Meu Vizinho Pervertido romance Capítulo 77

Colton apagou o último cigarro e olhou por cima do ombro ao som do isqueiro acendendo mais uma vez. Seu cliente, Tony, deu um sorriso torto com fumaça escapando do canto da boca antes de estender o pacote meio vazio. Colton balançou a cabeça. “Eu literalmente acabei de acender um. Você também, por falar nisso”.

“Você parece a minha esposa”, Tony reclamou, esfregando sua cabeça careca com as mãos desgastadas.

O cheiro de fumaça atingiu as narinas de Colton, sua mente procurando uma distração para evitar outra. Brincando com seu próprio pacote, seus dedos empurraram o papelão para trás, arrumando-o antes de rasgá-lo novamente. “Sabe, quando eu desistir dessa merda, você não vai mais ver aqui para pausas de quinze minutos durante suas sessões”.

Tony bufou, com uma nuvem de fumaça saindo de seu nariz bulboso e quebrado. “Só acredito vendo”.

"Só aguarde", Colton riu, cutucando o homem mais velho com o cotovelo. Tony cambaleou no banco frágil, os olhos arregalaram quando ele agarrou o ombro de Colton para se estabilizar antes de dar-lhe um olhar duro. “Kate e eu estamos tentando ter um bebê. Eu quero parar com isto antes”.

“Um bebê, hein?”, Tony respondeu, a boca curvando para baixo enquanto suas sobrancelhas se levantavam em sinal de aprovação. “Fraldas cheias de merda. Tetas vazando. Noites sem dormir. Os choros incessantes... eu não sinto falta desses dias, eu te digo”.

"Seus seios vazando eram um grande problema naquela época?"

Levou um momento para Tony processar o comentário de Colton antes de sua risada ecoar pelo estacionamento silencioso, e sua mão larga se estender sobre seu estômago enquanto ele batia no ombro de Colton. "Você é espertinho, sabia disso?"

“Foi o que me disseram”.

O baque da porta da frente deteve o riso deles e eles olharam para trás, mas não havia nada ali. A testa de Tony franziu, sugando as últimas tragadas de seu cigarro. “Deve ter sido um fantasma”.

“De todas as coisas que poderia ser, é nisso que você escolheu acreditar?”, Colton revirou os olhos, esticando os músculos doloridos antes de bater nas costas curvadas de Tony. “Vamos, velho. Vamos voltar para que eu possa chutar sua bunda”.

*

Para um cara na casa dos cinquenta – e um fumante inveterado crônico – Tony era surpreendentemente ágil, mantendo Colton na ponta dos pés durante a sessão. Cada movimento e giro, cada chute fazia suas articulações rangerem, mas ele mantinha o ritmo de Colton, conseguindo dar alguns bons socos na lateral de seu rosto, bem como um soco rápido no estômago que deixou Colton sem fôlego.

Acenando para Tony, Colton enxugou o suor da testa, jogando a toalha sobre o ombro assim que terminou, enquanto serpenteava para a sala de descanso, abrindo a geladeira para pegar uma garrafa de água. Ele abriu a tampa e engoliu metade da garrafa, saboreando o líquido frio que escorria por sua garganta com um "aah" agradecido. Em sua visão periférica, Colton viu um flash marrom passando pela janela. Por um momento, ele cedeu ao comentário irreverente de Tony sobre um fantasma, repreendendo-se logo em seguida por ser tão irracional. Curioso, ele se arrastou para frente, espiando pelas persianas abertas para o beco sujo que separava o ginásio do prédio de tijolos vermelhos ao lado. Pensamentos sobre Preston passaram por sua mente, mas ele os afastou. Preston Abbot era um idiota pomposo demais para se arrastar por um beco decadente, e mesmo que não fosse, não tinha tanto fascínio por Colton. Era Kate que ele queria. A ideia deixou Colton pálido, e instintivamente ele enfiou a mão no bolso para ligar para Kate, para ter certeza de que ela estava bem.

O cabelo castanho voltou à vista, distraindo-o momentaneamente de seus pensamentos em espiral. A grande tatuagem no antebraço tornou-se visível quando ela escalou a parede de tijolos, deslizando entre a abertura na cerca. Era Geórgia.

"Que porra você está fazendo?", Colton murmurou, observando com os olhos apertados enquanto Geórgia se endireitava, girando rapidamente como se quisesse garantir que ela não fosse detectada.

"Você não vai ver merda nenhuma daquela janela, filho", Billy resmungou, batendo a caixa de KFC na mesa e afundando em uma cadeira. O plástico rangeu sob seu peso enquanto ele continuou: “A menos que você goste de tijolos sujos e velhos e uma porra de uma lixeira podre”.

A curiosidade levou a melhor sobre ele, e Colton levantou uma sobrancelha. “O que tem naquele prédio?”

Billy lambeu os dedos preventivamente antes de pegar um pedaço dourado de frango frito. "Nada demais. É uma espécie de centro comunitário”. Colton assistiu com desgosto quando o grande homem mordeu um grande pedaço da coxa de frango, rangendo descontroladamente entre os dentes amarelos enquanto continuava a falar. “Muitos grupos costumavam se encontrar aí, mas todos se mudaram para o novo na Rua Ford. Algum figurão pagou uma tonelada de dinheiro pra manter o centro aberto, só pra um maldito grupo de observação de pássaros. Disse que a área é um espaço privilegiado para eles, com a floresta logo atrás da gente”.

"Por que iria..."

“Se você chegar cedo o suficiente, pode ver o pessoal voltando das ‘expedições’”. Os olhos verdes enrugados brilharam enquanto ele ria. “A merda é hilária pra caralho”.

“Expedições?”

Largando sua galinha, Billy se levantou, encenando alguém andando do mato como se estivesse jogando um jogo de charadas. Ele acenou com as mãos animadamente, arregalando os olhos e fingindo olhar ao redor da sala, perplexo. “Puta merda!”, ele gritou, apontando para um canto empoeirado da sala e levantando um par do que Colton só poderia supor que fossem binóculos imaginários. “Tem um pássaro que faz um barulho irritante pra caralho. Vamos escrever em nosso livro, rapazes!” Afundando de volta em sua cadeira, com o plástico gritando com a pressão, ele balançou a cabeça. “Muito idiota”.

Colton tomou um momento para recuperar o fôlego de tanto rir e acenou para a janela, com um sorriso no canto da boca. “Bem, você pode diminuir o tom se quiser que a Geórgia olhe pra você. Eu vi ela entrando no prédio. Talvez ela seja uma observadora de pássaros”.

O velho reclinou-se na cadeira, acariciando a barba de forma contemplativa antes de assentir, como se confirmasse uma conversa que tivera consigo mesmo. “Acho que descobri um novo hobby, rapaz. Você acha que ela vai tirar os olhos do seu rosto bonito e olhar para mim se eu começar a falar sobre pássaros?”

"Eu com certeza gostaria disso", Colton bufou, tomando um gole de água. “Você teria que ser capaz de nomear um pássaro”.

"Fácil. Alcatraz-de-pés-vermelhos”.

Água espirrou da boca de Colton, e sua risada se transformou em uma tosse no fundo de sua garganta diante do olhar inexpressivo de Billy.

“Ou o Chapim-bicolor”.

"Para", Colton segurou seu estômago, balançando a cabeça ferozmente enquanto ria. “Isso é um rato”.

“Não, não é. É um passaro". O rosto sério de Billy vacilou, e a diversão tingiu suas feições duras enquanto ele continuava. “Tagarela-despenteado”.

"Que porra é essa?", Colton gargalhou, enxugando as lágrimas que escorriam de seus olhos franzidos. “De onde diabos você está tirando isso?”

“Às vezes os caras aí do lado me falam sobre eles. Mas só me lembro dos engraçados. Um cara...”, Billy bufou, mergulhando uma batata frita grossa no molho antes de enfiá-la em sua boca: “ele foi até a Tailândia para ver um Tagarela-despenteado. Eu não podia acreditar, porra”.

Balançando a cabeça, Colton puxou o celular do bolso, digitando uma mensagem para Kate: ‘Você sabia que existe um pássaro chamado Tagarela-despenteado?’ Ele podia imaginar o rosto dela, lendo a mensagem com um aceno de cabeça incrédulo enquanto pesquisava no Google, vendo se ele estava dizendo a verdade. Ele podia ouvi-la rir, com a pequena bufada que ela fazia quando encontrava algo especialmente engraçado.

Levou apenas um minuto para que ela respondesse: ‘É tão fofo um passarinho cinza com o bico preto preenchendo a sua tela”. O celular tocou mais uma vez e outro pássaro tomou conta do telefone; um vermelho brilhante com uma testa bulbosa. Ela legendou a foto: ‘Rupicola peruvianus’.

Uma risada áspera saiu do peito de Colton, e ele balançou a tela na direção de Billy. Os olhos verdes se arregalaram, divertindo-se, e o grande homem se debruçou de tanto rir.

"Eu vou ficar com isso na cabeça a porra do dia todo agora", Colton riu, passando os dedos pelo cabelo enquanto bebia o resto de sua água, jogando a garrafa no lixo. O telefone de Billy tocou atrás dele, e a voz alta do grande homem ressoou pela sala. Colton desejou que Kate lhe enviasse outro, para que ele pudesse enfiá-lo na cara de Bill e vê-lo chiar de tanto rir enquanto tentava manter uma conversa, mas nada aconteceu. Ele suspirou, olhando para o relógio, cogitando se teria tempo suficiente para fumar antes que seu próximo cliente chegasse. Vasculhou sua bolsa em busca de seu maço e enfiou um cigarro atrás da orelha, um isqueiro no bolso e foi até a porta dos fundos, com os olhos fixos no celular, esperando impacientemente pela próxima atualização de pássaros de Kate.

Um pequeno grito chamou sua atenção, e ele estreitou os olhos focando no corpo tímido de Geórgia. Ele abriu a boca, mas suas palavras vacilaram ao ver o círculo escuro ao redor de seu olho azul. Estava inchado e vermelho – avermelhado, como ela disse para Bill. A maquiagem que ela tinha usado para cobrir a marca estava manchada, revelando o incriminador hematoma preto. Houve um movimento duro em sua garganta enquanto ela engolia, correndo ao redor de Colton como um rato fugindo de um predador.

Balançando a cabeça, ele saiu pela porta, pressionando as costas contra o metal frio enquanto se agachava, acendendo uma fumaça e tragando profundamente enquanto digitava o número de Kate. Sua risadinha irrompeu pelo telefone, claramente no meio de uma busca pelos nomes mais infelizes de pássaros. "Oi, amor”.

O peito dele inchou com o som, desejando poder ver seu sorriso, seus brilhantes olhos castanhos. "Ei".

"Você sabe que bagunçou todo o meu dia de trabalho, né?"

Colton riu, murmurando um pedido de desculpas não tão sincero. Seu olhar se desviou para a porta de metal, e a imagem do olho machucado de Geórgia despontou em sua mente. “A Geórgia chegou no trabalho hoje com um olho roxo. Ela claramente tentou esconder, mas...”, ele suspirou, coçando a nuca enquanto pesava as repercussões de seu envolvimento. “Você quer que eu dê pra ela o seu cartão? Ela não pediu por isso”.

Colton ouviu o som de papéis se embaralhando do outro lado da linha e do notebook de Kate fechando antes que ela soltasse um longo suspiro. "Pode tentar. Fala pra ela que eu posso colocar ela em contato com outra pessoa. Não precisa ser eu”.

“Posso só jogar o cartão para ela? Tenho que falar com ela?”, ele perguntou, ganhando uma bufada de desaprovação do outro lado da linha. “Eu não quero que ela tenha a ideia errada”.

“E que ideia é essa?”

“Que eu me importo”.

"Você é terrível às vezes", Kate suspirou, mas Colton ouviu o tom de diversão em seu tom. O desconforto de Kate com Geórgia era óbvio, mas seus valores eram fortes e sua fé nele, mais forte ainda, e por mais que ele gostasse que ela tivesse um pouco de ciúmes, não podia negar que a confiança dela o fazia se sentir poderoso. Nunca antes alguém tinha acreditado nele e visto o bem nele como Kate. “Tenho que voltar ao trabalho”.

“Voltar ao trabalho ou voltar a procurar pássaros?”

"Um pouco dos dois", ela riu. “Eu apreciaria menos julgamento, muito obrigada. Se bem me lembro, você quem começou”.

"Eu te amo, Grayson", ele murmurou.

“Eu também te amo, Colt”.

Ela desligou a chamada, deixando Colton sozinho no silêncio com seus pensamentos. Ele suspirou e voltou para dentro, pegando o cartão de Kate de sua carteira antes de começar a descer o corredor em busca de Geórgia. Ela estava escondida atrás da recepção, com a cabeça enterrada em um livro de assinaturas, fazendo algum tipo de trabalho que a mantivesse longe dele – e ele estava muito agradecido por isso. Limpando a garganta, ele esperou até que os olhos azuis da cor do céu se erguessem para encontrá-lo. O desconforto deixou o corpo dela tenso, e ela sugou o lábio entre os dentes. O olho preto mal escondido estava quase invisível agora, mas ele sabia que estava lá, enterrado sob alguma maquiagem. Colton respirou fundo e deslizou o cartão amassado sobre o balcão, estalando os dedos com linhas pretas para trás quando ela estendeu a mão. Não havia um osso em seu corpo que confiasse em Geórgia, mas Kate e sua bondade o estavam obrigando a fazer aquilo, por mais que ele tentasse negar.

"O que é isso?", Geórgia murmurou, cravando os olhos no cartão; examinando e folheando como se contivesse muito mais do que um nome e número. “Quem é Kate?”

"Minha noiva", disse ele com os dentes cerrados. O pensamento de que ela estava sendo propositalmente antagônica consumiu sua mente, e ele quase deu um tapa no cartão. "Se você ligar para o número do escritório, aí na parte inferior, eles podem te colocar em contato com alguém que possa te ajudar com o seu...", ele parou, apontando grosseiramente para o olho inchado dela: "Problema".

A boca de Geórgia se abriu, preparando-se para falar, mas Colton já tinha ido embora. Ele não estava interessado em saber os detalhes. Já havia apaziguado sua consciência. A única coisa que ele podia fazer agora era rezar para que Geórgia não interpretasse aquilo de forma errada.

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