Segredos de Família: Herdeiros Dominadores romance Capítulo 27

Christian deu um soco certeiro. Pedaços de porcelana branca e azul voaram em volta do seu punho, a água dentro derramou- se no piso de madeira, e as flores caíram aos seus pés.

— Christian!— James correu para perto do filho e segurou sua mão sangrando.

— Isso é loucura!— Gritou furioso para o pai— Porque diabos não posso velo?!

— Christian— Elliot suavizou a voz— Calma. Faz parte do Ritual. Submisso e Dominador não podem se ver, até o grande dia.

Christian ofegante olhou para as gotas do seu próprio sangue se misturam a água. Quando recebera a notícia ficará furioso, e a única coisa que viu pela frente foi o vaso italiano de James. Aquela coisa havia custado muito caro, pensou amargurado. Mais e dai? Dinheiro não era problema para os Smith.

— Por quanto tempo?

— Duas semanas, no máximo— Elliot voltou— se para sua mesa— Ele ficará bem. Não se preocupe. Agora, James, trate desses ferimentos, por favor.

Christian deixou ser levado por James. Caminharam pelo corredor longo e entraram no seu quarto. Ele sentou a mesa próxima a janela e James entrou no closet, voltando em seguida com a maleta branca de primeiros socorros. Sentou de frente para o filho e tomou sua mão ferida.

— Ah querido— Lamentou— se ao ver os cortes— Não devia ter feito isso.

— Vou ficar legal, pai. Quando o senhor foi... Submisso. Como foi?

— Nada bom, mas o meu caso era diferente. Eu gostava do seu pai, e estava fazendo aquilo para ajudar meu irmão e minha mãe. Mas hoje me sinto aliviado ao ver que era ele o tempo todo. Nunca o traí.

Christian mordeu o lábio quando James passou a limpar os ferimentos, a ardência foi diminuindo logo em seguida, dando lugar a uma dor pulsante.

— Tenho absoluta certeza que Simon será perfeito Submisso— James enfaixou sua mão— Mas não é só ele que irá estudar, você também. Afinal um bom Submisso precisa de um bom Dominador.

Christian decidiu evitar a presença de todo mundo da casa, decidiu se embrenhar no grande jardim em torno da casa, como fazia quando era pequeno e recebia alguma advertência dos pais. Ignorou as câmeras e os seguranças.

Desceu a escadaria de pedra e caminhou entre a quadra, sentou no banco de pedra, ninguém ia ali, a não ser quando a família estava toda reunida e animada.

— Uma bixinha pensando— Christian levantou a cabeça. Alex, com a pele ainda cheia de hematomas, estava em pé na sua frente, com uma arma na mão— Aquele babaca te sujou!

— Não fala assim dele— Christian ficou em pé, as mãos a vista, demonstrando que não queria lutar— Como entrou aqui?

— Suborno. E dos bons. Precisava por um fim nisso. Nessa palhaçada. Acorda cara! AQUELE VIADO TA TE FAZENDO MAL!

— Alex, cala essa boca e vai embora. Antes que os seguranças te vejam. Tu nem sabe usar uma arma.

— Não? Quer ver?— Ele deu um sorriso, e Christian viu com satisfação dentes quebrados— Não tem volta né? Tu virou uma bixa imunda.

— Para de falar merda.

— Quem vai parar é você. E depois ele. Vou matar os dois!

— Se encostar um dedo nele, juro que vou até o inferno te encontrar e que Deus tenha piedade da tua alma, porque eu vou te estraçalhar.

Alex riu. Christian notou que ele não segurava a arma com firmeza, a mão tremendo levemente. O cara era mesmo um babaca afinal de contas.

— Então fala logo, onde tu quer o tiro?!

— Abaixa a arma agora. Tu não tem coragem e nem força para isso.

Alex deu um passo a frente.

— Tu é um merda mesmo né! Beleza, eu escolho. Deixa eu ver: acho que um tiro entre nos olhos daria um jeito. Ai tu pode ir pro inferno com aquele baitola.

— Não fala assim dele— Christian fechou as mãos em punho.

— O que? Daquela bixa fraca? Não vou matar ele de cara, vou da uma surra nela, quebrar aqueles dentes e arrancar aqueles cabelos, depois vou dar um tiro na perna, um no braço e por último um bem na garganta. Quero deixar um buraco perfeito!

Christian não aguentou, a fúria cega e animal explodiu de dentro dele. Sua perna deu um chute na arma, o objeto voou e sumiu entre as roseiras próximas a quadra de esportes.

Alex trincou os dentes em fúria e partiu para cima de Christian, mas o outro foi mais rápido e brutal, deu um soco em Alex que fez o outro sair do chão, soltar um único grito e cai sangrando no chão.

— Dessa vez a piedade foi embora— Rugiu Christian— Vou te matar!

Se jogou em cima de Alex, deu uma sequência de socos brutais na cara do outro, sentiu os dentes do outro quebrarem e o nariz e o maxilar, não estava nem sentindo as dores dos cortes do vaso.

A fúria cega o havia dominado 100%. Quando os socos acabaram ele deu um único soco na traqueia de Alex. O outro apenas estremeceu abaixo dele e ficou imóvel.

Christian sentiu mãos em seus braços e abdômen, e foi afastado do corpo sangrento e sem vida de Alex.

Thomas deu um beijo leve na testa da mãe. Podia notar o desconforto de Matthew ao seu lado. Talvez estivesse com vergonha? Não sabia bem. Segurou sua mão e deu um aperto de leve.

—Se quiser ir, vou entender.

—Tudo bem. Vou ficar com você— Envolveu Thomas com seus braços fortes— Ela está em coma, certo?

—Sim, está. A situação só piora a cada dia.

Thomas sentia um peso no peito toda vez que entrava naquele hospital, mas com Matthew ao seu lado o peso parecia diminuir um pouco.

—Você se parece muito com ela— Matthew sussurra em seu ouvido— Eu queria me parecer com minha mãe. Mais não tive essa sorte.

—Você é lindo.

Matthew o virou de frente, Thomas sentiu o coração palpitar mais rápido. Então Matthew o beijou, um beijo curto e calmo.

—Devíamos sair daqui— Sussurrou o outro.

—Para onde?

Matthew lança um sorriso, Thomas pensou que talvez a palavra "sexy" coubesse muito bem naquele sorriso.

—Minha casa— Thomas fez uma careta. Não queria voltar naquele lugar— Eu sei que foi loucura aquilo tudo. Mais é só minha casa dessa vez. Ou, podemos ir para o apartamento de um amigo meu.

Thomas mordeu inferior. Não sabia se ainda estava pronto para "aquilo". Mas Matthew estava disposto a fazer aquilo, então ele não precisava ter medo, certo?

Agora seria diferente, eles fariam amor, e não sexo. E não haveria nenhum tipo de ritual ou dinheiro envolvido, seria apenas os dois, sozinhos.

—Tudo bem.

Matthew dirigia enquanto falava no celular com o tal amigo, que garantiu que deixaria a chave com o porteiro do prédio e iria dormir na casa da namorada para dar privacidade a eles.

As mãos de Thomas estavam fechadas em seu colo, não devia está nervoso, já havia feito isso, e com Matthew. Matthew foi o seu primeiro. Ele havia visto seu corpo, sentindo seu corpo, o havia sentido dentro de si.

—Vai ficar tudo bem— Matthew disse ao parar em um sinal. Deu um beijo em Thomas, dessa vez com mais desejo. Thomas sentiu algo acordando dentro dele— Você quer mesmo isso?

—Sim.

Raphael Smith não parava de falar. Simon decidiu apenas assentir e sorrir nas horas certas. O caminho passou de urbano para rural, Simon viu campos vastos e desertos, florestas escuras e antigas, montanhas ao longe.

— Simon— Simon olhou para Raphael— Você está muito calado. O que foi? Não está animado?

— De verdade? Nem um pouco. Estou aqui apenas por Christian.

— Não. Você deve chamá— lo de Dominador na Academia. Nomes para eles são algo íntimo. Sim, eles são muito antiquados.

Simon suspirou, voltou— se para a paisagem lá fora. Estavam passando por um corredor de árvores, que se fechavam logo acima deles, deixando o caminho com apenas uma leve luz cinzenta. Então em uma curva um grande portão de ferro preto surgiu. Os portões foram abertos por dois homens com batas cinzas, e o carro entrou em um pátio de pedra, e parou.

Pela janela Simon viu a Academia Hiance se erguer diante dele. Era uma construção imensa de pedras escuras, cheia de janelas. Viu vários garotos nas janelas, vestidos com seda branca, olhando curiosos para o carro. Quando Raphael saiu do carro os garotos nas janelas ficaram alvoroçados, como se nunca tivessem visto um garoto não— submisso. Então foram afastados das janelas.

Raphael abriu a porta do carro e Simon saiu. Um homem de uns 60 anos, de rosto longo e terno se aproximou. Seus olhos negros eram curiosos e severos.

— Bem vindo a Academia Hiance, futuro Submisso— Estendeu a mão, Simon a apertou— Permiti que trouxesse o rapaz— Apontou para Raphael— Mas ele terá de usar máscara, meus Submissos não tem permissão de ver um Dominador.

— Já fui Dominador a muitos anos— Raphael relatou.

— Eu sei— Riu o homem sarcástico— Eu lembro do seu Submisso. Um dos melhores.

Simon revirou os olhos. Às vezes sentia como se falassem de mercadorias a sua frente, e não de pessoas.

Raphael levou Simon pelas escadarias de pedra e passaram pelas grandes portas duplas de madeira abertas. Chegaram a um hall magnífico, cheio de garotos de brancos, todos pararam para olhar os recém chegados.

Raphael retirou do bolso do terno uma máscara preta que cobria os olhos e parte da testa e nariz. Segurou o cotovelo de Simon e o guiou pela imensa escadaria a frente, por um corredor de pedra cheio de portas, dobraram a esquerda e entraram.

Simon se surpreendeu com o imenso quarto, com uma cama de casal e uma de solteiro, um janelão coberto por uma fina cortina branca.

— Ficaremos aqui. Você tem permissão para caminhar pelo jardim, nada mais. E eu aconselho a evitar os Submissos, faz parte dos estudos deles não ter contato com o mundo lá fora. E você acabou de chegar.

Simon assentiu calado enquanto um homem de terno preto uma máscara branca entrava no quarto e depositava as malas sobre a cama de casal e saia de nem olhar para ninguém.

— Estamos nos pulmões do Conselho— Raphael disse amargo olhando para a porta fechada— É daqui que saem os melhores Submissos, os Dominadores por sua vez são treinados em suas próprias casas.

— Porque?

— Simon, você já parou para analisar o Ritual? Eles deitam com outros homens para serem mais sábios e maduros. Mas em nenhum momento eles falam dos benefícios para os Submissos. Vocês são obrigados a servir perfeitamente. Um sistema um tanto machista.

Simon mordeu o lábio inferior. Aquilo era verdade, mas sabia o que Christian pensava disso, e não era igual aqueles homens. Eles passariam por isso e pronto, estariam livres para viverem juntos.

— Agora— Raphael deu um sorriso— Vá no closet e vista as roupas de um verdadeiro Submisso.

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