O Vício de Amor romance Capítulo 52

Em um momento a voz de Anderson a alcançou:

- Nati, sou eu.

A voz de Natália estava tensa.

- Sim.

Houve um silêncio antes que ele dissesse:

- Dona Marinalva está morta...

- O quê? – Antes que Anderson pudesse terminar sua frase, ele foi interrompido pela animação de Natália.

Como ela poderia estar morta?

Ela era saudável e não muito velha, então como ela morreria do nada?

- Nati - Anderson a chamou, suavizando sua agitação -, não fique ansiosa, não é tivemos que começar a investigar aquela mulher...

Natália agarrou o celular, nervosa, nem ela mesma sabia por que estava tão inquieta. Por que suas expectativas eram destruídas? Ela não sabia.

Ela só sabia que sua mente estava perturbada.

Ela baixou os olhos, perguntou:

- Nenhuma pista?

Estava pensando demais?

Anderson ficou em silêncio.

Nenhum deles desligou, mas tembém não falaram.

O ambiente estava tão silencioso que eles conseguiam ouvir claramente a respiração um do outro.

Por muito tempo.

Anderson abriu sua boca:

- Nati... - ele hesitou -, você está mesmo curiosa em saber quem é o pai da criança?

Natália olhou para os próprios pés, a luz se derramando fracamente no lado de fora, movendo sombras, e ela se perguntou.

Queria saber o pai do filho?

Quando essa ideia surgiu?

Foi catando pistas de Jorge que o impulso surgiu.

- Se a resposta desapontar você e não for quem você pensa que é, você ainda gostaria de saber? – Anderson continuou.

Uma pergunta depois da outra. Ela não sabia responder.

Talvez ela também estivesse confusa.

- Por que você não está falando? – Anderson disse com certa força.

Existem milhares de sentimentos diferentes nesse mundo.

Existe o dito amor que surge com o tempo.

Ela e Jorge desenvolveriam esse laço uma vez que vivessem sob o mesmo teto?

Foi por isso que Anderson a pressionou:

- Nati...

- Estou ouvindo. - Natália o interrompeu, com medo de que ele dissesse algo que ela não pudesse responder.

Era noite a essa hora em Atalaia. Anderson estava de pé no meio fio de uma estrada, em um país estranho. As lâmpadas da rua brilhando sobre o chão, se estendendo ao longo...

Ele olhou para baixo, para sua própria sombra. Ele também queria saber se o homem daquela noite era quem Natália suspeitava: Jorge.

Mas a mulher estava morta e as gravações das câmeras do hotel foram apagadas.

Ele descobriu. Levou a foto de Natália e perguntou pelo hotel e um garçom a reconheceu e contou a ele com riquez de detalhes.

É isso mesmo.

Aquele homem era Jorge.

Ele não queria admitir, ou talvez ele não quisesse que Natália soubesse.

Tem uma criança envolvida, e mesmo que Jorge não gostasse dela, seria por causa da criança que...

Ele não ousou pensar sobre isso.

Ele não queria que Natália soubesse.

Ele gosta dela e quer cuidar dela.

Estava claro que ele a conheceu primeiro.

Ele a conheceu quando ela era uma criança.

- Nati, eu descobri quem é o homem daquela noite… - Anderson agarrou seu celular com força.

O coração de Natália pulou e ficou preso em sua garganta.

De repente, ela estava envolta em sombras. Ela se virou, o visitante estava contra a luz, suas feições encobertas pelas sombras e, por um momento, os olhos dela se encheram de tensão e cautela quando ela viu quem estava atrás dela através da sala obscurecida pelas sombras.

E mesmo assim, uma antecipação inexplicável surgiu.

Esperou que Anderson dissesse o que ela achava que ele diria.

- É um cara local. – A voz de Anderson veio através do microfone.

A resposta explodiu no coração de Natália como um trovão abafado.

Um local?

Isso significa que o que ela percebeu em Jorge foi uma coincidência.

Seus palpites estavam errados?

- Nati, você está ouvindo?

- Eu tenho algo para fazer, vou desligar agora. – Desligou o celular em pânico, ela estava tão confusa que derrubou o celular com um baque.

Ela estava prestes a se abaixar para pegá-lo, quando Jorge se abaixou primeiro. Ele olhou para o número na tela do celular e estreitou ligeiramente os olhos.

- Quem era no celular que você ficou tão nervosa em me ver?

Natália fingiu estar calma, disse:

- Não estou nervosa, foi você que apareceu do nada e me assustou.

Jorge riu enquanto ainda abaixado e olhou para aquela mulher extremamente calma:

- É mesmo?

Natália se sentiu calafrio com o olhar dele, sua garganta apertada demais para falar, quando Joana apareceu com uma maçã cortada, para o seu alívio.

Essa é maçã Fuji, bem crocante, prove. - Joana colocou as maçãs na mesa.

Natália se afastou rapidamente do olhar de Jorge e foi provar as maçãs. Elas eram, de fato, crocantes, doces e suculentas. Ela pegou um pedaço e entregou a Jorge.

- Você gosta?

Jorge abaixou os olhos, sem se mover, apenas olhando para a mão dela com a maçã.

Natália passou pelos lábios dele mais uma vez, o suco da maçã lhe manchando os lábios, frio, mas o doce palpável.

Natália piscou, disse:

- É muito doce.

Jorge mordeu e lançou a ela um olhar:

- Já que é tão compreensiva, não vou ir mais longe essa vez.

Ele sabia que ela estava divagando de propósito.

Joana sorriu e, sabiamente, deixou o espaço, indo para o lado fora assistir a faxineira trabalhar.

Natália franziu os lábios e não ousou retrucar enquanto ele mastigava a maçã e desabotoava o terno, o largando no sofá. Sentado no sofá, viu o piano e perguntou:

- Você sabe tocar piano?

Natália se virou, olhou para o piano e assentiu:

- Eu costumava tocar, mas não toco faz muito tempo, meus dedos estão destreinados, eu acho.

Com isso, ela olhou para os próprios dedos.

O olhar de Jorge seguiu o dela. Os dedos eram esguios e sua pela era pálida, apenas a palma era calejada. As sobrancelhas dele franziram e ele estava quase pegando a mão dela quando ela se levantou e seguiu para o piano.

Ela sentou com suas costas contra a luz, os dedos pousando suavemente nas teclas, um ruído saindo deles com o impacto.

Prazeroso de ouvir.

Ela fechou a mão, buscando emoção. Tinha sido um longo tempo desde que ela tinha tocado, mas ela tinha estudado por anos e ainda tinha coragem para tentar de novo.

Ela fechou os olhos e respirou fundo, os dedos colocados nas teclas de forma delicada.

Quando seus dedos pressionaram as teclas, a melodia cadenciada de Noites de Moscou emergiu lentamente.

Foi a primeira música que ela aprendeu e a sua favorita.

O passado emergiu em sua mente, cena por cena, felizes, tristes...

Ela era jovem, mas já tinha vivido tanta coisa.

Jorge olhou para as costas dela como se contemplando algo.

Os calos nas mãos seriam resquícios do tempo dela em Atalaia?

Será que machuca ser abandonada pelo próprio pai?

Ele estava perdido em pensamentos quando foi interrompido por um celular tocando, ele não parecia feliz com o toque fora de hora. Uma careta crescendo em seu rosto enquanto Natália pareceu ouvir o som e parou de tocar.

O ambiente estava subitamente silencioso.

O toque do celular se tornou mais alto.

Natália se levantou e andou, como se curiosa com o porquê de ele não estar atendendo.

Se aproximando, ela viu o nome na tela. Ester.

Natália sentou de frente para ele, perguntou:

- É a Sra. Ester, por que não atende?

Jorge a fuzilou, como se a ressentisse por falar demais.

Estava claro que ele não queria atender, por isso não atendia.

E a pessoa ligando era tão persistente, que o celular continuou tocando.

Natália disse sorrindo:

- Você está com medo de que eu ouça vocês cochichando? Então não vou te atrapalhar...

Com isso, ela levantou e estava prestes a sair quando Jorge lhe agarrou o pulso e puxou tão forte que Natália caiu em seu colo. Ela tentou se mover, mas Jorge a agarrou pela cintura e a segurou firmemente.

Atendeu ao telefone com a outra mão...

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