Além do horizonte romance Capítulo 18

A noite chegou, Luíza selou um cavalo e foi para a fazenda de Atílio e Lupe. Saulo não gostou nenhum um pouco daquele convite tão específico apenas para a moça.

– Se esse tal primo tivesse realmente boas intenções iria nos convidar também e fazer as coisas direito. – Resmungou Saulo.

– O convite foi feito por Guadalupe e Atílio e não pelo primo, além do mais são jovens e é apenas um jantar entre amigos. Já perdemos nosso filho, vamos deixar que Luíza busque a felicidade dela.

– Espero que esteja certa Margareth!

Chegando na fazenda ela desceu do cavalo e o guiou pelas rédeas.

– Boa noite Sebastião, pode guardar o Tonico para mim? – Luíza sorriu e entregou as rédeas do cavalo para ele.

– A senhorita veio sozinha?

– Sim e que mal há nisso, Sebastião?

– Nenhum e vou levar ele para o estábulo. – Sebastião saiu intrigado, não queria ver a mulher que amava sendo entregue daquela forma a outro.

Ela bateu na porta, Amélia a esperava sorridente.

– Entre filha, Guadalupe e Atílio já irão descer.

Guadalupe

Me arrumei para o jantar, aquela ocasião merecia e Amélia havia colocado uma flor em meus cabelos. Quem sabe seria o dia do noivado da minha melhor amiga? Atílio estava no quarto conversando com Leandro e já estava arrumado para aquele encontro.

Enquanto isso, Atílio e Leandro conversavam.

– Tem certeza de que essa tal Luíza é uma moça de valor, como a sua esposa? – Questionou Leandro, queria saber com que tipo de moça estava lidando.

– Sim e é uma moça bonita também, conheço o tipo de beleza que aprecia e sei que vai gostar dela.

– Me diga então primo, como conheceu Guadalupe?

– Não foi nada difícil, essa vila é pequena e todos se conhecem. Assim que cheguei aqui todos sabiam da minha vida...até que parado em frente a janela a vi passar a cavalo, cabelos negros ao vento. – Atílio fechou os olhos ao recordar.

– Mas eu não entendo...

– Como eu mudei tanto? Como decidi me casar com ela? Por que me apaixonei de verdade, ainda que quisesse me fazer de forte...quando o amor entra por uma porta o orgulho sai pela outra Leandro.

– Que Deus me livre dessa maldição de amor!

Atílio sorriu, Leandro pensava como ele a meses atrás, mas quando o sentimento surge não dá para lutar contra.

Atílio passou pelo quarto...

– Já está pronta Lupe? – Perguntou chegando mais perto da porta.

– Sim.

Ela abriu a porta, bela como sempre e seus olhos verdes ainda mais reluzentes.

– Com todo o respeito, está muito bonita. – Leandro fez questão de elogiar.

– Vamos descer! – Convidou Atílio.

Os três desceram as escadas, Luíza estava sentada no sofá, mas se levantou ao vê-los chegarem. Estava envergonhada, mas deixou escapar um singelo sorriso ao ver que o primo de Atílio era um jovem belo e distinto.

– Lupe? – Luíza sorriu e foi até ela.

– Senti sua falta. – Guadalupe respondeu.

Luíza abraçou a amiga, Leandro gostou do que viu.

Leandro

Não é tão linda como a amiga, mas com certeza é uma bela mulher e será um prazer cortejá-la.

– O jantar já está pronto. – Amélia convidou a todos.

– Este é Leandro, meu primo da capital. – Atílio fez as honras e apresentou Luiza a ele.

– Leandro Vargas ao seu dispor moça. – Ele tomou a mão dela e a beijou, olhando dentro de seus olhos.

– Muito prazer senhor.

– Sem formalismos Luíza, me chame de Leandro apenas!

– Sim Leandro. – Respondeu tímida.

Eles se sentaram a mesa, começaram a falar sobre a vida na capital e como era diferente estar ali naquele lugar afastado e pequeno.

– Teve notícias de Gab (Guadalupe se deu conta de que a pergunta irritaria o marido e a interrompeu). Leandro pretende morar aqui?

Atílio ficou irritado pela pergunta que ela pretendia ter feito.

– Sim, meu pai quer que eu me estabeleça e constitua família.

Leandro e Atílio sorriram.

– Pelo seu modo de dizer essa é uma vontade dele, não sua. – Luíza tratou de questionar os motivos dele.

– Na verdade, não sei se de fato esse é o meu desejo. Mas claro que se eu conseguisse um bom motivo para ficar, isso mudaria tudo!

Com aquela resposta Leandro conseguiu tirar um sorriso de esperança em Luíza e de Guadalupe que torcia para que eles se apaixonassem. Depois do jantar, Atílio tocou piano com Lupe ao seu lado...deixando Luíza e Leandro um pouco mais livres para conversar a sós.

– Você nasceu aqui mesmo Luíza?

– Sim, meus pais são daqui também. Meu irmão e eu recebemos o convite de uma tia para morar na capital, mas preferimos ficar por aqui e ajudar nossos pais com o rancho.

– Muito nobre da sua parte, e seu irmão, por que não veio também?

– Ele foi embora de casa, mas é uma história meio triste e prefiro não comentar agora.

– Eu gostei de você, perdoe-me, mas costumo ser bem direto com as palavras...sendo assim, quero saber mais sobre sua família. Claro, se você estiver disposta a me contar.

– Também gostei de você e acho que podemos ser amigos.

Leandro

Quanta inocência!

– Meu irmão era apaixonado por Lupe desde a infância e não suportou vê-la se casar com Atílio. Por isso, foi embora de casa e estamos sofrendo muito sem notícias dele. – Ela abaixou o olhar e era óbvio que aquele assunto lhe causava dor.

– Eu lamento por isso.

– Já é tarde e preciso ir para casa Leandro.

Atílio a viu se levantar, cessou a música e foi com Lupe até eles.

– Está cedo para ir embora, acho que precisam conversar um pouco mais. – Atílio disse já achando que aquele casal daria muito certo.

– E está tarde para voltar sozinha, vou pedir a Sebastião que te acompanhe até em casa. – Amélia já ia sair para pedir ao peão que fizesse esse favor.

– De jeito nenhum, eu faço questão de acompanhar a moça. – Leandro tinha pressa em ficar a sós com ela.

– Atílio vai junto, claro...para que você não se perca na volta. – Guadalupe propôs para zelar pela honra da melhor amiga.

– Sim, podemos ir então. – Luíza deu um abraço em Guadalupe.

– Eu volto longo princesa e não durma. – Atílio disse para a esposa em alto e bom tom.

Guadalupe sorriu envergonhada, os três saíram em direção ao estábulo.

– Vamos no meu carro. – Atílio abriu a porta.

– E o meu cavalo?

– Amanhã eu mesmo, levo ele para você Luíza. – Leandro assim tinha mais um pretexto para vê-la.

Luíza chegou a suspirar ao ver o quanto ele se empenhava para que os dois se vissem novamente, Leandro abriu a porta do carro para ela e ele foi na frente com Atílio. Alguns minutos depois...

– Chegamos. – Atílio parou o carro.

Leandro e ela saíram do carro e ele levou até a porta.

– Eu agradeço pelo convite, foi uma noite agradável Leandro.

– Eu digo a mesma coisa, gostei muito de te conhecer e quero te ver de novo se isso for possível.

Luíza sorriu, ele beijou sua mão e aguardou que ela entrasse em casa. Ele entrou no carro e Atílio sorria.

– Acho que em breve o padre virá celebrar outro casamento.

– Nem morto Atílio!

– Não gostou dela?

– Claro que sim primo, ela é linda.

– E por ela ser humilde acha que tem menos valor do que as moças da cidade? Não consigo entender esse seu julgamento Leandro.

– Eu não disse isso, sabe que não sou um romântico e meus planos com ela serão mais práticos.

Atílio parou o carro.

– Se pretende se divertir com alguma mulher daqui escolha outra que não seja amiga da minha esposa.

– Nem parece o mesmo Atílio de antes, desaprendeu o que é aproveitar a vida!

– Sim, eu mudei e não posso deixar que brinque com os sentimentos dessa moça.

– Está certo, como quiser Atílio. Eu me afastarei dela.

– Deveria dar a ela uma chance verdadeira de conquistar seu coração, sem essas intenções de cama!

– E como pretende que eu me apaixone por uma mulher que eu sequer provei? – Perguntou Leandro.

– Definitivamente ainda tem muito o que aprender, vamos deixar que a vida siga seu curso e um dia saiba o que significam os sentimentos.

Guadalupe

Eu já estava no quarto, Amélia me ajudou a vestir uma camisola especial e que deixava parte da pele a mostra.

– Você acha que ficou bom? – Perguntei e sei que ela seria sincera, pois me amava como uma filha.

– Ficou lindíssima, Atílio vai ficar ainda mais encantado.

– Amélia, acha que Leandro e Luíza dariam certo assim como um casal?

– Não sei dizer, mas acho que ela gostou muito dele pelas trocas de sorrisos.

– Temo que eles tenham diferentes planos para o futuro.

– Você aprendeu na prática que pode ter tudo o que quiser de Atílio e veja como ele era orgulhoso e cruel com você. Se Luíza se apaixonar por Leandro, também vai conseguir dele tudo o que quiser.

– E eu vou ajudar para que os dois sejam felizes também! – Eu respondi a sorrir.

Atílio chegou, colocou seu chapéu no cabideiro. Leandro se sentou na sala...

– Sem sono? – Perguntou Atílio.

– Apenas pensativo, vou enviar um telegrama para casa, meus pais devem estar apreensivos por notícias minhas.

– Faz bem. – Concordou Atílio.

– Vá para cama e esquente sua esposa.

Atílio acenou com a cabeça e subiu as escadas.

– Atílio devia ter se casado com Luíza!

Leandro

Então o tal Gabriel era um antigo rival de Atílio, esse lugar tem muito a dizer e eu quero ouvir tudo.

Guadalupe

Eu estava de pé esperando por ele, ouvi a porta ser fechada por dentro e logo senti seu nariz percorrer minha pele fazendo-a se arrepiar.

– Gosta do que estou vestindo? – Perguntei sentindo seu toque suave.

Dei uma voltinha para ele poder verificar, ele me puxou bem para perto e falou rente ao meu rosto.

– Você me deixa louco independente do que esteja usando, seu corpo e seu cheiro despertam o animal insaciável que há em mim.

Ele me pegou nos braços e acabamos na cama, sua boca permeava cada centímetro de mim. Arrancando-me gritos de pura lascívia, depois de muitos beijos na boca e em cada pedacinho da minha pele que ele fazia questão de desbravar...eu cavalgava seu corpo com vontade e prazer.

Enquanto ele enchia as mãos com meus seios e dizia palavras de amor, gozamos juntos daquela sensação de relaxamento que só o amor nos dá. Ele estava deitado e ainda ofegante e eu sobre seu corpo, repousando meus seios sobre suas costas.

– Eu queria que outras pessoas pudessem ser felizes, como nós dois somos princesa.

– Como você mudou, agora até pensa nas pessoas e não só em si mesmo como antes. Eu também mudei meu modo de pensar, acho que Leandro e Luíza podem ser felizes como nós.

– Eu também acho, ele só precisa deixar de ser um Atílio como eu era no passado.

– Vamos ajudá-lo a fazer isso meu amor.

Acabamos adormecendo agarradinhos como sempre.

Atílio

Acordei com o sol invadindo a janela do nosso quarto e me fazendo apertar os olhos tamanha claridade, alisei a cama ao meu lado e Lupe já não estava ao meu lado.

– Princesa? – Chamei por ela, mas nada.

Caminhei pelo quarto e a procurei no banheiro, ela não estava. Então caminhei pelo corredor dos quartos, passei em frente ao quarto de Leandro e ele também não estava.

Desci as escadas, Amélia já estava aprontando o café da manhã.

– Viu Guadalupe e Leandro? – Questionei.

– Não filho, eu não vi, acabei de me levantar também. Devem estar dando uma volta pelo curral.

Saí e fui direto falar com os peões.

– Lupe e Leandro passaram por aqui agora a pouco patrão. – Sebastião avisou e eu estranhei.

– O que foram fazer juntos é o que quero saber!

Caminhei por mais alguns metros e ouvi gemidos, vi Leandro e ela fazendo amor sobre o feno. Ela revirava os olhos desejo enquanto Guadalupe cavalgava seu corpo, com o mesmo afinco e prazer que fazia comigo. Senti o mundo se abrir embaixo dos meus pés, como se milhares de foices me acertassem o corpo ao mesmo tempo.

– Malditos! – Gritei.

Leandro a tirou de cima de seu corpo, ainda ofegante e transpirando.

– Atílio? Eu juro, eu pensei que estava fazendo amor com você. – Ela chorava ao tentar se explicar.

Ela se levantou e veio ainda nua para tentar acariciar meu rosto, segurei forte seus punhos.

– Se acha que com isso vai conseguir me convencer, esqueça! Te quero fora da minha fazenda agora mesmo, antes que eu perca o controle e quebre seu pescoço.

Amélia ouviu os gritos e correu para lá, ajudou Guadalupe a se cobrir com parte de suas próprias roupas.

Sebastião marcava o gado a uns metros dali, Atílio correu até lá tomou o ferrete em brasas de tão quente. Leandro ainda vestia as roupas como se nada tivesse acontecido e se recompunha daquele flagra.

Atílio acertou o rosto de Leandro com o ferro quente fazendo-o gritar de desespero e dor no meio daquele estábulo e assustando os animais que ali estavam.

– Patrão, por Deus controle-se. – Sebastião correu e tomou de volta o ferro antes que a desgraça fosse ainda maior.

Amélia entrava com Guadalupe em casa, ela estava aos prantos.

– Ele não dizia nada, achei que era parte da brincadeira. Eu não podia imaginar que não era Atílio juro por Deus!

– Atílio está vindo, tente não irritar ele ainda mais.

– Eu deveria acabar com a minha vida agora mesmo.

– Por favor não faça isso, eu juro que cometi um erro um grande erro....

Não permiti que ela dissesse mais nada, tomado pela ira agarrei seu pescoço com força e apertei fazendo seu rosto se avermelhar em poucos segundos. Amélia tentava me tirar de cima dela, mas a pobre não conseguia sequer mover um dedo meu, nada iria me impedir de lavar minha honra.

– Por favor Atílio não faça isso, Sebastião!!! – Amélia gritava apavorada.

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