Virgindade Leiloada romance Capítulo 35

Mesmo com toda a minha persistência para defender o meu ponto de vista, a Virgínia foi para a loja naquela manhã e eu, ainda que contrariado, fui deixá-la no shopping para que ela não precisasse usar nenhum outro tipo de transporte.

Iria conversar com ela sobre a possibilidade de um motorista à sua disposição, pois era muito perigoso dirigir, mas já previa alguma resistência de sua parte, teimosa como ela era.

De qualquer forma, eu deveria aceitar aquela derrota, depois de conseguir que ela ficasse quietinha por uma semana inteira.

Não precisava nem dizer o quanto eu me aproveitei do fato de que a Virgínia estava no meu apartamento com apenas eu como sua companhia e que os nossos momentos juntos foram maravilhosos, agora que ela não estava mais o tempo todo me evitando.

Muito pelo contrário! Nós tivemos muitos momentos quentes e intensos e a Virgínia parecia insaciável, e mesmo sabendo que aquilo também era algo provocado pelos hormônios da gravidez, eu fiquei bastante feliz em atender a todos os seus desejos, principalmente os sexuais.

Mas uma vez que ela queria voltar a sua rotina, só me restava voltar a minha também e foi exatamente isso que eu fiz, me entregando completamente ao trabalho e tratando das coisas que deixei um pouco de lado para me dedicar a minha mulher.

Chamei a minha secretária até a minha sala, após concluir algumas coisas que eu sabia serem mais urgentes, para que nós pudéssemos reagendar alguns compromissos que não puderam ser cumpridos a distância, então quando a porta da minha sala se abriu, eu não movi os olhos da tela do computador.

— Você verificou a minha agenda, como eu te pedi, Arlete? — Perguntei, com a minha atenção totalmente voltada para o computador.

— Eu pedi a Arlete para me deixar vir aqui primeiro. — Aquiles falou, avisando então da sua entrada. — Quero aproveitar que você resolveu sair da toca, depois de uma semana inteira se escondendo do mundo.

Eu pensei seriamente em não responder ao meu primo, pois ainda estava chateado com o que aconteceu no dia em que encontrei a Virgínia em sua loja, quando a Lavínia acreditou que aquilo me faria não querer mais a minha morena deliciosa e enlouquecedora.

— Ainda está namorando com a atriz fútil e mesquinha?

Achei melhor ter certeza de que o meu primo ainda insistia em estar com aquela mulher terrivelmente desagradável, antes de ter qualquer conversa com ele sobre a minha vida pessoal.

Aquiles havia tentado conversar comigo algumas vezes, mas antes que ele batesse a porta do meu apartamento, como sempre costumava fazer, eu o avisei, deixando extremamente claro, que não gostaria de receber visitas por alguns dias.

— Ainda está escondendo de sua família a mulher que levou para o seu apartamento e com a qual passou os últimos dias trancado, sem sair de casa para exatamente nada? — Ele devolveu no mesmo tom.

— Eu pretendo levar a Virgínia a casa da vovó no próximo domingo. — Acabei por explicar. — E você, o que tem a dizer sobre a sua namorada?

— A vovó e a minha irmã já conhecem a Lavínia e gostam bastante dela, se você quer saber. — Aquiles disse de modo despreocupado.

Caminhando até uma das cadeiras à frente da mesa, ele sentou-se, cruzando as pernas, como sempre costumava fazer e me olhou de modo interrogativo.

— Quem é Virgínia, Murilo? — Meu primo quis saber. — Nunca ouvimos falar nessa garota antes e agora você a leva para morar com você. Nem mesmo com a Bruna foi tão rápido.

— Eu gostaria que você não voltasse a falar sobre a Bruna, Aquiles. — Eu pedi, algo que já havia feito várias vezes antes.

— Sinto informar, ou seria melhor dizer, relembrar, mas isso é impossível, primo.

Aquilo me deixou bastante curioso e aguardei que continuasse a explicar o porquê de ter se tornado impossível não falar sobre alguém que não tinha mais nenhuma importância em nossas vidas, mas eu percebi que Aquiles estava esperando que eu formulasse a pergunta, apenas para ser chato.

— Por que isso é impossível agora? — Eu acabei perguntando. — Não que você tenha atendido a esse mesmo pedido anteriormente.

— A Bruna exigiu participar mais ativamente nas decisões da FERZ e, como ela atualmente é detentora de uma participação significativa nas ações desta empresa, não foi possível negar isso para ela.

Eu senti um estranho aperto no peito, apenas em imaginar o que ela pretendia conseguir com isso e qual havia sido a forma que ela havia imposto para tal participação.

— E então, o que ela exigiu, especificamente?

— Ela agora é nossa diretora de marketing. — Aquiles esclareceu.

Eu fiquei um pouco mais aliviado ao saber que a exigência da minha ex-noiva não iria afetar realmente o meu trabalho na FERZ e menos ainda a minha vida em geral.

— E desde quando nós colocamos em um cargo de diretoria alguém completamente despreparado como a Bruna com certeza é? — Questionei, me sentindo chateado com tal notícia absurda.

— Você esquece que a Bruna é formada em Marketing, justamente quando foi você que bancou o curso dela em uma faculdade caríssima? — Aquiles fez questão de me lembrar disso também.

Mas eu não iria me ater a coisas que me deixariam mais irritado do que já me sentia, pois tudo que era relacionado a Bruna tinha o poder de me aborrecer e eu não poderia deixar que isso continuasse a acontecer, pois dessa forma, ela sempre iria se aproveitar disso para me deixar com raiva e, consequentemente, me levar a tomar decisões precipitadas e até mesmo, agir de maneira impulsiva, algo que eu simplesmente abominava e que poderia talvez até me prejudicar de alguma forma.

Pensei melhor sobre o assunto e cheguei a conclusão de que o departamento de Marketing era algo que na maioria das vezes eu podia deixar a cargo de outras pessoas e somente quando envolvia grandes decisões em termos financeiros, é que eu realmente tomava a frente e me reunia com os líderes desse setor.

Sendo assim, eu poderia evitá-la completamente e mesmo quando dissesse respeito a decisões financeiras importantes, eu ainda iria delegar a responsabilidade a outros, preferencialmente ao Aquiles.

— Você não me parece tão preocupado como eu imaginei que ficaria. Na verdade, nem mesmo um pouco incomodado com o fato de a Bruna agora estar à frente do nosso setor de Marketing. – Aquiles apontou com precisão.

Ele parecia estar um pouco confuso com a minha atitude tranquila, pois em qualquer outro momento, eu teria explodido de raiva ao tomar conhecimento de tal fato estapafúrdio.

— Eu acredito que o fato de ela estar no departamento de Marketing vai me possibilitar ter o mínimo contato possível com ela e isso é muito bom, não concorda? — Falei, me sentindo realmente aliviado.

— Acredito que você está esquecendo que agora é o nosso garoto propaganda e que contato com a Bruna será a última coisa que você conseguirá evitar, querido primo.

Como eu poderia ter esquecido de algo tão importante?

O Aquiles estava certo e eu novamente senti a fúria me dominar, ao constatar que o fato de eu estar completamente envolvido no novo projeto de divulgação da marca FERZ provavelmente foi um forte motivo para a Bruna escolher justamente aquele setor em toda a empresa.

Seguindo o raciocínio lógico de que ela, juntamente com o Ethan Constantino, desejam infernizar a minha vida, ela se aproveitaria do novo projeto para estar mais próximo de mim e, portanto, causar mais irritação e talvez até, me prejudicar de alguma forma.

O que eles pretendiam ganhar com isso, eu ainda não sabia, mas de uma coisa eu tinha absoluta certeza, eles tinham algo em mente e não era nada de bom para mim.

— Apesar de detestar fazer isso, eu preciso concordar com você, Aquiles.

— Tem algo mais que eu gostaria de lembrar a você, Murilo. — Aquiles acrescentou, me deixando ainda mais tenso e preocupado, já antecipando o que seria. — Acredito até que será ainda mais desgastante do que apenas uma reunião ou uma sessão de fotos esporádicas.

— Diga de uma vez! — Falei em tom rude. — Se não bastasse a Bruna está em nossa empresa, participando em nosso dia-a-dia, ainda tem mais?

— Lamento informar, mas sim, tem mais. — Aquiles confirmou. — A nossa festa de confraternização deste ano, como você deve lembrar, será um pouco diferente e nós concordamos em ceder a casa do Guarujá para o evento anual da FERZ e, como sempre, a organização está a encargo do Marketing.

Eu não pude acreditar em tamanho contratempo. o Aquiles mais uma vez estava coberto de razão e eu não poderia simplesmente cancelar a festa de confraternização da empresa que estava prevista para acontecer em menos de quinze dias.

Seria muito desgastante para todos os envolvidos e fazer aquilo apenas por que a Bruna agora também iria participar do evento era algo que seria considerado por todos como bastante idiota de minha parte.

Todos iriam acreditar que eu ainda nutria sentimentos pela Bruna e que apenas o fato de estar no mesmo local que ela seria capaz de me abalar grandemente e que por isso eu não concordei em manter a ideia inicial.

Que situação essa agora!

Mas eu precisava manter a serenidade e agir friamente, pois a Bruna e o seu amante não poderiam sair vitoriosos dessa guerrinha que eles resolveram declarar a mim, justamente a parte lesada na história podre dos dois.

— Eu volto a repetir que, não entendo quais os motivos levaram o Constantino e a Bruna a te perseguirem desta forma, mas que isto está ficando cada vez mais claro, isso está! — Aquiles resumiu tudo aquilo que estava se passando em minha cabeça naquele momento.

— Mais claro e mais chato! — Eu reclamei. — Mas eu não vou cair nessas armadilhas tão ardilosas e absurdamente nítidas que eles estão me lançando e seja lá o que eles pretendem com tudo isso, não irão sair vitoriosos.

— O que pretende fazer?

— Eu ainda não sei, mas uma coisa eu posso te dizer, Aquiles. Dois podem jogar esse jogo. Ou melhor, três!

Se a Bruna estava pensando em me destruir ou destruir a minha reputação, por alguma espécie maluca de vingança ou seja lá o que está se passando em sua cabeça, ela não iria conseguir.

— Agora que já falamos sobre isso, há algo que quero tratar com você e desejo a sua ajuda, ou melhor, a sua neutralidade. — Comecei a dizer, mudando de assunto.

Agora que eu já havia decidido sobre o que deveria fazer em relação a Bruna e o seu atual namorado, iria tratar de coisas bem mais importantes do que a minha ex-noiva traidora.

Precisava contar para o Aquiles sobre a Virgínia, algo que tentei fazer há vários dias atrás, mas que fui impedido em várias ocasiões e agora não mais poderia adiar.

Era importante que o Aquiles soubesse a verdade através de mim, pois caso eu não contasse, poderia acontecer de ele a reconhecer e causar algum mal-estar para a Virgínia e eu jamais me perdoaria se algo assim acontecesse, depois de toda a dificuldade que eu estava enfrentando para que ela se tornasse oficialmente a minha mulher.

Por que informalmente, ela já era e isso não restava dúvida alguma para mim.

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