Além do horizonte romance Capítulo 30

Amélia tratou do jantar daquela noite e preparou um verdadeiro banquete ainda que fossem poucas pessoas, Atílio deu vários beijos na esposa para alegrar seu astral. Guadalupe e Jamile ajudaram na preparação do jantar, Atílio pediu que jacinto buscasse seus sogros no horário combinado, infelizmente o padre estava adoentado e não pode comparecer para renovar os votos do casal e teriam que fazer algo simbólico apenas.

Gabriel estava no trabalho braçal da fazenda para tentar se esquecer da dor de saber que a mulher de sua vida estava gerando o filho de outro.

Enquanto isso na cozinha...

– Lamentável o que aconteceu com Leandro, acho que Celina e ele gostariam de estar aqui para o jantar dessa noite. – Jamile argumenta e Amélia responde.

– A vida tem dessas coisas minhas filhas, por isso eu sempre digo que a gente é apenas um sopro. Temos que procurar a felicidade assim como vocês, enquanto estamos na mocidade, quando a velhice chega. Apenas as boas lembranças ficam!

– Estou tentando ser feliz agora. – Jamile responde bem triste.

– E vai conseguir, você só precisa ter um pouquinho mais de paciência. Gabriel é só mais um homem nesse mundo, ele tem um coração e você vai conseguir conquista-lo. – Guadalupe diz para tentar dar forças a ela.

Elas prepararam o jantar, Atílio preferiu algo mais intimista e só para pessoas especiais. Mas pediu que fosse posta uma grande e enfeitada mesa ao ar livre, como era típico das comemorações em pleno verão naquele lugar.

Guadalupe tomou um bom banho e se vestiu com um dos belos vestidos comprados na cidade, Atílio chegou por trás de seu pescoço e colocou um belo colar de pérolas. Ela sorriu ao sentir o frio daquela peça tocar sua pele e a tateou sentindo cada detalhe.

– Jamile e Luíza me ajudaram a escolher ele na cidade na volta para casa. – Atílio diz e Guadalupe responde.

– Muito obrigada amor, fico sem jeito de receber todos os presentes que você me dá e não posso retribuir a altura.

– Claro que retribui, você está me dando a maior alegria que um homem pode ter e além de me dar a honra de ver esse sorriso lindo todos os dias. Me dei a liberdade de comprar algo para seus pais também, entregue isso a eles hoje á noite. – Atílio colocou na mão dela, uma caixinha de joia.

– Posso saber o que é?

– Claro que sim princesa, dentro dessa caixa há dois colares de ouro com os nomes de seus pais gravados. Ester para ele e Leonel para ela.

– Quem diria que um homem que era tão seco e frio se converteu em um verdadeiro príncipe, como você?

– Você me mudou para melhor Lupe. – Atílio diz beijando as duas mãos dela e sorrindo.

Amélia bateu na porta.

– Entre Amélia, sabemos que é você. – Atílio pede e ela entra dizendo...

– Perdoem-me, seus pais estão aqui Lupe. Margareth e Saulo também já chegaram com Luíza.

– Sim, já vamos descer.

– Hora de dividir com todos a nossa felicidade princesa.

Guadalupe

Descemos as escadas de mãos dadas e fomos para frente da casa, Atílio havia contratado alguns tocadores e disse que fizeram uma fogueira para iluminar nosso jantar e dar boas-vindas a colheita desse ano, que seria uma das melhores de toda a região.

– Você está linda filha, linda como sempre. – Ester diz admirando a felicidade estampada no rosto da filha.

– E eu feliz demais em ter a senhora e meu pai aqui conosco.

Eles se sentaram naquela grande mesa, todos estavam contentes. Apesar de Luíza estar guardando dentro de si aquela imensa dor, Jamile olhava para todos os lados esperando por Gabriel que havia passado todo o dia fora depois de saber da gravidez de Guadalupe.

Depois, as esposas dos peões e que foram chamadas para ajudar naquela noite começaram a servir a comida farta e as bebidas.

– Essa noite Amélia se senta conosco, é como se fosse minha mãe e agora quero que todos saibam da importância que essa senhora tem em minha vida. – Atílio pegou na mãe dela e Amélia se emocionou, viu Atílio nascer e o amava como um verdadeiro filho.

Amélia

Se você soubesse meu filho, quisera eu poder gritar ao mundo a minha...a nossa verdade!

Se sentou ao lado de Guadalupe, depois do jantar começaram a fazer os brindes e as comemorações oficiais. Leonel bebia muito e já estava bem alegre...

– Quero agradecer a minha esposa por me aguentar todos esses anos!

Todos sorriram com a frase de Leonel para a esposa, Atílio pediu a Guadalupe que desse a ele o presente.

– Essa é uma lembrança em nome de Atílio e minha também. – Guadalupe entrega para a mãe.

– Isso é muito bonito e parece ter sido muito caro, não podemos aceitar.

– Claro que podem e vão aceitar dona Ester, isso é apenas para agradecer a mulher maravilhosa que a senhora cuidou e amou para mim. – Atílio sorriu, mas a alegria dele foi interrompida.

Gabriel chegou batendo palmas e todos se voltaram para ele, estava claramente bêbado e esse era o motivo de seu sumiço todo o dia.

– Bela declaração Atílio, eu até acreditaria se não estivesse saindo da sua boca suja.

– Pelo amor de Deus Gabriel, fique calado! – Luíza pediu se levantando.

– Andou bebendo, está completamente alterado filho. – Saulo se levantou e ia tirar o filho de lá antes que o vexame fosse maior ou ele levasse uma boa surra do anfitrião, mas Gabriel o empurrou no chão e todos ficaram assustados.

– Deus! – Margareth estava envergonhada pela atitude do filho, mais uma vez.

– Alguém faça alguma coisa, levem ele para dentro e rápido. – Jamile gritou.

Jacinto e Paulo seguraram ele cada um apoiando um de seus braços nos ombros.

– Podem me tirar daqui, mas ninguém vai me calar. Guadalupe não te ama, não ama e nunca vai amar Atílio. Pode comprar céus e terra, mas nunca vai ter o coração dela! – Gabriel gritava e todos ficaram constrangidos.

Felizmente conseguiram leva-lo para dentro antes que dissesse ainda mais coisas comprometedoras, apesar de que todos os que estavam ali soubessem desse amor proibido.

– Me perdoem pelo que meu irmão fez, estamos envergonhados com a atitude dele. – Luíza queria desaparecer dali depois daquele vexame.

– Não se envergonhem, ninguém tem culpa por nada disso. –Guadalupe responde.

– Além do mais, Gabriel mais uma vez falhou na missão de destruir minha festa, quero fazer um brinde para alegrarmos a noite e esquecermos desse contratempo. A minha esposa amada, que me dará um herdeiro em breve. – Atílio diz levantando a taça e fazendo-os brindarem pela segunda vez naquele dia.

– Estão ouvindo isso? – Amélia, pede que todos façam silêncio.

– O que? – Jamile pergunta e Atílio responde.

– Fogo!

Ao longe todos viram o fogo que queimava o milharal e estava muito alto, era toda a colheita da fazenda e os cereais serviam de alimento para os animais além de serem comercializados na cidade. Tudo estava em chamas...

– Acordem todos os outros peões, temos que apagar esse incêndio antes que avance e possa atingir a mansão e toda a fazenda. – Atílio estava com medo de que aquelas chamas avançassem rapidamente.

– Felizmente está bem longe.

– Não o suficiente para me deixar tranquilo Amélia! – Atílio mesmo se juntou a todos os homens, inclusive os convidados do jantar. Apenas Gabriel não estava por motivos óbvios.

– Patrão, olha o que eu encontrei perto daqui! – Jacinto diz entregando uma fivela de cinto, cujas iniciais não deixavam dúvida.

– I. A o maldito queria que soubéssemos que foi ele. Maldito Igor Antunes, isso não vai ficar assim! – Atílio sai enfurecido ao reconhecer as iniciais.

– Onde senhor vai patrão. – Paulo pergunta correndo atrás dele.

Atílio correu em direção ao estábulo, montou no primeiro cavalo que viu e saiu galopando rapidamente. Sempre andava com sua pistola em no coldre, chegou na propriedade de Igor e disparou por várias vezes até que ele saiu de dentro da casa.

– Você comprou briga com o homem errado! – Atílio gritou e logo o rival saiu ao ouvir os disparos.

– Não sei do que está falando. – Igor respondeu e Lucília saiu para ver o que estava acontecendo.

– O que está acontecendo? Por que atiraram?

– Vá para dentro. – Igor gritou para ela.

– Mas...

– Mas nada, já para dentro Lucília!

– Vai negar que matou meus animais e que ateou fogo a minha plantação?

– Foi uma pequena amostra do que faço com quem me desafia Atílio Ribeiro.

– Pois bem Igor, já tem o que quer. O pior inimigo que poderia ter conseguido nesse mundo! – Atílio guardou a arma com o cano ainda quente dos disparos e voltou para ajudar os peões.

Na casa grande.

– Gabriel ao invés de se embebedar deveria estar lá ajudando os outros. – Jamile diz inconformada e Ester responde.

– Todos os homens estão lá, Saulo ficou para ajudar e vamos todos passar a noite aqui até que o fogo possa cessar.

– Minha mãe fica no quarto comigo e Amélia irá levar vocês até os aposentos de hóspedes. – Guadalupe diz e a mãe complementa.

– Você precisa descansar, vamos subir.

– Estou sem sono mamãe.

– Tem que tentar, prometo que se acontecer alguma coisa eu te acordo. – Luíza fala para que a amiga concorde em descansar um pouco.

– Está bem e qualquer coisa que precisem... – Antes que Guadalupe terminasse a fala, Amélia complementa.

– Podem me pedir, agora vá se deitar e descanse menina.

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