Virgindade Leiloada romance Capítulo 19

Virgínia

Saí daquela praça de alimentação me sentindo terrivelmente triste e não tinha condições de voltar para a minha loja nesse momento.

No dia do leilão, quando um homem deu o lance de quinhentos mil para minha virgindade, eu tinha certeza de que ele deveria ser rico. Mas, saber que o Murilo era simplesmente um dos proprietários da FERZ, a maior empresa de cosméticos do país, era além de qualquer expectativa que eu viesse ter.

E agora eu estava grávida de um empresário milionário, CEO da maior empresa de produtos cosméticos no país e, inclusive, que estava também em outros países além do nosso.

Como eu vou me meter em algo assim? Eu não estava preparada para me envolver com uma pessoa de tão elevado nível social! Eu não tinha nem mesmo estudo para falar com esse tipo de gente, pensei com profundo desânimo.

Estava atordoada e vi a placa indicativa dos banheiros do shopping e fui diretamente até eles, pois sentia que as lágrimas cairiam a qualquer instante.

Entrei em um dos reservados e chorei. As lágrimas caindo aos borbotões e eu me entreguei ao pranto que não mais conseguia controlar.

Era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e eu não estava preparada, em hipótese alguma.

Eu não sabia o que era mais grave, em todo o drama que a minha vida acabara de se tornar.

Além do fato de estar grávida de um completo desconhecido, com o qual vivi apenas uma noite de sexo, maravilhoso, diga-se de passagem, mas ainda assim, apenas alguns momentos de prazer. Ainda tinha a forma pela qual nós nos conhecemos, que eu temia que viesse ao conhecimento de outras pessoas, além de nós.

Eu não estava preocupada com o que as outras pessoas pensariam de mim. Aquilo jamais iria me afetar. A minha maior preocupação, era de que os meus pais soubessem o que fiz, leiloando a minha virgindade em um clube noturno.

Se não houvesse a gravidez, a possibilidade de aquilo acontecer era mínima, quase inexistente, pois meus pais não tinham contato com pessoas que pudessem vir a descobrir esse segredo e contar para eles.

Mas a partir do momento que tinha uma criança e que o pai era um milionário, alguém que era alvo da mídia e tendo em vista o quanto estes eram sorrateiros e faziam de tudo por uma matéria sensacionalista, a minha história corria sérios riscos de ser descoberta e exposta para todo o Brasil!

Eu estava desesperada, agora. E arrependida. Não por ter feito o que fiz pensando sempre em oferecer o melhor que eu pudesse para a minha família. Eu não poderia me arrepender disso.

Por mais que eu tivesse convicção do quanto era errado pensar dessa forma, eu não teria contado ao pai do meu filho sobre a gravidez, se eu tivesse conhecimento de quem ele era na verdade.

Tudo o que eu queria na vida era oferecer condições dignas e dar conforto aos meus pais. Eu não estava em busca de riqueza e agora seria obrigada a conviver com pessoas bem acima da minha condição social e eu já conseguia imaginar tudo o que eu teria que enfrentar, sendo quem eu era.

Depois que chorei tudo o que estava sentindo, sentada na privada do banheiro do shopping, prestei atenção para ter certeza de que haviam poucas pessoas no local naquele momento e saí do compartimento reservado.

De frente a bancada espelhada, lavei meu rosto e tentei melhorar a minha aparência o máximo possível. Eu não queria que ninguém percebesse o que eu estava chorando.

Já recomposta, passei uma escova em meus cabelos, um batom nude em meus lábios e tentei sorrir para meu reflexo no espelho, para testar se conseguiria enganar a Mariana quando voltasse à loja.

Quando saí do banheiro, a primeira pessoa que vejo é o Murilo, encostado na parede do corredor e olhando em minha direção, aparentemente esteve a minha espera por todo aquele tempo.

— O que faz aqui? — Perguntei, me sentindo chateada.

Ele se desencostou da parede e veio ao meu encontro, e só então percebi que havia dito aquilo alto o suficiente para que outras pessoas ouvissem, chamando a atenção destes para nós dois e me senti imediatamente constrangida por minha falta de senso.

— Estava preocupado com você. -Ele disse, já parado à minha frente. — Só consegui perceber o quanto você estava atordoada depois que a vi caminhar diretamente em direção aos banheiros, parecendo um pouco perdida.

Murilo era um homem belíssimo e gentil, eu precisava ressaltar. Mas aquilo não mudava o fato de que éramos pessoas totalmente diferentes, em todos os sentidos.

— Agradeço por sua preocupação, mas estou bem. Foi apenas um mal-estar, algo comum a todas as mulheres grávidas.

Eu preferi mentir sobre o motivo que me levou ao banheiro, do que admitir tudo o que eu estou sentindo.

— Não é por que é algo comum, que não devemos nos preocupar. - Ele rebateu.

— Irei me cuidar. — Eu disse, tentando me livrar de sua presença inquietante.

— Gostaria de te acompanhar até a sua casa. — Sugeriu. — Não ficarei tranquilo até ter certeza de que está realmente bem.

Olhei para o lado, tentando evitar encará-lo ao dizer a mentira que pretendia.

— Eu vou me encontrar com uma amiga daqui há alguns minutos.

— Aqui mesmo, no shopping?

— Sim.

— Então, eu vou esperar com você.

— Eu ficarei bem! — Eu insisti. — Tenho certeza de que deve ser um homem bastante ocupado. Não precisa se prender tanto por mim.

— Preciso e irei fazer isso, sempre que for necessário. — Ele parecia ser um homem bastante determinado.

— Mas não é necessário! Eu estou bem e posso perfeitamente ficar em uma praça de alimentação de um shopping esperando por minha amiga sem precisar que você esteja me vigiando.

Assim que disse aquelas palavras, percebi que ele ficou magoado, pois seu olhar deixou isso bem claro. Só não consegui entender por que!

— Vamos nos sentar. — Ele me convidou, seu tom sempre gentil. - As pessoas já estão olhando para nós.

Olhei em torno e constatei que ele tinha razão e algumas pessoas que passavam realmente nos observavam, um olhar questionador em seus rostos.

— Vamos. — Eu acabei aceitando, pois entendi que era inútil ficar discutindo em pleno corredor.

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