Virgindade Leiloada romance Capítulo 34

O apartamento do Murilo era exatamente como eu imaginei que seria e aquilo quase conseguiu me desestimular a mudar realmente para o lugar, mas eu precisava ser sensata e entender que agora eu não podia pensar apenas em mim e que mais importante que as minhas implicâncias com a condição financeira e social do pai do meu filho, era a criança que eu esperava..

Com esse pensamento em mente, fui conhecendo cada cômodo do apartamento enorme e luxuoso e que não lembrava em nada o lugar onde um homem solteiro e ocupado morava, tanto pelo tamanho, como por tudo que existia nele.

Estava claro também que ele contava com a ajuda de profissionais para manter tudo em tamanho estado de limpeza e organização, mas aquilo era algo que eu nem mesmo deveria ter ficado surpresa, afinal, ele era um homem muito rico.

Mas eu não deveria também ficar me prendendo a detalhes como esse e apenas procurei me concentrar em suas explicações sobre a rotina diária e também sobre os dias em que a pessoa que cuidava do apartamento trabalhava, para manter todo aquele luxo perfeito.

Mas a senhora que ele me apresentou como sendo a empregada não fazia o apartamento como eu imaginei a princípio.

Ela também preparava refeições para ele e as deixava congeladas, para que ele não vivesse apenas de delivery ou, pior ainda, fast food e aquilo havia sido uma orientação da avó do Murilo, segundo a própria Margarida me contou.

Nós conversamos um pouco, mas como o Murilo estava a todo o momento ao meu lado, eu não consegui descobrir nada sobre a sua família, além daquilo que ele mesmo havia me dito.

O apartamento tinha dois quartos e ele teve a gentileza de me perguntar se eu preferia ficar em um quarto separado, para ter maior privacidade, mas eu não achei que aquilo iria contribuir em nada para a nossa relação, que ainda estava em construção.

— Não vejo problema algum em ficar aqui com você, Murilo. — Eu disse, observando com atenção.

— Tudo bem. — Ele concordou. — Então eu vou te mostrar o meu quarto. Ou melhor, acho que devo dizer o nosso quarto, não é mesmo?

Ao ouvir aquilo, algo passou pela minha cabeça e, como não desejava nada entre nós, muito menos pretendia guardar algo que me incomodasse, eu considerei que era melhor perguntar diretamente.

— Mas caso você prefira continuar a ter a sua privacidade, eu posso tranquilamente ficar no quarto de hóspedes, Murilo. — Falei de uma vez aquilo que estava pensando.

— Claro que não, Virginia! — Ele recusou prontamente a minha oferta. — De onde você tirou isso?

— Apenas pensei que você poderia querer cuidar de mim, mas que não precisa se sentir na obrigação de sermos um casal totalmente. — Expliquei, dando de ombros, para que ele não percebesse que aquilo iria me magoar.

— Mas eu quero que sejamos um casal “totalmente”. — Ele falou demonstrando bastante convicção e se aproximou de mim, me encarando diretamente nos olhos. — É tudo o que eu mais quero nesse mundo, Virgínia. Que sejamos um casal e tudo o que isso envolve.

Eu senti novamente as emoções aflorando em mim, mas não me deixei levar por elas mais uma vez e consegui me manter em silêncio, evitando falar algo que pudesse acabar por gerar algum mal-entendido.

Ele sorriu, parecendo perceber que eu me contive e me abraçou forte, enquanto parecia cheirar os meus cabelos.

— Não precisa guardar nada do que estiver sentindo ou alguma dúvida que possa vir a ter, Virginia. — Ele falou. — Eu a quero comigo, não apenas no meu quarto, mas na minha vida, entendeu? — Ele disse aquilo me encarando, segurando delicadamente em meu rosto.

— Sim. — Eu respondi apenas.

— Quero uma resposta melhor que apenas isso, meu amor. — Ele disse usando um tom divertido. — Assim eu fico inseguro se realmente você tem intenções sérias comigo.

— Sim, Murilo. Eu entendi que você não me deseja apenas na sua cama, se é isso que você deseja deixar claro para mim.

— Agora eu acredito que você entendeu. — Ele brincou e nós dois sorrimos.

— Vamos, preciso providenciar algo para você comer. Afinal, não a quero desmaiando de fome pelo apartamento.

Ele disse aquilo em tom de brincadeira, mas passou a seguir aquilo à risca, sempre cuidando para eu me alimentar direito, mesmo quando eu me sentia enjoada demais para isso.

Nessas ocasiões, eu descobri que tudo o que eu conseguia comer era torrada acompanhada de suco de laranja, algo que se tornou meu prato predileto e que o Murilo fazia questão de preparar todas as manhãs.

Após completar uma semana que eu estava no apartamento do Murilo, eu decidi que já me sentia em condições de voltar a minha rotina, mesmo que nos primeiros dias eu entendesse que deveria ter bastante atenção e tomar todo o cuidado para não me deixar abater pelos enjoos que eram diários e constantes.

O Murilo estava lendo um livro que explicava as várias fases da gravidez e lá dizia que na maioria dos casos os enjoos eram apenas matinais, mas aquele não era o meu caso e às vezes eu ainda estava nauseada na hora do jantar.

De qualquer forma, eu estava aprendendo a lidar com esse aspecto da minha gravidez e era hora de tentar me adaptar, se que para isso eu precisasse estar todo o tempo dentro de casa, sem poder sair por medo de me sentir mal.

— Você tem certeza de que é realmente o momento ideal para voltar a sua rotina? — Murilo perguntou pela enésima vez, só aquela manhã. — Eu ainda considero cedo demais.

Eu estava escovando o cabelo, algo que o Murilo também achou que não era um bom momento para fazer, enquanto ele apenas me observava, ao invés de fazer o mesmo e começar a se arrumar para ir ao trabalho.

— Eu acho que já passou o momento certo, pois a maioria das grávidas não pode se dar ao luxo de ficar nem mesmo um dia sem trabalhar. — Falei, sem me importar com a sua cara de contrariedade.

— Mas deveriam! — Ele defendeu o seu ponto de vista e eu já sabia tudo o que ele pretendia dizer. — Vou providenciar para que as grávidas que trabalham nas empresas do grupo FERZ possam desempenhar a sua função de modo remoto e, quando for realmente indispensável que elas tenham que ir trabalhar presencialmente, que elas só precisam ir quando estiverem se sentindo aptas a tal.

— Muito bonita a sua atitude, Murilo. — Eu concordei.

Terminei de usar o secador e buscando a minha maleta de maquiagem no closet imenso do Murilo, mas sentindo dificuldade em encontrar o que precisava, dado o tamanho do armário dele e sem realmente conseguir me lembrar onde eu havia colocado, no dia em que ele me trouxe até o seu apartamento.

— Uma pena que nem todos os poderosos CEOs das grandes corporações pensam dessa forma. — Continuei, enquanto procurava a minha maleta. — Mas eu sou a minha própria chefe e essa chefe aqui diz que preciso voltar ao trabalho. Onde coloquei aquela maleta!?

— Está na segunda prateleira a sua direita. — Ele indicou, tranquilamente. — Eu ainda continuo pensando que deveria aguardar mais um pouco, Virginia.

— Ao invés de ficar me observando enquanto eu me arrumo, sabe o que você deveria estar fazendo, Murilo? — Perguntei, iniciando uma maquiagem básica e discreta.

— O quê? — Ele ainda teve coragem de fingir que não sabia o que eu queria dizer.

— Deveria estar se arrumando também, Murilo! Faz uma semana que você não pisa nem os pés na FERZ. Não acredito que possa continuar resolvendo tudo à distância dessa forma.

— Tecnologia, amor. — Ele respondeu com a sua cara de bobo, que sempre consegue me vencer. — Tudo pode ser resolvido através dela.

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