O Vício de Amor romance Capítulo 42

Aquela ocasião, com pessoas conversando somente sobre negócios, Natália conseguia perceber que Anderson não gostava daquilo, com suas respostas ríspidas. Ela puxou o braço dele e sussurrou:

- Quero sair para tomar um ar.

Anderson pegou a mão dela, disse:

- Eu vou levar você para o jardim.

As luzes, o barulho, a conversa, os elogios que entravam por um ouvido e saíam pelo outro.

Atravessaram o corredor e chegaram no jardim, amplo, aberto e muito mais silencioso do que o salão, com uma pessoa qualquer conversando perto da janela.

- Você não gosta de ouvir essas conversas, não é? - Anderson sorriu de leve. - Na verdade, eu também não gosto.

Desta vez, foi Marlene quem fez ele ir para o evento e ele não tinha escolha.

Ele não gosta de se socializar, de colocar armadilha para outro, de tentar fazer dinheiro de qualquer forma possível.

Talvez tivesse algo a ver com o seu nascimento, nasceu em berço de ouro, então não precisava se preocupar com dinheiro.

- Eu percebi, vai me agradecer por tirar você daquela situação?

- Do que gostaria como agradecimento? - Anderson chegou perto de Natália. Ela notou o cheiro de perfume masculino e suas palavras ecoaram em seus ouvidos. Ela tentou se afastar dele, mas Anderson a agarrou pela cintura.

- Eu achava que você era jovem demais, não tinha percebido que tinha crescido. - Antes ele só se preocupava com ela, não sabia que se apaixonaria por ela.

Natália sentiu que Anderson estava diferente do que ela conhecia, ele era gentil, sempre com um sorriso no rosto, cuidando dela como uma irmã.

Mas então tudo mudou e ele estava sempre "flertando" com ela?

- Você mudou. - Natália virou a cabeça, suas mãos apertando em extremo desconforto.

- Você é adulta, não preciso te tratar mais como uma criança, você não acha? - Ele segurou uma risada.

Natália o empurrou, disse:

- Mas eu sou como sua irmã.

Anderson foi pego de surpresa pelo empurrão e deu um passo para trás, olhando para ela.

- Não temos o mesmo sangue.

Natália caminhou até a janela e olhou para o céu estrelado, sussurrou:

- Quero você como meu irmão.

Anderson olhou para as costas dela. Ela estava rejeitando ele?

- Acho que sei quem é o pai da minha criança. - Ela falou em um tom leve, como se falasse para ela mesma em vez de para Anderson.

Anderson deixou seu tom de brincadeira de lado e disse de forma séria:

- Quem?

- Eu não tenho certeza, tem muita coisa que eu ainda não descobri. - Natália tomou um fôlego profundo e olhou para Anderson:

- Eu estou em conflito e sobrecarregada, não sei…

Ela não conseguia descrever como ela se sentia.

- De quem você suspeita? - Anderson franziu. - Alguém daqui?

O pensamento sobre aquela noite o irritava, perguntou:

- Por que não pediu ajuda a mim naquela época?

Natália abaixou a cabeça, dizendo:

- Eu tentei mas não consegui te encontrar.

Ela não queria dever um favor a alguém, mas não ligava para isso já que envolvia a vida de sua mãe e irmão. Ela tentou, mas não conseguiu encontrá-lo e, em seguida, Dona Marinalva a encontrou.

Ela estava desesperada e precisava de dinheiro para salvar sua mãe e irmão.

Anderson pensou com cuidado sobre aquela noite, era o dia em que Aline desapareceu. Ele estava de mau humor e tinha bebido muito, talvez ela tinha batido na porta e ele dormia e não ouviu.

Ele achava que Natália não pedia ajuda dele de forma alguma.

O clima ficou ainda mais pesado.

- Eu sinto muito. - Se ele não estivesse bêbado e tivesse ouvido ela bater na porta, talvez tudo seria diferente agora.

Ela não precisaria passar por essa situação de não ser casada e estar grávida.

E ele poderia cuidar dela sem problemas.

Mas tudo mudou porque estava bêbado.

- Você não me deve nada, eu que estou envergonhada. - Natália disse em um tom depreciativo de si.

Era a sua escolha e o seu destino.

- Eu quero ir embora.

- Eu te levo.

Anderson se aproximou e pegou na mão dela, segurando firme:

- De agora em diante você nunca mais vai ter problemas para me encontrar e eu vou cuidar de você.

Natália não se moveu ou se livrou dele, compreendeu naquele momento que ele poderia não estar apaixonado por ela, mas tinha transferido os seus sentimentos por sua irmã para ela.

Mas ele mesmo não percebia.

Eles saíram pela porta dos fundos e as luzes de néon fora do prédio continuavam a piscar com muito brilho.

Tornavam a noite tão brilhante quanto o dia.

Anderson abriu a porta para ela e Natália entrou no carro.

Os dois não conversaram no caminho, cada um com seus próprios pensamentos.

Natália não quis que ele a deixasse na mansão e pediu para ele parar o carro quando chegou ao cruzamento.

- Eu vou descer aqui.

Ela tirou o cinto de segurança e abriu a porta.

- Nati - Anderson a chamou.

- O quê? - Natália se abaixou para olhar para ele pela janela do carro.

Anderson pensou por um momento, perguntou:

- De quem você suspeita?

Natália olhou para baixo, não tinha nenhuma prova absoluta e ainda era apenas um palpite.

- Eu não tenho certeza.

Anderson apertou os lábios e ficou em silêncio por um momento antes de dizer:

- Eu vou ajudar você. - Ele pausou por um momento, continuou:

- Me diga de que você suspeita primeiro.

Ele estava em conflito, odiaria saber mas queria saber.

Natália ponderou, ela não poderia descobrir esse segredo sozinha.

- Jorge.

O ar ao redor de Natália congelou quando ela disse.

Anderson também ficou parado por um tempo.

Como ele não imaginou que ela suspeitava de Jorge?

Como… como é possível?

Ou ela estava rejeitando ele e dando desculpas de propósito?

- Você sabe onde eu ficava em Atalaia, fui apresentada a uma mulher chamada Dona Marinalva que, se você encontrar, poderia ser capaz de dizer o que realmente aconteceu naquela noite…

- Por que você quer achar aquele homem? - Anderson interrompeu ela.

No começo, Natália não queria procurar isso.

Mas acabou vendo algumas marcas no corpo de Jorge.

- Eu pensei que você tinha dito que uma criança que cresce em uma casa com somente um dos pais teria defeitos de caráter…

- Eu disse que eu poderia tomar conta de você e o bebê - Anderson interrompeu ela mais uma vez.

Natália apertou os lábios e olhou diretamente para Anderson.

- Mas você não é o verdadeiro pai do bebê.

Ela fez isso de propósito. Ela e Anderson não tinham chance de estarem juntos.

Por um lado, ficou claro para Anderson que ela não poderia estar com ele, por outro lado, ela queria saber a verdade.

Nem mesmo Jorge poderia estar com ela, ela sabia disso.

Ela só queria saber se ele era o pai do bebê e o que estava acontecendo naquele momento.

No futuro, quando a criança nascer, pelo menos ela poderia dizer à criança que tipo de homem era seu pai.

Talvez seja uma maneira de compensar isso.

- Eu acho que é melhor não incomodar você. Está tarde, é melhor você descansar mais cedo. - Natália se endireitou e sorriu:

- Dirija devagar, estou indo.

Com isso ela se virou e caminhou pela estrada em direção à mansão.

Depois de alguns passos Anderson a chamou:

- Eu prometi que faria isso para você, mas eu quero que você deixe ele quando o acordo perder vigor. Vocês não se conhecem, ele nunca vai te amar, muito menos te aceitar por causa da criança.

Natália parou e, em seguida, andou de novo.

Ela sabia disso e não tinha segundas intenções, só queria saber a verdade.

Ela caminhou ao longo da calçada, a luz dos postes cobria seu corpo fino, formando longas sombras.

Um carro preto estava estacionado não muito longe dali. Tinha uma figura alta inclinando-se contra ele, uma luz amarela e quente refletia sobre a lateral de seu rosto, tornando-o ainda mais bonito, menos rígido e mais suave.

Natália parou, achava que ele ainda não tinha voltado. Por incrível que pareça, ele voltou antes dela.

Não estava tão longe, mas se sentia tão pesada que ela não conseguia mover seus pés.

Ele olhou para ela de lado por um tempo e disse com um tom intrigante:

- Vem aqui.

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