De Secretária a Mamãe romance Capítulo 30

POR Sophia Carson.

— Lanna, por favor abre a porta... — Pedia pela centésima vez.

A princípio senti que deveria dar um tempo e naturalmente ela me retornaria, mesmo que fosse para que brigássemos, no entanto resolvi ir novamente a minha casa em busca de um sinal seu de vida. Depois das últimas vinte e quatro horas desde a vídeo chamada, eu ainda não a tinha visto ou ouvido.

Sentada ao degrau na frente da casa, já faziam alguns bons minutos que lhe implorava para abrir a porta.

Eu sabia que não seria fácil conseguir conversar com Lanna, mas eu não estava em um bom dia. A cólica atacava, o frio pelo tempo nublado fazia com que meus dentes batessem e nada disso me importava tanto quanto não poder falar com minha irmã.

— Lanna... — Chamei pela última vez, já deixando as lágrimas caírem.

Ela não queria falar comigo e em todo caso, tinha razão.

Éramos adolescentes, Lanna iniciando na faculdade e eu ainda no último ano do ensino médio. Ela teve a oportunidade de estudar no exterior e concluir seu curso de etiqueta, além de debutar como modelo aos dezesseis anos.

Todos diziam o quanto pareciamos, mesmo com dois anos de diferença, Lanna não era muito maior que eu. Poderíamos ter modelado juntas, no entanto eu nunca quis, me neguei a ir com ela e quis ficar com nossa mãe.

Então um dia a caminho da escola lembrei-me de que havia esquecido algo no fogo e quando voltei do colégio, a casa toda estava em chamas. Mamãe passou meses trabalhando incansavelmente para restituir tudo o quê perdemos e ainda enviar dinheiro a Lanna no estrangeiro, para que ela não tivesse de viver com dificuldades só com os pequenos cachês do início. Mamãe havia pedido para não contar, ficou doente e continuou pedindo para esconder de Lanna.

Justamente no dia de minha formatura do ensino médio, no mesmo dia em que Lanna voltou de férias do curso, foi o mesmo dia em que mamãe teve o ataque cardíaco e faleceu enquanto nos abraçava.

Mentir e esconder, foram os motivos pelos quais Lanna me ignorou por três anos antes de conseguir trocar palavras entre nós novamente. Ela voltou para Europa e por muito tempo não mantivemos contato. O último intervalo de tempo foi há pouco mais de um ano, desde que tivemos a última vídeo chamada no oitavo aniversário de morte da mamãe.

Eu tinha mentido e escondido de Lanna onde estava ficando e com quem. Sempre que ela perguntava, eu desviava do assunto, tudo para ser descoberta e destruir o pouco que havia restado de nosso relacionamento.

O telefone vibra em meu bolso e atendo a chamada depois de ler "CEO" no identificador de chamadas. O quê me força a distrair a angústia, pensando em uma nova forma de renomear o número de Samuel.

— Oi.

— Soph, você está bem? — A voz de Samuel não disfarçava a preocupação.

O tinha deixado cuidando de Seth e parti o mais rápido que pude para encontrar Lanna, a mesma que agora não trocaria nem uma única sílaba comigo.

— Vou ficar. — Respondi, tentando me convencer também.

— Volte pra cá, assim posso mimar você e te distrair. — Samuel parecia já saber que eu tinha dado de cara com a porta. — Se cuida.

Era claro, no tom que eu falava, até mesmo um sociopata como costumava a pensar que ele era, se compadeceria.

— Já estou voltando... — Disse me levantando do degrau da escada. — Obrigada. — Agradeço e desligo.

Agradeço porque sem Samuel na minha vida em momentos como aquele, eu apenas ficaria só. No entanto seria diferente, agora que o tinha, havia Seth e assim me sentia fortificada.

Já passava do portão, o fechando com o trinco, então pego meu celular, pronta para pedir um táxi e não entendo o quê vejo.

Na esquina do quarteirão, um carro claramente sofisticado demais para perambular por aquela vizinhança, estacionava próximo a casa e dele decía ninguém menos que que minha irmã, sendo puxada pelo braço por um homem, que logo a prensou contra ele e a porta agora fechada do automóvel.

Eles pareciam estar brigando, pelo modo como se comportavam, mas eu não conseguia ouvir de onde eu estava.

Quis ir até eles, para ao menos estar ao lado de Lanna, mas esta terminou por esbofeteá-lo repentinamente no rosto e depois o beijou. Perplexa eu não consegui me aproximar e quando retomei a caminhada até eles, estes adentraram o carro, saindo novamente.

Então, olhando o carro se afastar, ainda processando o que havia visto, me perguntei:

— O que significa isto?

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