O Egípcio romance Capítulo 80

À medida que os ponteiros do relógio se aproximam do horário do almoço, Raissa fica mais nervosa. Já tínhamos previamente orientado os seguranças com a entrada do carro dos Akhenaten.

— Você acha que estou bem mesmo neste vestido?

Eu balanço a cabeça com um sorriso.

— Você está perguntando para a pessoa errada, eu sou suspeita para opinar. Lembre-se de que esse vestido tem a minha assinatura. E você está linda. Como não estaria? Eu que fiz!

Risos descontraídos.

O vestido é preto, todo bordado, com lindos detalhes em branco nas pontas, nas mangas e no decote canoa.

Raissa, então, solta o ar e vai até o espelho da sala de jantar e se olha novamente. Ajeita as madeixas negras. O cabelo dela está solto. Está comprido, um pouco abaixo dos ombros.

Hassan entra na sala vestido como um árabe que ele é. Está usando um kandoora branco e sandálias nos pés. Ele passa os olhos apreciando meu vestido azul-marinho de “mulher recatada”, que não marca meu corpo, de meia manga e decote canoa.

A casa cheira à essência que sai dos dois Bakhoor de bronze acesos. Tudo pronto para recebê-los.

Hassan me abraça. É nítido que ele está feliz.

— Por favor, me diga que esse tipo de relacionamento dá certo! — suplico a ele.

— Raissa já vem sendo preparada para esse tipo de relacionamento. Ela está feliz, não percebe? Esse seria o papel do meu pai, arrumar uma boa família para ela, mas com a morte dele transfere para o irmão mais velho.

Eu assinto, mas, ainda cheia de dúvidas, pergunto:

— E essa família? Segue os costumes? São muito rígidos?

— Não, minha irmã não aguentaria se eles fossem muito religiosos. Os chamados verdadeiros muçulmanos ou islâmicos. Os dois termos são a mesma coisa. Se eles fossem assim, ela estaria usando o véu agora.

Soltei o ar aliviada.

A campainha toca.

— São eles — Raissa diz, e corre para o meu lado. Hassan vai até a porta recebê-los.

A família entra. Eu me surpreendo com a aparência deles. O senhor grisalho é elegante. Usa um terno negro, camisa branca, gravata preta e colete cinza. A senhorinha é muito simpática, logo que nos vê abre um sorriso. Ela se veste com elegância. Um vestido com um corte bonito, preto, por cima um casaco preto com a gola feita de pele.

Então entra o rapaz. Rasaf Akhenaten.

Hum, charmoso.

Ele é magro, da mesma estatura de Raissa. A pele morena-oliva. O cabelo negro brilha e está muito bem penteado para trás. Ele olha para nós duas, mas seus olhos se fixam em Raissa. Ela não tem os traços do seu povo. Seu rosto é bem inglês, mas com certeza ela é mais parecida com uma árabe do que eu.

Hassan toma a minha cintura e nos apresenta para eles.

— Essa é Karina Hajid Addull Ala, minha esposa. E minha irmã Raissa.

O rapaz se aproxima dela e se inclina com um sorriso.

— Encantado. Sou Rasaf Akhenaten. E esses são meus pais, Zair Akhenaten e Yunet Akhenaten.

— Prazer em conhecê-los — Raissa diz, com um sorriso lindo.

Sinto faísca entre os dois.

Eu nem acredito que está acontecendo isso!

Procuro os olhos de Hassan, que me dá uma piscadinha quando ninguém está olhando. Dou um sorriso para ele.

Logo todos estão rindo, os sucos estão rolando. Hassan havia pedido para Zaina fazer de todos os sabores. Já estamos no estágio em que as inibições se evaporaram.

Zaina comunica a Hassan que o almoço está servido. Na casa de um egípcio é assim. Quando está o homem, todas as orientações e recepção partem dele.

Hassan então convida todos a se sentarem ao redor da mesa. Que está lindamente arrumada.

Um lindo buquê de flores do campo que encomendei e que foi o olho da cara — é claro que não para o meu atual padrão.

A toalha de linho branca é linda, repleta de bordados amarelos. As taças de cristal brilham. As porcelanas são azuis e brancas.

A comida egípcia está lindamente decorada com legumes em forma de flores.

O egípcio não tem costume de contratar garçons. A comida fica toda na mesa para que todos se sirvam à vontade.

Enquanto comemos, reparo na troca de olhares de Raissa e o rapaz.

Do jeito que eles são rápidos, não duvido nada que eles se casem logo.

Quando finaliza o almoço, sentamos todos na sala. Raissa e Rasaf conversam em um canto da casa.

O assunto com os pais dele ficou em torno do Egito, e novamente falamos da nossa viagem. Tiramos, é lógico, a parte que Hassan brigou na rua. Sempre pulamos essa parte.

Quando dão quatro horas da tarde, todos vão embora, inclusive Raissa. Ao me ver sozinha com Hassan, eu lhe dou um sorriso.

— Rasaf pareceu gostar de Raissa.

Hassan solta o ar.

— Mashallah! — “Graças a Deus”. — A vida não tem sido fácil com ela. Minha irmã merece ser feliz.

— Eu te amo, Hassan.

— Ama? — ele pergunta, me beijando.

Eu o abraço fechando bem meus olhos.

— Muito.

— Vem, vem mostrar o quanto você me ama — ele diz, com um sorriso jocoso nos lábios.

Eu sorrio e pego a mão que ele estende para mim e, flutuando, vou em direção ao nosso quarto. Vem no meu coração o aniversário dele.

Já sei que presente vou lhe dar!

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