O Vício de Amor romance Capítulo 50

Lucas abriu a porta e Natália entrou com ele. Jorge falava ao telefone e os viu entrar, sinalizando para que ficassem em silêncio.

Natália estava muito ansiosa, desesperada para saber o que estava acontecendo, agora só restava esperar.

Depois de alguns minutos, Jorge desligou a chamada e acenou para Natália:

- Vem aqui.

Natália foi até a mesa.

- Me dê o telefone. - Jorge estendeu a mão.

O quê?

Natália arregalou os olhos, não era Jorge quem deveria falar o que estava acontecendo? Por que ele precisava de seu telefone?

O que estava acontecendo?

Lucas olhava para o céu em silêncio, esperando que Ester chegasse logo; se Ester não chegasse, o coração do Presidente Marchetti não aguentaria.

Jorge levantou uma sobrancelha e disse com algum desagrado:

- Não quer entregar para mim?

- Aqui. - Natália logo puxou o telefone e o entregou a ele:

- Não tem senha.

Jorge pegou o telefone, desbloqueou a tela e foi até os contatos. Lá, olhando fixamente para a tela, digitou seu número e colocou o nome “Sr. Jorge”.

Ele chamou o número que havia digitado e logo seu telefone, que estava sobre a mesa, vibrou.

Natália olhou para Lucas, depois para Jorge, o que estavam fazendo?

- Que diabos está acontecendo, me digam logo! - Não era divertido ficar ali esperando, isso estava deixando-a ansiosa.

Jorge lhe entregou o telefone de volta, dizendo:

- Não me deixa de ir atrás de você da próxima.

Quando tentou entrar em contato com Natália, percebeu que ele nem tinha o número dela.

Foi algo muito infeliz.

Natália não respondeu nada, somente o encarou como se perguntasse se Lucas procurava por ela, naquele pânico todo, só para pegar o número dela.

Jorge colocou o telefone sobre a mesa e suspirou:

- Prepare-se.

Antes que Natália pudesse reagir às palavras de Jorge, a tela de videoconferência ligou e uma imagem apareceu.

Uma mulher grávida, em cima do prédio do Grupo Flores, parecia estar prestes a pular.

Várias viaturas, repórteres e uma multidão acompanhavam lá de baixo.

Os gritos e clamores eram incessantes.

Através da tela, Natália conseguia sentir o caos da cena.

Ela olhou Lucas com seriedade:

- O que está acontecendo aqui?

- Esta mulher comprou uma propriedade naquele investimento de seu pai e, agora que caiu, era claro que ela não queria mais a casa mas, de acordo com o contrato, não teria reembolso. Agora ela ameaçava se matar para forçar seu pai a reembolsar o dinheiro.

Natália respirou fundo e sentiu um tremor em seu corpo, disse:

- Ela não pular de verdade, vai?

Dinheiro é importante, mas não mais importante do que a vida, além de que ela estava grávida.

Não carregava somente a vida dela.

- Quem sabe, talvez seja apenas um meio para forçar o seu pai a devolver o dinheiro, mas seu pai sabe que se desse essa quantia de dinheiro, todos iriam fazer o mesmo que a mulher grávida e, do jeito que a empresa está agora, creio que não conseguiria pagar a todos. - Lucas disse de maneira fria, apenas comentando o fato.

O tumulto afetou Natália:

- Será que há alguma saída?

Lucas deu um banho de água fria:

- Não!

As coisas estavam fora de controle, o Grupo Flores estava praticamente falido com o colapso do prédio, ninguém assumiria o controle facilmente, o dinheiro não poderia ser devolvido e então o Grupo Flores declarou falência. O departamento jurídico interviu e vários recursos foram leiloados.

Natália encarava a tela, não conseguia parar de pensar na mulher grávida que queria saltar.

- Estou indo lá. - Mal tinha acabado de dizer isso e já estava correndo em direção à porta.

Jorge franziu, se levantou para ir atrás dela e disse:

- Lucas, leve seu pessoal.

A situação devia estar uma bagunça, ela se machucaria correndo daquele jeito.

Quando Lucas tentou responder, Jorge já estava passando da porta, deixando Lucas sozinho no escritório, confuso.

Esse era o mesmo Jorge, nobre, frio e arrogante?

Não se importava nem mesmo com Ester, não era?

Lucas desconfiava que Natália simplesmente não era boa o suficiente para Jorge.

Pensou que devesse lembrar Jorge disso.

Para que não houvesse consequências depois.

Do lado de fora do prédio do Grupo Maré, Natália esperava um táxi na calçada.

Jorge chegou dirigindo seu carro:

- Vou te levar até lá.

Natália olhou para ele e não hesitou em abrir a porta e entrar:

- Vamos primeiro ao banco.

Ela precisava sacar um dinheiro, ela usaria esse dinheiro para comprar uma casa mas, com vidas em risco, não poderia pensar duas vezes.

- Quantos você consegue salvar? Se uma pessoa receber o dinheiro, outras também vão querer receber dessa forma, vai dar conta de pagar a todos? - Para Jorge, ela estava agindo de forma irracional.

A polícia estava lá. A mulher não parecia querer pular de verdade, apenas queria forçar Santiago a devolver o dinheiro.

- Vidas humanas não são tão importantes quanto o dinheiro aos olhos de empresários como você? Aquela mulher grávida terminaria duas vidas, um pecado causado por Santiago, e como sou filha dele... - Natália tremia um pouco e sorria de seu desespero:

- Eu sei que não conseguiria salvar o Santiago, mas não quero que ele tenha todo esse peso para si.

Jorge olhou para o rosto dela, era claro que ela tinha cedido a Santiago.

Mesmo depois de abandonar e machucar ela, mesmo assim ela o ajudaria.

Era um claro sinal de estupidez, mas ele se comoveu com aquela ação.

- Vou pedir para Lucas trazer o dinheiro. - Ele ligou o carro e ligou a conexão Bluetooth para ligar para Lucas, pedindo que levasse um milhão de dólares em dinheiro.

Natália não esperava que ele fizesse isso:

- Obrigada pelo dinheiro, vou pegar mas vou devolver assim que possível.

Jorge só olhava para frente:

- Somos um casal, não precisa me tratar dessa forma.

Natália olhou de lado para ele, escondia tão bem suas emoções que ela não conseguia decifrar, logo resolveu olhar para frente.

Chegou no Grupo Flores depois de uns 20 minutos, mesmo um pouco longe já era possível ouvir a balbúrdia.

Jorge parou o carro na lateral da pista.

- Não vou descer até que eu tenha o meu dinheiro. - A mulher grávida estava em pé na borda do telhado, segurando uma faixa dos cobradores, confrontava os socorristas. Ela parecia bastante agitada:

- Gastei todo o dinheiro suado dos meus pais para comprar essa casa, mas no fim ela desabou e eu nunca aceitarei isso, me devolva esse dinheiro, me devolva esse dinheiro.

A mulher grávida gritava lá de cima e o povo lá embaixo repetia.

A sogra da mulher grávida chorava sentada na frente do portão do Grupo Flores:

- O dinheiro já era mas a gente consegue juntar de novo, agora desça logo. - A sogra se preocupava com a criança na barriga, ela já estava rouca de tanto gritar.

A mulher grávida não queria obedecer, só queria forçar Santiago a devolver o dinheiro utilizando sua gravidez.

Natália foi se apertando no meio da multidão com Jorge preocupado, indo atrás daquela figura fina.

Tentava protegê-la enquanto ela ia adiante.

O socorrista disse pelo megafone:

- Desça primeiro, vamos conversar, vamos falar sobre esse dinheiro.

Ela estava numa posição muito difícil para os socorristas tomarem alguma atitude.

De um lado, tentavam convencê-la, do outro, pensavam como agir.

Natália foi até o socorrista com o megafone:

- Posso falar com ela?

O socorrista não a entregaria o megafone dessa forma, e se ela irritasse mais a grávida e isso causasse um acidente, de quem seria a culpa?

- Não adianta falar nada com ela se não for sobre o dinheiro. - A mulher grávida estava decidida.

O impasse durava quase duas horas e a mulher grávida estava suada daquele calor.

Mas não desistiu.

- Por favor, confie em mim, não vou irritar ela. - Natália implorou.

O socorrista hesitou mas lhe entregou o megafone.

Assim que Natália pegou o megafone e estava prestes a dizer à mulher grávida que ela iria pagar, houve um súbito grito...

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Vício de Amor