Um amor de cabaré romance Capítulo 21

Eu pensei que eu iria deitar na cama e dormir em paz até a hora de ir pra faculdade, eu estava precisando descansar, mas não foi bem isso que aconteceu, muito pelo contrário, pois a paz havia tirado férias e só eu não sabia.

O meu sono não costumava ser tão leve, e pra eu acordar, a casa precisava está caindo, mas foi quase isso que aconteceu.

Eu escutei batidas absurdamente fortes na porta, eu dei um pulo da cama, e saí correndo, e estava com medo de abrir, pois a pessoa do outro lado parecia estar com tanta raiva, que estava descontando na porta, foi então que eu ouvi a voz rouca e grossa do Felipe mandando eu abrir e rapidamente eu a destranquei.

Ele entrou dentro de casa feito um cão raivoso, parecia estar descontrolado.

Eu fiquei olhando pro rosto dele sem entender exatamente o motivo pra ele praticamente quebrar a minha porta, ele estava tenso, sério, e com o maxilar rígido, e dava pra ver de longe, o esforço que ele estava fazendo pra se controlar.

Foi então que eu entendi tudo, apenas com a pergunta que ele me fez.

Eu sempre odiei rodeios, eu sempre preferi que as pessoas fossem transparentes e diretas comigo, e quando ele me perguntou quem eu atendi depois que ele foi embora do cabaré, eu me dei conta que ele já sabia o que tinha acontecido entre eu e o Fred.

Eu queria ouvir da boca dele uma pergunta clara e direta, embora eu já soubesse o que ele iria perguntar, então ele perguntou se eu havia fudido com o irmão dele, mas não foi uma simples pergunta, ele perguntou isso aos berros, tomado por uma fúria gigantesca.

Mesmo eu mandando ele parar de gritar e prestar atenção na forma que estava falando comigo, ele se aproximou de mim, e exigiu a resposta praticamente rosnando na minha cara.

Então eu respondi que sim, e que esse era o meu trabalho, mas na hora que eu iria falar como começou, ele voltou a gritar, e disse que eu tinha ido longe demais.

Eu não sabia em que momento havíamos chegado nessa posição, em que ele definia coisas na minha vida, como se ele tivesse algum direito sobre ela, eu definitivamente não entendia o motivo dele fazer tantas exigências, como se eu devesse algum tipo de lealdade a ele.

Eu havia acabado de conhecê-lo, nunca havíamos nos visto na vida, mas parecia que nos conhecíamos a décadas, parecia que éramos um casal, brigando e exigindo um compromisso inexistente.

Eu peguei toda a força que eu tinha e despejei no rosto dele o que ele havia feito comigo, me tratando como ninguém, me pagando por isso, e agradecendo pelos meus serviços, e demonstrando que eu era apenas uma garota de programa, que estava ali pra satisfazê-lo, oferecendo um sexo fácil, e eu realmente não sabia o que ele esperava de mim.

Foi então que ele fez todo um discurso alimentado pela mágoa, me lembrando que foi eu que fiz questão que ele me chamasse por Mila, e me tratasse como tal, sem contar que ele tentou por várias vezes me tirar da vida que eu levava, me fazendo propostas de ficar apenas com ele, e eu recusei, e como se não fosse o suficiente, ele me deu um ultimato, dizendo que se eu o quisesse por perto, eu teria que parar de me prostituir, se não, que eu falasse logo, pois ele não iria aguentar saber que eu estava dando a buceta pro irmão dele e pro resto da cidade.

As palavras dele me rasgaram inteira por dentro, me fez parecer suja, a pior pessoa do mundo e foi impossível evitar as lágrimas, que começaram a molhar o meu rosto.

Ele parecia decidido a resolver os nossos conflitos definitivamente, e perguntou se eu não iria responder nada, e então eu comecei a falar no mesmo tom de voz que ele, e despejei nele o que eu realmente pensava sobre aquilo tudo.

Ele era um homem rico, famoso e casado, e pra mim, não estava certo eu abrir mão da minha vida, pra ficar apenas com ele, sendo que ele tinha a mulher dele e a mim a disposição dele, como se isso fosse certo, como se só eu fosse a errada nessa história, perguntei qual nome daríamos pra isso, se eu seria a amante dele.

Quando eu falei isso, eu não esperava que ele me dissesse que a mulher dele havia saído de casa, que era pra eu não falar o que eu não sabia, que ele não teve paz desde quando me conheceu, e que me deu uma opção porquê havia enxergado quem eu era, sem a máscara que eu insistia em usar, e já que eu não conseguia fazer uma escolha, ele me deixaria em paz, pra eu continuar estragando a porra da minha vida.

Ele saiu da minha casa tão rápido, que não deu tempo nem de eu impedi-lo, eu fiquei travada, consumida pelo medo de tê-lo perdido pra sempre, de ter estragado algo que poderia ser bom.

O desespero tomou conta de mim, e tudo o que eu fiz foi chorar copiosamente.

Eu havia definitivamente perdido o controle da minha vida, e estava sendo tomada por um sentimento tão novo, tão intenso e tão profundo, que nunca antes eu havia desbravado, o amor.

Não existia outra definição pro que eu estava sentindo, como também não existia outra forma de vivê-lo, eu realmente precisava tomar uma decisão, antes que eu perdesse de vez a chance de ser realmente feliz, era algo inevitável, talvez imprudente, talvez insano e sem explicação, mas eu tinha certeza, era amor.

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