Segredos de Família: Herdeiros Dominadores romance Capítulo 6

Thomas fechou o livro e olhou para a janela ao lado da cama. O céu estava escuro, assim como a rua, e o vento forte parecia querer levar as árvores. As tábuas do assoalho rangiam, como um monstro gigante querendo sair do chão. Um corvo pequeno pousou no para—peito da janela, suas penas bagunçadas por conta do vento feroz.

Thomas levantou-se e foi até a janela, a rua estava deserta, as cortinas das casas fechadas, o céu ameaçador acima prevendo o resto da noite um tormento de ventos.

Quando a porta abriu e Tiago entrou, Thomas olhou para trás, e o corvo lá fora grasnou e levantou vôo. Tiago estava com os cabelos bagunçados, as roupas amarrotadas.

—Que vento em—Disse fechando a porta atrás de si—Olha, só quero que saiba que não precisa trabalhar, tudo bem?— Thomas assentiu, não contaria nada sobre sua visita à "rainha das informações".

Tiago o puxou e envolveu sua cintura com os braços fortes. Thomas não lembrava da última vez em que abraçou o irmão, mas a sensação era a mesma: segurança e amor.

Enterrou o rosto no ombro do irmão.

—Podemos fazer dá certo, sem que precise sacrificar seus estudos.

Thomas sabia o quão furioso ficaria o irmão ao saber que já havia procurado um emprego, e com uma pessoa que sempre conseguia tudo. Mas poderia trabalhar escondido por um tempo, o irmão não iria precisar ficar sabendo tão rápido.

—Tiago, eu vou ficar bem— Sussurrou.

—Espero que sim.

Um estrondo fez os dois se separarem, Tiago correu e abriu a porta, correu para o quarto da mãe. De alguma forma Thomas sentiu em seu coração que algo grave havia acontecido, e a confirmação veio ao adentrar o quarto da mãe.

A Sra. Lins estava caída no chão, debatendo-se e espumando pela boca. Thomas não conseguiu reprimir o grito.

—O quadro dela é grave— Thomas ouviu o médico explicar a Tiago— Ela ingeriu veneno.

—Ela vai ficar bem?— Thomas perguntou.

—Se eu for me basear no estado atual dela, não. Ela não vai melhorar. Mas tudo pode mudar, estamos tomando as providências necessárias.

Thomas sentou na poltrona e chorou enquanto Tiago continuava a conversa com o médico. Thomas deixou que tudo dentro de si saísse em lágrimas, suas mãos tremiam. Perdeu o pai, agora a mãe.

—Thomas— Tiago colocou a mão em seus ombros.

Thomas se levantou e saiu correndo pelo corredor, não queria falar com ninguém, muito menos com Tiago, só queria chorar. Dobrou a esquerda, desceu as escadas em vez de usar o elevador, correu por mais um corredor e dobrou a esquerda, e esbarrou em algo.

Sentiu ir em direção ao chão, mas um par de braços fortes o segurou antes disso. Ainda chorando olhou para cima, e encontrou o par de olhos azuis que havia visto mais cedo.

Era o garoto que entrou no escritório de Clarice.

Christian saiu da escola quase correndo. Estava cansado e estressado por mais um dia de reunião do clube do livro idiota do Simon. Esse havia se tornado um incômodo em sua vida. Simon não era um garoto comum, pelo menos não como os que Christian costumava andar. Simon era inteligente, porra, era diferente de alguma forma. Simon parecia decidido, como se estivesse envolvido com algo grandioso demais, e Christian sempre achava que os segredos do universo seriam revelados quando ele abria a boca.

Havia seu carro caro e mais dois, mais baratos no estacionamento do colégio. Talvez fossem dos nerds do Clube, ele não sabia. Procurava as malditas chaves do carro na mochila, enfiou o livro que havia recebido no fundo da mochila. Detestava essa sensação de descontrole que o consumia toda vez que estava falando com Simon, se sentia um idiota, humilhado pela inteligência dele.

Viu Jazion, um valentão da escola, que não era nem mais alto nem mais forte que Christian, mas conseguia causar medo nos alunos mais "passivos".

O garoto estava voltando para a escola, o que era estranho. O que uma pessoa como Jazion iria fazer na escola naquela hora? Christian decidiu ficar observado no seu lugar.

Um grupo de garotos vinham descendo. Christian os reconheceu do grupo. Ao verem Jazion se calaram e tentaram passar despercebidos, porém Jazion já os havia visto. Eles começaram a correr, Jazion ficou rindo enquanto eles se dividiam nos carros e saíram do estacionamento feito loucos fugindo do diabo.

Christian agarrou as chaves dentro da mochila e destrancou as portas, entrou no carro e jogou a mochila no banco de trás, bateu a porta e ligou o carro.

Viu Jazion subindo as escadas de entrada e Simon descendo, o garoto não viu o perigo à sua frente. Estava distraído no celular. Christian sentiu um aperto no peito. E daí se Jazion desse uma surra naquele moleque? Ele não tinha nada haver com isso. Porém ele permaneceu parado dentro do carro, os músculos tensos.

Viu Jazion dar um tapa nos livros de Simon, os livros caíram nos degraus, com o susto seu celular escorregou de sua mão e espatifou-se. Christian prendeu a respiração. Jazion o empurrou e ele caiu nos degraus.

Christian sentiu algo dentro de si. Era algo forte e perigoso. Uma raiva imensa e monstruosa, como se seu sangue tivesse sido substituído por fogo.

Acelerou o carro e saiu da vaga, parou com tudo em frente aos degraus e saiu do carro.

—Entra no carro!— Gritou para Simon. O garoto continuou imóvel e surpreso —Entra na merda do carro!

Simon piscou acordando do torpor, pegou seus livros e os restos quebrados do celular e entrou no carro de luxo. Christian fechou as mãos em punho enquanto Jazion se virava para ele.

—Quê isso? Porque tá defendendo o nerd idiota?

—Se tocar um dedo nele de novo eu te arrebento— As palavras pareciam pesadas em sua boca..

Jazion deu um sorriso sínico. Não era um garoto nada bonito.

—Não preciso encostar nele. Basta um bastão de madeira e...

Porém Christian não o esperou falar, acertou um soco no seu nariz. Jazion caiu sentado nos degraus com o nariz sangrando.

—Se liga babaca— Jazion se pôs de pé e sacou um canivete do bolso da calça jeans —vou acabar contigo.

Christian não foi rápido o suficiente e o canivete fez um corte em seu abdômen, sangue logo começou a sair do corte. Ele ignorou a dor e deu um soco em Jazion, agora em seu maxilar, que fez os dentes tilintarem para fora da boca. Jazion caiu com tudo nos degraus, desmaiado. O canivete, com a lâmina suja de sangue, quicou para longe da mão flácida do seu dono.

Christian entrou no carro e acelerou deixando marcas de pneu no asfalto.

—Meu Deus! Ele te machucou!— Christian riu da preocupação evidente na voz de Simon.

—Um arranhão.

—Não. Precisa tratar disso! Vamos a um hospital.

—Nem pagando. Odeio hospitais.

Ele viu Simon o observar.

—Siga em frente e entre na esquerda daqui a três quadras —Simon ordenou.

—Não enche okay?! Devia ter deixado ele te arrebentar. É isso que você merece!— Só notou que estava gritando quando parou de falar e parou em um maldito sinal de trânsito e uma senhora no carro ao lado olhou assustada para os gritos do carro ao lado. A raiva ainda queimava dentro dele, e não queria descartá-la em Simon, mas ele não sabia o que fazer.

Ele olhou para Simon com o canto dos olhos. O garoto estava olhando para frente, não havia nenhuma expressão em seu rosto. De repente Christian acelerou quando o sinal ficou verde e não sabia porque estava fazendo aquilo, mas obedeceu o garoto. Seguiu por três quadras e entrou à esquerda em uma rua residencial. Não era o tipo de local que estava acostumado a andar. Preferia a parte rica da cidade, onde nasceu.

—Siga em frente— Simon disse baixinho. Christian sentiu a irritação domina-lo, porém nada disse. Dirigiu por mais três quarteirões residenciais— Pare na casa branca.

A casa tinha dois andares, com um pequeno jardim na frente e uma entrada para a garagem ao lado. Ele parou naquela entrada.

—Venha.

Simon saiu e seguiu em direção a casa sem olhar para trás para saber se ele o seguia. Sentiu a irritação piorar, quem aquele moleque pensava que era? Devia ter deixado Jazion dar uma surra boa nele.

Ele o seguiu. Notou que sua camisa estava com uma mancha maior de sangue escuro e seco. O ferimento estava doendo.

Simon abriu a porta e entrou, ele entrou logo atrás e a fechou.

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