O Sheikh e Eu(Completo) romance Capítulo 14

Observei com calma os preparativos para a festa de Seth. Ainda eram oito da manhã, a festa só começaria depois das sete da noite, mas a mansão parecia uma confusão de sons, sabores e emoções. Estava uma coisa de louco. Mesmo assim, eu estava conseguindo dar conta daquela bagunça. Mal ou bem, as coisas estavam andando perfeitamente dentro dos prazos.

Depois do inconveniente de procurar alguém que pudesse me dar aqueles contatos e de ser obrigada a ligar para a Sra. Zilena, consegui arrumar o que Seth tinha me pedido. Eu estava com um fone conectado no ouvido, tentando resolver os últimos informes sobre o responsável pelo voo da modelo, mas sem me desgrudar dos que andavam afoitos pela mansão instalando os sons para o que parecia ser a balada do século na casa de Seth. Estava uma loucura.

– Sim, Sim. Digas a Senhora Alexiss que a festa tem início as 19 horas. – Digo enquanto acompanho com o olhar os sons sendo instalados como autofalantes por toda a área das piscinas da mansão. – Mais para o lado, por favor. – Digo para os homens responsáveis pela instalação que estavam colocando de qualquer jeito.

– A Senhora Alexiss exige ao menos que haja uma recepção para ela, bem como o pagamento do jato no qual ela virá. – Diz o homem com o qual estou negociando. Meu Deus! Imagina se eu não fosse mulher e não conseguisse fazer duas coisas ao mesmo tempo?

– Sem problemas, Senhor. Estaremos a espera dela. Que horas necessito buscá-la? – Pergunto enquanto vejo, para meu desespero, Matias que antes estava limpando a piscina, vindo ao meu encontro. Ele percebeu minha presença.

– Ela estará aí às 21 horas. – Anuncia o homem e eu percebo que Karen também está vindo ao meu encontro. Eu não sei o que fazer. Acho que não vou conseguir fugir de Matias e isso parece me deixar ainda mais nervosa.

– Senhorita Agnes, onde posso colocar a roupa passada do Sr. Seth? Shiloha está limpando o quarto e disse que a roupa não pode de jeito nenhum ter contato com poeira. – Ela anuncia cabisbaixa. Tento um sorriso para Karen. Ao que parece o moço com quem eu falava já desligou a ligação e os caras da instalação devem ter feito ouvido de mercador, visto que parecem não ter ouvido o que eu disse, talvez por ninguém me ouvir mesmo, e estarem colocando os autofalantes no local errado. Onde eles vão pôr pode danificar a saca da Sra. Zilena e ela me odiará eternamente por isso. Só que obviamente eles não ligam para isso.

– Só um minuto Karen... – Digo, mas já emendando uma frase com a outra. – HEY! É mais para a direita! Vocês querem ou não o pagamento de vocês? Então me ouçam! A Senhora Zilena não os pagará se vocês estragarem a sacada dela! Dá para pôr mais a DIREITA? – Grito já cheia de raiva. Tenho certeza que posso explodir um desses homens se eles continuarem fingindo que não estão me ouvindo.

– Coloque no escritório dele, Karen. Shiloha limpou ele ontem à noite. Duvido que com tantos lugares mais importantes para limpar, ela voltará lá tão cedo. – Karen concorda me lançando um sorriso bem largo. Gosto do sorriso dela, mas não gosto que não me ouçam.

– Hey! Vocês podem me ouvir? – Gritei novamente. Acho que devo ser um fantasma, só pode. Uma menina minúscula gritando com um monte de caras que não a ouvem. Meu humor só melhorava. Bem bonito de se ver, se querem saber. Me sinto uma idiota.

– Vocês podem ouvir a Senhorita Agnes? Mais à direita, é mais à direita. – Anuncia Matias com uma voz mais grave e resoluta do que a minha. O que parece fazer efeito, finalmente. Os homens, que antes pareciam não ouvir nada, fazem o que ele mandou. Talvez eu seja o problema, talvez me ouvir que seja o errado. Machistas.

– Você está muito ocupada? – Pergunta Matias para mim. Tento um sorriso. Não esperava o encontrar ou que ele viesse a falar comigo depois de tanto tempo. Não sei exatamente o que fazer.

– Não muito. – Anuncio sentindo que o ambiente parece estranho. Talvez seja o fato de eu não falar com Matias desde o momento que voltei a namorar. Matias também parece um pouco com vergonha, visto que coça a nuca em busca da melhor maneira de começar a falar.

– Eu queria te pedir desculpas. – Ele começa e eu não faço ideia do que ele está falando. Arqueio uma sobrancelha.

– Pelo que?

– Por ter feito julgamentos de você. – Ainda estou tentando entender. Talvez eu seja muito lerda e não faça ideia disso também. – Eu achei que você não estava querendo mais falar comigo porque, como todas, você estava tentando se jogar para cima do Senhor Seth, nosso chefe. – Nossa! Isso sim me deixou muito assustada. Pera aí, o que estão achando de mim por essa mansão? Que tipo de mulher estão achando que eu sou?

– Como é que é? – Começo, mas Matias não deixa tempo para eu continuar assustada.

– É claro que eu sou um idiota, senhorita Agnes. A senhorita Karen me contou que a senhorita tem namorado. E eu peço perdão por isso. Não gosto de ferir a honra de mulheres que já estão em relacionamento. Nunca foi minha intenção. – Eu não consigo fechar a minha boca de tão surpresa que estou. Primeiro, porque Matias achou isso tudo de mim? O que andam falando de mim pela mansão? Talvez que a ocidental senhorita Agnes esteja deixando o senhor Seth de boca aberta. Vai saber. Não quero nem pensar nisso.

Segundo, o que Karen fez? Como ela sabia disso? Ela anda bisbilhotando atrás da porta minhas conversas com Matheus? Porque não me lembro de em nenhum momento ter dito a ela que estou namorando. Aliás, que direito também ela tinha de andar contando para os outros que tenho namorado? Não sei onde enfiar minha cara. Acho que ando tão cheia de vergonha que nem sei o que fazer.

– Não tem problema, Matias. Escuta, eu preciso resolver algumas coisas na cozinha, nos vemos por aí, então? – Pergunto morta por dentro. Quer dizer, eu queria ser uma avestruz agora para esconder minha cara debaixo da terra.

Matias concorda e eu dou o meu melhor sorriso comedido enquanto ando a passos mega rápidos ao encontro da cozinha. Não sei exatamente o que fazer. Talvez matar Karen seja um ótimo começo. Não, eu não posso fazer isso. Mal ou bem, ela é a única que conversa comigo parecendo uma amiga e não uma subordinada. Gosto da Karen. Talvez uma conversa séria com ela sobre não falar de mim aos outros seja a maneira mais eficaz de resolver esse mal-entendido.

Aceitando isso como um fato, tenho certeza que o dia ainda vai continuar com muitas surpresas e muitas coisas para eu ajeitar, então tenho que correr. E é justamente o que eu faço.

Depois de passar várias vezes o que Sahir estava cozinhando bem como se o chefe Akira estava bem confortável no planejamento de suas refeições japonesas, corro de encontro aos ambientes que serão movimentados durante a festa. Estão bem limpos e abertos. As coisas de mais valor para os pais de Seth foram tiradas dali pelos empregados sem, no entanto, tirar a beleza dos espaços onde a festa correrá solta.

Além disso, os sons estão bem instalados, as bebidas gelando, os convidados chegarão às sete da noite e os fotógrafos estarão às seis. Preciso ter certeza de que Seth está pronto para a hora que eles chegarem, para que a sessão de fotos comece. Felizmente, Shiloha ficou responsável por levar os fotógrafos até o andar superior. Seth insistiu para que as fotos fossem tiradas em seu maravilhoso quarto com vista para a piscina. Bem interessante da parte dele.

Agora já passam das quatro da tarde. Finalmente tenho um descanso para tomar um banho e trocar de roupa. Quero respirar um ar livre e dizer um “oi” para o Matheus antes de voltar ao movimento de novo. Ligo para ele por videochamada novamente. Ele não demora para atender, dessa vez no celular. Percebo que ele está andando provavelmente indo para o trabalho ou voltando. Não sei dizer. O sorriso dele está espetacular e toma um bom tempo para eu lembrar por que tinha ligado para ele.

– Hoje é o aniversário do chefe. – Digo já bem cansada. Matheus parece um oásis na minha frente, de tão belo que se encontra em sua blusa de botões.

– Nossa, tudo isso deve estar te dando um trabalho. – Ele diz, carinhosamente, como sempre. Concordo. Nunca estive trabalhando tanto como no dia de hoje.

– Meu almoço hoje foi de três minutos! Três! Enquanto eu decidia em que cores iam brilhar as piscinas e os chafarizes da casa do senhor Seth. – Comento tentando não deixar o assunto também enfadonho. Não quero falar somente sobre meu trabalho com Matheus, mas parece que não tenho alternativa.

– Meu amor, descansa um pouco. Você não pode morrer. Aliás, não antes de eu te contar que tenho uma surpresa para você. – Minha atenção se volta para Matheus radiante. Ele parou um pouco de andar e seus olhos brilham diretamente para mim. São de um castanho muito vibrante que eu sempre achei lindo.

– Não posso descansar. Prometo que não vou morrer, também. – Brinco dando a língua e Matheus ri comigo enquanto passa a mão pelos cabelos que já estão encontrando um pouco os olhos. Contudo, antes de Matheus me contar sua novidade, alguém bate na minha porta. Reviro os olhos. Estou cansada de ser interrompida com Matheus todas as vezes que estou falando com ele.

– Quem é? – Pergunto mal-humorada. Matheus me arqueia uma sobrancelha. Provavelmente também está curioso de quem seja.

– É a Karen, Agnes. Eu preciso discutir algumas coisas com você. A senhora Zilena deixou algumas coisas para nós. – Olhei para Matheus. Tentei uma cara de súplica. Precisava resolver o que quer que seja que Karen estava falando. Suspiro.

– Posso? – Matheus, parecendo um pouco desapontado, assente. Ele é tão compreensivo comigo.

– Pode. Nos vemos mais tarde, amor. Boa organização de festa ai. – Ele diz. Mando um rápido beijo para ele antes de desligar. Não dou tempo de ele dizer mais nada. Estou frustrada que não pude falar muito tempo com ele.

– Oi. – Respondo enquanto abro a porta vendo uma Karen muito linda com vestido rosa claro de mangas grandes e comprido acompanhado de um hijab da mesma cor. Tento entender o motivo pelo qual ela está vestida assim, mas talvez seja por conta da festa.

– A senhora Zilena deixou roupas endereçadas a todos nós. – Explica enquanto me estende um cabide encoberto com tecido para não olhar o vestido. Há um papel com meu nome endereçado no mesmo, bem como o dia de hoje. Acho que Karen está certa. Temos vestidos endereçados a nós. Bufo. Não queria que o dia de hoje fosse mais frustrante do que ele já está.

– Obrigada Karen. – Digo. Está na hora, então, de eu me arrumar.

– De nada. – Diz Karen virando-se e seguindo para a escada enquanto fecho a porta do quarto. Contudo, subitamente, lembro de algo para falá-la, escancarando a porta novamente. – Hey, Karen. – Ela se vira, linda e saltitante como sempre, me olhando. Sorrio.

– Temos que conversar depois sobre o que você anda ouvindo atrás da minha porta, hein mocinha? – Karen cora violentamente. É uma gracinha de se ver. Não consigo deixar de rir.

– Me-Me… – Começa Karen, mas eu nego.

– Não. Não. Nada de se desculpar. Mas essas coisas só ficam entre amigas, correto? – Karen parece atônita enquanto me olha. Fico a pensar se não a peguei de surpresa, se não disse o que não deveria dizer.

– Mesmo? – Ela pergunta.

– Mesmo. – Respondo. Karen continua com um lindo sorriso quando se vira e continua pela escada, sua descida meiga pela mansão do Sheik. No entanto, meu trabalho continua. Tenho muita coisa ainda para fazer.

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