Matthew olhou surpreso para aquele par de olhos tristes, manchados pelas lágrimas. Havia visto aquele garoto mais cedo, e agora o estava vendo de novo, não só vendo, o segurando em seus braços. Lembrou do quanto o havia achado lindo.
—O que você tem?— Foi o que saiu da sua boca. Sua mente não estava funcionando direito naquela noite.
O menino piscou e se afastou dele, enxugou as lágrimas na blusa e olhou para ele novamente. Sabia que ele o estava reconhecendo também.
—Nada, desculpe— E tentou se desviar dele e sair, mas Matthew foi mais rápido e segurou seu braço.
—Não, o que você tem? Me diga.
O outro entreabriu a boca, talvez surpreso com sua reação? Não sabia dizer.
—Minha mãe, está muito mal— Ele estava tentando conter as lágrimas, Matthew notou.
—Tudo bem, venha comigo— O pegou pelo cotovelo e o levou pelo corredor.
—Para onde? Eu nem o conheço!
—Bom, sou Matthew Smith, meu pai é alguém rico e meu tio é dono deste hospital, não tenho ficha na polícia e é isso— O garoto parou de uma vez— Agora sua vez.
—O que?— O garoto o olhou assustado.
—Apresente—se— Disse impaciente.
—Thomas Lins... Acho que só é isso— sussurrou a última parte.
Matthew olhou para ele, para os dois lados do corredor vazio e o puxou para a porta do estacionamento subterrâneo.
—Vamos sair daqui— Apontou para um carro perto, o pai o havia presenteado alguns dias com aquele carro de luxo branco. Abriu a porta para Thomas, que agradeceu com um sorriso tímido, que o fez sentir uma vontade feroz de beijá-lo e entrou em seguida— Acho que não é o momento para você está no hospital. É triste.
E pisou no acelerador com força.
…
Simon estava tremendo por dentro por dois motivos: primeiro pelo que havia acabado de acontecer na escola, e segundo por Christian estar ali na sua casa. Nem nos sonhos mais loucos de Simon aquilo poderia acontecer. Christian fazia parte da escola, da parte difícil da vida de Simon.
A sua camisa estava manchada de sangue e Christian olhava para a mancha com indiferença. Simon subiu as escadas e o ouviu segui-lo, os passos pesados fazendo a escada ranger. Passaram pelo corredor apertado e entraram na única porta à esquerda, o quarto de Simon.
O quarto era pequeno, com paredes brancas e azuis, havia uma escrivaninha com computador e três estantes cheias de livros e uma cama de solteiro.
— Sente na cama— Christian sentou e a cama rangeu.
Simon pegou seu estojo de primeiros socorros dentro da gaveta do guarda roupa ao lado da janela e puxou a cadeira giratória da escrivaninha e sentou de frente para Christian, com o estojo apoiado nas pernas.
— Tire a camisa, por favor— Falou determinado.
Christian tirou a camisa suja de sangue e a jogou no chão. Simon torceu mentalmente para não ter manchado o carpete, seria muito difícil explicar uma mancha assim aos pais. Porém sua mente ficou nebulosa ao ver o tórax definido de Christian, sem querer suspirou.
— Sabia que você era viado— Christian riu alto debochando.
— Fique parado— Simon fechou a cara e se aproximou do ferimento com algodão e o limpou, procurando não tremer a mão. Não queria demonstrar o quanto estava nervoso.
Ao toque do algodão Christian estremeceu. Simon pode ver o ferimento melhor, estava mais fundo do que o esperado.
— Você tem de ir a um hospital. Isso não está bom.
— Merda!
— Fique parado— Simon ralhou.
Simon vasculhou suas gavetas e voltou com uma camisa de manga longa, ele puxou uma manga que descosturou do resto da camisa, e com cuidado envolveu a camisa em torno de Christian e cobriu o ferimento.
— Isso vai servir até chegarmos ao hospital...
— Não tem nos. Eu vou sozinho. Não preciso de você.
Simon quis dizer que ele não podia dirigir naquele estado, mas Christian estava olhando com raiva para ele.
— Tudo bem. Você quem sabe.
Christian o fuzilou com os olhos. Abriu a boca como se fosse dizer algo, porém pareceu pensar melhor e saiu dali a passos pesados, fechando a porta com força excessiva ao sair.
Simon se encolheu diante do barulho, mas não o seguiu. Não prestaria esse papel, nunca.
O problema é que nem se passou meia hora e Simon estava andando de um lado para o outro no quarto, preocupado. Será que Christian havia chegado ao hospital? Será que ele realmente havia ido ao hospital? E logo se repreendeu, não devia estar preocupado com alguém que o odiava. Mas Christian o havia resgatado de Jaizon, que com certeza não exitaria em matá-lo. Jaizon tinha um histórico violento impressionante.
Simon decidiu fazer uma coisa que ele se repreendeu mais tarde, ligou para Rafael. Esperou o garoto atender e quando atendeu falou antes de Simon:
— Ele está bem, o médico cuidou de tudo. Tchau... bichinha— E desligou.
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