O Vício de Amor romance Capítulo 39

As palavras do médico ecoavam em seus ouvidos, na voz implacável:

- Não há como salvar seu irmão...

Com as lágrimas caídas, Natália abraçou Fernanda com força.

- Nicolas está na escola, eu vou vir com ele na próxima vez.

Meio confusa, mas Fernanda acenou com a cabeça, não falou mais nada.

Natália enxugou as lágrimas e disse com um sorriso:

- Mãe, o que você quer comer? Eu vou comprar para você.

Fernanda não respondeu, apenas abraçou seus joelhos, que era uma postura de insegurança.

Seus olhos estavam sem foco e ânimo.

- Mãe... - Natália apertou seus os ombros e balançou.

- Fala comigo, olha para mim. Sou Nati, sua filha.

Quando Natália chegou, Fernanda ainda a reconheceu e chamou o nome dela.

Natália não conseguiu aceitar que Fernanda estava num estado desordenado.

- Não faça isso. - Uma enfermeira que passou viu Natália agindo agitadamente e entrou para impedi-la.

Natália olhou a enfermeira e perguntou:

- A situação da minha mãe piorou?

- Os pacientes psiquiátricos são assim. - Olhou para o relógio, acrescentou:

- É hora de sair. Sua reação pode influenciar a paciente.

- Entendi.

Antes de sair, Natália falou mais com sua mãe e despediu-se a ela:

- Mãe, vou retornar no outro dia. Se cuide.

Quando chegou na porta, de repente ouviu sua mãe a chamando. Virou, porém percebeu que Fernanda não estava nem olhando para ela.

Murmurou:

- Minha filha Nati está grávida, o bebê não tem pai, como ela vai viver com isso?

Dizendo, caiu no choro.

Natália sentiu que seu coração foi queimado pelo fogo, doendo muito.

Suprimindo a agonia, saiu da sala e sentou num banco do corredor.

- Nati. - Anderson veio em seu jaleco branco.

Ao ouvir a voz, Natália se levantou.

Anderson andou até ela e deu umas palmadinhas no ombro dela para se sentar.

- Eu quero falar com você.

Natália sentou-se com Anderson.

- Você já sabe como sua mãe está.

- Sim. - Ela apertou as mãos, as palmas estavam suadas.

- Se prepare, pois é difícil de se recuperar totalmente depois de um trauma desse. - Anderson suspirou:

- Ela sofreu tanto que os surtos são graves. Escolheu esquecer de determinadas coisas que são muito dolorosas, por isso a memória está incoesa.

- Ela esqueceu o fato de que Nicolas se foi e perguntou por que eu não o trouxe junto para a visita.

Anderson a abraçou e a confortou, tocando o seu braço:

- Não chore, eu estou aqui. Não se preocupe, eu vou cuidar bem de sua mãe.

Natália inclinou a cabeça e disse:

- Obrigada.

- Não precisa me agradecer. - Anderson abaixou os olhos, de uma maneira serena, e pensou duas vezes antes de falar o que pensava:

- Nati, quando o seu acordo com Jorge expirar, que tal deixa eu cuidar de você?

Natália olhou para Anderson, atordoada.

- Andy...

- Eu sei que pode ser difícil para você aceitar em pouco tempo. Você já me conheceu há muito tempo, eu não sou um homem mau, eu só quero cuidar de você. Mesmo que você não pense por si, pense por seu filho na sua barriga. Uma boa família é benéfica para o crescimento da criança, e eu posso oferecer isso.

Anderson deixou seu pensamento claro. Ela seria uma tola se não entendesse.

Ela sempre tratou Anderson como família.

- Não se preocupe, eu vou tratá-lo como meu próprio filho. - Anderson falou com sinceridade.

Natália não sabia o que responder.

- Andy, eu... Eu nunca pensei nisso...

- Não me rejeite com pressa. - Anderson olhou para ela, acrescentou:

- Já pensou o que você vai dizer quando seu filho perguntar sobre o pai no futuro? Eu sou psicólogo e sei que as crianças criadas em famílias monoparentais são mais propensas a ter defeitos de caráter. Para o futuro de seu filho, pense bem.

A atitude de Anderson era muito sincera, seu tom era menos relaxado do que antes. Como Fernanda seria difícil de recuperar e Natália não dispôs de recursos financeiros suficientes para criar uma criança, dava prever como a vida seria duro.

Ele realmente queria cuidar dela.

Natália inclinou a cabeça e teve de admitir que Anderson estava certo sobre alguns pontos. Uma criança precisa de uma boa família para se desenvolver.

Mas...

Não era fácil para ela aceitar.

Este filho não era dele.

E a família dele também não era simples.

- Nati...

- Andy. - Natália o interrompeu rapidamente, tirou uma pilha de notas de sua bolsa e entregou a ele.

- Estou devolvendo o pagamento que você fez para mim.

Ela tinha planejado ver Fernanda primeiro e, em seguida, entrar em contato com ele, mas não esperava que o deparou, e que ele disse aquilo inesperado.

Anderson olhou o dinheiro e se entristeceu:

- Foi ele que deu?

Natália balançou a cabeça, negou:

- Não, Santiago o deu para mim.

Ela não deu detalhes.

Anderson não acreditou como aquele homem cruel podia dar dinheiro a ela.

- Nati...

- Andy, eu tenho que ir ao trabalho. - Natália levantou e enfiou o dinheiro nos braços de Anderson.

- Eu lhe devia isso, o certo é que eu devolva.

Saiu com pressa depois de falar.

Anderson não foi atrás dela, ele imaginava que era difícil para ela digerir, deveria dar mais tempo para ela.

Era quase meio-dia quando Natália chegou na empresa.

Alguém a interrompeu enquanto caminhava para sua mesa. Era Josefa, amiga de Laura. Laura foi demitida devido a Natália, talvez a culpa fosse de Laura, mas ela não aprontou com ela sem nenhum motivo.

Deveria haver algo de errado com Natália.

- Você está atrasada. - Josefa olhou para ela.

- Eu pedi folga. - Natália disse em um tom fraco.

Ela era nova na empresa e os colegas não eram amigáveis, mas ela não se importava, queria passar por Josefa, mas foi agarrada pelo braço.

- Você está mentindo!

Josefa tinha perguntado a Ester e soube que Natália não havia pedido folga nenhuma.

- Eu realmente pedi licença, por favor, poderia sair do caminho?

- Não! É claro que você está mentindo! Você acha que pode fazer o que quiser só porque Presidente Marchetti te defendeu naquela vez? - As colegas não entenderam o que exatamente aconteceu naquele dia, apenas achavam que era um momento de irracionalidade de Jorge.

Natália disse, em um tom frio:

- Saia já do meu caminho, pergunte você mesma ao Presidente Marchetti se você não acredita em mim.

Ela não queria fazer inimigos, apenas queria fazer seu trabalho bem com sossego. Por que todo mundo queria procurar problemas dela?

- Há uma reunião com o presidente do Banco Magno às 14:30, e um jantar às 20:00...

Com uma mão em seu bolso, Jorge andava a passos firmes, ouvindo a agenda informada por Ester que estava atrás dele.

- Mande Lucas ir ao jantar por mim. - Ele falou sem pressa.

- Este banquete é para celebrar o aniversário centenário da TOP, creio que sua ausência seja algo indelicada. - TOP era uma empresa estabelecida no século passado e começou na indústria de jóias, com uma história de mais de cem anos até agora.

- Bom dia Presidente Marchetti, Ester. - Josefa, como se tivesse encontrado testemunhas, se aproximou, puxando Natália.

- Ester, ela pediu folga a você?

Ester olhou para Jorge e balançou a cabeça.

- Não, o que há de errado?

- Ela chegou atrasada e mentiu que ela tinha pedido folga. - Josefa aumentou a voz:

- Os novatos não precisam seguir as normas da empresa?

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