Segredos de Família: Herdeiros Dominadores romance Capítulo 15

Matthew acordou com o sol na sua cara e olhou irritado para a janela do quarto, a cortina não havia sido fechada na noite anterior. Sua cabeça doía e estava pesada, havia bebido demais. Teve um estranho sonho com Thomas, os dois estavam em um lugar distante e bonito, caminhando de mãos dadas. Pensar em Thomas naquele estado era doloroso. Ele não merecia uma pessoa como Thomas, alguém tão doce.

Mas Thomas era único e irresistível, havia algo nele que despertava algo feroz em Matthew, algo novo. Ele levou a mão ao peito, seu coração batia acelerado.

Sentou com dificuldade e cambaleou até o banheiro. Se apoiou no balcão de mármore e olhou seu reflexo no espelho grande, estava apenas com jeans, o tórax musculoso estava cheio de arranhões da noite passada.

—Caramba— Outra pontada no cérebro.

Ligou o chuveiro e retirou a calça e a cueca e jogou as peças no cesto de roupa suja e entrou no chuveiro. Deixou a água escorrer por alguns minutos enquanto ficava mais lúcido e depois saiu com pressa, correu para o quarto e vestiu uma camiseta e uma calça frouxa e desceu correndo, precisava falar com um dos primos. Estava prestes a dobrar para a sala de jantar quando notou um segurança parado na entrada de um dos corredores.

—Seu Submisso está em algum lugar atrás daquelas portas— Matthew olhou surpreso para Mark que havia surgido atrás dele em silêncio, com uma xícara de café na mão— Por isso o segurança.

—Ele está aqui em casa?

—Sim. Está.

—Bom— Matthew deu as costas ao corredor— Queria falar com você. Eu conheci alguém esses dias, e eu não paro de pensar nele.

—Muito bem, e daí?

—E daí que não quero fazer isso. Gosto desse cara.

—Bom, não há nada a fazer. E vocês não tem um compromisso sério. E vai ser só uma vez essa coisa toda. Depois estará livre.

Matthew mordeu o lábio inferior.

—Coisa chata. Detesto isso tudo.

Mark deu umas palmadinhas em suas costas.

—Que se foda isso tudo. É só um dia, pare de ser um bebê reclamão e vamos. Você precisa comer alguma coisa.

Matthew estacionou com tudo no estacionamento subterrâneo da empresa. Foi até o elevador e digitou o código especial que levava ao andar do escritório do pai. O elevador subiu por alguns segundos e abriu as portas de aço.

O hall era circular, com um balcão de mármore com Sônia, a secretária ruiva logo atrás. As portas do escritório estavam fechadas.

—Sonia. Cadê meu pai?

—Senhor, ele não chegou ainda. Posso ajudar em algo?

Matthew balançou a cabeça.

—Vou esperá-lo lá dentro.

Halliot empurrou as portas e entrou no escritório do pai. Era amplo, com a parede oposta toda em vidro, assim como a mesa do pai e as estantes. Um contraste gritante com a mansão velha da família.

Se sentou na cadeira do pai e contemplou o silêncio. Então apertou um botão do teclado e o computador acendeu. Na tela havia uma foto da família toda junta em Paris, a maior parte daquelas pessoas ele não conhecia nem o nome, só sabia que eram Smith. Matthew estava curioso para ver as pastas do pai quando a porta abriu e seu pai entrou.

—Matthew, o que deseja?

—Dia corrido, pai?

—Muito. O que houve?— O homem franziu a testa.

—Pai, sou gay. Quero dizer, já fiquei com garotas, mas não sentia nada e agora…

—E daí?

—É o quê?! Ouviu o que eu disse?— Matthew franziu a testa.

—Meu Deus, sim, eu ouvi— Oto parecia aborrecido— Veio aqui para isso?

—Gosto de garotos faz um tempo. Conheci um garoto um dia desses.

—Leve-o lá em casa para jantar se for sério. Mais algo?

—Muitos pais não aceitam filhos gays— Matthew disse pálido.

—Que se foda os outros pais. Essa gente só sabe sufocar os filhos, você é gay? E daí? O que há demais nisso? Agiria do mesmo jeito se me dissesse que é Hetero.

—Mais pai...

—Pelo amor de Deus! Acha que ligo com quem vai pra cama ou vai formar sua família? Por tanto que seja feliz e alguém que preste que se foda que é gay!

Matthew olhou espantado para o pai. Esperava outra reação.

—Achei que fosse contra e…

Para sua surpresa, Oto riu alto.

—Matthew, você é jovem demais... Sou seu pai e amo você, e se o visse com um outro rapaz minha preocupação seria só se ele o amava de verdade. O preconceito nunca entrou em minha casa. E me sinto feliz em saber que está conhecendo alguém. Mais sugiro que passe pelo ritual primeiro e depois siga em frente com esse rapaz. Algo mais?

Matthew estava em choque e apenas fez que não com a cabeça e o pai foi até ele e deu um beijo em sua cabeça e saiu da sala de novo. Matthew ficou mais algumas horas ali, contemplava a paisagem urbana em choque, processava com lentidão e alegria a curta conversa e agradecia mentalmente a sorte que tinha.

Simon olhou perplexo para a mãe, e depois para Christian, que olhava curioso para ela. Simon jamais havia imaginado isso. Que sua mãe conhecera os pais de Christian.

— Como foi que aconteceu?— Christian perguntou.

— Na escola eu era uma rede de informações, se queria algo era só vir mim no porão da escola e eu conseguia. James veio a mim em um momento difícil da sua vida, ele havia perdido o pai e a mãe estava no hospital— Ela balançou a cabeça tristemente. Simon segurou a mão de Christian, sentia que aquela história iria mexer muito com Christian— Ele queria um emprego para ajudar o irmão que sustentava a casa sozinho. Os Smith estavam precisando de alguém para ajudar o jovem Elliot— Ela lançou a Christian um olhar significativo. Christian arregalou os olhos na hora. Simon olhou para os dois. O que eles sabiam que ele não?— Foi então que seu avô achou que James correspondia o perfil e James foi para a mansão Smith— Ela suspirou— Perdi o contato deles por esse tempo, aí soube que eles estavam juntos e que a mãe de James infelizmente havia falecido, logo depois vi uma nota no jornal sobre sua adoção. Fiquei feliz por vocês— Ela deu um sorriso— Desde então perdi o contato com eles. Ainda penso neles de vez em quando. Aqueles dois nasceram um para o outro.

Simon encostou-se no ombro de Christian que olhou para ele e sorriu.

— Fico feliz de ver o rapaz grande que se tornou. E surpresa por ter conhecido Simon.

Christian surpreendeu todos segurando o queixo de Simon ele beijando suavemente. Todas as terminações nervosas de Simon entraram em ação e ele se afastou um pouco e olhou espantado para os pais. Porém seus pais estavam conversando baixinho enquanto comiam. Ele ficou surpreso com suas reações. Christian passou o braço por trás dele e o outro começou a comer.

No dia seguinte, quando entraram no carro de Christian, Simon sorriu e deu um beijo de bom dia.

— Seus pais são gente boa— Christian exclamou enquanto saia da rua residencial— Eles aceitaram numa boa.

— Foi mesmo. Agora, o que foi aquele olhar que compartilhou com minha mãe? O que vocês sabem que eu não possa saber?

Simon virou o rosto de Christian ficando tenso por alguns segundos e seus dedos apertarem o volante com mais força. Porém ele relaxou.

— Nada— Disse calmamente— Não foi nada. Coisas de família— Ele deu de ombros— O importante é o que vem pela frente.

— Como assim?— Eles entraram no estacionamento da escola. Já estava lotado, alguns grupinhos reunidos ali fora enquanto as aulas não começavam.

— Bem, eu pensei que talvez pudéssemos ter o nosso primeiro encontro, sabe?

Simon continuou lhe encarando, esperando que Christian risse, mas ele continuou sério, e então Simon percebeu que era verdade.

— Você quer mesmo isso?

— Claro, você não?

— Sim, quero sim, seria maravilhoso.

… ...

Simon se encarou no espelho pela quinta vez. Ele nunca havia se preocupado tanto com sua aparência quanto agora. Ele estava verificando se as roupas estavam alinhadas e se os cabelos estavam arrumados. Ele não sabia direito o que esperar no primeiro encontro com Christian. Para onde iriam? O que conversariam? Será que Simon estava bom o bastante para aquela ocasião? Tantas dúvidas pairavam em sua cabeça que demorou para ele perceber que alguém chamava seu nome lá fora, seguido pelo som de uma buzina.

Simon correu até a janela e se curvou no parapeito. Christian o esperava na calçada, com as mãos nos bolsos, escorado no carro.

Christian parecia um modelo em uma sessão de fotos de carros de luxo. Os cabelos ruivos estavam arrumados, e a blusa preta social estava com as mangas dobradas até os cotovelos. Ele estava muito lindo, Simon pensou com o coração acelerado.

Christian acenou para ele. Simon acenou de volta e então voltou para frente do espelho, deu uma última olhada em si mesmo e desceu correndo, na cozinha podia ouvir as vozes dos pais conversando. Ele pensou em falar para eles que já estava saindo, mas então pensou que se sentiria constrangido com qualquer comentário que fizessem sobre seu encontro, então saiu, batendo a porta levemente só para informá-los de que estava de saída.

Christian o encontrou na metade do caminho, a brisa noturna havia varrido algumas mechas do seu cabelo para sua testa, Simon se conteve para não esticar a mão e tocá-las.

—Você está lindo—Simon falou.

— Você está muito mais— Christian esticou a mão e tocou seu rosto suavemente, Simon fechou os olhos por alguns segundos quando sentiu uma onda de calor se espalhando pelo seu corpo— Vamos?

Simon assentiu e entraram no carro. Mesmo que Simon já tivesse andado de carro com Christian antes, aquela parecia a primeira vez, e ele estava mais ansioso do que nunca.

—Para onde vamos?—Simon indagou assim que saíram da sua rua.

—Passei o dia inteiro pensando onde levá-lo, qual restaurante fazer reservas, ou salas vips de boates— Christian explicou enquanto entravam na avenida movimentada, Simon estava olhando para ele direto, atraído por sua beleza, como uma mariposa atraída pela luz— Então pensei em você, em mim, e em nós. O que temos é diferente, não porque somos dois caras, mas porque estou com alguém que gosto de verdade, então queria fazer algo novo. Sei que vai parecer clichê, mas vamos fazer um piquenique.

Simon estava surpreso, não que ele quisesse um jantar de luxo, com certeza ele não se sentiria bem em um lugar assim, mas ele não imaginava que Christian poderia ter pensado em algo tão romântico assim.

—Isso é incrível—Simon admitiu—Nunca pensei que teria um encontro assim.

—Então acha mesmo que é uma boa idéia?—Para a surpresa de Simon, Christian parecia incerto.

—Claro que sim, é muito romântico—Simon sorriu sem conseguir se conter—Tive sorte.

—Sorte de quê?

—De você ser tão romântico.

Christian ficou vermelho.

… …

O piquenique que Christian havia organizado ocorreria no alto do prédio de 25 andares, em um jardim particular com grama e árvores de verdade. Simon teria pensado em algum parque, mas provavelmente ali era mais seguro e particular. Christian indicou uma cesta de vime com um pano preto dobrado em cima.

—Então, gostou?

Simon estava boquiaberto com o lugar, a cesta de vime debaixo da árvore e a vista da cidade, que no alto parecia uma constelação que se espalhava em torno deles.

—É muito lindo aqui, eu amei, de verdade.

Christian o segurou pela cintura e lhe deu um beijo. Simon o abraçou, deixando os corpos mais colados, as bocas se abrindo para aprofundar o beijo. Beijar Christian era como ganhar um novo fôlego de vida, Simon pensou quando se afastaram, era como se a sua vida ganhasse um novo sentido.

—Vou arrumar isso— Christian indicou a cesta.

Ele estendeu a toalha sobre a grama, sentou e indicou para Simon sentar ao seu lado e colocou a cesta diante deles.

—Eu mesmo que peguei a comida, espero que goste.

Ele tirou um bolo pequeno com calda de morango, dois croissants, uma garrafa de vinho, uvas e morangos.

—Bem, não foi tão ruim assim— Ele se admirou.

—Escolheu com sabedoria—Simon assentiu solenemente para ele.

Christian o abraçou de lado com um braço, e com a mão livre pegou as uvas e colocou uma na boca de Simon, então o beijou em seguida. Foi doce e um pouco ácido, mas o bastante para Simon sentir seu coração bater forte como um tambor. Ele enterrou os dedos nos cabelos de Christian, sentindo a maciez dos fios ruivos. Ele sabia que as coisas com Christian podiam esquentar em segundos, era como jogar um fósforo aceso em uma poça de álcool.

Simon ainda não sabia se estava pronto para ir mais fundo naqueles amassos. Christian era muito experiente, e se ele, Simon, fosse um fiasco?

Como se tivesse lido sua mente, Christian parou de beijá-lo.

— Não precisamos fazer nada demais hoje, tudo bem?— Simon assentiu agradecido. Christian pousou a mão em seu rosto— Estarmos aqui já é grande coisa.

— Sim, muita coisa— Simon concordou colocando a sua mão por cima da de Christian, que estava em seu rosto— Nem nos meus sonhos mais loucos poderia imaginar isso, e está sendo perfeito.

… …

No dia seguinte Christian passou na casa de Simon para buscá-lo para a escola. Como na noite anterior, ele demorou para perceber que havia alguém lhe esperando.

— Querido, Christian chegou — Sua mãe avisou por cima da caneca de café.

— Ah, sim. Vou indo— Deu um beijo rápido no rosto dos pais e saí correndo. Christian o esperava, um sorriso largo nos lábios— Bom dia— Disse ao se aproximar.

— Bom dia— Christian o puxou para um beijo rápido— Preparado para esse dia importante?

— Dia importante?

— Estamos namorando. E eu tô pouco me fudendo para quem não gosta nisso— Ele deu de ombros— Tô querendo dizer que não quero esconder. Sou seu namorado, e vou agir como tal.

— Na escola?— Simon sentiu um arrepio pelo corpo e um pânico tremendo— Não! Nem pense nisso!— Estava quase gritando.

Christian segurou seu rosto.

— Vai ficar tudo bem, ok? Não se preocupe. Somos invensíveis — E riu alto.

Christian ainda ria quando estacionou o carro perto de uma árvore, desligou e virou— se para Simon.

— Olha só, nossos pais sabem o que somos, beleza? Não tem porque esconder nada. E porque teria?

Simon assentiu. Se Christian estava levando as coisas tão simples assim, porque ele não? Mas ele sabia no fundo o porque: sempre se esforçou para não ser notado na escola, sabia que se fosse notado algo poderia acontecer. Mas não importava mais, ele estava com Christian. E tinha coisas que precisavam mudar, ele precisava mudar.

— Você tem razão. Desculpe.

Christian se aproximou e o beijou. Um beijo cheio de desejo. Simon correspondeu, o corpo em alerta e elétrico para seguir em frente com aquele beijo, mas lembrou a si mesmo que estavam dentro de um carro na escola.

Se afastaram. Christian pegou a bolsa e saiu. Simon fez o mesmo. Todos já estavam olhando curiosos para o fato dele ter acabado de sair do carro luxuoso de Christian. E ficaram chocados quando Christian segurou sua mão e lê deu um beijo.

Passaram pela multidão, Christian com a cabeça erguida e um sorriso maldoso no rosto e Simon com a cabeça abaixada. Entraram no corredor principal e os olhares assustados continuaram.

Christian o levou até o seu armário.

— Te vejo na próxima aula— Disse Christian se abaixando e lhe dando um beijo.

— Até— Simon sorriu.

Ficou imóvel vendo Christian se afastar pela multidão assustada como sempre, com seu tamanho e olhar.

Simon sentiu uma mão no ombro e olhou para trás. Um dos valentões que andava com Christian estava parado ali.

— Sua bicha!— E desferiu um soco em Simon.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Segredos de Família: Herdeiros Dominadores