O Vício de Amor romance Capítulo 46

Natália parecia confusa, não tinha anestésico no kit, e mesmo assim não saberia usar porque nunca havia estudado isso, não era algo para se usar de qualquer jeito.

Como ela aliviou a dor?

- Por que não vai para o hospital, parece que está muito grave...

Seu hálito quente e úmido a envolveu em um instante.

Em seguida, seus lábios foram amarrados em um beijo que fez Natália se perder em seus pensamentos, suas mãos, que tentavam se separar dele, foram agarradas primeiro, não tinha como se mover.

O beijo de Jorge tinha mais paixão do que antes.

O corpo de Natália estava completamente rígido, mas ainda sim fechou os olhos para saborear o momento.

Ela queria saber se havia algum sentimento como naquela noite.

Seu coração parecia que ia pular para fora de seu corpo naquele momento.

Ela queria esquecer, mas se lembrou dos sentimentos claramente.

Seus sentimentos em relação a Jorge eram profundos, enquanto ele estava confuso e pouco sóbrio, não se lembrava dos detalhes daquela noite, as memórias eram vagas, apenas se lembrava de ter transado com uma mulher e tirado a virgindade dela.

Ele tinha uma responsabilidade.

O impulso e a felicidade que sentia com Natália eram coisas que nunca havia sentido de Ester.

- Não estava com medo? - Os olhos dele eram muito bonitos, como se houvesse um oceano dentro deles, límpido e profundo, com uma pitada de mistério. Olhou para ela e disse:

- Não sabia que aquilo era perigoso?

O salto dela para cima dele o deixou bastante... surpreso.

A respiração de Natália falhou ao lembrar do medo que sentiu. Como não estaria com medo? Mas foi uma situação que a fez agir daquela forma inconsequente.

Talvez não tivesse feito isso dessa forma se tivesse tempo de se acalmar por uns dois ou três segundos.

Agora ela se perguntava por que Fátima poderia fazer algo tão imprudente, o que a levou a isso?

Será que foi algo que aconteceu naquela noite que foram até a mansão da família Ribeiro?

O olhar de Jorge passou pelos lábios úmidos dela. Dessa vez ela também parecia sentir repulsa, mas não tanto quanto antes.

Talvez estivesse se acostumando aos beijos dele?

- No que está pensando? - Jorge pegou a gaze e enrolou a ferida.

Natália se distraiu ao vê-lo cuidando do ferimento, disse:

- Ainda não está limpo...

- Não tem problema. - Ele disse em um tom fraco.

Natália observava os movimentos dele e perguntou o que tinha em mente:

- A Fátima é maluca? Como ela ousa vir aqui e fazer um barraco. Naquele dia você não molestou...

O olhar de Jorge era distante e sombrio. O que ela queria dizer?

Será que duvidava dele?

Era um mistério. Natália achava que se Fátima estava tão desesperada a ponto de vir aqui, fazer aquela cena e cometer um ato terrível, talvez algo tivesse acontecido, caso contrário não faria tal coisa.

- Eu não fiz nada! - Ele quase gritou.

Que tipo de pessoa ela pensa que ele é? Alguém que pode paquerar com qualquer mulher?

- Então por que ela iria vir aqui fazer esse escândalo, ainda por cima tentar te matar? Era uma situação estúpida, mas ninguém faria algo tão maluco sem que fosse motivado pelo desespero.

Natália não conseguia entender, mas Jorge sabia disso e ele achava que tinha algo a ver com Santiago. Seu olhar ficou mais sério.

Jorge não disse nada, então Natália imaginou que ele também não soubesse.

- Tudo bem, vou fazer o meu trabalho. - Ela guardou o kit médico enquanto pensava nessa dúvida. Jorge respondeu com um tom fraco, pensando em algo, e avisou:

- Santiago voltará por sua causa daqui um ou dois dias, eu acho.

Natália parou e se virou para ele, disse:

- Como você sabe?

Depois de fazer a pergunta, ela pareceu sentir algo mais, continuou:

- Algo a ver com o Grupo Flores, e também com você?

Ela não sabia dos detalhes mas com certeza existia uma ligação direta com Jorge.

Caso contrário Fátima não estaria tão insana.

- Por que você fez isso? - Natália não sentia nenhuma simpatia por Fátima, nem por Santiago, só estava confusa com o que Jorge estava fazendo.

Jorge zombou:

- Ela pode fazer essas barbaridades, mas eu não posso usar os meus truques?

Natália suspirou, seria uma vingança pela noite do jantar?

Ela tomou nota de nunca ofender esse homem no futuro.

Assim que Natália estava pronta para sair, alguém bateu na porta.

Jorge se levantou, foi até sua mesa, se sentou e disse baixinho:

- Pode entrar.

Lucas entrou no escritório com papéis na mão, congelou com a surpresa de ver Natália ali com ele.

- Aqui está toda a informação sobre o Grupo Flores. - Lucas entregou a pasta.

Natália parou ao ouvir “Grupo Flores”, querendo se meter em algo que não sabia.

- Quer ver? - Jorge perguntou, sabendo o que ela estava pensando.

Natália acenou de sim e respondeu com honestidade:

- É claro.

Ao invés de pegar os papéis, disse olhando para Lucas:

- Entregue para ela.

Lucas estava boquiaberto.

Como é que o Presidente Marchetti e Natália se aproximaram tanto?

Seu olhar embasbacado não compreendia o que Jorge tinha em mente.

- Lucas? - Natália estendeu a mão, mas Lucas só entregou após ouvi-la.

- Ah, aqui está. - Lucas entregou o documento para ela.

- Estes são os negócios do Grupo Flores dos últimos anos. - Disse, com desprezo:

- Indo de mal a pior, ano após ano.

Lucas não desprezava Santiago, mas Santiago não dava um bom exemplo em nada do que fazia.

O Grupo Flores era uma empresa familiar, fundada pela geração do avô de Santiago e, embora não tivesse decolado, a empresa crescia de forma constante.

Mas quando foi a vez de Santiago, que assumiu a cerca de 20 anos atrás, houve dois grandes transtornos: o primeiro foi há 19 anos, quando quase faliu, em seguida, casou-se com Fernanda para salvar a queda.

A crise dessa vez também era culpa dele, mesmo que Jorge não tivesse causado problemas para a empresa dele, não teria como salvar a empresa.

Natália já sabia que havia algo de errado com a empresa de Santiago, mas não sabia que era tão sério.

Santiago ficou um pouco chateado quando ela pediu que ele se divorciasse de Fátima, e agora que ele conseguiu forçar Fátima dessa forma, Natália achava que Santiago estaria mesmo em apuros.

Não havia a emoção da vingança, somente uma forte tristeza.

Ela deixou os papéis e levou o kit médico.

Tudo correu como Jorge esperava.

Natália voltou para mansão após o trabalho e se encontrou com Santiago.

Parecia que ele queria pedir algo, além de devolver o restante das coisas que ainda não tinha entregado, junto do piano.

Joana ficou sabendo que ele era o pai de Natália e foi hospitaleira como de costume.

- Seu pai te esperou por muito tempo, disse que esses eram os seus favoritos, e mandou para cá porque não sabia se estava acostumada com as coisas daqui. - Joana disse enquanto servia mais café e viu Natália chegando.

Natália olhou para Jorge, que não demonstrava muitas emoções em seu rosto, tirava seu terno com uma das mãos quando Natália se aproximou.

- Suas mãos estão machucadas, deixa eu te ajudar.

Jorge deixou Natália “servir” a ele, soltando as mãos e dizendo um “aham” abafado.

Joana observava os dois com um sorriso no rosto, seus olhos também sorriam e se apertavam ao ver que eles estavam se tornando cada vez mais um verdadeiro casal.

Santiago se levantou, meio desajeitado.

Ele não esperava que Natália fosse tão próxima a Jorge.

Não achava que Natália fosse bonita até hoje, o que Jorge tinha visto nela?

Natália pendurou o paletó de Jorge antes de entrar, disse sem demonstrar nenhuma expressão:

- Por que veio aqui?

Santiago percebeu algo naquele momento, ela não o chamava de pai desde que retornou.

Será que era o rancor de ter sido enviada para o exterior?

- Nati... - Santiago disse, meio hesitante.

Ele estava prestes a se tornar um pobre, talvez até fosse preso, então não se importava mais com sua dignidade.

Natália se sentou ao lado de Jorge, na frente do Santiago, a quem deveria passar uma impressão, fazendo-o sentir que a relação dela com Jorge era realmente boa.

- Eu não te dei tudo da última vez, ainda faltavam algumas coisas, como o piano que sua mãe te deu de aniversário, trouxe aqui especialmente para você...

- Peça logo o que quer, sei que não é um pai amoroso o suficiente para vir aqui me trazendo presentes.

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