POR Sophia Carson.
Pela primeira vez em semanas eu voltara a minha casa, agora parecendo abandonada ao relevo pelo modo como a grama havia tomado conta do jardim e a neve recaída sobre todo o telhado era um toque a mais.
O pequeno lar, continha minhas memórias de infância e se havia alguém agradecer, este seria meu senhorio, quem mais se parecia ao papai noel por sua grande barba e generosidade em nunca ter nos imposto aluguéis caros. Apenas cobrando o justo e esperando quando mamãe o atrasava um mês ou outro.
Agora, voltando-me para minha irmã, não me lembrava de Lanna ter saído de casa com tantas malas.
— Veio pra ficar? — Questionei-a após lhe dar um abraço.
— Você me conhece, é claro que não. Isso aqui é só pra garantir. Nessa cidade o clima nunca é estável e devo estar de acordo com as tendências.
— Isso não justifica você ter trago tantas coisas, mas deixa pra lá. Vamos entrar. — Disse destrancando a porta.
Poderiam ser as malas dela, mas a trouxa a carregá-las fui eu, enquanto que Lanna apenas vistoriava as inúmeras mensagens e notificações em suas redes sociais. Quando a puxei para dentro, a fim de tirá-la do sereno da noite, ela me puxou de volta para fora.
— O quê está fazendo? — Disse retirando meu pulso das mãos dela.
— Fecha logo a porta.
— O quê?
— Fecha logo essa porta, um amigo está vindo nos buscar. — Lanna disse colocando o celular no bolso e voltando a me puxar, agora com as duas mãos.
Para minha irmã, eu era considerada "careta" ao invés de ajuizada, como sempre pensei.
— Você está louca, eu não vou! — Corri para longe dela.
Ela poderia ser um ícone em elegância e sofisticação, mas para mim infelizmente, Lanna ainda era a mais velha e tinha sua técnica para me pegar.
— Se não for comigo, te infernizarei tanto que vai lamentar eu ter voltado maninha. — Falou deixando em claro o gênio difícil.
Voltei para o lado de Lanna e aguardei junto dela no portão de casa, até que um "amigo" apareceu para nos pegar.
Creio que ela esperava mais de mim, mas em plenos vinte e seis anos eu já não tinha um por cento da animação que Lanna exigia de mim.
Não queria estar naquela balada para a qual ela havia me arrastado e para terminar, não podia tirar meu sobretudo em um lugar abafado como aquele. Me lembrei de que apenas usava um humilde pijama, e queria torcer o pescoço de Lanna por me fazer passar por aquilo.
— Preciso ir embora. — Pedi.
Na mesa a qual os amigos da minha irmã estavam, éramos em oito e sinceramente se o cara do meu lado tentasse me tocar mais uma única vez, eu surtaria.
— Deixa de ser careta Sophia, parece ter cem anos de idade... — Ela disse em meu ouvido, não para esconder dos outros, mas porque o som não me deixava ouvi-la de longe.
Respirei fundo e até tentei aguentar, mas dez minutos se passaram e o cara de antes novamente se achava no direito de vir me beijar sem intimidade alguma.
— Tô indo Lanna, aqui estão as chaves. Não posso voltar pra casa hoje. — Avisei me levantando da mesa e sabendo que o cara chato me seguia.
Atravessando a multidão para chegar a fora, pareci conseguir despistá-lo, mas outro insuportável me perseguia.
— Oi? — Atendi o telefone, Samuel ligava em uma hora não muito boa.
— Onde você está? Seth acordou e que barulho é esse? — O questionário me deixava irritada e só piorou ainda mais depois de ouvir os berros de Seth ao fundo.
— Eu já vou indo Samuel, tenta acalmá-lo.
— Já tentei fazer tudo que você faz, mas ele não para. — O maior exibia um impotência na voz que se não fosse a situação atual, estaria rindo de seu desespero.
— Tá bom, eu já vou. — Disse uma última vez em ponto de desligar, se não fosse por meu celular ser jogado de minha mão.
Olhei para a cara do infeliz que acabara de destroçar o telefone e pedi aos céus paciência, pois se me desse força, mataria alguém naquela noite.
— O quê você quer, já não te disse que não estou interessada?
— Tá se fazendo de difícil princesa? — Me perguntou deixando escapar um hálito de álcool capaz de explodir o lugar se acendessem um cigarro na sua frente.
— Quem tá tornando as coisas difíceis aqui é você. Para de me incomodar e volta a beber com seus amiguinhos. — Disse deixando ainda mais claro meu desinteresse por ele.
— Não aceito não como resposta princesa.
Um sorriso maléfico tomou os lábios do homem e suas mãos rapidamente me rodearam, me prendendo contra a minha vontade, mas ele achou errado se acreditou que poderia ficar por isso mesmo.
O afastando com uma bela pisada, o fiz vomitar com uma cotovelada em seu estômago e um chute nas bolas. Foram golpes mais que o suficientes para fazê-lo se contorcer no chão de dor, e sinceramente pensei em chutá-lo mais um pouco para aprender a não mexer com mulheres, mas parei ao ver Samuel parado na esquina parecendo sem reação diante da cena.
— Eu só estava deixando uma coisa clara para ele ali. — Disse depois de me aproximar do CEO.
— Você...
— Eu só estava me defen...
— Você foi incrível. — Terminou de dizer me abraçando. — Você está bem? Ele te machucou?
— Não, não. Estou bem.
— Ótimo, vou chamar a polícia para esse idiota aprender de verdade o que significa um não. — Mesmo com o celular em uma das mãos, a outra me mantinha perto dele em uma espécie de meio abraço.
— Não precisa. — Disse achando que talvez o paspalho já tivesse recebido o quê merecia.
— Escuta, se ele não estivesse tão bêbado quanto parece, talvez as coisas tivessem sido bem piores Sophia. — Samuel tinha o rosto tomado pelo temor. — Talvez nosso filho tivesse perdido a mãe... — Murmurou em meu ouvido me apertando ainda mais contra ele.
— Samuel...
— Humm... — Ele resmungou concentrado em me abraçar.
— Você trouxe Seth com você? — Questionei-o ao ouvir o choro vindo do carro. — Samuel, o quê eu faço com você?
Entramos no carro, e me sentei na parte de trás abraçando meu pequeno.
— Quantas lágrimas. — Disse limpando o rostinho do menor.
O embalando contra mim, o aninhei até seu choro cessar, colocando-o de volta na cadeirinha e assentindo no espelho retrovisor, para que Samuel partisse.
Apesar de mais tarde descobrir que a boate estava só a duas quadras do condomínio, ainda sim, imaginei o quão rápido Samuel havia sido.
E sinceramente, estava feliz por ele ter vindo.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: De Secretária a Mamãe
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