O Vício de Amor romance Capítulo 47

Ela pensou que poderia ficar calma, que o aviso de Jorge teria preparado ela, mas toda a dor e sofrimento do passado, que sempre estiveram em seu coração, vieram à tona ao ver Santiago.

Ela achava que tinha deixado o passado para trás, mas isso não aconteceu.

A expressão de Santiago não era boa, agora era ele quem tinha que implorar mas não tinha dignidade restante, com que cara faria isso?

O baque de seus joelhos caindo no chão, aos pés de Natália, implorou:

- Nati, a empresa está prestes a quebrar. Houve um colapso do projeto e eu tive uma discussão com os proprietários, e o pior é que pessoas se feriram. Papai está desesperado, ajude o papai dessa vez.

Ele já estava enfrentando um processo judicial por causa do projeto e agora acabou envolvendo vidas. Por sorte, Natália havia dado a ele o contrato de Baía Rosa, o que ele vendeu e levantou algum dinheiro para tranquilizar a família e os compensar financeiramente, resolvendo isso em segredo.

Mas o incidente do colapso do projeto foi algo muito sério, ele deveria ser responsabilizado.

A empresa enfrentava o fechamento devido à uma grande quantia de dinheiro investido no projeto que não poderia ser recuperado, quebrando a cadeia de capital.

Natália via o homem ajoelhado a seus pés, com seus punhos cerrados e trêmulos, mas não queria reconhecer a relação de pai e filha com ele, além de não querer admitir que já havia sido abraçada por ele ou chamado ele de “papai”.

Que homem era esse Santiago.

De joelhos, naquele momento.

Ela estaria mentindo se dissesse que não sentia nada, ainda não estava tão dessensibilizada.

Natália não disse nada, Santiago imaginou que ela não queria dizer nada por causa da raiva que ele via nos olhos dela, exclamou:

- Eu fiz o que me pediu da última vez, Fátima e eu nos divorciamos, mandei ela embora sem que levasse nada.

Era por isso que Fátima estava descontrolada, antes de se casar com Santiago ela era uma acompanhante sem grana ou poder mas, depois que se casou, foi viver uma vida rica de madame.

Como sobreviveria largada dessa forma?

Ela já tinha se misturado com os círculos de mulheres da alta sociedade, não aceitaria se diminuir e aceitar trabalhos inferiores.

Estava acostumada a se sentir superior aos outros.

Além disso, Santiago a culpava pelo que tinha acontecido na empresa, dizendo que a crise era porque ela havia irritado Jorge, arranjando mais problemas para ele ao invés de agradá-lo.

Ele também tinha dito que Natália o ajudaria com a empresa caso ele se divorciasse de Fátima.

Santiago, então, arrastou Fátima para o cartório para resolver o divórcio.

Em seguida, Fátima pôs tudo a perder com Jorge, por que ela deixou Santiago trazer Natália e sua mãe de volta do exterior se ele não tivesse mentido, fingindo a deficiência?

Ela não teria deixado Natália se casar com Jorge sem que ele fingisse sua deficiência.

Mas não foi isso que aconteceu, ela não teve medo de uma vingança de Natália e ficou maluca tentando fazer o Jorge ficar com a filha dela, acabou ficando sem nada.

É tudo culpa do Jorge.

Se ele tivesse fingido ser cadeirante, tudo seria diferente.

Natália tentou sorrir, mas não podia, o homem foi tão cruel como sempre.

Primeiro com ela e sua mãe, agora com Fátima.

- Nati, o papai sente muito, de verdade, eu realmente não deveria ter abandonado sua mãe e você. - Os olhos de Santiago estavam vermelhos, disse quase chorando:

- Eu não teria sido tão implacável se Fátima tivesse me dado um filho naquela época, sabe como é, você tinha dez anos de idade, sua mãe não engravidava de novo, sou um homem, precisava de um filho...

- Já chega! - Natália não ouvia. Filho? Filho?

Ela comia tanto as unhas que já estava mordendo a pele das mãos sem perceber.

Ela se tremia por inteiro.

Jorge estava perto dela e notou sua agitação, pegou na mão dela com sua mão que não estava ferida e a envolveu por completo na sua palma.

As palmas dele eram grandes, quentes e firmes.

Mesmo assim, de alguma forma, isso acalmava a mente dela.

Natália foi ficando mais calma.

- Vai embora.

- Nati...

- Para de falar isso, mais uma palavra e eu nem quero mais saber disso. - Natália deu um grito meio baixo, parecia perder controle de suas emoções, ficando agitada com as palavras dele.

Como se Santiago tivesse feito algo que a impedia de se controlar.

- Fica calma. - Jorge apertou os ombros dela.

Santiago ainda tinha algo a dizer quando Jorge o interrompeu:

- Se quer ajuda, saia daqui agora!

Santiago, embora relutante, não ousou ficar mais tempo.

A sala logo ficou quieta, Joana nem tentou dizer nada já que estava de fora, esperava um pai visitando a filha, um laço familiar, mas não tinha ideia da disputa entre eles dois.

Joana sentiu pena de Natália.

As crianças sempre são as que mais sofrem quando os pais se separam.

Natália enxugou as lágrimas do seu rosto e disse:

- Fiz vocês passarem por essa vergonha.

Ela continuou olhando para baixo, com o cabelo cobrindo o seu rosto.

Jorge se manteve calado, não disse nada para confortá-la.

Algumas coisas não podiam ser amenizadas com algumas palavras de conforto.

Muito menos isso.

Por mais que odiasse Santiago, ver ele naquela situação não devia ser bom para ela.

- Vão querer comer alguma coisa? Podem deixar que eu preparo. - Joana tentou aliviar o clima um pouco.

Natália entendeu a bondade de Joana e disse:

- Eu quero comer algo doce.

Quando ela estava grávida, ela não gostava de nada azedo ou picante, mas preferia doces.

- Muito bem, vou preparar sagu de vinho. - Joana foi até a cozinha e, ao chegar na porta, olhou o casal no sofá e sorriu.

Houve um momento de silêncio na sala depois que Joana saiu.

- Você fez isso? - Sem querer, sua pergunta teve um tom de questionamento.

- O que?

Natália levantou a cabeça para olhar nos olhos dele, sempre dizem que empresários são sujos, será que era o caso dele?

Faria o que fosse necessário para conseguir o que quisesse?

Mesmo que machucasse pessoas no caminho?

- O que quer dizer? - Seus olhos escuros o faziam parecer calmo, mas seu tom demonstrou raiva:

- Acha mesmo que eu faria algo que machucaria as pessoas?

Natália respondeu após três segundos:

- Não faria?

De repente, Jorge segurou o queixo dela, então disse:

- Que tipo de pessoa você acha que sou?

Ele devia ter algo a ver com o colapso e o desaparecimento do Grupo Flores.

O Grupo Flores era como um prédio danificado debaixo de um furacão, qualquer empurrão faria tudo desabar, então porque se envolveria com isso e com vidas humanas?

Ele não acreditava que ela pensava dessa forma.

Era a segunda vez hoje que ela suspeitava dele, primeiro se ele realmente havia feito algo com Larissa na mansão da Família Ribeiro.

E agora ela suspeitava de que ele havia machucado pessoas em seu caminho para conseguir o que ele queria.

O que ela pensava dele?

Ao encontrar os olhos furiosos dele, Natália percebeu que havia a possibilidade de estar errada:

- Desculpe, não queria duvidar de você.

Jorge se surpreendeu, mas não largou do queixo dela.

Ele ainda estava com raiva de sua dúvida.

Isso doía, suas mãos eram fortes e quase deslocavam seu queixo, ela não dizia nada, não reclamou, somente sofreu em silêncio.

A raiva de Jorge desapareceu no silêncio dela.

Ele aproximou seu rosto um pouco mais e disse:

- Se você ousar duvidar de mim mais uma vez com qualquer bobagem...

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