um dos rins.

__ eu sou podia estar drogada quando comprei isso, ainda bem ao menos parcelei em duas vidas, agora vou usar até rasgar!

Não que eu fosse mão de vaca, mas sempre gostei de economiar meu dinheiro, ainda mais sabendo de que foi com muito esforço que ganhei, e se quero comprar um apartamento maior tenho que poupar.

Encontro a camisa e a cueca do sr nervosinho na minha mala, a cueca ponho para lavar afinal dormi com ela na outra noite, e não dá para usar novamente,

Cheiro a camisa e mesmo depois de ter usado ela ainda está com cheiro forte do sr Prado!

__ ele só pode tomar banho de perfume!

Tomo um banho e sim eu vestir novamente a camisa do Sr Prado,

ele nunca vai ficar sabendo que sua camisa virou minha camisola.

Depois de um lanche rápido me deito para dormir, quando vou apagar a luz vejo um papel em cima do criado mudo.

O pego e o número de telefone anotado me deixa inquieta, olho o horário e me pergunto o que devo fazer?

__ tia Lurdes...

Miguel prado!

Entro no meu apartamento e faço sempre as mesmas coisas, tiro meu sapato e coloco no mesmo lugar, confiro a hora e caminho até a cozinha bebo um copo cheio de água, tomo um banho e visto uma calça de moletom,

Mando uma mensagem

Qualquer movimentação estranha no apartamento me avise imediatamente.

Logo a resposta chega.

Está tudo em ordens.

Fico mais aliviado.

Se tem uma coisa que prezo é rotina tudo planejado, odeio imprevistos, surpresas, isso tira minha tranquilidade, não gosto de sair da minha zona de conforto.

Recordado o momento em que a senhorita de Paula me pediu desculpas e mesmo estando puto teve algo em seu olhar que me faz parar, toda raiva que sentia se dissipou e eu só queria entender o que ela estava sentindo,

criamos uma ligação na naquele momento, mas a sr de Paula logo desfez toda conexão e colocou um sorriso que enganaria qualquer um!

Meu celular vibra e vejo uma mensagem.

O relatório já está em mãos, amanhã cedo levo ao seu escritório.

Traga a minha casa imediatamente.

Mando a mensagem aos meus seguranças e informo que receberei visita.

Hoje vou saber se a senhorita de Paula esconde algo.

Postado!

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