O marido misterioso romance Capítulo 136

Mais tarde naquela noite, Edric voltou um pouco mais cedo do que de costume. Ele queria fazer muitas perguntas a Irene, mas não sabia por onde começar.

Dania tinha se casado de novo, dessa vez com Yohannes. Embora Dave não fosse um parente consanguíneo de Irene, ele era o tio dela por afinidade de qualquer maneira. Edric ficou chateado ao pensar em como sabia pouco de Irene, apesar de terem ficado juntos por mais de cinco anos.

Ele chegou a perguntar sobre a família dela antes de se casarem, mas ela alegou que os pais haviam falecido e que só tinha um tio. Edric nunca duvidou de nada. Ainda assim, não culpava Irene por não ter dito a verdade. Naquela época, ele só queria voltar para casa para passar um tempo a sós com a esposa, e não se importava com o que ela estava pensando. Visto que Irene estava casada com um marido tão incompetente, não era de se admirar que a mulher não lhe contasse o que passava pela cabeça dela.

Edric passou bastante tempo refletindo com tristeza. Por fim, depois do jantar, enquanto caminhava do lado de fora com Irene, ele hesitou um pouco, mas perguntou: "A sua mãe tem outros irmãos além do seu tio?"

Ela ficou surpresa com a pergunta. "Não que eu saiba!"

Desde sempre, Irene só conhecia o tio Thomas. No Natal ou no Dia de Ação de Graças, todas as outras crianças voltavam com os pais para a casa dos avós. Na época, ela sentia muita inveja delas e exigiu saber onde estavam os próprios avós. Myra lhe disse que eles já haviam falecido. Mais tarde, quando Irene voltou a San Fertillo para visitar os túmulos deles, o único que encontrou foi o do avô.

Com isso, ela perguntou a Myra onde estava o túmulo da avó, mas a mulher não respondeu. Quando viu que havia irritado um pouco a mãe, não se atreveu a perguntar de novo.

Também nunca havia perguntado sobre quantos irmãos Myra tinha. Desde sempre, Thomas era o único tio presente na vida dela, e, no passado, o tio e a mãe ainda não eram muito próximos.

Por mais que Myra não a levasse com frequência para visitar Thomas, ele sempre se lembrava dela, e costumava mandar comida gostosa e presentes de Natal para ela.

Quanto a Steven, ele parecia não gostar de Thomas, pois nunca falava dele em casa. Por causa disso, Irene percebeu que o fato de Myra e Thomas não terem uma boa relação tinha algo a ver com o pai.

Foi só quando a mãe morreu em um acidente de carro que Thomas apareceu na vida dela.

Naquela época, ele cuidou do funeral de Myra sozinho, enquanto Steven estava fora da cidade por conta de uma reunião. O homem voltou correndo assim que ouviu a notícia do acidente da esposa, mas Thomas já a havia cremado.

Foi a primeira vez que Irene viu o tio ficar com raiva. Com os olhos avermelhados, ele socou e chutou Steven. Ela era muito mais próxima de Steven do que de Thomas, considerando que não se encontravam muito. Mas quando o viu batendo no pai dela naquele dia, ela não sentiu nenhum ódio pelo tio.

Mais tarde, Thomas tentou levá-la embora, mas Steven o impediu. Ela se lembrava do aviso cruel que o pai deu ao tio dela: "Não me obriga a fazer isso! A coisa vai ficar feia se todo mundo souber o que você fez no passado!"

No final, Thomas desistiu de levá-la com ele. Mas, antes de partir, lhe disse: "Sempre vou estar no Edifício Chijmes, em San Fetillo. Irene, vem me procurar se sentir falta de mim. Vou te visitar sempre que eu puder".

Depois disso, Deborah apareceu com a filha. Assim que Irene viu Lily, que já era uma criança, entendeu a fúria que Thomas sentiu antes. Ela não precisava de um pai tão sem-vergonha. Portanto, decidiu deixá-lo e voltou para o tio.

Qual era a intenção de Edric ao fazer essas perguntas a ela nesse momento? Não era possível que ele não tivesse um motivo. Irene perguntou: "Por que você quer saber?"

"Por nada. É que a sua mãe morreu quando você era mais nova. Vai que tem outros parentes por aí que você não conhece..."

Ela o interrompeu: "Outros parentes?" Então, parou e ficou encarando o homem. "Desde sempre, só sei do meu tio. Nunca ouvi falar de nenhum outro parente."

"Acha possível que a sua mãe não tenha te contado?" Perguntou ele, um pouco hesitante.

Irene olhou feio para Edric. "O que você quer dizer com isso? Ter outros parentes seria uma coisa boa. Por que a minha mãe não teria me contado?"

A resposta dela o deixou sem palavras. Nesse momento, ocorreu-lhe que Myra devia saber que a verdadeira identidade de Thomas era Dave. O que a impediu de contar à filha sobre isso? Era porque Irene era muito jovem ou havia outros motivos?

Se não havia nada de ruim por trás da identidade secreta de Thomas, então devia existir uma razão pela qual Myra decidiu não contar a verdade à filha. Sendo assim, seria apropriado que Edric contasse a ela sobre o fato de Thomas ser Dave?

O problema era que ele ainda não havia confirmado a verdade sobre o assunto. Era cedo demais para dizer qualquer coisa a Irene. Ele deveria esperar que Rowane e Marie se encontrassem para ver o que aconteceria a seguir.

Como que Dave se tornou Thomas? Edric precisava investigar com cuidado o assunto antes de tomar qualquer decisão.

Enquanto isso, Rowane e Marie estavam chorando abraçadas. Rowane chorava de alegria, enquanto Marie fingia. Logo, a mulher mais velha parou de chorar e convenceu a garota a parar também.

Assim que as duas pararam, Marie explicou à jovem o motivo de suas ações no passado. Apesar de ter sido est*prada quando era muito jovem e ter acabado engravidando, ela não suportava a ideia de abortar a filha. Afinal, a criança era inocente. No entanto, era muito difícil para uma mulher solteira cuidar de um filho. Por consequência, ela decidiu deixar Rowane em um orfanato. Esse tempo todo, tudo o que a mulher queria era obter o perdão da filha.

Rowane perdoou a mãe sem pensar duas vezes. Então, Marie perguntou como a garota esteve nos últimos anos. Não foi nenhuma surpresa que Rowane não escondeu nada e contou a ela tudo o que tinha acontecido ao longo dos anos. Na verdade, Marie não estava nem um pouco interessada na vida dela, só queria saber como ela a encontrou.

Marie ficou surpresa ao descobrir que tudo começou quando Rowane encontrou o pingente de Irene, e que Edric investigou o passado dela. Não era bom que o homem soubesse disso. Por isso, depois de pensar um pouco, ela pediu um favor a Rowane.

Usando a desculpa de que o incidente humilhante teve um grande impacto na reputação dela, implorou que a jovem não revelasse a ninguém o parentesco entre as duas, nem mesmo a Edric.

Rowane hesitou um pouco. Edric sempre a tratou muito bem, e ela não queria mentir para ele. Percebendo isso, Marie lhe disse que era uma amiga de Margaret. Ninguém sabia que ela havia sido est*prada e tinha ficado grávida sem se casar. Se Rowane contasse ao homem sobre esse assunto, a mãe dele acabaria descobrindo também. Marie nunca mais seria capaz de manter a cabeça erguida depois disso!

Era uma coisa muito cruel que Rowane tivesse dado duro para encontrar a mãe biológica, mas não pudesse contar a ninguém. Todavia, ela era uma pessoa gentil. Procurou pela mãe por nenhuma outra razão a não ser realizar o próprio desejo, e sabia que a mulher não era uma médica qualquer. Marie era uma especialista que aparecia com frequência na TV. Sabendo o quanto não era fácil para uma mulher chegar a tal posição, Rowane concordou com o pedido dela.

Quando as duas saíram do restaurante, já estava no fim da tarde. Antes de Marie ir embora, ela lembrou Rowane outra vez de não contar a Edric sobre o parentesco delas.

No caminho de volta, Marie estava calculando o que fazer em seguida. O fato de Rowane estar em San Fetillo era um grande problema para ela, por isso tinha que encontrar uma maneira de afastá-la da cidade, de forma que a garota nunca mais aparecesse lá. Quanto a Lily, não dava mais para continuar adiando as coisas, e era necessário tomar uma decisão rápida. Portanto, ela foi visitar Margaret de imediato.

A mulher não entendeu por que Marie a estava convidando para sair a essa hora. "Aconteceu alguma coisa?"

"Eu vi a Deborah no hospital ontem, e a gente ficou conversando sobre o Edric e a Lily. Ela me disse uma coisa que eu achei que deveria te contar", respondeu Marie.

"O que ela disse?" Margaret estava interessada.

"Ela disse que você faltou com a sua palavra e não cumpriu a sua promessa, além de ter tratado o noivado como uma farsa. Achou bom ter escolhido não confiar em você."

Margaret começou a ficar agitada ao ouvir isso. "Mas não foi Lily quem causou isso? O que eu tenho a ver com a história?"

"Não fica com raiva, me escuta." Marie conhecia o temperamento da amiga. "O problema não é que a Deborah disse que você faltou com a sua palavra, mas sim o torneio de esportes. Ela tinha um plano."

"Um plano?" repetiu Margaret.

"Quando a Irene voltou, a Deborah já tinha um plano pro torneio de esportes caso vocês voltassem atrás, pra evitar que o Edric ficasse com a Irene. Não pensei que fosse acabar sendo útil agora." Marie era uma mentirosa de primeira.

"O que a Deborah pode fazer?" Margaret não estava convencida.

"Não subestima ela. Aquela mulher é capaz de muita coisa. Acho que me contou sabendo que eu ia te avisar, já que sabe que nós somos próximas", explicou Marie.

"O que exatamente ela pretende fazer?" Margaret apertou os olhos.

"Apesar de a Deborah estar desapontada com o Edric, a Lily gosta muito dele, e não tem muito o que fazer quanto a isso. O que ela quis dizer é que, se você conseguir juntar o Edric e a Lily, ela vai dar um jeito de deixar a licitação do torneio de esportes pro Grupo Myers", afirmou Marie.

"Eu sabia que aquelas duas tavam tramando alguma coisa. Elas me disseram que o torneio de esportes seria uma competição justa, mas elas tinham um plano." Margaret ficou furiosa.

"É da natureza humana. Pensa bem, essa licitação não é uma qualquer. Tem um monte de empresas fazendo fila pra oferecer presentes. Se você não mostrar que tá sendo sincera sobre ficar do lado dos Cook, como eles poderiam te dar uma licitação em troca de nada?" Observou Marie. "Quando eles vêem que você tá na defensiva desse jeito, é normal que também fiquem assim com você."

"Se é normal que eles desconfiem de mim, vou fazer o mesmo em troca. Vai saber se o que a Deborah disse sobre ajudar é verdade?" Margaret cruzou os braços.

"Mas é fácil descobrir. Como eu propus no outro dia, você tem que encontrar uma maneira de juntar o Edric e a Lily. Assim, a Deborah vai ficar feliz em te ajudar", sugeriu Marie.

"O problema é que o Edric não me escuta mais. Ele até parou de voltar pra casa. Como que eu vou fazer algo a respeito?" Margaret estava visivelmente exasperada.

"Ele não vem pra casa durante a semana? E no seu aniversário?" Apontou Marie. "É o seu aniversário nessa sexta-feira, e você pode pedir pro Edric voltar. Aí, você cria uma oportunidade pra ele e a Lily passarem um tempo sozinhos. A Lily deve ser capaz de cuidar do resto."

"Acha que isso vai funcionar?" Margaret coçou o queixo.

"Por que não tenta? Você não vai perder nada de qualquer jeito; vai até vai ganhar a licitação. Em relação ao futuro... Se a Lily tiver um filho com o Edric, você aceita ela como nora. Se ela não conseguir, você não tem motivo pra se preocupar porque fez o que podia. A Deborah não vai poder fazer nada a respeito." Marie recostou-se no assento e tomou um gole de água.

Margaret ficou pensativa por um momento, até que concluiu: "Essa é uma boa ideia".

Marie ficou aliviada ao ouvir isso, pois a amiga era a única que poderia ajudar nessa situação. Bastava que Margaret criasse a oportunidade para Edric e Lily dividirem um quarto. Com isso, Marie também encontraria um jeito de fazer com que Lily engravidasse de Edric, mesmo que ele não a tocasse.

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