Segredos de Família: Herdeiros Dominadores romance Capítulo 8

Thomas olhou assustado ao se afastarem do hospital. Não devia ter deixado ser levado por aquele garoto estranho, estava claro que ele não tinha medo algum de morrer. No entanto, ele precisava se afastar do hospital, da sua vida, do que ele era.

—Pode ir mais devagar?— Sussurrou.

—Não se preocupe— Respondeu Matthew sorrindo— Não vou deixar que nada te aconteça.

Ele dobrou a esquerda e depois a direita, foi pisando no freio até parar o carro em frente a um parque. Thomas retirou o cinto, mas Matthew quem fez questão de abrir a porta para ele, e quando saíram ele pegou sua mão. Thomas ficou muito surpreso com a reação, mas não se afastou, apesar de uma voz em seu interior dizer que aquilo não era nada normal.

Estavam em rua movimentada, com dois restaurantes em cada esquina, no outro lado havia um gramado verde, com um lago no centro, havia árvores grandes aqui e ali, logo atrás uma paisagem de vidro e aço, dos prédios comerciais mais chiques. O sol refletia como ouro nas vidraças e nas águas do lago.

—Bem vindo ao meu local de "pensamento"— Disse ele dando um sorriso sincero.

Thomas deixou ser levado, e eles sentaram perto de uma árvores, se encostaram nela. Thomas olhou para Matthew, os olhos pensativos também. Em circunstâncias normais ele jamais teria feito isso; fugir com um completo estranho, mas algo dentro dele parecia mudado, quebrado.

—Então, você está melhor?— Perguntou Matthew. Thomas assentiu— Quer falar sobre isso?

—É uma daquelas perguntas em que você espera eu dizer não?

—Na verdade eu quero que diga sim— Ele segurou a mão de Thomas— Sou um estranho para você— Deu de ombros— Mas isso não quer dizer que não me importo.

Thomas assentiu.

—Meu pai morreu, e desde então minha mãe caiu em um silêncio estranho. É meu irmão que nos sustenta. E minha mãe tentou suicídio.

—Nossa, sua vida é bem… Agitada— Matthew soltou a respiração— Mas não quer dizer que possa ser mudada. Tudo na vida tem um jeito.

—É, parece que sim. Mas eu não sei como isso pode mudar, principalmente quando tudo está um caos sem fim. Quando penso que acabou, a escuridão volta— Thomas disse tudo muito rápido. Não sabia porque estava se abrindo com aquele estranho que o levou até ali. E por acaso, porque ele mesmo foi?

—Eu sei como é. Minha situação não é como a sua, mas é bem complicada. Minha família tem um tipo de comemoração única e eu tenho de participar. Meu pai me trata como um dos seus funcionários e sou o estorvo da família.

—Você é obrigado a passar pelo ritual? — Thomas franziu a testa.

—Digamos que sim. Mas eu já sabia que teria de passar por isso— Deu de ombros— Então... Você conhece a Clarice?

—Sim, ela vai me ajudar a conseguir um emprego. Dessa forma poderei ajudar minha família, e agora mais do que nunca preciso de algo que ajude meu irmão a pagar as despesas do hospital.

—Acho que não deveria se misturar com ela. Pessoas como você sofrem no submundo de Clarice.

—"Pessoas como você", o que quer dizer com isso?

—Pessoas inocentes. Pessoas que não são capazes de fazer maldade.

—E como você sabe disso? Não nos conhecemos.

—Posso ver em seus olhos— Matthew se inclinou mais em sua direção, mas Thomas se afastou. O menino não pareceu chateado com a reação, até soltou um sorriso bonito— Que tal comermos algo? Os dois restaurantes do outro lado da rua são ótimos, mas não aconselho comer nos dois no mesmo dia, fiz isso uma vez e fui confrontado— Ellio se levantou e esticou a mão, Thomas aceitou e foi puxado para cima.

Thomas não estava com cabeça para pensar em romance, mas ter Matthew, um completo estranho, lhe ajudando dessa forma era estranho e fofo. E Matthew era lindo e confiante, como um porto seguro.

Eles seguiram para o restaurante da esquerda. Por dentro o lugar era iluminado por pequenos lustres de latão, a luz dourada refletindo nos painéis de madeira nas paredes, nos quadros de aspecto caro e nas toalhas de mesa brancas. Uma música lenta e doce tocava nos alto-falantes embutidos no teto. Era aconchegante e só havia dois clientes. Matthew guiou Thomas para uma mesa perto de uma das janelas com moldura dourada.

—Isso está bem feio— Christian se encolheu quando o Dr. Borne tocou a ferida com a mão enluvada— O que houve?

—Nada demais— Deu de ombros— Apenas cai.

—Em uma faca?— O médico se endireitou —Conheço você desde pequeno, sei quando está mentindo. Se envolveu em mais uma briga?

—Um idiota da escola. Só isso. Não conta prós meus pais.

—Elliot esteve aqui mais cedo— Dr. Borne retirou a luva e apertou um botão em sua mesa que chamava alguma enfermeira —Nunca mais vi James. Como ele está?

—Do mesmo jeito. Então, tenho chances de viver?

—Vou pedir para uma enfermeira cuidar desse curativo. Repouse bastante e nada de brigas por um mês. Acha que pode se controlar?— Christian não respondeu —Muito bem, tenho de sair para ver meus pacientes. Por favor, nada de passar cantadas em minhas enfermeiras.

Quando ele saiu Christian cogitou sim dar uma cantada boa em uma enfermeira, mas não estava com animo para isso. Sua mente estava ocupada com o babaca do Simon.

Aquele garoto era muito atrevido de achar que podia falar com ele daquele jeito. Ele era o rei daquela maldita escola, não um palerma frouxo como Simon. Mas algo o estava deixando mais preocupado, porque não deixou aquele filho da mãe bater em Simon, que ódio foi aquele que ele sentiu ao ver a cena? Estava ficando maluco?

… ...

—James, meu amor tudo bem?— Christian olhou para James sobre a mesa, com o jantar servido. James mal tocara na comida.

—Pai?— Sussurrou.

James piscou levemente e deu um sorriso. Aquele sorriso que Christian sabia que havia algo escondido.

—Desculpem, não dormi bem noite passada e passei o dia sonolento.

Christian e Elliot trocaram olhares, ambos conheciam James muito bem para saber que havia algo escondido ali.

—Como foi na escola?— Elliot perguntou ao filho.

—Normal. Muita chatice.

—Soube que está em um clube de leitura— James disse radiante —Não sabia que gostava de ler.

—É... Todos sabiam do castigo, certo? Ou pelo menos desconfiavam. Porque agiam assim?

—Recebi um e—mail de Stefan— Elliot disse cortando o silêncio que se seguiu —Ele vira a nossa casa. E segundo ele com uma grande novidade— Christian revirou os olhos.

Comeu um pouco e pediu licença para subir. A dor no corte estava pior e latejava como um coração gigante. Deitou na sua cama e respirou fundo. Lembrava—se de que tinha de dar um belo troco naquele babaca no dia seguinte.

Porém sua mente o assaltou com o lembrete de que teria de ir a uma maldita reunião de emergência do Clube de Leitura. Malditos nerds!

Tentou virar de lado, mas a dor o fez ficar de barriga para cima e assim dormiu a noite toda.

Acordar atrasado não era um problema para Christian, pois ele não estava nem aí se chegava cedo ou tarde na escola. O problema era a ladainha dos pais sobre estudos e futuro, e sua cabeça e o corte odeiam demais para ter de suportar aquilo.

Pediu o café da manhã no quarto e tomou um banho, as bordas do corte estavam roxas, porém melhor que na noite passada, que estava tão escuro que parecia preto. Enxugou—se e foi para o quarto sem roupa.

A empregada que estava deixando tudo sobre a mesinha perto da janela tomou um susto, deu um grito e saiu do quarto correndo.

—Nunca viu um pau não foi?!— Gritou ele no corredor rindo alto.

Voltou para o quarto e tomou o café da manhã, checou suas redes sociais, tinhas umas 342 mensagens das piranhas que ele comia por aí. Quando elas iriam entender que ele era só de uma noite e pronto? Ficou feliz ao ver que uma mandou fotos dos próprios peitos e da bunda e o bloqueou logo depois. Era disso que ele gostava, sem compromissos, apenas prazer.

Vestiu—se e pegou a mochila e desceu. Estava no meio da escada quando viu os pais na porta, um homem conversando animado com eles. Ao vê lo passou pelo casal.

—Ah que lindo! Então esse é o novo Dominador da família?!

—Que porra é essa?— Christian disse entre os dentes.

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