O Vício de Amor romance Capítulo 44

O quê?

Natália virou a cabeça.

Sem explicar, Jorge terminou de limpar suas mãos com bastante cuidado, deixou o lenço sobre a mesa e se levantou, disse enquanto caminhava na direção dela:

- Vamos juntos ao escritório.

A surpresa deixou Natália boquiaberta. Juntos?

Será que ouviu direito?

- Não teria problema irmos juntos...? - Afinal, ninguém sabia sobre seu relacionamento, e se eles fossem juntos ao escritório seriam vistos por outras pessoas, sabe-se lá o que diriam deles.

- Não tem problema algum. Vocês são um casal, quem ousaria dizer algo? - Joana se intrometeu, já que Jorge havia tomado a iniciativa de chamá-la para ir juntos ao escritório, será que estava pronto para assumi-la?

Eles são um casal e devem ficar juntos.

Natália estava prestes a dizer algo quando Joana se aproximou e empurrou.

- Ande logo, calce seus sapatos.

Natália foi obrigada a seguir Jorge até lá fora.

Joana parecia um segurança vendo ela entrar no carro de Jorge antes de entrar em casa novamente.

Natália deu uma risada embaraçada, disse:

- Joana é muito engraçada.

Jorge não respondeu, mas perguntou:

- Você está com medo de que saibam sobre nosso relacionamento?

Natália ficou incomodada, por que ela teria medo?

Tornar o relacionamento público seria bom para ela, não há desvantagens.

- Somos um acordo, um casamento tão curto traria problemas para você dentro da empresa, não traria? - Ela disse sem muita força, com um olhar abatido.

Por mais que tivesse um plano, o pânico tomava conta dela. Ela se perguntava o quanto de seu palpite era verdade.

Se for mentira, que seja.

Mas se for verdade...

Este homem…

Será que poderia aceitar esta criança?

- Você está preocupada comigo? - Havia um pequeno sorriso em seus lábios, como se a resposta o agradasse.

Sua mente dava voltas, ela apertou as mãos e perguntou com cautela:

- Mais ou menos, depois do divórcio, Sr. Jorge casaria a Sra. Ester na primeira hora.

Ao mencionar Ester, a tristeza no rosto de Jorge foi aumentando, perguntou olhando de lado para ela:

- Está me testando?

Claro que Natália queria testar se ele se casaria com Ester e queria saber o quanto realmente gostava dela.

Natália tentou manter a compostura, disse:

- Só estou curiosa sobre o amor entre o Sr. Jorge e Sra. Ester. Testando? Preciso mesmo testar isso? O que eu ganho com isso?

Mesmo que a explicação de Natália fizesse sentido, Jorge não acreditava nisso.

Ele sempre se sentiu como se ela quisesse dizer algo mais.

Mas não sabia dizer exatamente o que era.

Era apenas um sentimento lá do fundo que dizia que ela tinha outra intenção.

Neste momento o carro estava estacionado na frente do prédio da empresa, normalmente Jorge estacionava na garagem mas, dessa vez, parou no estacionamento de cima.

Natália abriu a porta e parou ao lado do carro, esperando Jorge ir na frente para ir atrás dele.

Jorge olhou para ela e Natália tentou dar um sorriso:

- Não ouse causar problemas para o Sr. Jorge.

- Por que acha que eu me importo? - Ele perguntou de uma forma delicada, olhando para ela:

- Será que é porque você sabe o que eu estou pensando?

Natália ficou em silêncio.

Ela deu um passo para trás ao ver outro carro se aproximando, se afastando por completo dele.

Jorge olhou de relance para ela e foi em direção ao prédio.

O calor do sol da manhã aliviava a tensão do clima do trabalho, até mesmo o prédio parecia descansar.

Aquele carro que acabou de chegar era de um empregado do Grupo Maré, do departamento técnico. Ele se aproximou ao ver Natália ali de pé e perguntou:

- Você também trabalha para o Grupo Maré?

Natália sorriu com educação, respondeu:

- Trabalho sim.

- Vamos entrando. - O homem tinha um par de óculos com armação redonda, uma pele clara e um olhar suave.

- De qual departamento você é? - O homem perguntou.

- Sou tradutora.

- Ah sim. - O homem deu uma pausa e disse:

- Imagino que você seja nova aqui, não tinha te visto antes.

- Bem, estou aqui há alguns dias. - Enquanto falava, olhou para Jorge passando pela entrada e pela recepção.

De repente, uma sombra preta saltou na direção de Jorge...

- Vai para o inferno! - Quem pulou foi uma mulher, segurando uma faca afiada, bem preparada.

A lâmina brilhava com uma luz fria e atirou na direção das costas de Jorge.

- Cuidado!

Em um piscar de olhos, Natália correu até lá.

Ela não podia pensar naquele momento, não que fosse corajosa o suficiente para não ter medo da morte, mas perdeu a cabeça ao pensar que o Jorge poderia ser o pai de seu filho.

Ou talvez uma mulher tenha um certo apego com seu primeiro homem.

Em um instante, ela perdeu a cabeça e defendeu Jorge do perigo.

Jorge se virou ao ouvir o grito e a viu pulando na direção dele, assim como Fátima, que estava segurando uma faca.

Bam!

Natália caiu em seus braços, assim como a faca na mão de Fátima...

Ela recobrou a sanidade naquele momento. Será que ela morreu?

Ainda não houve tempo para confirmar se ele era o homem daquela noite e se ele era o pai de seu filho.

Sua mente foi preenchida por muitas ideias, eventos antigos, sua mãe, seu irmão, momentos felizes e infelizes, e o bebê na barriga dela.

Ela não queria morrer, não pensava e não tinha vontade de morrer.

Assim que compreendeu a situação, seu corpo reagiu e empurrou com as mãos para tentar se livrar.

Mas uma força a apertou ao redor da cintura, seu corpo bateu com força em um firme e duro peito, tão apertado que ela não conseguia mover.

Ela se arrependeu.

Mas não havia como se arrepender.

Ela fechou os olhos, aceitando o destino.

Esperava que a dor não viesse tão rápido, gostaria de viver mais um segundo.

Havia gritos por seus ouvidos.

Um segundo, dois segundos, três segundos…

A dor não veio.

Ela abriu os olhos, viu Jorge olhando para ela, com seu rosto que mudava de expressões demonstrando o choque, surpresa, um pouco de medo e gratidão.

Parecia não esperar que ela entraria na frente dele apesar do perigo. Seus olhos acompanhavam o sorriso ao perguntar:

- Você sabe o que está fazendo?

A única coisa que Natália pensava era por que não sentia dor?

Ao se virar, viu Jorge pegando a faca que estava prestes a perfurá-la com suas próprias mãos, a ponta da lâmina parou a poucos centímetros dela, quase encostando, o sangue vívido escorria pelos seus dedos.

Fátima encarou Jorge com olhos furiosos, irritada por não ter esfaqueado ele até a morte.

- Eu vou matar todos vocês! - Fátima, como se estivesse possuída, puxou a faca para atacar novamente.

Como se não fosse parar até que todos estivessem mortos.

Jorge franziu um pouco a testa.

- Você tirou tudo de mim, eu vou te matar! - Fátima parecia completamente insana, pulou num ímpeto.

Jorge enrolou seus braços ao redor da cintura de Natália, rodou os corpos e, com um chute de suas longas pernas, desarmou Fátima.

Os seguranças da empresa, ao ouvir a agitação, vieram correndo para deter Fátima, que foi jogada no chão. Se debatia e cuspia, quebrando a imagem de mulher graciosa.

- Me larga ou vou processar vocês por assédio.

Neste momento, mais pessoas chegavam para trabalhar, e uma roda de pessoas se formou na entrada.

Uma verdadeira bagunça.

As pessoas pareciam surpresas com a farsa.

Tentavam aproximar os ouvidos para entender o que estava acontecendo...

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