Virgindade Leiloada romance Capítulo 63

Virgínia

Eu não sabia dizer, mas senti, logo que vi o Murilo, que ele não estava nada bem e deduzi que algo tinha acontecido e que com certeza não era nada agradável.

Quando ele me contou sobre o seu confronto com a Bruna e, logo em seguida, Ethan Constantino, eu fiquei realmente triste em ver que mesmo diante de todo o meu esforço em mostrar que ele não teve culpa sobre o que aconteceu com a jovem Beatriz, ele não me escutava.

Para tornar tudo ainda mais complicado, a avó do Murilo tinha nos convidado novamente para um almoço de domingo, algo que eu realmente não queria repetir, mas que o meu noivo parecia desejar ardentemente e eu me senti mal em não atender o que ele gostaria que eu fizesse, e em comparação a tudo o que ele fazia pensando apenas em me agradar, era totalmente justo.

Então no domingo de manhã, me arrumei com bastante cuidado e coloquei uma roupa sóbria, bem diferente de tudo o que eu costumava usar e fiz um coque severo em meu cabelo, tudo em nome da paz entre todos nós.

Pelo menos foi assim que eu deduzi que seria, até que o Murilo entrou no quarto e me olhou com uma careta, que eu teria considerado bastante engraçada, se não fosse dirigida para a minha aparência.

— Decidiu ir trabalhar em pleno domingo? — ele perguntou e ao perceber que eu não compreendi sobre o que ele estava falando, ele explicou: — É que eu pensei que iríamos almoçar na casa da minha avó. Mudou de ideia?

— Não, de forma alguma. — neguei de imediato. — Nós podemos ir.

— E você vai vestida dessa forma por qual motivo? — novamente a careta engraçada, mas nem tanto.

— Eu só não quero causar confusão com a sua família novamente, Murilo. — expliquei.

— E você acredita que roupas iriam mudar alguma coisa?

— Talvez eu possa passar uma impressão melhor, vestida assim.

Ele não disse nada diante da minha explicação, apenas caminhou até o enorme closet e depois de passar algum tempo lá dentro, voltou trazendo um vestido rosa, que apesar de muito bonito, tinha um decote, eu diria que um pouco extravagante e era curto, algo que deveria ser considerado como extremamente inapropriado pela sua avó, mas que eu costumava usar e gostava.

Na outra mão ele trazia um par de sandálias rasteiras, de tirinhas com pedrarias, que apesar de terem sido caríssimas, não combinavam com o ambiente formal na mansão da família Fernandes.

— Eu, mais do que qualquer outra pessoa, desejo que você e a minha avó se entendam, Virgínia. — ele falou. — Mas não deve tentar mudar nada em você apenas para agradar a outras pessoas. Elas precisam gostar de você do jeitinho que é.

— Só estou tentando buscar a harmonia entre todos nós, Murilo! — reclamei, me sentindo chateada por ele não entender isso.

— Você gosta dessa roupa que eu trouxe? — mostrou novamente a sandália e o vestido.

— Você sabe que sim.

— Então, vai com ela.

Pensei em continuar a insistir sobre o meu ponto de vista, mas no fundo eu sabia que o Murilo estava certo e eu não deveria fingir ser alguém diferente do que era, apenas para tentar agradar a avó dele.

Depois que troquei de roupa, aproveitando também para soltar os meus cabelos e deixá-los cair livres nas minhas costas, o Murilo segurou a minha mão, beijando a palma e depois a fechou em punho.

— Guarda esse beijo meu, para te dar apoio.

— E você não estará lá comigo? — perguntei horrorizada.

— Estarei sim, mas eu queria beijar a sua mão. — falou, rindo da minha expressão.

— Palhaço. — resmunguei, e ele riu ainda mais.

Aquilo serviu para descontrair um pouco o clima e nós fomos para a mansão dos Fernandes parecendo mais leves.

Quando chegamos à sala de estar da casa, novamente a elegância do lugar me deixou tensa e apreensiva, já antecipando o que a avó dele diria.

Mas para a nossa surpresa, além da avó e a prima do Murilo, também estavam a Lavínia e o Aquiles na sala, e todos levantaram-se após a nossa entrada.

— Olá, família! — Murilo cumprimentou a todos de uma só vez.

— Seja bem vinda a nossa casa, Virgínia. — foi a senhora Dinorá a primeira a falar. — Fico feliz que tenha aceitado o meu convite para almoçar conosco hoje.

Tantas respostas passaram pela minha cabeça nesse momento, todas impertinentes e que causariam mal estar entre nós e acabei apenas sorrindo em retorno.

— Obrigada. — foi tudo o que eu disse.

O Murilo se aproximou dela e depois de beijar o rosto da senhora, foi a vez da sua prima Ártemis e do primo Aquiles, que recebeu um abraço afetuoso.

— Eu não sabia que já estavam de volta a São Paulo. — ele comentou, se dirigindo tanto a Lavínia, quanto ao primo.

Não passou despercebido que para a Lavínia ele fez apenas um aceno, em reconhecimento a sua presença

— Nós chegamos ontem à tarde. — Lavínia esclareceu, mas ela parecia ainda um pouco abalada.

— A vovó fez questão de que ficássemos aqui na mansão, até que o médico libere a Lavínia totalmente do repouso. — Aquiles explicou.

A informação não me pegou de surpresa, tendo em vista que a Dinorá parecia gostar da Lavínia e só confirma que eu não sou a sua pessoa favorita.

— O Murilo me contou que também está grávida, Virgínia. — foi ela a perguntar.

— Sim, estou.

— Você está com quantas semanas? — Ártemis fez a pergunta.

— Dezesseis semanas.

As perguntas sobre a minha gravidez continuaram, e a Lavínia também foi alvo de algumas, mas o clima não era completamente ameno.

O almoço transcorreu da mesma forma e, apesar de não estar sendo o mesmo fracasso da outra vez em que estivemos ali, também não diria que estava sendo um sucesso total.

Quando já estávamos de volta a sala, antes que eu sentasse novamente em meu lugar ao lado do Murilo, a avó dele me surpreendeu, se aproximando de mim com alguns presentes nas mãos.

— Eu quero pedir desculpas a você pelo que eu disse quando você esteve em minha casa, Virgínia. — ela falou, me encarando com um olhar bastante sincero.

A Lavínia se aproximou também, e pegou em minha mão, seu olhar um pouco triste.

— Eu acredito que tenha sido culpa minha, Virgínia. — Lavínia confessou. — Eu contei para a Dinorá que você não queria o neto dela e fugiu muito antes de aceitar namorar com ele.

— No final das contas, isso não foi totalmente mentira. — eu precisei admitir.

— Mas isso era uma questão de vocês, e eu não tinha nada que me meter e tratá-la mal, concorda? — Dinorá falou.

— Exatamente, vovó. — Ártemis se meteu. — Eu disse para a vovó, logo que você saiu, Virgínia, que o que ela fez foi errado e nós temos tentado que você venha novamente aqui, mas o Murilo disse que não iria te trazer mais aqui.

Eu olhei para o Murilo com culpa, pois eu o havia proibido de falar sobre aquele assunto comigo e ele precisou encerrar o assunto com a sua família, também.

— Eu fiquei muito chateada e não queria vir mais aqui. — contei a verdade.

— Eu entendo a sua atitude, Virgínia, e também respeito, pois foi errado de todas as formas o que eu fiz naquele dia. — Dinorá continuou. — Espero que possa me desculpar e que isso possa ser esquecido, para que possamos ter uma boa relação, daqui para frente.

— Então, para mim, isso já está no passado. — falei, sorrindo.

A Lavínia me abraçou, antes mesmo de qualquer outra pessoa e eu imaginei que ela estava emotiva daquele jeito pela gravidez e sorri, pois éramos duas grávidas maluquinhas.

A avó do Murilo também me abraçou, as mãos ainda com os pacotes de presentes, que depois ela fez questão de me entregar.

— Toda semana a vovó compra algo novo, esperando que você venha nos visitar e, enfim, receber os presentinhos que ela está guardando. — Ártemis contou.

Fiquei emocionada ao saber disso e mais ainda ao abrir os embrulhos e me deparar com várias roupinhas de bebê, todas lindas e em cores neutras, que me deixaram completamente encantada.

— Eu amei todas! — falei em agradecimento.

— São todas muito lindas mesmo. — Lavínia concordou.

— Logo vocês estarão comprando presentes em dobro, afinal, serão dois netos. — Murilo falou com animação.

Só quando o Murilo falou aquilo, que o fato de que a Lavínia também estava grávida e, consequentemente, poderia estar se sentindo excluída, pois todos os presentes eram destinados ao meu bebê e percebi a tentativa que ele estava fazendo para que ela se sentisse parte de tudo aquilo também.

E eu não senti ciúmes de sua atitude, apesar de tudo.

Sabia que ele só estava fazendo aquilo porque era um homem bom e atencioso com todos a sua volta, ainda mais agora, que a Lavínia parecia estar triste, apreensiva por temer perder o seu bebê.

— Logo que a Lavínia for liberada pelo médico, poderíamos combinar de fazer algumas compras para os bebês, todas juntas. — Ártemis sugeriu. — O que acham?

— Eu acho uma ótima ideia! — Lavínia pareceu se animar agora.

O assunto acabou rendendo bem mais do que eu imaginaria ser possível e nós acabamos passando toda a tarde na mansão.

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