Além do horizonte romance Capítulo 15

– Bom dia. – Amélia estava a preparar a mesa para o casal.

– Bom dia Amélia.

– Hoje iremos dar um bom passeio por essa região, Lupe e eu estamos muito pálidos. – Atílio sorriu ao dizer.

– Acho que devem mesmo sair um pouco do quarto e respirar um ar puro.

Fiquei um pouco constrangida com o comentário, mas claro que ela vivendo conosco sabia bem o que tanto fazíamos dentro do quarto. Comemos e depois Atílio e eu fomos pedir a Sebastião que selasse os cavalos.

– Quer ir junto no cavalo comigo, ou prefere que selem um para você? – Atílio perguntou, mas no fundo queria que fossem juntos.

– Podemos ir juntos!

Sebastião olhou para Atílio e sorriu, foi testemunha de como aquele casal havia sofrido e estava feliz ao ver que estavam se acertando.

– Certo, Sebastião sele o trovão por favor.

– Sim senhor. – Respondeu o peão indo buscar o cavalo.

Esperamos um pouco e ele trouxe o cavalo, Atílio me ajudou a montar e veio por trás me envolvendo pela cintura.

– Aqui está ele, prontinho para passear. – Sebastião acariciou a crina do animal de cor negra e grandes olhos expressivos.

Atílio

Começamos a cavalgar pela fazenda e uns minutos depois chegamos à estrada onde Raio de sol estava enterrado, ainda doía na minha consciência ter feito isso a ele.

– Adoro esse cheiro de liberdade, a dias não sentia isso. – Guadalupe fechava os olhos ao sentir a brisa e o sol tocarem seu rosto.

Ajudei ela a descer e sabia que aquilo lhe traria más lembranças da forma como nosso casamento havia iniciado.

– Aqui princesa.

Fiz com que ela se abaixasse e tocasse a terra, ela se sentou apalpando o mato que havia recentemente nascido naquele lugar.

– Por favor não chore. – Eu pedi a ela com a voz trêmula.

– Ele ainda está vivo aqui e eu posso sentir.

– Me consola saber que pensa assim e que me perdoou de verdade pelo que fiz.

– Nesse mundo tudo volta ao seu lugar, ele agora vive, mas de outra maneira. Na terra, nas plantas que estão aqui e se alimentaram dele!

Me sentei ao lado dela, passava a mão naquela pequena vegetação como se tocasse de novo o pelo do cavalo.

– Nunca vou me perdoar pelo que fiz, se eu tivesse sido tolerante você não o teria perdido.

Ela não podia me ver chorar, mas sentia. Secou minhas lágrimas e me beijou, isso não me trouxe conformidade e acalento...me fez sentir muito menor ainda diante da grandeza de valores dela. Olhei dentro de seus olhos e deixei a verdade sair de dentro de mim, tendo aquele lugar como testemunha.

– Eu te amo!

Ela sorriu.

– De verdade? – Guadalupe percebeu o coração acelerar e sua garganta secar.

– Com todo o meu coração, nada nesse mundo me faz mais feliz do que estar aqui te olhando e te tocando como estou.

– Agora que sei dos seus sentimentos, nunca mais vou temer nada nesse mundo, Atílio!

Depois de mais alguns beijos e das flores que colocamos sobre aquela terra. Montamos de novo e fomos para o rancho, pelo caminho ao longe vimos uma pessoa a cavalo se aproximar.

– Guadalupe? – Saulo se surpreendeu ao ver o casal em plena lua de mel dando um passeio ao ar livre.

– Padrinho, como estão todos?

– Nada bem filha, Gabriel foi embora de casa. Não aceita que tenhamos deixado que você se casasse com Atílio.

– Não fiz isso contra minha vontade, meus pais só permitiram por que eu escolhi assim. – Guadalupe deixou bem claro que não havia feito nada contra sua vontade.

– Ele só precisa de um tempo para aceitar o fato, espero que volte para casa...de verdade. – Atílio segurou forte as rédeas.

– Ele vai voltar para casa, tenho fé que sim.

– Estão indo para o rancho? – Saulo perguntou olhando para trás.

– Sim padrinho, vamos ver os meus pais.

– Certo, então até mais ver. – Saulo soltou as rédeas e saiu cavalgando.

Senti que de certa forma Saulo me culpava pelo sumiço do filho.

– Até mais ver. – Atílio se despediu dele educadamente.

Seguimos nosso caminho, passando pelas árvores lindas daquele lugar.

– Gabriel escolheu sofrer por mim sem ter razões para isso.

– Não o julgo por estar revoltado, se eu tivesse perdido um anjo como você eu sofreria talvez mais do que ele. – Atílio beijou-lhe o pescoço e se abraçaram mais sobre o cavalo.

Chegamos ao rancho, seu Leonel estava alimentando os porcos. Desci e a ajudei.

– Seu pai está aqui fora!

– Papai! – Disse ela a sorrir.

Ele veio correndo para nos receber e os dois se abraçaram bem forte, até parecia que eu a tinha levado por anos.

– Senti sua falta filha!

– Eu também senti saudades, e a mamãe?

– Está lá dentro, vamos entrar. – Leonel saiu do chiqueiro, nem tinha se dado conta de como estava sujo.

Entramos, dona Ester ficou eufórica ao ver a filha, as duas se abraçaram e nos sentamos enquanto ela nos servia um chá. Eu sentia que ela queria perguntar algo a filha, mas não na minha presença.

– Posso falar com Lupe um instante, enquanto tomam o chá? – Ester queria perguntar muitas coisas para a filha, porém longe dos homens presentes.

– Mas é claro, claro que sim. – Atílio concorda e Guadalupe estica a mão esperando pela mãe.

– Vamos mamãe.

Eu sabia que falariam sobre a lua de mel e essas coisas de mulheres sorri tímido olhando para o meu velho sogro.

Mamãe e eu fomos para o meu antigo quarto, nos sentamos na cama frente a frente.

– Me fale, fale que esse homem tem te tratado bem. Não tenho dormido e nem comido direito pensando em você nas garras dele. – Ester desabafou e se a filha pudesse ver, se daria conta da preocupação que estava estampada no rosto da mãe em forma de grandes olheiras.

– Atílio é sim um homem orgulhoso, mas ele me ama muito. Ama e mesmo que não tivesse dito a mim eu saberia, pelo jeito que me trata!

– Jura? Jura que está feliz naquela casa? – Ester pegou nas mãos da filha e as balançou trazendo até seu corpo.

– Eu juro mamãe, estou feliz com ele. Se acabaram todos os meus medos, no início eu não gostava de fazer....

– Amor.

– Mas depois passou a ser bom e fazemos o tempo todo. – Guadalupe se abriu para a mãe sem receios.

– Então logo terei um neto!

– Não sei se queremos um bebê.

– Claro que querem, é a continuidade da nossa vida e sei que será uma criança maravilhosa!

As duas se abraçaram forte, agora Ester poderia dar paz ao coração.

Enquanto isso...

– Já sabe o que houve com Gabriel? – Leonel perguntou a Atílio, quebrando o silêncio que estava naquela sala.

– Sim, encontramos Saulo ao vir para cá.

– Gabriel perdeu o juízo de vez, tenho que admitir que pensei se havia feito bem a minha filha ao permitir que você se casasse com ela, mas ela me parece feliz agora.

– Eu amo sua filha, mais do que a mim mesmo. Sei que se tivesse dito isso a muito tempo, teríamos economizado lágrimas e preocupações.

As duas voltaram e se juntaram a eles.

– Quero que fiquem para almoçar conosco. – Ester os convidou com um sorriso.

– Claro que vamos ficar, a comida de senhora é excelente.

– Tem visto o padre? – Guadalupe perguntou.

– Ele não andou mais por aqui desde seu casamento.

– Eu soube que ele anda envolvido com as obras da igreja que está em reforma. – Completou Ester. – E isso graças as grandes doações de Atílio.

Longe dali...

– Padre, há um rapaz aqui fora e procura pelo senhor. Disse que estava ocupado, mas ele insiste em vê-lo. – Diz o sacristão, correndo para comunicar ao padre.

– Mande que ele entre, já encerrei minhas orações. – Respondeu o sacerdote ao fazer o sinal da cruz.

– Sim padre.

Aquele rapaz bem vestido, entrou e cumprimentou educadamente o padre.

– Padre? Sua benção. – Leandro era um jovem belo e bem vestido.

– Deus te abençoe, sente-se e me diga do que precisa filho.

– Procuro por meu primo Atílio, enviei a ele um telegrama a alguns dias, mas não obtive resposta. Como me disseram que o senhor costuma visitá-lo com frequência, achei que poderia me ajudar a chegar até lá.

– Sim, a propriedade dele fica na zona rural. Hoje não posso te levar até lá pois tenho que celebrar duas missas, mas se tiver onde ficar essa noite, amanhã te levo até ele. – O padre sorri e ele retribui a gentileza.

– Sim senhor, estou hospedado em um hotel a uns minutos daqui.

– Atílio e Guadalupe ficaram felizes em recebê-lo, tem uma bela casa. – O padre disse, deixando-o surpreso com a novidade.

– Guadalupe? – Leandro indagou.

– Sim, esposa dele

– Então meu primo por fim, se amarrou a alguma mulher e logo aqui da região.

– Atílio e Lupe se casaram a alguns dias, eu mesmo celebrei a união dos dois.

– Certo, então irei arrumar minhas coisas para irmos amanhã padre.

Leandro

Em plena lua de mel, meu primo nunca foi flor que se cheire. Quem será essa mulher que conseguiu fazer, com que um homem como ele, reconsiderasse? Deve ser muito bonita, muito bonita mesmo!

Depois de almoçarem, Atílio e Guadalupe se despediam dos pais dela.

– Temos que ir agora! – Guadalupe disse se levantando de mãos dadas com Atílio.

– Fiquem mais um pouco, ia lhes servir um doce de batata.

– Viremos com mais frequência dona Ester e nossa casa, está sempre aberta para vocês. – Responde Atílio sorrindo para o casal.

– Obrigado filho! – Leonel e ele pareciam estar deixando as mágoas no passado.

Atílio ficou feliz em sentir a aprovação dos pais dela para seu casamento, agora sim nada os impediria de se amarem para sempre. No caminho de volta...

– Vou te levar a um lugar especial princesa!

– E onde seria? – Guadalupe perguntou com a curiosidade aguçada.

Guadalupe

Ouvi o som da água, estávamos perto do rio. Descemos do cavalo e Atílio começou a abrir cada um dos botões do meu vestido, me desnudando por completo.

– Aqui em meio a natureza, como veio ao mundo... – Ele disse em total encantamento.

Senti seus beijos percorrerem meus seios sugando cada um deles, descendo devagar por cada pedaço de mim. Eles cessaram e ouvi o som de suas roupas serem jogadas ao chão.

– Vamos nadar? – Eu o convidei.

Atílio me pegou nos braços, senti a água me molhar inteira e nos abraçamos nus. Demos muitos beijos molhados e senti os dedos dele entre minhas pernas alisando-me intimamente, comecei a gemer de vontade.

– Aqui temos apenas a natureza por testemunha, quero te ouvir gritar de prazer minha amada.

Ele me penetrou devagar e deliciosamente, começamos mover nossos corpos buscando mais e mais prazer. Eu puxava os curtos cabelos dele para manter nossos lábios colados, molhados e imersos no desejo de amar.

Atílio

Ela sabia como me enlouquecer apertando-me por dentro, passamos a tarde inteira nos amando nas águas daquele rio. Lancei todo meu amor por dentro dela, até me esgotar e voltarmos para casa de cabelos e roupas molhadas.

Entreguei o cavalo a Sebastião e entramos em casa, Amélia percebeu que havíamos passado uma tarde agradável, até demais. Depois de tomarmos um banho, fomos jantar e esperei Lupe dormir para só depois, ir falar com Amélia.

– Gabriel desapareceu, encontramos com o pai dele e Saulo nos disse isso.

– Esse rapaz é perigoso, não aceita perder a Lupe assim. – Amélia ficou preocupada e não se cansava de me pedir que tomasse cuidado.

– Pois lamento pelos pais dele, mas prefiro que fique longe de nós e quanto mais longe da minha mulher, melhor para ele!

Eu entrei no quarto e me deitei envolvendo-a em meus braços, sentir o cheiro doce de sua pele e seus cabelos me fazia querer Gabriel ainda mais longe daqui.

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