O Vício de Amor romance Capítulo 55

Não foi que Jorge não soubesse que Ester praticava certas artimanhas, é só que a notícia do aborto foi um grande choque.

Uma mulher que esteve com ele por tanto tempo, que lhe entregou seu corpo, sofreu um aborto. Não importa se ela apronta vez ou outra.

Jorge olhou para baixo enquanto fez um “aham” baixinho.

Ele não parecia querer falar sobre Ester.

Natália não tinha certeza do que pensar, mas queria ouvir ele mesmo fala.

- Depois do divórcio, você irá se casar?

A mão que segurava a xícara de café deu uma leve tremida antes que ele a colocasse na mesa com um movimento suave, limpando a boca com um guardanapo antes de levantar os olhos.

- Eu irei me casar com ela.

Com isso, ele levantou e deixou o lugar.

Ele a ama, com toda a certeza.

Natália não tinha nenhum apetite, mas terminou o leite e o ovo frito que Joana tinha preparado pela saúde do bebê.

Depois do café da manhã, ela também deixou o local.

Agora ela tinha que encontrar uma casa para morar.

Para a sorte dela, não levou muito tempo para encontrar um lugar com dois quartos e grande o suficiente para ela e Fernanda. O preço estava bom, então ela fez o depósito e o alugou.

Depois de assinar o contrato, ela se despediu do corretor e esperou por um táxi na calçada.

Ela sacou o celular e olhou a hora, 08:50. Dez para as nove. Estava um pouco preocupada que talvez não conseguisse voltar a tempo. Não era fácil conseguir um táxi ali, então já era quase nove quando Natália conseguiu.

Já no carro, ela ligou para a mansão e foi atendida por Joana.

- Se Lucas chegar ai, diga a ele para esperar por mim, chegarei em breve.

Ela não queria passar a impressão de que não queria o divórcio e estava ganhando tempo.

Joana concordou e Natália desligou. Ela estava prestes a colocar o celular no bolso do casaco quando ele tocou. Era Anderson.

Ela atendeu e, em um piscar de olhos, ela ouviu a voz dele.

- Nati, onde você está? Estou indo te encontrar. Estou de volta.

Natália olhou pela janela do carro. Ela estava fora de casa e tinha que ir até o Cartório com Lucas, não tinha tempo pra vê-lo agora, então ela disse:

- Eu te ligo de...

Antes que ela pudesse terminar a frase, o motorista girou o volante de forma agressiva enquanto passavam por um cruzamento, um caminhão vindo na direção do carro como se tivesse fora de controle.

Os olhos de Natália se contraíram de súbito, refletindo a expressão sinistra do motorista do caminhão.

- Nati!

Bam!

Houve um barulho ensurdercedor quando os veículos colidiram. O caminhão vinha tão rápido que o impacto lançou o táxi pelo ar, o fazendo girar algumas vezes antes de parar na beira da rua com as rodas para cima.

O caminhão pesado ainda correu por dezenas de metros antes de colidir com um painel publicitário.

- Nati… - O celular, que tinha caído, ainda funcionava.

A voz de Anderson parecia urgente, o barulho que ouviu uma indicação de que algo tinha acontecido.

O rosto de Natália estava coberto de sangue, não conseguia enxergar mais nada ao seu redor. Dor, dor, muita dor por todo lugar.

Não, ela não podia morrer. Ela tinha um bebê na barriga, ela não podia morrer.

Ela suportou a dor imensa e gritou:

- Alguém, por favor, me ajude...

A voz dela estava fraca.

Algumas pessoas ajudaram chamando a polícia e o SAMU, que vieram ao resgate das pessoas no carro.

- Ajude-me… - Natália foi perdendo a consciência e a voz ficando cada vez mais fraca, tão fraca, que ninguém conseguia ouvir.

E então, ela apagou completamente.

Quando ela acordou, o cheiro de água esterilizada estava forte em seu nariz.

Anderson ficou animado ao ver ela acordada e segurou-lhe a mão.

- Finalmente você acordou.

Os olhos de Natália absorveram os seus arredores. A enfermaria de um hospital.

- Você sofreu um acidente de carro causado por um caminhão com falha nos freios. Você já tinha sido socorrida quando cheguei lá.

Ela estava coberta de sangue naquele momento, sangue dela e do motorista do táxi.

Ele agarrou a mão dela com força.

- Você tem ideia do quão assustado eu estava? Eu pensei que estivesse morta...

Ele disse, batendo na própria boca:

- Tá vendo as palavras infelizes que digo.

Natália tentou se sentar e Anderson a segurou, não deixando que ela se movesse.

- Você não pode se mover, está machucada.

Natália franziu de dor.

Ela sabia que estava machucada, agora ela se lembrava do quanto doía.

A carranca de Anderson se aprofundou um pouco mais. Ele levou a mão de Natália até os lábios e a beijou, sua voz baixa vindo em seguida:

- Eu tenho duas notícias para você, uma boa e uma ruim. Qual você quer primeiro?

Natália abriu a boca, a voz saindo arranhada.

- Ruim.

Primeiro o amargo, depois o doce.

- Você tem um pedaçinho de metal enfiado nas suas costas que precisa de uma pequena cirurgia para ser removido, ou então, ele irá comprimir os nervos da parte de baixo da sua coluna e te impedir de andar.

- Natália deixou escaper um grande suspiro de alívio. Graças a Deus não era o bebê que estava em perigo.

Não era tão ruim, só machucava um pouco.

- E a notícia boa? - Ela olhou para Anderson, o rosto tão pálido quanto uma folha de papel com olhos e boca desenhados.

Não tinha nenhum resquício de sangue restante.

Anderson segurou a mão dela mais e mais apertado.

- Você está grávida de gêmeos.

O quê?

Como isso é possível?

- Você… do que você tá falando? Eu fiz um ultrassom e só tinha um...

- Dois. Um na parte de trás do útero, bloqueado pelo da frente, então não estava visível. - Dessa vez, já que ela estava muito machucada, foram feitos exames mais detalhados, com um ultrassom 4D, que é muito mais precisa que uma normal.

É a verdade, ela está carregando gêmeos.

Anderson não sabia o que pensar.

Estava em conflito, felicidade e tristeza.

Natália encarou o teto em silêncio, seu interior se revirando, incapaz de se acalmar.

Ela tinha um sorriso no rosto, mas lágrimas escorriam pelos cantos dos olhos e ensopavam os travesseiros.

Era uma piada daquele lá de cima, não é?

Ele percebeu que ela estava muito sozinha enviou dois anjinhos para lhe fazer companhia?

Ela era uma desgraçada sortuda.

- Nati... - Anderson segurou a mão dela, querendo dizer, pensou por muito tempo antes de decidir:

- Não tenha esses bebês, tá bem?

Natália olhou pra ele com espanto. O que ele disse?

Ele tem ideia do que está falando?

Ela lutou contra a mão que a segurava, resistindo em silêncio.

- Nati...

- Eu não quero ouvir uma palavra. E daí que o pai é um estrangeiro? Eles estão no meu corpo, são parte da minha vida, como eu poderia desistir deles?

Ela não desistiria.

Pos três meses, o sangue deles, a carne deles, a alma deles, se juntou à dela e se tornaram um só.

Como Anderson poderia não saber o quão importante os bebês eram para ela?

Ele lembrava claramente de ver ela se ajoelhar na frente de Fernanda e implorar para manter o bebê.

Ele também não queria que ela ficasse triste.

Anderson acariciou o rosto pálido dela, de forma gentil, suave, compassiva.

- Se você for anestesiada para a cirurgia, vai correr o risco de perdê-los.

O corpo dela tremeu levemente.

- Eu não posso fazer sem anestesia?

- Você não conseguiria suportar! - Anderson estava quase pulando em repreensão.

Uma cirurgia desse tamanho sem anestesia a mataria!

- Nati, tente compreender - Anderson tentou persuadir:

- Eles só têm três meses, depois, depois você ainda pode ter...

- Uma vida de três meses não é uma vida? - A atitude de Natália era firme:

- Eu não vou desistir.

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