Um amor de cabaré romance Capítulo 22

Eu fui até a empresa, deixei o carro no estacionamento da fábrica, decidido a pegar as minhas coisas no escritório e voltar pra São Paulo pra colocar a minha vida em ordem, mas assim que o elevador abriu, o Fred estava nele, e dessa vez foi a vez dele de partir pra cima de mim.

Ele me devolveu o murro que eu havia dado, e em questão de segundos os seguranças o seguraram.

Fred: Manda esses caras me soltarem Felipe.

- Soltem ele, mandei.

O Fred ficou me encarando, mas não voltou a me agredir.

Fred: Que porra tá acontecendo com você? Porquê você ficou nervoso e com raiva quando falei da Mila?

Eu fiquei em silêncio, pensando se deveria ou não falar a verdade pra ele, e o que isso iria causar na nossa relação que sempre foi de amizade.

- Vamos subir e conversar no meu escritório.

Fred: Não vou pro seu escritório porra nenhuma, eu me demito.

- Não seja infantil Fred, você não quer saber os motivos pra eu agir assim?

Fred: Eu até já imagino Felipe, você é frequentador do Cabaré e já deve ter comido ela, e provavelmente está apaixonado, que decadência meu irmão, se apaixonar logo por uma puta.

Eu avancei novamente em cima dele, e o segurei novamente pela gola da camisa.

Fred: Vai me bater de novo? então é isso mesmo? eu tenho razão não é?

- Cala a porra dessa boca Fred, rosnei.

Fred: Me solta Felipe.

Eu o soltei, e me afastei antes que eu desse outro murro nele.

Fred: Era só você ter me falado que eu me afastaria cara, não precisava me bater, se você tivesse sido sincero desde o princípio, teríamos evitado muita coisa, você é uma babaca Felipe.

Ele saiu andando, dando as costas pra mim, e eu percebi que ele tinha razão, eu era mesmo um babaca.

Eu olhei ao redor, e havia vários funcionários me olhando e cochichando uns com os outros.

- O que foi? vocês não tem nenhum trabalho pra fazer no setor de vocês? saiam daqui, gritei.

Eu entrei no elevador, e fui até o meu escritório, peguei tudo o que eu precisava, deixei algumas recomendações com a Suelen e fui pro hotel pegar as minhas coisas, eu queria ir embora o mais rápido possível.

Eu nunca havia perdido a minha cabeça por mulher nenhuma, e mesmo com todo o esforço do mundo, eu não estava pronto pra esquecê-la, eu sentei na cama enquanto organizava as minhas coisas, e como se eu não tivesse mais nenhum pingo de juízo, e pensei um pouco e decidi ficar, eu queria fuder com ela uma última vez, antes de colocar um ponto final entre nós dois.

- Porra, que obsessão é essa? perguntei pra mim mesmo.

Eu deitei e fiquei olhando pro teto, tentando organizar tudo na minha cabeça, buscando o caminho de volta pra minha sanidade mental, mas eu estava tão cansado psicológicamente que acabei dormindo.

Quando eu acordei, já havia escurecido, e eu me dei conta que eu havia deixado de cumprir vários compromissos, tinha inclusive esquecido de me alimentar, coisa que se tornou frequente, desde que passei a dividir o meu tempo entre o trabalho e a Nicole.

Eu pedi a comida no quarto, e fui tomar um banho enquanto ela não chegava.

Eu fiquei tentando convencer a mim mesmo que aquela seria a última vez que eu iria ver a Nicole, embora o meu coração quisesse o contrário disso.

Eu comi, descansei mais um pouco, e quando deu 23:30 eu fui pro Cabaré.

Eu já havia perdido as contas, da quantidade de grana que eles já haviam lucrado comigo, pois toda vez que eu entrava lá, eu tinha que pagar.

Faby: Boa noite Sr. Gutierrez, como posso te ajudar hoje?

- Quero uma suíte e que você avise a Mila que eu estou esperando ela quando ela chegar.

Faby: Desculpe, mas isso não será possível.

- Porquê não?

Faby: A Mila chegou aqui e pediu pra eu avisar pros clientes que ela não irá mais trabalhar aqui, e agora ela está no escritório do Raul conversando com ele.

A notícia me pegou de surpresa, e eu não sabia o que pensar.

- Eu posso ir até o escritório?

Faby: Eu vou precisar perguntar pro Raul, só um momento.

Ela ligou pro Raul e logo em seguida permitiu que eu fosse até lá.

Faby: Dessa vez não vou acompanhá-lo, você já sabe o caminho.

- Obrigado Faby.

Quando cheguei no escritório dele, a Mila não estava lá.

Raul: Boa noite Sr. Gutierrez.

- Onde está a Mila?

Raul: Ela acabou de sair daqui, ela deve ter usado a porta dos fundos.

Eu dei as costas pra ele e saí correndo, na tentativa de alcançá-la.

Quando cheguei na rua, olhei pro lado e a vi um pouco distante, quase chegando no ponto dos mototaxistas, então eu voltei a correr antes que ela fosse embora.

- Nicole, espere.

Ela olhou pra trás assustada, e os olhos dela estavam vermelhos, era visível que ela havia chorado.

Nicole: O que você veio fazer aqui Felipe? veio passar na minha cara a vida errada que eu levo de novo? ou veio solicitar os meus serviços e pagar caro por eles?

Eu me aproximei dela e fiquei com medo dela se afastar, mas ela permaneceu parada, me encarando.

- Você não vai mais trabalhar no Cabaré?

Nicole: Não era isso que você queria?

- Então você fez isso por mim?

Ela ficou em silêncio, como se tivesse buscando coragem pra me falar algo.

Eu me aproximei ainda mais dela, e a envolvi pela cintura.

- Você não vai me responder?

Nicole: Eu não quero ser sua amante Felipe, quero algo real, verdadeiro, e alguém pra chamar de meu. Você chegou na minha vida e fez várias exigências, não aceitou me compartilhar com ninguém, e agora é a minha vez de fazer exigências aqui.

- E o que você espera de mim Nicole? que tipo de exigências você quer fazer?

Nicole: Você disse que a sua mulher saiu de casa, mas acredito que você e ela ainda continuam casados, estou certa?

- Sim, ainda não nos divorciamos.

Nicole: E você pensa em fazer isso? você tem planos de se divorciar dela?

A pergunta dela me pegou de surpresa, e eu ainda não tinha essa resposta, e ainda tinha o filho que a Marina estava esperando.

Nicole: Você não pretende se divorciar dela não é?

- Não é isso Nicole, existem outras questão envolvidas nisso tudo.

Nicole: Pois bem Felipe, eu não aceito dividir você com mais ninguém, ou você fica comigo ou com a sua esposa, você não pode ficar com as duas e nem eu vou fazer papel de amante. Essa é a minha única exigência.

Eu soltei a cintura dela, e senti toda a tensão ficar sob os meus ombros.

- Isso não é tão fácil quanto parece Nicole, são situações diferentes.

Nicole: Felipe, eu não abri mão da minha vida pra ter você só pela metade. Tome uma decisão, e só me procure quando tiver uma resposta.

Ela deu as costas pra mim, e saiu andando, e logo em seguida subiu na moto e foi embora.

E eu fiquei parado, no meio do nada, sentindo a vida me dar uma rasteira, sem se importar com as consequências da queda.

- Afinal, eu quero mesmo me separar? perguntei pra mim mesmo, mas não consegui ouvir a resposta do meu próprio coração.

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