Giulia Miller
Conversamos muito com a minha família, eles estavam realmente felizes por mim, ainda não havia contado sobre o tumor do James, isso não é uma conversa de se ter por telefone.
Mas como a minha mãe me conhecia tão bem, ela me chamou pra conversar a sós no quarto que tem no jato.
Segui ela, junto com o Lucca em meus braços, com a desculpa que irei colocar ele na cama.
Larguei o Lucca e senti os olhos de minha mãe em mim, assim que me virei pra ela, ela foi direta ao assunto:
__ Quando vai me contar o que está acontecendo pra deixar a minha filha tão triste? – ela pergunta depois de fechar a porta do quarto e eu larguei o Lucca na cama e coloquei os travesseiros na volta dele, para ele não rolar.
__ Porquê a senhora acha que tem algo errado? E como sabe que estou triste? – pergunto assim que me virei pra ela e sentei na beirada da cama.
__ Filha, eu te conheço, seus olhos estão caídos e vejo olheiras em você como se tivesse chorado ou não dormiu direito. O que houve?
Comecei a chorar novamente, claro eu não consigo tocar nesse assunto sem chorar, porque dói cada vez que eu penso.
Minha mãe se abaixou na minha frente e pegou a minha mão...
__ Filha o que aconteceu? Fala pra mamãe?
__ Ahh mãe, eu não sei o que fazer pra aliviar a dor do meu coração, eu tô com tanto medo mamãe, tanto medo! – soluço e ela me abraça apertado, ela não fala mais nada e só me aperta em seus braços. Sei que ela está me dando tempo pra me acalmar e começar a falar o que preciso. E assim eu faço!
__ Mamãe, o James está com um tumor cerebral de difícil remoção...
Conto tudo a ela, todos os detalhes e ela chora junto comigo, porque ela o ama também, ele é como um filho pra ela, mesmo ele não se lembrando dos meus pais, eles lembram dele e o amam.
Então ela diz depois que contei a ela que eu vou operar ele:
__ Você tem certeza disso amor? E se... – ela ia falar e eu a interrompi.
__ Nada vai acontecer mamãe, eu vou dar o meu melhor. Sei que consigo!
__ Mas minha filha, você está se arriscando muito, querida se não der certo como você vai viver com essa culpa?
__ Mamãe, se não der certo eu vou ter certeza que eu fiz de tudo pelo James, não vou desistir na primeira tentativa, fica tranquila tá bom? E não vou me culpar por nada, porque ele vai ficar bem...
__ Vou orar por isso filha, mas não sei se o seu pai vai permitir que você faça essa cirurgia, porque como você é da família, e você conhece a política do hospital!
__ Ah, eu tinha me esquecido disso, mas eu converso com ele, por favor deixa que eu digo sobre isso tá bom? Aliás ele não precisa saber que serei eu a operar ele mamãe, quer dizer, não sei, eu vou dar um jeito, fica tranquila, só deixa comigo...
__ Tudo bem meu amor, eu estou do seu lado!! Você vai ficar aqui no quarto?
__ Sim, vou dormir um pouquinho com o Lucca, porque essa noite eu não dormi nada.
__ Tá bom, quer que eu chame o James?
__ Pode ser. – falo me deitando ao lado do meu bebezinho que dorme pesado. Fico olhando ele e as lágrimas rolam sem que eu consiga segurar.
__ Oi querida, me chamou? – James entra no quarto e ao me ver chorando, vem deitar atrás de mim e me abraça apertado... Ele sabe o quanto eu preciso dele.
Deixo as lágrimas rolarem e dormi com ele de conchinha comigo...
Acordo com um barulho na porta...
__ Já vai! – olho em volta e percebo que só tem eu na cama.
Abro a porta e meu pai diz:
__ Chegamos filha, o James pediu pra eu te chamar porque ele está com o Lucca chorando em seu colo, ele não quer ficar com ninguém além do pai.
__ Ah tudo bem pai, eu já estou indo, só vou me arrumar... Obrigada!
__ De nada filha, depois eu quero saber o motivo da sua mãe ter saído daqui chorando tá bom?
__ Eu conto depois papai.
__ Tudo bem!
Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo, escovei os dentes, retoquei a minha maquiagem, exagerei um pouco na base em baixo dos olhos, porque parece que levei uma surra.
Troquei de roupa rápido porquê a minha estava amassada, e ainda coloquei um sobretudo quentinho porque ainda é inverno. saí do quarto e encontrei todos me esperando para sairmos do jato juntos.
Sorri pra eles e o Lucca ao me ver me estendeu os bracinhos e eu o peguei, pois ele ainda estava chorando mesmo com o pai, então quando o peguei ele parou de chorar e deitou no meu ombro. Sentamos em nossos lugares, colocamos o cinto e esperamos o avião aterrissar.
Acho que ele estranhou o avião, porque é primeira vez dele, por isso está assim tão choroso.
__ Vamos? – meu pai diz assim que a porta se abre.
Eles saíram primeiro, eu o James e o nosso bebê saímos por último, quando chegamos no final da escada, tinham muitos paparazzis esperando pra ter uma entrevista com o meu marido, claro né, ele havia sumido no mar, é lógico que eles estariam curiosos para ver ele de novo.
Mas como o James não sabia o que dizer, preferimos passar sem dar o que eles queriam, vão ficar na curiosidade por mais algum tempo.
Os seguranças do meu pai fizeram de tudo para que passássemos sem ser incomodados.
Chegamos no carro e fomos pra casa...
Depois de quase uma hora de trânsito lento e congestionado, chegamos na mansão dos meus pais, era o mais perto por enquanto.
Já era quase dez da noite quando entramos em casa, a viagem foi cansativa, mas eu estava com saudades de terra firme. A casa estava toda iluminada, inclusive o jardim lá nos fundos onde tem os quartos de hóspedes, fomos em direção ao quarto que vamos dormir e percebo que o James olha pra tudo atentamente, os empregados colocaram nossas malas no quarto e saímos para sentar no jardim, a noite está linda, apesar de estar muito gelado, e ter muita neve, ainda assim sentamos na cadeira de balanço pra conversar um pouco. Estava só eu e ele, porque o Lucca está com os meus pais e irmãos fazendo folia.
O James estava perdido, dava pra ver que ele não estava se sentindo confortável...
__ O que foi amor? – pergunto ao ver ele um pouco confuso.
__ Não é nada, - ele diz mas não me convence, e eu falo:
__ Amor se estiver sentindo alguma dor, desconforto por favor precisa me dizer.
__Eu não sei Giulia, é só uma dor de cabeça, nada demais.
__ James, no seu caso qualquer dor de cabeça é perigoso querido. Como você está? Fala a verdade! – olho pra ele preocupada.
__ Não sei, eu só senti um negócio estranho, parece que já estive aqui...
__ Sim amor, você esteve muitas vezes. Você lembrou de alguma coisa? – pergunto contente.
__ Não sei se é lembrança, mas eu tive a sensação de familiaridade. – ele diz e fica olhando pra um ponto específico e eu olho também, é o local que ele me viu pela primeira vez, segundo o diário dele. Ele sorri e diz:
__ Tenho a sensação que algo importante aconteceu naquele local, mas não sei o que é.
__ No seu diário diz que foi ali que me viu pela primeira vez, e que se apaixonou por mim. – ele me olha e sorrindo diz:
__ Verdade, me lembrei que li isso.
__ Mas a sensação que teve é porque leu será?
__ Não, foi diferente, não sei como explicar...
__ Tudo bem, está nervoso?
__ Sei lá, eu me sinto diferente, estou me sentindo fora de casa.
__ Ah sim, você só teve a ilha como seu lar em sua cabeça.
__ É, deve ser por isso!!
__ Está com frio? Fome? Sono?
__ Sim, um pouco e sim... – ele responde as minhas três perguntas.
__ Então vamos lá dentro que vou preparar algo pra nós dois comer, eu também estou com fome, com frio e um pouco de sono, mas antes preciso de um banho quentinho.
__ Tá bom, vamos...
Levantamos e de mãos dadas fomos para a cozinha dos meus pais.
Não tinha ninguém lá dentro, e então fui ao encontro da minha mãe.
Na sala ela estava conversando com o meu pai, e quando ouvi o nome do meu marido paramos para escutar a conversa...
__ Não vou permitir que a Giulia faça essa cirurgia Bianca, nem pensar, já pensou se algo acontece com ele? Vão culpar a minha filha, e ela como vai ficar por ser a responsável pela morte do seu marido? Não, isso é assunto encerrado, dentro do meu hospital não vai fazer...
__ Mas querido... – minha mãe ia falar alguma coisa, mas, eu cheguei e disse:
__ Papai, se não tiver como fazer em NOSSO hospital, fica tranquilo, eu acho outro, mas no meu marido só quem vai fazer essa cirurgia será eu!
Ele congela ao meu ver e diz:
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