O Vício de Amor romance Capítulo 43

Natália hesitou por um instante antes de apressar o passo e chegar até ele.

Nunca havia visto ele tão de perto sem outras intenções. Ele estava cheio de um sabor que amadureceu ao longo do tempo, agora aberto, quente e abundante.

Naquela hora, todos os elementos de seu semblante apresentavam uma calmaria absoluta.

Jorge tinha um olhar tão calmo, mas Natália entrou em pânico.

Talvez fosse a possibilidade dele ser o pai de seu filho que a fazia se importar com o que ele pensava dela.

Mulheres são sempre sensuais.

E foi durante sua gravidez que ela esteve ainda mais sensível.

- Anderson me ajudou muito, eu não sabia qual era a ocasião que ele pediu companhia para hoje, muito menos que você estaria lá, eu não queria te ofender.

A expressão dele era tão complexa e franzida que ninguém saberia dizer o que ele estava pensando.

Natália achou que ele não acreditou nela, que ele pensaria que ela era assanhada.

Mas ela não era!

- Eu...

- Vai tentar me explicar? - O nó em sua garganta deslizou para cima e para baixo.

- Não quero que você me entenda mal. - Ela não se importava com o que Jorge pensava dela no passado.

Mas agora é diferente.

Se foi realmente ele naquela noite, eles tiveram um filho e tinham que deixar uma boa impressão na mente de cada um.

- Você é tão sincera que eu não posso odiar ou reclamar de você, eu não sei o que fazer com você. - Ele, de fato, ficou com raiva ao vê-la com Anderson.

Ele estava tão irritado que queria estrangular ela, porque ela nunca levava o que ele dizia a sério.

- Entre na casa. - Ele se levantou e foi para o pátio, Natália entrou logo em seguida.

Joana descansava, a ampla sala de estar estava vazia e menos animada.

Ele desabotoou o terno, exclamou:

- Eu estou com fome.

Natália pegou o paletó dele e disse:

- Está tarde, vou fazer esparguete.

Ele acenou com a cabeça e se sentou no sofá, deitou bem relaxado, enquanto desabotoava a camisa e puxava a gravata de olhos fechados.

Natália pendurou o paletó num cabide e foi fazer o macarrão.

Ela pegou cebola e molho de tomate da geladeira, ferveu a água e cozinhou o macarrão. Ficou pronto logo.

Na sala, Jorge olhou para Natália, ocupada fazendo sua refeição, sentiu o aconchego de casa em um transe.

Natália pôs a mesa e disse:

- Prontinho.

Ela serviu dois copos de água, deixou um para Jorge e, em seguida, puxou uma cadeira e se sentou na frente dele. O colarinho de Jorge, levemente aberto, mostrava sua clavícula bem sensual. As mangas estavam enroladas, mostrando seus braços fortes. Era um homem abençoado por Deus.

Até mesmo segurar os talheres era algo lindo de se ver.

Quando comeu um pouco de esparguete, de cabeça abaixada, depois franziu pois não tinha gosto.

Natália não evitou o riso, pegou um garfo e misturou o molho com o macarrão, comentando:

- Misture tudo isso, quando juntar tudo vai ficar mais saboroso.

Jorge olhou para Natália e viu um sorriso de orelha a orelha.

Até onde lembrava, ele nunca havia visto um sorriso tão brilhante nela, os seus olhos desabrocharam como um lírio branco, limpo e puro.

Olhou para ela até perder o foco.

Natália o viu em transe, perguntou com preocupação:

- Não está gostoso?

Jorge tossiu de leve, voltando a si, e disse com a boca cheia de macarrão:

- Aham.

Natália tomou vários goles de água e olhava para fora da janela com o rosto apoiado em seu punho.

- Você não vai para a cama? - Jorge vislumbrou Natália.

- Quando terminar de comer, vou lavar os pratos antes de ir para a cama. Se eu deixar aqui, Joana vai ter que lavar tudo de manhã. - Ela apoiava o queixo.

Jorge continuou comendo e olhando para baixo, comendo do jeito que Natália ensinou, misturando o molho com esparguete.

O estômago de Natália reclamou de fome.

O rosto dela ficou vermelho de vergonha num instante.

Ela cobriu sua barriga, o barulho era embaraçoso.

Jorge olhou para ela e perguntou:

- Você está com fome também?

Natália só sentia seu rosto queimar ainda mais, suas mãos seguravam a barra da camisa e disse ao abaixar a cabeça:

- Eu não comi esta noite, eu não estava mesmo com fome até agora há pouco.

É por isso que ela não tinha feito macarrão para ela.

Ela se levantou e disse:

- Eu vou fazer mais um pouco.

- Eu não consigo comer o meu todo, pega um pouco para você, é só trazer um prato. - Jorge percebeu algo de errado assim que terminou, por que ele já comeu o macarrão. Fingiu frieza e perguntou:

- Eu já te beijei, o que é algo bem íntimo, não tem problema dividir esparguete comigo, né?

Natália abriu a boca mas não conseguia dizer nada. Onde estava o nobre Jorge? Onde estava frio e lindo Jorge?

Por que ele estava se comportando como um patife agora?

- Pode deixar que eu mesma faço o macarrão...

- Está me evitando? - Suas sobrancelhas arquearam, parecia mais amigável agora. Seus olhos escuros se encheram de uma luz delicada, demonstravam a sedução e tentação.

O coração de Natália bateu mais lento neste instante.

- Eu… Eu vou pegar a tigela. - Natália deixou a cozinha em um instante.

Jorge deu um leve sorriso ao vê-la correndo.

Natália trouxe a tigela e Jorge a deu uma parte do esparguete que não havia tocado. Natália manteve sua cabeça para baixo e não ousou olhar para ele.

Ela sempre achou que isso era um ato muito íntimo.

Apenas quem já está casado há muito tempo faria isso.

Jorge continuou olhando para ela, não esperava que ela fosse tão tímida.

Um sorriso involuntário se espalhou na sua boca.

Quando terminou de comer, Natália lavou a louça e Jorge subiu para tomar um banho.

Natália percebeu que essa tinha sido a primeira vez que se deu bem com Jorge desde que se mudou.

De manhã, Natália se levantou e Jorge desceu as escadas, seus olhos se encontram no ar e Natália desviou primeiro.

Jorge entrou na sala de jantar.

Joana pôs a mesa e perguntou a Jorge enquanto servia o café:

- Agora o certo é que recém-casados durmam em quartos separados?

Jorge ficou imóvel mas levantou uma sobrancelha, olhando para Natália com olhos retos que tornava o clima ambíguo.

Natália quase cuspiu o leite que tomava quando ouviu Joana, seu rosto ficou vermelho, uma fina camada de suor apareceu na ponta de seu nariz, sua mente ficou em branco e não sabia o que fazer.

- Joana, você fritou ovos? - Jorge logo a lembrou.

Havia um leve cheiro de queimado.

Joana deu um pulo:

- Os ovos.

Correu para a cozinha e encontrou seu omelete cozido demais.

Jorge deu um leve sorriso enquanto observava o leite no canto dos lábios de Natália, disse enquanto entregava um guardanapo a ela:

- Foi a Joana quem cuidou de mim, ela teve muita atenção com o meu casamento.

Joana deixou claro, ela sabia disso, mas se sentia envergonhada de ter a situação armada dessa forma tão declarada.

Ao pegar o lenço de Jorge, seus dedos se tocaram por acidente, como um choque passando dos dedos para a corrente sanguínea, o que fez o rosto dela vermelho de vergonha, logo ela recuou a mão.

- Eu... eu mesma vou pegar um. - Natália pegou o lenço e limpou sua boca.

Jorge não se sentiu envergonhado e pegou o lenço de volta.

Natália tomou o café da manhã sem muito apetite, este clima tornava tudo muito desconfortável.

Ela deixou a cozinha assim que terminou de comer, disse ao sair:

- Podem ficar à vontade, estou de saída.

Jorge largou a xícara de café, sem pressa, e disse ao olhar para ela:

- Espere…

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