O Sheikh e Eu(Completo) romance Capítulo 23

– Então, meu chefe deixou te ver! – Contei para Matheus de maneira simplificada. Não disse que meu chefe ia comigo, afinal, ele ia só para escolher o anel. Também não contei do jantar, porque Matheus, ciumento do jeito que era, não ia compreender que tinha sido apenas um simples jantar e não um encontro e, por fim, também não contei que ia pegar estrada com Seth. Certamente Matheus ia pirar se eu contasse uma coisa dessas.

Algumas coisas são melhores omitir. E foi o que eu fiz.

– Uou. Que bom amor. – Disse Matheus balançando o cabelo. Extremamente atraente e galanteador. – Assim vamos poder ficar juntinhos os poucos dias que ficarei por aí. – Ele disse de uma maneira que não compreendi, levantando as sobrancelhas como se eu soubesse do que ele estava falando. Ou eu era realmente lerdinha como Seth disse que eu era, ou eu não sabia mesmo perceber nada.

– É. – Disse sem jeito por ser tonta. – Isso. – Continuei minha tontice. – Agora vou ligar para a minha irmã. Se cuida amor. – Disse e Matheus concordou balançando a cabeça.

– Até mais. – E desligou. Fiquei a contemplar por mais alguns segundos a tela. O vazio depois da ligação parecia me fazer me sentir ainda mais estúpida. Eu contava, de verdade, que ver Matheus pudesse fazer alguma coisa crescer e mexer comigo. Por que, sinceramente, ultimamente eu só conseguia sentir o de sempre. Carinho pelo Matheus. Nada mais que pudesse nos fazer ser um casal. Suspirei.

Decidi então ligar para a Fer. Fazia muito tempo que eu não falava com ela. Na verdade, ultimamente, eu não tinha tempo de atualizá-la das novidades. Contudo, mesmo assim, eu me sentia mal em contá-la tudo aquilo. Não era como se eu ficasse confortável ao dizer que quase tinha beijado Seth, que tínhamos virados amigos, que ele ia comigo até a Alemanha. Eu não sabia porquê, mas queria que essa informação se mantivesse apenas comigo. Com ninguém mais. Suspirei. Precisava parar de tentar monopolizar Seth.

– Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo amiga? – Disse Fernanda atendendo a minha ligação. Fernanda era linda. Os cabelos dela eram loiros levemente ondulados e ela sempre estava com uma maquiagem arrasadora. Fer era um pouco baladeira, não se prendia a ninguém, sempre vivendo a vida como se fosse o último dia, mas era uma amiga gentil e nunca tinha me abandonado. Em momento algum.

– Claro, Claro. E você como anda? – Ela sorriu.

– Ando bem menina. Mas é você? Me conte as novidades! Como anda o boy magia e o chefe gostosão? – Tentei não rir da forma como a Fer falava, mas só consegui foi ficar mais vermelha do que um tomate em maturação.

– Matheus e eu vamos nos encontrar daqui uma semana na Alemanha. E o chefe continua o mesmo de sempre. – Disse e Fernanda revirou os olhos.

– Ele não posta mais nada no instagram. Parece até que se tornou um homem direito. – Fernanda riu do seu próprio comentário. – Diz para ele mandar nudes. – E passou a desatar a rir enquanto fazia comentários inusitados. – Mas menina, imagina aquele corpo no filtro da câmera? Jesus, me abana! – Disse Fernanda fingindo que estava tendo um súbito ataque de calor. Não pude deixar de me sentir mais vermelha ainda lembrando da cena inusitada que eu tinha visto. Seth sem blusa. De fato, era uma imagem e tanto.

– Menina, o que tu estás pensando aí, sua safada? – Perguntou Fernanda com uma voz de “já sei de tudo. ” Tentei não parecer a pessoa que foi pega no flagra enquanto tentava mudar de assunto o mais rápido possível.

– Nada demais. Só estava pensando no de sempre. Vou ver Matheus, estou sempre trabalhando aqui. Essas coisas. Não tenho tempo para pensar coisas safadas como você não, hein Fer? – Disse e Fer gargalhou.

– Sei. Aham. Me engana que eu gosto.

– Falando sério. Você sabe que eu ainda não me sinto... – E de repente as palavras voltaram a fugir de mim. Era-me complicado falar desse assunto e Fernanda sabia disso. Ela sabia que o meu relacionamento amoroso com os homens se limitava a amizade na maioria das vezes. Pensar em algo maior me fazia lembrar da relação de minha mãe com meu pai e eu ficava pensando se eu não seria a próxima vítima a acreditar que estava casando com um bom moço quando, na verdade, estava sendo roubada pelo lobo.

Por que é assim, no começo você acha que é tudo maravilhoso. No meio você acha que ele tem chance de mudar, mas, no fim, quem acaba saindo machucada é sempre a mulher. Com seus sentimentos em frangalhos, cheia de filhos, pronta para encarar a vida de nariz em pé.

Eu preferia então nem me casar a ter que passar por isso. Ainda que eu me sentisse pressionada com Matheus. Talvez a ligação de longa data, talvez a pressão psicológica que ele vivia me fazendo. Suspirei. Eu preferia nem pensar nisso e continuar empurrando enquanto podia.

– Pronta para dar. Eu sei. – Ela disse como se estivesse dizendo que tinha uma rosa no quintal. Obrigada, Fer. Transformando meus sentimentos em uma coisa banal.

– Fernanda! – Disse numa voz esganiçada de vergonha. Ela desatou em rir.

– Ué? Mas não é verdade? O boy magia não despertou ainda nada em você e a sensação que você tem é que ainda não quer, não é mesmo? – Pensando por esse lado, talvez Fernanda fosse uma vidente e eu não sabia.

– Acho que sim. – Confessei e Fernanda deu alguns gritinhos, depois diminuindo a voz, até ficar muito séria e passar a me alertar:

– Amiga, você sabe que eu sou muito sincera com você... – E começou, pensei.

– Fala logo, Fer. Desembucha a bomba. – Digo.

– Eu só estou preocupada com você. – Ela confessou. – Eu peço somente um favor para você. De verdade. Ainda que eu acredite que não precise pedir isso para você. Mas vamos lá. – Fernanda respirou fundo e eu continuei ouvindo atenta, prestes a ouvir a bomba: – Por favor, amiga, mas se você não sentir um arder, não sentir que, de fato, é com o Matheus que você quer. Por favor, mesmo que ele peça e implore. Não faça isso com você. Não transforme a sua primeira vez num fracasso. Numa sensação ruim. – Ouvi cada palavra de Fernanda como uma bofetada. Por que, sim, Fernanda me conhecia.

Ela sabia que Matheus poderia me vencer pelo cansaço. Por sua chatice e pressão psicológica. E que eu não me sentia nem um pouco à vontade a ceder meu espaço sem ter certeza. Podia ser controladora demais, mas eu só esperava, avidamente, que a sensação de ardor e fervura pudesse se ponderar de mim quando eu visse Matheus. Para pôr fim nessa sensação que eu tinha com Seth. Que era noivo, diga-se de passagem. Eu só esperava por isso.

– Você está muito quieta, amiga. – Disse Fernanda preocupada. – Promete isso para mim? – Voltei à ligação que percebi que ainda estava. Balancei a cabeça concordando.

– Prometo. – Disse no fim. Ela estava certa. Eu não podia fazer isso a mim. – E você sabe que minhas promessas são dívidas. – Fernanda concordou e ajeitou os cabelos num coque desajeitado. Continuei a olhando até que ela falasse:

– Outra coisa também antes de desligar, amiga. – Ela disse e eu arqueei uma sobrancelha curiosa. Ela me deu língua e eu retribui, risonha. – Por favor, dá um tapa naquela bunda gostosa do Sheikh. Por que, menina, aquilo sim é um homem pedaço de mal caminho. – E eu não consegui deixar de gargalhar com Fernanda enquanto desligava o telefone. Somente Fernanda para me fazer rir tanto assim.

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