Virgindade Leiloada romance Capítulo 8

Virgínia

A minha vida mudou completamente, de uma maneira totalmente positiva, após eu ter participado do leilão clandestino e eu não me arrependia do que havia feito para conseguir conquistar aquilo que eu tanto sonhava, mas que se eu fosse seguir o rumo natural das coisas, talvez nunca tivesse conquistado aquilo que hoje havia se tornado realidade.

Desde que comecei a trabalhar em uma loja de departamentos, eu sonhava em ter a minha própria, com a minha amiga Mariana, que teve sempre um talento tremendo para a costura e eu tinha certeza absoluta de que poderíamos alcançar o sucesso, caso fizéssemos uma parceria.

Pensamos em começar um negócio pequeno, que com o tempo se tornaria grande e lucrativo, mas mesmo algo assim demandava uma quantia mínima, que ainda assim, nós não dispúnhamos.

Mas depois que cada uma conseguiu ganhar, de maneira não convencional, pudemos fazer aquilo que desejávamos e agora nosso sonho se tornou realidade e hoje estaríamos inaugurando a nossa loja, em grande estilo, em um ‘shopping’ de um bairro nobre da capital carioca.

A Mariana e eu pedimos demissão no dia seguinte ao leilão e ela então pode se dedicar integralmente à costura e, junto aos modelos que já tinha prontos, nós conseguimos até mesmo organizar um desfile para a nossa inauguração.

— Estou tão ansiosa! - Mariana falou radiante.

Eu estava conferindo os últimos detalhes antes de abrir as portas e dar início a inauguração da nossa loja, enquanto as vendedoras contratadas por nós, ajudavam na tarefa e a adrenalina estava nas alturas, mas parei um instante para dar atenção aquela que era não somente minha amiga, como também minha sócia agora.

— Também estou. - Concordei sorrindo pelo nervosismo.

— Você acredita que alguém virá conferir o que nós preparamos? - A minha amiga perguntou, se mostrando insegura.

— Não podemos ficar nos martirizando com perguntas desse tipo, Mari. - Falei para tentar acalmá-la. - O mais importante, pelo menos no momento, é que estamos realizando algo que sonhamos por muito tempo e, caso não venha ninguém, nós vamos continuar tentando.

— Você tem razão, é claro. - Mari concordou. - Desistir não está nos planos, ainda mais depois do que nós fizemos para conseguir conquistar isso aqui.

Mariana fez um gesto amplo para indicar a nossa loja, que estava linda e eu estava muito feliz em estar vivenciando aquele momento.

— Independente de qualquer coisa, valeu a pena, Mari. - Disse, segurando suas mãos nas minhas e a encarando. - Não vamos ficar pensando sobre o que já passou.

— Eu…

— Podemos abrir as portas, Virgínia? - Uma das vendedoras contratadas perguntou, se aproximando de nós e interrompendo seja o que for que a Mariana pretendia falar.

Olhei para a minha amiga com curiosidade, só então prestando a atenção em como as suas mãos estavam frias e que ela parecia estar muito tensa.

— Vamos dar início às nossas atividades, garotas! - Falei para que todas ouvissem. - Depois nós conversamos, Mari. Mas seja o que for que esteja te perturbando, eu vou te ajudar, está bem?

— Sim. - Ela concordou e notei cair de seus olhos amendoados uma lágrima, algo muito estranho e que me deixou um pouco desnorteada.

A movimentação que teve início quando as portas da nossa loja foram abertas, não me possibilitou nenhum momento de descanso e não pude conversar de forma tranquila, como eu desejava, com a Mariana.

Nem mesmo durante o nosso horário de almoço nós pudemos ter realmente uma pausa, pois a Mariana e eu nos revezamos, de forma que a nossa loja contasse com uma de suas donas em todo o horário de atendimento.

Nos revezamos também no momento de nos prepararmos para o grande momento e quando chegou o horário previsto para início do nosso tão sonhado, e esperado, desfile de inauguração, cada uma ficou responsável por funções diferentes, além de termos contado também com profissionais capacitados para esse tipo de evento.

Apesar de tudo ter saído bem melhor do que esperamos, pois, além de termos recebido um público maior do que o que nós havíamos imaginado, como também o desfile atraiu um número de pessoas que nos surpreendeu, percebi que a Mariana não parecia tão feliz como deveria estar.

— Suas roupas são um total sucesso, Mari! - Falei, a abraçando, na tentativa de animar a minha amiga.

A nossa estratégia de divulgação nas redes sociais, atraindo público com sorteios de brindes de nossa loja, como também de ingressos para o nosso desfile, parecia ter sido bem assertiva e eu estava muito feliz por conseguir bem mais do que imaginei para aquele início de nosso negócio.

Mas mesmo diante de todo o público e das vendas que fizemos em nosso primeiro dia de funcionamento, a Mariana ainda estava visivelmente tensa e, agora eu pude afirmar com convicção, triste.

Nós estávamos supervisionando a retirada, por parte da equipe contratada para a organização do evento, de todo o aparato necessário para o desfile e só naquele momento nós duas pudemos ficar lado a lado e conversar com um pouco de privacidade, visto que todos estavam entretidos em suas respectivas atividades.

— Estou muito feliz por estarmos realizando nosso sonho, Vi.

— Mas você não parece uma pessoa feliz, Mari. — Falei de maneira direta. — Me conta, o que está acontecendo?

— Acho melhor conversarmos em outro momento, quando tudo estiver mais tranquilo. — Ela sugeriu.

— Não concordo. Você sabe que pode contar comigo e eu não vou te deixar ir embora do jeito que está.

Ela pareceu refletir por um momento sobre as minhas palavras e quando parecia disposta a me contar sobre o que estava fazendo com que ela ficasse naquele estado tão diferente do seu normal, fomos novamente interrompidas, dessa vez por um funcionário da empresa organizadora.

— Amanhã as coisas estarão mais tranquilas na loja e nós conversamos no horário de almoço, o que você acha? - Mariana sugeriu e eu precisei concordar com ela.

— Tudo bem. Mas, de amanhã não passa!

— Está bem. - A Mari concordou e nós fomos terminar de orientar a equipe.

Já era madrugada quando chamamos um táxi e cada uma pediu um táxi e seguiu seu destino para nossas respectivas casas. Mas no dia seguinte, eu iria descobrir o que estava acontecendo com a minha amiga.

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Apesar da promessa que fiz a mim mesma e de ter tentado em vários momentos conversar calmamente com a minha melhor amiga, dias se passaram sem que eu e a Mariana conseguisse de fato conversar da maneira tranquila como eu desejava.

Estavamos constantemente vivendo em meio a um correria que sempre era muito grande, pois, todas as nossas expectativas haviam sido ultrapassadas e a nossa loja era um sucesso total, atraindo várias pessoas diariamente para conhecer nosso estilo diferenciado, graças ao talento da Mariana.

Nós tínhamos conquistado uma clientela bem diversificada e várias pessoas elogiaram o nosso espaço, pela simplicidade e ao mesmo tempo, bom gosto, com que decoramos a loja, deixando o lugar de uma forma que todos pareciam apreciar. Nem eu mesma conhecia esse talento que possuía para decoração, mas agora, diante de tantas pessoas me parabenizando e elogiando os meus esforços, eu fiquei bastante feliz.

Muitos e diversos eram também os elogios a minha amiga e várias pessoas já haviam deixado claro o quanto estavam gostando das roupas que a Mariana criava, sendo necessário até mesmo contratar mais costureiras para a ajudar, dado o número de encomendas que tínhamos recebido no desfile e que só cresceram ainda mais após o sucesso estrondoso de suas criações.

Nós estávamos trabalhando bastante, e isso era ótimo, pois a loja já estava gerando lucros e o retorno estava sendo rápido demais para a nossa felicidade. Meus pais estavam tão orgulhosos de mim, que eu só conseguia sorrir... mesmo que em alguns momentos um sentimento de que algo faltava para me deixar plenamente realizada, eu não parava para pensar naquilo, apenas vivendo o momento e me esforçando ainda mais para fidelizar o público que conseguimos atrair.

Eu só tinha a agradecer e o fato de não ter tempo para quase nada, além de gerenciar o nosso negócio e tentar aprender cada dia mais sobre como fazer isso, procurando cursos online e tentando me qualificar cada vez mais.

Ninguém precisava saber sobre aquilo que me incomodava, mesmo que todas as noites, quando encostava a cabeça no travesseiro, as lembranças de uma noite quente, repleta de sensualidade e prazer me viessem à memória. Procurava sempre as afastar da minha memória, pois tinha convicção de que coisas mais importantes existiam e mereciam a minha atenção total e eu não tinha tempo a perder com algo que estava completamente fora do meu alcance.

Além de a nossa loja exigir tudo de nós, ainda tinha a Mariana, que a cada dia que passava estava mais introspectiva e estranha, não se abrindo comigo de forma alguma e que eu tentava, sempre que possível, saber como ela estava e se ela se sentia pronta a desabafar sobre aquilo que parecia estar tirando toda a sua alegria.

Mais importante que uma noite de prazer, era a minha amiga e eu não podia, de forma alguma, deixar que coisas sem importância ficassem entre mim e o que deveria ser as minhas prioridades.

Mas decidir era uma coisa e conseguir era outra totalmente diferente e, a cada dia que passava, mais e mais as lembranças da noite no clube me atormentavam, pois, até mesmo em meus sonhos, um par de olhos azuis cristalinos me assombravam e eu acordava desejosa de repetir aquela noite loucamente deliciosa.

Um mês após termos inaugurado a nossa loja, resolvi que a Mariana e eu estávamos precisando de um pouco de descanso, pois ninguém poderia trabalhar de maneira ininterrupta e nós não seríamos uma exceção.

Mesmo com todos os protestos da minha amiga, a arrastei para uma boate que seria inaugurada naquela noite e para qual nós havíamos ganhado convites diretamente de um dos donos, quando ele esteve em nossa loja acompanhando a filha em uma sessão de compras, algo que eu achei extremamente fofo e que me deixou encantada.

Agora que estávamos aqui, eu fiquei feliz por insistir com a Mariana para virmos e por aceitar os convites, depois de Arthur Rodrigues insistir bastante, até me convencer a receber o mimo.

O ambiente era simplesmente perfeito e repleto de pessoas bonitas, que pareciam estar se divertindo bastante e toda a vibração das pessoas me contagiou, algo que eu estava verdadeiramente precisando e só agora havia percebido.

Até mesmo a Mariana parecia estar mais leve e logo estávamos com drinques em mãos, rebolando ao som da música que se espalhava pelos ambientes da boate.

— Como você conseguiu os convites? — Mariana perguntou, parecendo realmente interessada.

— Um cliente me deu. — Contei de maneira breve, apenas para despertar a sua curiosidade.

— Ah! Conta mais sobre isso! — Ela falou, com a sua risada contagiante e há dias eu não ouvia.

— Menina, o homem é maravilhoso e esteve em nossa loja acompanhado da filha. — Comecei a falar, animada. - Ele é um dos donos dessa boate. - Falei em tom de cochicho, mesmo que a música estivesse nos proporcionando relativa privacidade.

— Nossa! - Ela falou, admirada.

Nós continuamos a conversar sentadas no balcão do bar, em uma das pontas, onde o movimento estava mais tranquilo e eu estava muito feliz em observar a minha amiga de volta ao seu comportamento normal, mesmo que ela não tivesse me contado o que estava fazendo com que ela estivesse tão distante.

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